Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
Inflação no Brasil é duas vezes maior que média do G20
- BBCBrasil.com
A
inflação anual do Brasil até agosto foi o dobro da média dos países do
G20, aponta relatório publicado nesta segunda-feira pela Organização
para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A taxa brasileira foi de 6,09% (segundo o IPCA, Índice
de Preços ao Consumidor-Amplo, índice oficial medido pelo IBGE), contra
uma média de 3% do grupo dos 20 países mais ricos do mundo, calculada
pelo Índice de Preços do Consumidor do G20. Vale destacar que a inflação
brasileira está em um nível intermediário em comparação a outros países
do G20 - é a sétima taxa mais alta.
Outros emergentes apresentaram pressão de preços bem
maior nos 12 meses até agosto: na Índia, a inflação foi calculada em
10,7%; na Argentina (onde foram usados índices oficiais, considerados
inferiores aos calculados pelo mercado), 10,5%; na Turquia e na
Índonésia, o índice ronda os 8%.
O índice do G20 é calculado pela OCDE com base em
variações de preços de uma cesta de produtos e serviços típicos, de 15
países membros do grupo e com base na média da inflação medida nos
países da União Europeia (UE). Segundo o relatório, o índice evidencia
"padrões divergentes (de inflação) entre as maiores economias do mundo".
"Índia, Argentina, Indonésia e Turquia tiveram as
maiores taxas anuais de inflação - iguais ou superiores a 8% - em
agosto, enquanto Japão, França, Canadá e Itália tiveram as taxas anuais
mais baixas - entre 0,9% e 1,2%".
Juros
A inflação acumulada já sofreu leve redução em setembro em relação ao índice de 6,1% usado pela OCDE, de agosto. O ìndice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos 12 meses até setembro foi de 5,86%, segundo o IBGE - e esta foi a primeira vez no ano que o índice ficou abaixo dos 6%.
O aumento dos preços, no entanto, continua a ser uma das
principais dores de cabeça do governo. Na semana passada, o Banco
Central (BC) elevou a taxa básica de juros (meta Selic) de 9% para 9,5%,
com a justificativa de que isso "contribuirá para colocar a inflação em
declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano". O
aumento dos juros tem sido usado como a principal arma para controlar a
inflação, pela lógica de coibir o consumo elevando os custos dos
empréstimos.
BOLSA-FAMÍLIA NÃO DISCRIMINA ESTRANGEIRO
O
programa Bolsa-Família beneficia 55.253 imigrantes. O auxílio pode ser
solicitado por qualquer estrangeiro que reside legalmente no país e que
se enquadre nos critérios do programa.
O maior programa de transferência de renda do Brasil, às vésperas de
completar 10 anos, atende 55.253 estrangeiros que residem no país. Há
gente de pelo menos 86 nações de todos os continentes do mundo recebendo
Bolsa-Família. A diversidade aponta tanto beneficiários de países muito
pobres, como Honduras, Congo e Nicarágua quanto atendidos nascidos em
locais desenvolvidos. Há 13 suíços, 181 estadunidenses e dois
canadenses. O maior número de estrangeiros que recebem a ajuda do
governo federal brasileiro, entretanto, é do Paraguai (1.339).
Mas só 10% do total de 55.253 estrangeiros beneficiários do
Bolsa-Família declararam o país de origem. Os vizinhos, ao lado de
portugueses e japoneses, são os mais frequentes com tal informação
disponível. Depois do Paraguai, vem Bolívia (721), Portugal (426),
Argentina (336), Uruguai (319), Japão (292) e Peru (200). Há também
originários de nações marcadas por conflitos, como Líbia, Kuwait e Irã.
Secretário Nacional de Renda de Cidadania, Luís Henrique Paiva explica
que o programa é aberto a qualquer estrangeiro que se enquadre nos
critérios, desde que esteja legalmente no país.
(Estado de Minas – 14/10/2013)
domingo, 13 de outubro de 2013
O Vale do Silício é logo ali
A desenvolvedora brasileira de software Totvs fincou sua bandeira na meca da tecnologia mundial. E já se tornou sócia do lendário investidor Marc Andreessen
Por Diego MARCEL
Ao longo de sua trajetória empresarial, o empreendedor
paulista Laércio Cosentino já comprou algumas dezenas de empresas. É
graças a essa estratégia de crescimento via aquisições que Cosentino
consolidou a Totvs como a maior empresa de software de gestão do Brasil,
com uma receita de R$ 1,4 bilhão, em 2012, e valor de mercado de R$ 5,8
bilhões. Neste ano não foi diferente. No primeiro semestre, a Totvs
assumiu o controle de mais quatro empresas. Três delas no Brasil – a
PRX, que atua com sistemas no segmento agroindustrial, a RMS, focada em
varejo e supermercados, e a ZeroPaper, que desenvolve um software de
gestão financeira (nesta última, ficou com uma fatia minoritária).
Laércio Cosentino: fundador da Totvs comprou dezenas de empresas no Brasil.
Agora, chegou a vez dos EUA
A quarta foi a americana GoodData, start-up que atua na área de big
data, como são chamados os softwares que analisam centenas de milhares
de dados online. A Totvs participou de uma rodada de aporte da
companhia, que contou também com o apoio do fundo de private equity
Andreessen Horowitz, do empresário Marc Andreessen, o lendário criador
da Netscape e considerado o investidor mais influente do Vale do
Silício. Esse é o primeiro resultado do Totvs Labs, laboratório de
inovação que a empresa de Cosentino abriu nos Estados Unidos no ano
passado, em Mountain View, no coração do Vale do Silício, região da
Califórnia onde estão sediadas as empresas mais inovadoras do planeta.
“A presença no Vale do Silício nos deixa próximos da inovação”, diz
Alexandre Dinkelmann, vice-presidente executivo de estratégia e
finanças da Totvs, responsável por acompanhar os avanços do escritório
americano. Localizado a apenas oito minutos da sede do Google, o
escritório está instalado no edifício ocupado pela Fundação Mozilla, que
desenvolve o navegador de internet Firefox. O Totvs Labs não tem apenas
a missão de ser uma espécie de embaixada da companhia brasileira na
meca da tecnologia mundial. Sua função é desenvolver tecnologias de
ponta que podem se transformar em produtos da companhia.
Diversidade: o laboratório conta com 15 desenvolvedores. Entre indianos, americanos e russos, um brasileiro
Em tão pouco tempo de atuação, isso já está acontecendo. O primeiro
produto a sair do laboratório da Totvs é o Identity Fluig, uma
ferramenta de gestão de recursos humanos que funciona online. O sistema
mapeia as características e habilidades dos funcionários de uma empresa
para selecionar os perfis mais adequados para vagas que estão abertas. O
escritório americano deve ser ainda fundamental para recrutar talentos.
Afinal, não há lugar melhor para encontrá-los do que no Vale do
Silício, para onde afluem os melhores cérebros tecnológicos do globo.
Estratégico: segundo o vice-presidente executivo Dinkelmann, a presença nos EUA
ajuda a encontrar oportunidades em um dos maiores mercados de TI
O Totvs Labs, até o momento, conta com 15 funcionários. Entre eles
há apenas um brasileiro, que divide o espaço do edifício na rua Castro,
uma das maiores de Mountain View, com russos, chineses, indianos e
americanos. “Essa diversidade é essencial para qualquer empresa que quer
ser global”, afirma Dinkelmann. A Totvs opera em 23 países ao redor do
globo. Essa presença, no entanto, não indica que tenha uma forte
participação internacional em seu volume de negócios e vendas. Sua
operação está concentrada na América Latina, região onde diz ser líder
em software de gestão, mercado que disputa com gigantes globais como a
alemã SAP e a americana Oracle.
Seu desempenho, no entanto, é todo calcado no mercado brasileiro.
No ano passado, apenas R$ 20,3 milhões vieram de vendas para o mercado
internacional, algo em torno de 1,5% de sua receita líquida. Não se deve
esperar, portanto, grandes emoções vindas do laboratório americano. A
companhia não quer dar um passo maior do que as pernas. “Hoje pensamos
na América Latina”, afirma Dinkelmann. “Não vamos forçar uma maior
internacionalização.”
Pequenos magnatas
Casinha de boneca em tamanho real, suíte de hotel cinco-estrelas só para eles, casaco de pele de grife e um quarto dos sonhos que custa US$ 750 mil. Ser criança nunca foi tão sofisticado
Por Bruna BORELLI
Assista à reportagem sobre o Fashion Weekend Kids 2013, realizado na Ilha de Comandatuba
Quando a charmosa Suri Cruise ganhou de presente de Natal dos pais
famosos, os atores hollywoodianos Katie Holmes e Tom Cruise, uma casinha
de boneca em tamanho real, no valor de US$ 24 mil, foi um auê. Havia um
misto de espanto e indignação por parte da opinião pública que se liga
no assunto celebridades, diante de um mimo tão caro para uma criança de
apenas 6 anos. O que poucos questionaram foi: dá para fazer uma casinha
de boneca tão cara assim? O que tinha lá dentro para valer tanto? A
resposta é: sim, dá. Afinal de contas, em escala reduzida, tudo naquela
construção de 20 m² montada no jardim da casa da mãe é idêntico ao que
se vê em uma residência normal.
Moda mirim: grifes tradicionais de luxo, como a Gucci, apostam no mercado infantil
com peças que ultrapassam o valor de R$ 35 mil, como o casaco de pele da foto
Fogão, pia, móveis, encanamento, um projeto completo assinado pela
empresa Sweet Retreat Kids. Ou seja: trata-se de uma brincadeira que vem
sendo levada a sério por empresas de outros ramos para atender uma
clientela mirim super-rica e cada vez mais exigente. Suri poderia ser
uma exceção. Só de sapatos, por exemplo, ela tem cerca de US$ 150 mil,
boa parte da grife de Marc Jacobs, o estilista recém-saído da maison
Louis Vuitton. Faz algum sentido isso? Para o mundo desses pequenos
magnatas, faz. E o mercado de luxo, com suas marcas, sensível a isso,
oferece grande variedade de produtos e serviços a eles. O cenário
econômico da década parece positivo.
Apesar da crise econômica mundial em 2008, que desacelerou o
crescimento do setor, a categoria destinada aos abonados de nascimento
deve fechar este ano com US$ 10,1 bilhões em receita, segundo a
consultoria britânica Ibisworld. Seja com lojas destinadas às crianças,
seja apenas com espaços exclusivos para a linha infantil, marcas como a
francesa Dior e as italianas Armani e Gucci apostam nesse nicho para
incrementar o faturamento. Esta última, por exemplo, oferece casacos de
pele para as meninas por R$ 35 mil e smoking para os rapazinhos por R$ 3
mil.“É uma maneira que as grifes encontraram para crescer sem perder o
posicionamento premium”, diz Luciano Deos, CEO da consultoria
GADLippincott.
Miniatura de luxo : a construção de 20 m2 funciona como uma casa de verdade,
com eletricidade, encanamento e móveis projetados
“Quando uma marca quer se expandir, ou ela aumenta a oferta, baixando o preço médio, ou estende o portfólio de produtos.”
Grifes brasileiras de moda e acessórios também têm se movimentado
nessa direção. A Trousseau, de roupas de cama e banho, por exemplo,
está com a linha Petit há cinco anos. “Ela já representa 12% da nossa
receita”, afirma Adriana Gasparian Trussardi, sócia e diretora de
criação da marca. Um dos hits da coleção é uma manta para recém-nascidos
que custa R$ 350. Hoje, com três das 28 lojas físicas da marca, a
Trousseau Petit pretende investir cada vez mais no público infantil.
Com menos de dois anos de existência, a Enfance, de roupas,
brinquedos e enxoval para crianças de até 6 anos, virou sucesso na
internet e efetua 90% de suas vendas online. O que começou com soft toys
(nome dado a brinquedos feitos com materiais confortáveis e
antialérgicos) acabou transformando-se em linhas de enxoval e roupas
infantis. Os bichinhos da Enfance – o ursinho sai por R$ 260 – podem ser
personalizados com o nome ou inicial do petiz e também trocam de roupa,
inclusive combinando o traje com o da própria criança. “O nosso
público-alvo também são os pais, pois eles sempre querem o melhor para
os seus filhos”, diz Lia Cintra, proprietária da Enfance.
Um possante para pequenos: réplicas em miniatura de carros Audi
e Mercedes-Benz, que atingem 4 km/h, saem por R$ 2,1 mil
“Querem o melhor pediatra, a melhor escola e também os melhores
produtos.” Entre os brinquedos (sim, são crianças e ainda gostam disso),
as maiores novidades também reproduzem o mundo dos adultos. As réplicas
em miniaturas de carros Audi, Mercedes-Benz e Mini Cooper, fabricadas
na China, fazem sucesso na BB Trends, revendedora de brinquedos, com
lojas em São Paulo e Rio. O preço para levar um possante deste para
casa, que é equipado com controle remoto de segurança para os pais, é de
R$ 2,1 mil.
Cinco-estrelas A hotelaria de luxo no Exterior é outro setor que
tem olhado com atenção para o mercado infantil de alta renda. Com
diárias de até R$ 12 mil, o The Ritz London, localizado no centro de
Londres, mima seus pequenos hóspedes com o cartão Very Special Kids
(“crianças superespeciais”, em inglês), que dá direito a mimos como
roupões, pantufas, presentes, cosméticos personalizados e um concierge
exclusivo, que leva guloseimas até o quarto toda noite, como milk-shakes
e sorvetes, sem nenhum custo adicional. Com diversas unidades nos
Estados Unidos, outro grupo, o Trump Hotel Collection, do magnata
americano Donald Trump, também faz de tudo para deixar os clientes
mirins satisfeitos.
Estratégia: a brasileira Enfance, de soft toys, oferece roupas infantis que combinam com as dos bichinhos
As regalias vão desde um “simples” cardápio com gosto de infância
(um bom hambúrguer não tem preço...) até opções exclusivas nos spas de
seus hotéis, além de babás e aulas de natação. Os valores mudam de
acordo com a localização do hotel.
Quem também tem se preocupado com o conforto dos babies – e a
tranquilidade dos pais – é a companhia aérea Etihad Airways. Em
setembro, a empresa lançou o programa “Flying Nannies” (babás voadoras,
em inglês). A ação pioneira não tem nada a ver com Mary Poppins, do
filme infantil de 1964. A ideia da companhia aérea dos Emirados Árabes é
“deixar a viagem mais agradável”, segundo Aubrey Tiedt, vice-presidente
de serviços da empresa.
“Isso inclui servir refeições para as crianças antes dos adultos e
entretê-las para que o voo não se torne maçante”, diz a executiva. As
500 babás que dão início ao programa foram treinadas por meses pela
companhia aérea e só não vão poder trocar fraldas ou levar as crianças
ao banheiro, por uma questão legal. De resto, os pais podem relaxar à
vontade, certos que seus filhos estarão entretidos com truques de
mágica, teatro de fantoche e até aulas de origami e artesanato. “Essas
exigências partem muito mais dos pais do que dos próprios filhos”, diz
Deos.
Babás voadoras: a Etihad Airways, dos Emirados Árabes, lançou o programa "Flying Nannies",
que prioriza o conforto dos clientes mirins em todos os seus voos
Em terra firme, os mini-milionários podem ter um quarto dos sonhos
para chamar de seu. Entre os projetos recentes do escritório de
arquitetura Chris Pollack, de Nova York, está, por exemplo, a renovação
de uma mansão em Manhattan para comportar uma suíte de 100 m² destinada
ao filho pré-adolescente do casal proprietário. Lá, o garoto terá à sua
disposição mesas de pingue-pongue e sinuca, estúdio de música, uma sala
de cinema e videogame e até uma cozinha própria, tudo isso pela bagatela
de US$ 750 mil.
“Nossos clientes estão cada vez mais atentos a isso”, diz Pollack
ao diário de economia e negócios The Wall Street Journal. Essas alas
projetadas para agradar aos pequenos chegam a ter mimos como passagens
secretas inspiradas na saga do bruxinho Harry Potter, fliperamas,
estação de DJ e outros equipamentos eletrônicos da mais alta tecnologia.
E ainda ficam implicando com a singela casinha de boneca da Suri.
Sonho de criança : o Ritz londrino oferece aos hóspedes de até 12 anos vários mimos,
como roupóes, presentes e milk-shakes, sem custo adicional
A máquina ajusta as engrenagens
Empresa resultante da fusão da baiana Insinuante com a mineira Ricardo Eletro antecipa suas metas em um ano e obtém o primeiro lucro. Para crescer, está atrás de um sócio investidor. Quem se habilita?
Por Rosenildo Gomes FERREIRA e Ana Paula MACHADO
Confira os bastidores da reportagem
Toda última terça-feira do mês os sócios e integrantes do primeiro
escalão da Máquina de Vendas se reúnem em Lauro de Freitas, município
nas cercanias do aeroporto de Salvador. Nesse encontro, batizado de
reunião 360 graus, são discutidas as estratégias da segunda maior rede
varejista do País, resultado da fusão da baiana Insinuante e da mineira
Ricardo Eletro em 2010 – depois uniram-se a elas a catarinense Salfer, a
pernambucana Eletroshopping e a mato-grossense City Lar. O clima,
apesar de cordial, chega a ficar tenso em vários momentos.
Dinheiro novo: Para os sócios Ricardo Nunes (à esq.) e Luiz Carlos Batista, a entrada de um sócio,
que poderá ficar com até 15% do capital, vai garantir o crescimento da rede
Especialmente quando um executivo mostra um número muito melhor ou
pior que o dos demais, em itens sensíveis como taxa de inadimplência,
evolução do faturamento ou o desempenho operacional. “Isso é importante
para mantermos o negócio sob controle”, diz Luiz Carlos Batista,
presidente do conselho de administração da empresa e fundador da
Insinuante. “Nosso modelo de atuação é tão singular que os analistas e
até mesmo os competidores têm dificuldade de entendê-lo.” Ao seu lado, o
sócio e presidente da Máquina de Vendas, Ricardo Nunes, fundador da
Ricardo Eletro, dá um olhar de aprovação. Em boa medida, foi graças ao
estilo de gestão austero e que inclui cobranças sobre os sócios que a
Máquina de Vendas conseguiu antecipar em um ano os resultados prometidos
em 2010, na época da fusão da Insinuante e da Ricardo Eletro:
faturamento de R$ 10 bilhões e uma rede de mil lojas no final de 2014.
A expectativa da dupla Batista-Nunes é fechar 2013 com receita
bruta de R$ 9,8 bilhões e 1.057 pontos de venda. Quando da união, o
faturamento total das duas redes não chegava à metade disso (R$ 4,37
bilhões), obtido em 528 lojas. Nos últimos 42 meses, os sócios tiveram
muito trabalho. Não só na seleção dos parceiros como na estruturação do
negócio. Nessa empreitada eles investiram R$ 614 milhões. Os ganhos
decorrentes do processo de sinergia entre as redes atingiram R$ 200
milhões e a expectativa é capturar valor idêntico em função da
integração total das cinco bandeiras, em áreas como processamento de
dados, contabilidade, marketing e compras, entre outras.
Essas medidas se refletiram também na última linha do balanço. De
um prejuízo de R$ 91,5 milhões em 2011 e de R$ 67,9 milhões em 2012, o
grupo atingiu um lucro líquido de R$ 39,8 milhões no período
janeiro-junho deste ano, em balanço auditado pela PwC, o primeiro da
história das redes a ser divulgado ao mercado. Agora, tanto Batista
quanto Nunes dizem que está na hora de pensar no futuro. Para isso, eles
reforçaram o time de executivos com a contratação do experiente André
Shinohara, egresso da paulistana Fastshop e que será o diretor
comercial. Outro que acaba de se unir à turma é Marcelo Casarin,
vice-presidente financeiro, cargo semelhante ao que ocupou nas
subsidiárias da chilena Cencosud e da holandesa C&A, ambas do setor
varejista.
Genérica: a MV Conect copia o estilo da Apple Store. A rede espera ampliar
a venda de smartphones e tablets. A meta é ter até 50 lojas do tipo
Há novidades também em relação ao modelo de lojas, que passará a
contar com a bandeira MV Conect. “Será uma espécie de mini-Apple”,
afirma Batista, se referindo à gigante americana Apple Store, o templo
de consumo de produtos do gênero. O projeto-piloto da MV Conect prevê a
abertura de unidades com 120 m2 em quatro shoppings de Salvador. A
primeira será inaugurada no início de novembro, no Barra Shopping, e as
demais ao longo do mês seguinte. Batista se mostra ambicioso em relação a
essa divisão e prevê a possibilidade de chegar a 50 filiais. Para isso,
o formato será flexibilizado. “Teremos quiosques dentro de nossas lojas
ou nos corredores de shopping centers com perfil mais popular”, diz.
A MV Conect é um dos frutos da sinergia gerada pela criação da
Máquina de Vendas. Com maior poder de fogo, as redes, que até então eram
fortes apenas regionalmente, ganharam dimensão nacional e musculatura
para conseguir negociações mais atraentes, especialmente em produtos de
maior valor agregado, como aparelhos eletrônicos e os itens da linha
branca (máquinas de lavar, fogões e geladeiras). Graças a essa nova
postura, o grupo se tornou mais relevante no nicho de smartphones, por
exemplo. Resultado: no período janeiro-setembro as cinco associadas, que
ainda conservam suas identidades regionais, venderam 900 mil aparelhos,
25% acima do verificado em igual período de 2012.
Outra vertente da tecnologia também está ligada diretamente ao
futuro da Máquina de Vendas. Para chegar a cidades do interior, com
menos de 50 mil habitantes, a dupla aposta em lojas físicas dotadas de
catálogos virtuais. Isso elimina a necessidade de investir em novos
Centros de Distribuição e de manter estoques físicos em diversos pontos
do País. As cidades escolhidas integram a malha logística já percorrida
pelos caminhões das cinco bandeiras, que vai de Santa Catarina a
Roraima, passando pelo Ceará e Mato Grosso.
Mais uma vez, a Bahia foi eleita como laboratório da iniciativa.
Três dessas lojas estão em funcionamento nos municípios de Maragojipe,
Santa Luz e Berimbau sob a bandeira Insinuante. “No Brasil há mais de
mil cidades que se enquadram no perfil traçado por nós”, afirma Batista.
Até o final do ano, serão mais dez pontos de venda nesse formato, todos
na Bahia. Trata-se de uma iniciativa semelhante à adotada pela rival
Magazine Luiza, que se focou em localidades com 100 mil habitantes e
hoje conta com 106 unidades do tipo.
SÓCIO CAPITALISTA O esforço empreendido pela dupla Batista-Nunes
tem como objetivo tornar a Máquina de Vendas mais atrativa aos olhos do
mercado e dos investidores. Em outras palavras: a empresa está atrás de
um sócio capitalista, de preferência um fundo de private equity, e
cogita fazer o IPO. Hoje, enquanto disputa a segunda posição no ranking
com o Magazine Luiza, a Máquina de Vendas está muito distante da líder
Viavarejo, o braço de eletroeletrônicos do GPA. Com receita bruta de R$
13,7 bilhões no primeiro semestre deste ano, a rede controlada pelo
grupo francês Casino é três vezes maior que a segunda e a terceira
colocada.
Para ajudar nessa tarefa, a dupla de sócios contratou o Bradesco
BBI. “Estamos em busca de alguém que nos auxilie na gestão do negócio”,
diz Batista. “Mas quem vai continuar no controle somos nós.” A
disposição é ceder até 15% das ações. A família Nunes possui 47% do
capital, enquanto o clã dos Batista detém 53%. Embora o trabalho de
prospecção feito pelo BBI esteja no início, já foram feitos contatos com
o fundo Advent e com o Gávea, comandado pelo ex-presidente do Banco
Central Armínio Fraga. Nenhum deles confirma o interesse, nem se foi
procurado.
Mas essa tarefa pode não ser tão fácil como se imagina. Num setor
já consolidado e dominado por grandes grupos, a concorrência no varejo
de eletroeletrônicos e de móveis é mais forte e, consequentemente, as
margens de ganho são mais apertadas, o que restringe o número de
interessados em associar-se ao negócio. “Aos olhos do cliente, o único
diferencial entre uma rede e outra é o preço”, diz o sócio da gestora
Leblon Equities Felipe Demori Claudino. “A geladeira vendida na Ricardo
Eletro é a mesma ofertada no Ponto Frio ou no Magazine Luiza e isso não
atrai tanto o investidor.”
A dificuldade de ganhar dinheiro no setor fica evidente quando se
analisa os balanços de Viavarejo, Magazine Luiza e Máquina de Vendas.
Suas margens líquidas (medidas pela relação entre receita e lucro) são
semelhantes e estão abaixo de 2%. Situação muito diferente da vivida
pelas cadeias de vestuário, como a gaúcha Renner, cujo ganho chega a
7%. Outra característica que deixa os fundos com um pé atrás é o fato de
a Máquina de Vendas não ter uma presença expressiva no Estado de São
Paulo, o principal mercado consumidor do País, restrita a três unidades
da Ricardo Eletro nas cidades de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Franca.
“Ninguém pode ficar de fora de um mercado que representa 40% do PIB
nacional”, afirma o consultor e presidente do Instituto Brasileiro de
Executivos de Varejo e de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni. Em São
Paulo, quem dá as cartas é o Ponto Frio e a Casas Bahia, secundados
pelo Magazine Luiza e por redes menores, como a Lojas Cem. Se depender
de Nunes, essa situação deve mudar rapidamente. "É lógico que queremos
entrar em São Paulo”, diz. “Na verdade, já somos uma rede forte no
interior”, corrige Batista, lembrando que o mercado paulista responde
pela maior fatia das vendas do braço virtual da Máquina de Vendas.
A diferença de estilo entre os sócios fez com que surgissem
especulações sobre possíveis desentendimentos entre eles. Batista é mais
comedido e possui um pensamento mais orientado para a estratégia do
negócio, enquanto Nunes é ligado à área comercial. Ambos negam (veja
entrevista no final da matéria), argumentando que, além de sócios, têm
uma relação de amizade que envolve as famílias. “Quando viajamos, o
Ricardo e eu dormimos no mesmo quarto para ficarmos conversando até
tarde”, afirma Batista. A cautela de Batista em relação ao mercado
paulista se deve a questões práticas.
Uma delas é o fato de haver poucos bons pontos de venda
disponíveis, especialmente na capital. Uma opção, então, seria a
associação com alguma rede local. “Fazer aquisições é o caminho mais
fácil e rápido”, diz Felisoni, do Ibevar. “Nós escolhemos a dedo quem
serão os nossos sócios”, afirma Nunes. Uma das que teriam sido
procuradas pela Insinuante, antes mesmo da criação da Máquina de Vendas,
foi a Lojas Cem. Controlada pela família Dalla Vecchia, a rede também
opera em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. “Agora, é colocar as
coisas bem ajeitadinhas, capturar as sinergias, que naturalmente surgirá
um parceiro paulista interessado em se associar à Máquina de Vendas”,
diz Nunes.
Capturar sinergia, mais do que um mantra, é uma obsessão para a
dupla. Foi a possível dificuldade em integrar empresas com culturas tão
distintas que fez com que os analistas duvidassem da capacidade de o
negócio prosperar. Batista diz que ainda existem muitos ganhos a serem
extraídos dessa união. Cita, por exemplo, que somente 60% da operação já
funciona de forma integrada no QG do grupo. Foi a possibilidade de
ampliar o acesso aos grandes fornecedores e ver aumentado seu poder de
barganha na hora da negociação que atraiu a EletroShopping, a City Lar e
a Salfer para o guarda-chuva da Máquina de Vendas nos últimos três
anos.
A transação com cada uma delas foi feita mediante a troca de ações,
na proporção de 51% para Nunes e Batista e os outros 49% para os
antigos controladores, dando origem a holdings regionais. O acordo
inclui ainda a preservação de cada bandeira. A caçula do grupo é a
catarinense Salfer (leia matéria ao lado). “Essa é a forma que os
pequenos têm para se defender do agigantamento das grandes redes”, diz o
professor da Fundação Getulio Vargas e consultor de varejo, João
Batista Vilhena.
“Queremos ser referência na entrega de resultados”
Os sócios da Máquina
de Vendas Luiz Carlos Batista e Ricardo Nunes falaram com exclusividade à
DINHEIRO sobre seus planos para construir a melhor empresa varejista do
País.
DINHEIRO: Qual o futuro da Máquina de Vendas?
LUIZ CARLOS BATISTA: O nosso negócio é diferente
do varejo tradicional. Somos um bicho raro que tenta contemplar os
principais nichos de mercados, com uma forte aposta na regionalização.
Com isso, agregamos os benefícios de fazer compras globais, sem
descuidar das necessidades locais. Tem um exemplo que gosto muito de
citar, relacionado à Salfer, nossa parceira no Sul, cujas vendas de
fogão a lenha são expressivas. Se colocarmos esse produto para vender no
Rio de Janeiro, vai encalhar, na certa. Além disso, estamos ampliando a
aposta em novos formatos de lojas, além de reforçar nossa presença na
internet.
DINHEIRO: Dá para falar em liderança no varejo sem atuar em São Paulo?
RICARDO NUNES: É lógico que queremos entrar para valer no mercado paulista. E vamos entrar.
BATISTA: Na verdade, já atuamos no Estado com
lojas da Ricardo Eletro nas cidades de Ribeirão Preto, Franca e
Sertãozinho. Além disso, São Paulo é o Estado que mais colabora com as
vendas de nossa loja virtual.
DINHEIRO: Existem rumores de que os srs. estariam conversando com a paulistana Marabraz. É verdade?
BATISTA: Não tem nada disso. Neste ano, não
pretendemos adicionar nenhum novo grupo à Máquina de Vendas. E,
provavelmente, isso não vai acontecer em 2014, porque estamos muito
focados na operação. Veja bem, nós saímos de um Ebtida anual de 1,8%
para 5% e capturamos somente 50% das sinergias até agora. Então, ainda
precisamos trabalhar internamente para melhorar a operação antes de
falar na abertura de novas lojas. Queremos ser referência nesse
quesito.
DINHEIRO: Qual será a função do Bradesco BBI no futuro da Máquina de Vendas?
BATISTA: O banco está nos auxiliando a buscar um
fundo de investimento capaz de ajudar a aprimorar nossa governança.
Continuaremos no controle e temos a intenção de vender entre 10% e 15%
do capital.
DINHEIRO: E quando os srs. vão abrir o capital?
BATISTA: Ainda não temos data prevista para fazer o
IPO. A abertura de capital é o caminho natural para nosso crescimento. O
balanço do primeiro semestre está auditado pela PwC. Todas as bandeiras
foram auditadas e as holdings nacionais e regionais já foram
constituídas.
DINHEIRO: Fala-se no mercado que existe uma disputa societária entre os srs. É verdade?
BATISTA: Vou dar um exemplo para resumir. A nossa
família é assim, um chega no outro (Batista beija o rosto de Nunes). É
outro papo. O que é bom para mim é bom para ele. É assim a nossa
relação.
NUNES: O mais importante é que a Máquina de Vendas já é uma realidade no mercado, do ponto de vista empresarial e jurídico.
NUNES: O mais importante é que a Máquina de Vendas já é uma realidade no mercado, do ponto de vista empresarial e jurídico.
FAO quer que Brasil avance como protagonista da agricultura mundial
Por Bettina Barros | Valor
SÃO PAULO - O
representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO) no país, Alain Bojanic, afirmou que o mundo espera que
o Brasil avance em algumas áreas para tornar-se protagonista da
agricultura mundial, de forma a atender as demandas por alimentos até
2050.
Entre essas medidas, ele citou a vontade política de longo prazo e
mudanças no orçamento. "Isso é fundamental. Agricultura tem que ser
prioridade", disse Bojanic em evento sobre inovação realizado nesta
manhã, em São Paulo.
Segundo ele, o país é um candidato natural para tornar-se um dos três
maiores celeiros de alimentos do planeta nas próximas décadas - senão o
principal celeiro. A qualificação se explica não só pelos estoques de
terras produtivas disponíveis, como pelo volume de água doce e pelo
modelo agrícola bem sucedido.
Para galgar posição de mais destaque, no entanto, o Brasil necessita
de investimentos em conhecimento e maior participação do setor privado
nessa geração de expertise nacional. "Isso, claro, sem falar em
investimentos em infra-estrututura".
(Bettina Barros | Valor)
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