Mike Fuentes/Bloomberg
Garrafas de cerveja: a Ambev, que tem sede em São Paulo, está fazendo o
ajuste fino nas operações em meio a uma queda projetada de 4 por cento
na venda de bebidas neste ano
São Paulo - Os brasileiros estão tomando menos cerveja pela primeira
vez em dez anos. A Cia. de Bebidas das Américas, a maior cervejaria da
América Latina, diz que ainda pode aumentar seus lucros.
A
Ambev,
como é conhecida a unidade brasileira da Anheuser-Busch InBev NV, está
promovendo as cervejas premium, de maior margem, e reembalando os
produtos mais baratos para torná-los mais acessíveis após uma queda
surpresa no volume, disse o CEO João Castro Neves na semana passada, em
uma teleconferência.
A empresa também está se expandindo no Norte e no Nordeste, onde as vendas não desaceleraram como em outras regiões.
“Mesmo que estejamos esperando que os volumes caiam, é um número de
volume, não de lucro”, disse Lauren Torres, analista do HSBC Holdings
Plc, por telefone, de Nova York. “Eles ainda poderiam fazer a empresa
crescer, gerar caixa e pagar dividendos”.
A fabricante de bebidas, que tem sede em São Paulo, está fazendo o
ajuste fino nas operações em meio a uma queda projetada de 4 por cento
na venda de bebidas neste ano, disse o CEO Nelson Jamel em
teleconferência com jornalistas, em 31 de julho.
Este poderá ser o primeiro declínio anual desde 2003, segundo
apresentações da Ambev a analistas e investidores. Após a Copa das
Confederações, em junho, ajudar a manter as vendas temporariamente, uma
inflação maior e os aumentos dos impostos federais sobre refrigerantes e
cervejas estão reduzindo o consumo.
Rally de ações
De 14 analistas que acompanham as ações da Ambev, sete dizem comprar,
incluindo Torres, que tem um rating superestimado. Sete recomendam
segurar as ações. A fabricante das cervejas Skol e Brahma e
engarrafadora dos refrigerantes PepsiCo subiu 0,5 por cento em 2013 até
ontem, enquanto o Ibovespa caiu 20 por cento.
Alan Alanis, analista da JPMorgan Chase Co., disse que os executivos
estão reescalonando marketing e investimentos enquanto trabalham para
quantificar a queda em volume e assegurar que as metas financeiras serão
alcançadas.
Torres, do HSBC, disse que o estilo agressivo de gerenciamento de
custos do bilionário Jorge Paulo Lemann, dono da 3G Capital Inc., maior
acionista na AB InBev, controladora da Ambev, vai ajudar a enfrentar o
declínio.
“Se eles não entregam, não são pagos”, disse Alanis, em entrevista por
telefone, de Nova York. Das últimas vezes que os executivos não
alcançaram suas metas -- em 2003 e 2008 -- os bônus não foram pagos,
disse ele. “É uma cultura que alinha a valorização do acionista com uma
remuneração por gerenciamento melhor do que em qualquer outra empresa da
região.”
Risco de queda