Para falarmos de sustentabilidade em pequenas cidades, precisamos levar em conta que o primeiro passo é uma palavrinha bem básica, mas que no nosso país ganha contornos complexos: educação
É relativamente confortável para
pessoas engajadas falar de sustentabilidade quando se tem por trás alguma
estrutura para suportar essa opção. É claro que as grandes cidades do Brasil
estão muito atrasadas em relação a isso. Mas se houver disposição, é possível,
sim, viver uma vida sustentável em uma metrópole brasileira.
Se pensarmos em pequenas cidades,
grandes problemas nos vêm à mente: esgoto, saneamento básico, educação,
respeito aos direitos do cidadão... Isso para não alongar a lista. Como
imaginar coleta seletiva em locais que, se tiver uma coleta de qualquer
natureza, a população já estará no lucro? Como priorizar transporte público se
não há como se locomover pela cidade e seu entorno a não ser de carro? Como
falar de sustentabilidade para pessoas que aceitam passivamente o desrespeito
claro às leis?
Sim, é muito difícil falar de
sustentabilidade quando não se tem o mínimo. Difícil, mas não impossível.
Nesses casos, nossa atitude conta muito mais do que políticas públicas. Não me
consta que consumo responsável, por exemplo, dependa do governo. Não me consta
que fechar a torneira enquanto escova os dentes dependa de alguma lei. Não me
consta que mobilização para criação de cooperativas de lixo seja algo inviável.
A questão é que para falarmos de
sustentabilidade em pequenas cidades, precisamos levar em conta que o primeiro
passo é uma palavrinha bem básica, mas que no nosso país ganha contornos
complexos: educação. Educação para a sustentabilidade. Complexo porque se
ficarmos esperando por programas educacionais das prefeituras ou estados, vamos
simplesmente esperar por nada.
É aí que eu desafio as empresas. Quando
falo de educação sustentável em pequenas cidades, falo do dever cívico delas.
Sejam empresas de commodities, que se instalam no local por questões estratégicas,
sejam empresas de bens de consumo que vendem seus produtos para consumidores de
todo país e devem usar o alcance de sua comunicação e logística para levar
conhecimento a pessoas que de tão carentes de cidadania, acham estranho você
pedir por favor e obrigado. Sim, isso é sustentabilidade.