domingo, 13 de outubro de 2013

O Vale do Silício é logo ali


A desenvolvedora brasileira de software Totvs fincou sua bandeira na meca da tecnologia mundial. E já se tornou sócia do lendário investidor Marc Andreessen

Por Diego MARCEL
Ao longo de sua trajetória empresarial, o empreendedor paulista Laércio Cosentino já comprou algumas dezenas de empresas. É graças a essa estratégia de crescimento via  aquisições que Cosentino consolidou a Totvs como a maior empresa de software de gestão do Brasil, com uma receita de R$ 1,4 bilhão, em 2012, e valor de mercado de R$ 5,8 bilhões. Neste ano não foi diferente. No primeiro semestre, a Totvs assumiu o controle de mais quatro empresas. Três delas no Brasil – a PRX, que atua com sistemas no segmento agroindustrial, a RMS, focada em varejo e supermercados, e a ZeroPaper, que desenvolve um software de gestão financeira (nesta última, ficou com uma fatia minoritária). 

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Laércio Cosentino: fundador da Totvs comprou dezenas de empresas no Brasil.
Agora, chegou a vez dos EUA
 
 
A quarta foi a americana GoodData, start-up que atua na área de big data, como são chamados os softwares que analisam centenas de milhares de dados online. A Totvs participou de uma rodada de aporte da companhia, que contou também com o apoio do fundo de private equity Andreessen Horowitz, do empresário Marc Andreessen, o lendário criador da Netscape e considerado o investidor mais influente do Vale do Silício. Esse é o primeiro resultado do Totvs Labs, laboratório de inovação que a empresa de Cosentino abriu nos Estados Unidos no ano passado, em Mountain View, no coração do Vale do Silício, região da Califórnia onde estão sediadas as empresas mais inovadoras do planeta. 
 
 
 
“A presença no Vale do Silício nos deixa próximos da inovação”, diz Alexandre Dinkelmann, vice-presidente executivo de estratégia e finanças da Totvs, responsável por acompanhar os avanços do escritório americano. Locali­zado a apenas oito minutos da sede do Google, o escritório está instalado no edifício ocupado pela Fundação Mozilla, que desenvolve o navegador de internet Firefox. O Totvs Labs não tem apenas a missão de ser uma espécie de embaixada da companhia brasileira na meca da tecnologia mundial. Sua função é desenvolver tecnologias de ponta que podem se transformar em produtos da companhia. 
 
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Diversidade: o laboratório conta com 15 desenvolvedores. Entre indianos, americanos e russos, um brasileiro
 
Em tão pouco tempo de atuação, isso já está acontecendo. O primeiro produto a sair do laboratório da Totvs é o Identity Fluig, uma ferramenta de gestão de recursos humanos que funciona online. O sistema mapeia as características e habilidades dos funcionários de uma empresa para selecionar os perfis mais adequados para vagas que estão abertas. O escritório americano deve ser ainda fundamental para recrutar talentos. Afinal, não há lugar melhor para encontrá-los do que no Vale do Silício, para onde afluem os melhores cérebros tecnológicos do globo. 
 
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Estratégico: segundo o vice-presidente executivo Dinkelmann, a presença nos EUA
ajuda a encontrar oportunidades em um dos maiores mercados de TI
 
O Totvs Labs, até o momento, conta com 15 funcionários. Entre eles há apenas um brasileiro, que divide o espaço do edifício na rua Castro, uma das maiores de Mountain View, com russos, chineses, indianos e americanos. “Essa diversidade é essencial para qualquer empresa que quer ser global”, afirma Dinkelmann. A Totvs opera em 23 países ao redor do globo. Essa presença, no entanto, não indica que tenha uma forte participação internacional em seu volume de negócios e vendas. Sua operação está concentrada na América Latina, região onde diz ser líder em soft­ware de gestão, mercado que disputa com gigantes globais como a alemã SAP e a americana Oracle. 
 
 
 
Seu desempenho, no entanto, é todo calcado no mercado brasileiro. No ano passado, apenas R$ 20,3 milhões vieram de vendas para o mercado internacional, algo em torno de 1,5% de sua receita líquida. Não se deve esperar, portanto, grandes emoções vindas do laboratório americano. A companhia não quer dar um passo maior do que as pernas. “Hoje pensamos na América Latina”, afirma Dinkelmann. “Não vamos forçar uma maior internacionalização.”
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