Quase
um terço das crianças em Grécia, Irlanda, Portugal, Itália e Espanha
foram empurradas para os limites da pobreza por causa de medidas
recessivas adotadas por esses países diante da crise financeira, disse
nesta quinta-feira a ONG católica Caritas.
Segundo
a entidade, os países estão criando uma geração de jovens subnutridos,
com moral baixo e poucas perspectivas profissionais. As medidas
recessivas são uma exigência da comunidade financeira internacional, que
condiciona ajuda econômica a cortes de investimentos que levam à perda
de emprego e de direitos, por exemplo.
“Essa pode ser a receita não só para uma geração perdida na Europa, mas para várias gerações perdidas”, disse a Caritas.
Nos
cinco países avaliados, o aumento na taxa de pobreza infantil coincide
com o auge da crise de 2008, e cresceu ano após ano até 2011. A Caritas
atribui isso a medidas governamentais que afetam duramente o bem-estar
das famílias, como os cortes no seguro-desemprego e em benefícios
sociais, o aumento do imposto sobre consumo e a maior taxação dos
combustíveis.
“Tornou-se
um fato estabelecido que as crianças estão sob maior risco de pobreza
do que qualquer outro grupo demográfico”, disse Deirdre de Burca, da
Caritas.
Os
números da Comissão Europeia mostram que em 2011 mais de 30% das
crianças gregas e espanholas estavam sob risco de pobreza ou exclusão,
um aumento de 4 pontos percentuais em relação a 2005. Em Portugal, a
cifra é de 28,6%.
Os
dados de 2011 não estavam disponíveis para Irlanda e Itália. Em 2010,
37,6% das crianças irlandesas estavam ameaças de pobreza ou exclusão. Na
Itália, eram 28,8%.
Uma
criança é considerada sob risco de pobreza ou exclusão quando vive em
famílias em que a renda é de no máximo 60% da renda média nacional, ou
em que os pais estão desempregados ou precariamente ocupados, ou em
lares onde faltam itens essenciais, como alimentos ricos em proteínas,
calefação e roupas.
A Caritas disse que os governos devem se perguntar o que essas tendências significarão para as crianças em longo prazo.
“Elas estão olhando para um futuro em que a perspectiva de desemprego está se estendendo à sua frente”, disse De Burca.