quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Além do feijão com arroz


A Sodexo já é a maior empresa de alimentação corporativa do Brasil. Agora, ela quer incluir em seu cardápio serviços de manutenção

Por Carlos Eduardo VALIM
O espanhol Juan Pablo Urruticoechea, formado em jornalismo e com doutorado em administração de empresas e filosofia, passou os últimos 18 meses no Brasil estudando um pouco mais. Nesse período, tanto quanto procurar se adaptar aos costumes e hábitos locais, o executivo de 52 anos usou boa parte do tempo para conhecer o ambiente de negócio, em especial o do mercado de restaurantes corporativos. A preparação foi uma prévia para assumir, em março, a posição de CEO da divisão de serviços dentro da francesa Sodexo, que atua em 80 países e no Brasil é líder com receita de R$ 2,7 bilhões. Mas o executivo acredita que pode fazer mais. 
 
102.jpg
Urruticoechea, o CEO da empresa, busca alvos para aquisições no Brasil
 
Urruticoechea está de olho nos demais departamentos das médias e grandes empresas que atende de norte a sul. Hoje, 90% do faturamento obtido no Brasil vem do feijão com arroz. O restante é obtido com outros serviços, como limpeza e portaria. Uma relação bastante diferente da existente nos demais países onde esses serviços gerais garantem 25% da receita global de E 18 bilhões. Trata-se de um segmento que movimenta R$ 22 bilhões por ano no Brasil e no qual o executivo espanhol vislumbra grandes perspectivas. “Nossa estratégia é clara”, diz Urruticoechea. “Enquanto prevemos crescer 10% no mercado de refeições coletivas, podemos avançar 30% nessas outras áreas.”
 
O setor que entrou no cardápio da Sodexo é extremamente pulverizado, o que abre espaço para que um jogador com a musculatura da companhia francesa mire na aquisição de rivais de menor porte. “Queremos comprar empresas no Brasil, mas ainda não achamos alguma com a estrutura que nos interessa e que estivesse à venda”, afirma Urruticoechea. O foco da multinacional será o chamado “serviço pesado”, que inclui manutenção predial, instalação e administração de sistemas de ar-condicionado e escadas mecânicas, bem como serviços elétricos para fábricas e escritórios. Os demais, chamados de leves ou complementares (limpeza, recepção e jardinagem), vão ser oferecidos apenas para completar o portfólio dos clientes. 
 
103.jpg
Os serviços de manutenção representam 25% da receita da Sodexo no mundo
 
Isso, por sinal, já vem sendo feito no caso de alguns clientes. Para fechar um contrato de atendimento de 30 plataformas de petróleo, os franceses precisaram agregar também serviços de hotelaria e limpeza. “As grandes empresas querem que as suas prestadoras de serviços de alimentação executem atividades complementares”, afirma Antonio Guimarães, diretor-superintendente da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas. “A competição, além disso, é maior no segmento de refeições, o que faz com que a rentabilidade seja baixa, entre 3% e 5% da receita.” Afora a Sodexo, duas outras grandes empresas disputam o negócio: a GRSA, do grupo inglês Compass, e a paulista Sapore. O mercado de alimentação empresarial está mais bem estruturado. 
 
“A terceirização de refeições começou já nas décadas de 1960 e 1970, nos EUA, e depois na Europa, chegando ao Brasil nos anos 1980”, diz o francês Aymeric Marraud, diretor de planejamento estratégico da Sodexo. Um cenário bem diferente do que acontece na área de manutenção predial. Para adicionar esse prato ao cardápio da companhia, Urruticoechea sabe que terá de trabalhar duro. Até porque, para uma operação que ocupa a segunda posição entre as 80 subsidiárias da Sodexo, a cobrança será sempre maior. “O Brasil é um mercado prioritário para o fundador e principal acionista da empresa, Pierre Bellon”, diz Urruticoechea. “E seu desejo é ver os negócios se perpetuando por aqui.” Com o chefe, não se discute.
 
104.jpg
 


Cancelada


 

A um ano de enfrentar as urnas, qualquer presidente brasileiro pensaria duas vezes antes de embarcar para os Estados Unidos em meio a um escândalo de espionagem.
Para Dilma, os benefícios da visita seriam parcos, pois a cesta de produtos negociados até ontem era bem frustrante. 

Os riscos de viajar, no entanto, são vastos. Ela poderia ser humilhada por novas revelações, especialmente a respeito da gestão da Petrobras. E as oposições poderiam usar sua foto com Obama como bazuca. 

Quais os custos de ficar em casa? 

Do ponto de vista prático, muito poucos. O leilão do pré-sal avança. Um pernoite na Casa Branca não reverteria o clima de hesitação entre investidores estrangeiros. 

Há, sem dúvida, custos intangíveis. Afinal, ganham força aqueles que, no governo americano, enxergam o Brasil como "país-problema". 

Idem para quem vê o Brasil como fraco. Até ontem à noite, diplomatas em Londres e Berlim diziam que o cancelamento não é dignidade altiva, mas medo de ir para a briga na hora do aperto.
*
O que seria ir para a briga? Passei os últimos dias perguntando isso a gente no governo, na imprensa e no setor privado norte-americano. 

Em um cenário hipotético, Dilma faria a visita. Ela denunciaria a espionagem nos jardins da Casa Branca e anunciaria um grupo de trabalho bilateral para limitar o estrago e restringir a bisbilhotice futura. 

Ela aproveitaria os holofotes para emplacar a capa de uma revista semanal de alcance global, na qual apresentaria a proposta brasileira de novas regras multilaterais para uma internet livre, a grande briga de foice que vem aí.

Dilma levaria na comitiva Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ele faria barulho junto ao principal aliado brasileiro na questão: o possante grupo de senadores norte-americanos que rejeita a violação de privacidade e agora prepara uma ofensiva parlamentar. 

*
Mas o mundo é real, e o cancelamento é plenamente justificado. Restam duas prioridades imediatas. 

A primeira é o discurso da semana que vem na Assembleia Geral da ONU. Precisa ser uma paulada forte, mas apresentada em termos universais. Em anos anteriores, os textos de Dilma na ONU foram inócuos e maçantes. Desta vez, não dá. 

O segundo desafio é impedir que a relação com os Estados Unidos chafurde na lama. Não há clima para grandes gestos neste ano. Mas a hora de preparar o terreno é agora, aproveitando a chapa quente.
*
Funcionário do governo americano me disse que "a bravata brasileira sobre a espionagem é pirotecnia pura". "Espera aí", respondi confuso. "Se vocês acham isso mesmo, estão mal informados." 

Meu interlocutor reclinou-se na poltrona lentamente e abriu o sorriso reservado aos idiotas. 

"Se fosse para valer", explicou com calma, "ministros e diplomatas em Brasília já teriam deixado de tratar de seus negócios oficiais por Gmail e WhatsApp." 



Matias Spektor Matias Spektor ensina relações internacionais na FGV. É autor de "Kissinger e o Brasil". Trabalhou para as Nações Unidas antes de completar seu doutorado na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foi pesquisador visitante no Council on Foreign Relations, em Washington, e em King's College, Londres. Escreve às quartas, a cada duas semanas, em "Mundo".

eBay lança app de moda e prepara operação no Brasil

O gigante do comércio eletrônico eBay lança um aplicativo de moda para o público brasileiro e se prepara para montar uma operação completa no Brasil

CoolCaesar / Wikimedia Commons
Sede do eBay em San Jose, Califórnia, em 2006
Sede do eBay na Califórnia (ainda com o logotipo antigo): o Brasil é uma das prioridades para a expansão da empresa

São Paulo -- O eBay lança, nos próximos dias, a versão brasileira do aplicativo eBay Moda, para smartphones e tablets. O app vai vender roupas, calçados e acessórios. É o primeiro produto com a marca eBay no Brasil, mas não deve ser o único. A gigante do comércio eletrônico planeja montar uma operação completa no país.

“Os artigos de moda são os mais procurados por brasileiros no eBay”, disse a EXAME.com Luis Arjona, o executivo responsável pela empresa no Brasil. “Moda é, também, a categoria com maior volume de vendas no site. E 15% dos brasileiros que vão ao eBay usam dispositivos móveis.”

Segundo a empresa, os brasileiros compram, no eBay, um par de óculos de sol masculinos a cada 8 minutos, um par de sapatos femininos a cada 6 minutos e uma bolsa feminina a cada 4 minutos, por exemplo. 

São números como esses que encorajaram a empresa lançar o eBay Moda no país. “É uma área em que podemos ser muito competitivos”, afirma Arjona. O eBay Moda deve ser liberado nos próximos dias para iPhone e iPad. Nas próximas semanas, sai a versão para smartphones e tablets com Android.

O app tem três seções: Eventos, Inspiração e Meu Feed. A primeira dá acesso a liquidações relâmpago. A segunda mostra conteúdo de blogs de moda e permite buscar roupas, calçados e acessórios. A terceira aba, Meu Feed, oferece produtos de acordo com o histórico de navegação e compras do usuário.

O pagamento é feito via PayPal, o sistema de pagamentos do eBay, disponível no Brasil há três anos. As informações são em português ou inglês (o usuário escolhe). E os preços são listados em dólares já com o valor equivalente em reais.

O app é bastante visual e sempre mostra as fotos em destaque. “Sabemos que o público que busca produtos de moda prefere ver fotos em vez de textos”, diz Ryan Melcher, diretor sênior de inovação em mobilidade do eBay.

As mercadorias são vendidas por pessoas e empresas de diversos países. São elas que despacham os produtos diretamente ao comprador, que pode ter de pagar imposto de importação ao recebê-los.

Num primeiro momento, não deve haver mercadorias brasileiras à venda. “Qualquer pessoa pode vender no eBay, mas ainda não temos uma plataforma de vendas específica para os brasileiros”, diz Arjona. Essa plataforma deve vir com o tempo.

Entre os planos do eBay no Brasil está  oferecer uma versão do site em português nos próximos 12 meses. “O app é um passo para termos uma operação completa de comércio eletrônico no país. Estamos empenhados em expandir nossos negócios internacionalmente e o Brasil é uma das nossas prioridades”, diz Arjona. 

O eBay tem participação de pouco menos de 20% no MercadoLivre, a empresa com sede na Argentina que lidera o comércio eletrônico de consumidor a consumidor no Brasil e em outros países da América Latina.

Será que o eBay estaria interessado em adquirir o controle do MercadoLivre ou de outra empresa local? “O eBay já fez muitas aquisições. É uma opção que sempre consideramos”, responde Arjona.

Varejista online Dafiti recebe US$70 mi de fundo canadense

Transação mostra a resiliência do apetite do investidor para o comércio eletrônico no Brasil

Esteban Israel, da
Dafiti
Dafiti: investimento ocorre no momento em que o crescimento lento e inflação obrigam alguns investidores a dar uma pausa na maior economia da América Latina

São Paulo - A varejista online de moda Dafiti receberá investimento de 70 milhões de dólares do fundo canadense Ontario Teachers Pension Plan, em uma transação que mostra a resiliência do apetite do investidor para o comércio eletrônico no Brasil.

O investimento ocorre no momento em que o crescimento lento e inflação obrigam alguns investidores a dar uma pausa na maior economia da América Latina, e ocorre na sequência de pesado interesse de investidores estrangeiros nos últimos anos no mercado de comércio eletrônico brasileiro avaliado em 10 bilhões de dólares.

Apesar da desaceleração, muitas companhias de Internet, grupos de investimento de risco e outros investidores dizem que acreditam que o mercado continuará a crescer em um país que ainda possui relativa baixa penetração de Internet.

Em comunicado, Wayne Kozun, um vice-presidente sênior do Teachers', como o fundo de pensão é conhecido, citou "a crescente classe média, alto potencial de consumo e significativo crescimento em acesso móvel e online" como razões para o investimento na Dafiti.

A Dafiti, resposta do Brasil à Zappos, popular varejista de moda e sapatos da Amazon, não se abala com alta a inflação, o aumento do endividamento das famílias e outros problemas econômicos que poderiam reduzir o apetite para o consumo.

A economia brasileira, alimentada em parte pelo aumento da demanda do consumidor durante um boom que durou uma década, deve crescer pouco mais de 2 por cento este ano, em comparação com elevado crescimento de 7,5 por cento registrado em 2010.

"Quando olhamos para o Brasil nós não pensamos apenas do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)", disse Philipp Povel, um dos fundadores da Dafiti, em entrevista, "mas também na classe média e na renda disponível que continuarão a crescer".

Mais encorajador, disse ele, é o potencial do mercado online.

O comércio eletrônico representa apenas cerca de 1 por cento de todo o comércio no Brasil, em comparação com um nível de mais de 10 por cento nos Estados Unidos, Reino Unido e no restante da Europa. A penetração geral da Internet, por sua vez, também é relativamente baixa, de cerca de 50 por cento da população.

Ambos os fatores representam um grande mercado inexplorado. Nos últimos anos, pesos pesados da Internet como Facebook, Amazon, Netflix, Twitter e Linkedin iniciaram suas operações no Brasil.

A Dafiti, uma startup lançada em 2011 com a ajuda da incubadora alemã Rocket Internet, já arrecadou 255 milhões de dólares, com o investimento do Teachers'. A empresa já recebeu 65 milhões de dólares em financiamento de Nova York Quadrant Capital Advisors e 45 milhões da JP Morgan Asset Management.

Os investimentos permitiram à varejista com sede em São Paulo consolidar a sua posição como principal plataforma online de moda do Brasil, com uma fatia de mercado de 30 por cento. A Dafiti também se aventurou em outros grandes mercados da América Latina, incluindo Argentina, Chile, Colômbia e México.

O tamanho total do mercado latino-americano para comércio eletrônico é de mais de 100 bilhões de dólares, disse Povel. "Nós só precisamos captar um pouco disso e então seremos uma empresa de bilhões de dólares", afirmou.

A Dafiti disse que o investimento do fundo canadense ajudará a expandir seu catálogo nesses mercados, bem como aumentar a capacidade de armazenamento e automatizar operações.

Bic quer expandir mercado e amplia fábrica em Manaus


Popular no Brasil, a empresa francesa deseja conquistar público com novidades e outra linha de produção

Starbucks revive Velho Oeste: clientes devem vir desarmados


Em carta, Howard Schultz, presidente da Starbucks, pediu que clientes deixem suas armas em casa

Petrobras investiu R$ 3,9 bi em segurança, diz Graça


A presidente da petrolífera disse também que esses investimentos chegarão a R$ 21,2 bilhões até 2017

Eduardo Rodrigues, do
Nacho Doce/Reuters
Graça Foster, presidente da Petrobras
Graça Foster: ela reforçou que os dados da empresa não circulam pela internet e relatou que as informações críticas estão armazenadas com criptografia e têm barreiras físicas

Brasília - A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse, nesta quarta-feira, 18, que os investimentos da companhia em segurança da informação somam R$ 3,9 bilhões em 2013 e chegarão a R$ 21,2 bilhões até 2017.

Em audiência pública da CPI da Espionagem no Senado, Graça afirmou que a Petrobras tem uma política de segurança empresarial que faz parte da rotina da companhia. "É uma política tão importante que passa pelo Conselho de Administração da empresa. A gestão dos bens, das pessoas, das informações e da riqueza que geramos é muito importante", afirmou.

Segundo ela, a Petrobras atua preventivamente na segurança empresarial e tem de estar pronta a responder de forma imediata a incidentes e emergências. 

"A primeira diretriz de segurança é minimizar ameaças de pessoas e organizações externas à Petrobras. Na grande maioria das vezes objetivos de ataques cibernéticos são irresponsáveis, por diversão, mas também existem motivações financeiras, ideológicas, políticas e concorrenciais ou comerciais", relatou.

Graça Foster informou que o acesso à rede interna de computadores da companhia é restrito a uma quantidade pequena de especialistas. Ela reforçou que os dados da empresa não circulam pela internet e relatou que as informações críticas estão armazenadas com criptografia e têm barreiras físicas. "O acesso se dá por biometria e pesagem, além da existência de câmeras de monitoramento", afirmou.

Várias das 36 empresas que trabalham na segurança de informação da companhia são estrangeiras, sendo 14 delas americanas, além de fornecedores de Israel, da Alemanha, do Japão, entre outros. Além disso, 10 empresas de telecomunicações nacionais e internacionais trabalham com transporte de dados criptografados da estatal entre suas subsidiárias no exterior. As três empresas que fazem a criptografia da Petrobras também são americanas.

A presidente da Petrobras reconheceu que a companhia é alvo de ataques cibernéticos, mas ressaltou que a empresa trabalha 24 horas com tecnologia para impor barreiras a invasões. Ela disse que dados isolados armazenados no centro de processamento da empresa não possuem significado claro, mas ganham importância dentro de um contexto de avaliação dos especialistas da companhia.

"Os dados da Petrobras estão em constante atualização. Se houvesse acesso a grupo de dados imediatos da empresa, logo os mesmos seriam atualizados com informações", completou, dando a entender que esses dados desviados logo estariam defasados.