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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Redução de imposto de importação gera negócios de US$ 1,3 bilhão no Brasil
Camex reduz imposto de importação de 124 produtos sem similar nacional
Por Thiago Resende | Valor
BRASÍLIA - A
Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou que 124 máquinas e
equipamentos sem produção no Brasil sejam importados com redução de
alíquota no imposto de importação. O imposto sobre esses bens era de até
16%; com a medida, caiu para 2% até 31 de dezembro de 2014.
Duas resoluções publicadas nesta segunda-feira no “Diário Oficial
da União” concedem o benefício tributário para 123 bens de capital e um
item de informática e telecomunicação. A estimativa é que a importação
desses produtos chegue a US$ 136,6 milhões, incentivando investimentos
de US$ 1,3 bilhão no país.
Pelo regime de ex-tarifários, bens de capital, informática e
telecomunicação sem produção nacional podem entrar no país com redução
temporária do imposto de importação, o que diminui o custo de aquisição
de máquinas e equipamentos para vários projetos.
Os setores mais beneficiados foram: naval, bebidas, bens de capital
e autopeças, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (Mdic).
Os 124 ex-tarifários vão incentivar investimentos para construção
de um estaleiro em Aracruz (ES), uma fábrica de refrigerantes em
Itabirito (MG) e uma fábrica de peças para motores de automóveis em
Poços de Caldas (MG), citou como exemplo o Mdic.
Cerca de um terço dos produtos que serão importados com benefício
tarifário devem ser fabricados na Alemanha. A origem de pouco mais de
30% deve ser italiana. Outros países que devem fornecer os ex-tarifários
ao Brasil são: Estados Unidos, China e Espanha.
Com essas duas resoluções da Camex, o governo concedeu a redução do
imposto de importação para 2,442 mil produtos neste ano, sendo que os
setores mais beneficiados até o momento são eletroeletrônico, energia,
construção civil e ferroviário.
(Thiago Resende | Valor)
Por que você se aproxima de quem pensa como você?
Dizer que é simplesmente uma questão de afinidade não explica tudo
Belle Cooper,
Shutterstock
Subconscientemente começamos a ignorar ou a rejeitar qualquer coisa que ameace nossa visão de mundo
Tendemos a gostar de pessoas que pensam como nós. Se concordamos
com o que alguém acredita, estamos propensos a fazer amizade com essa
pessoa. Faz sentido. Significa que subconscientemente começamos a
ignorar ou a rejeitar qualquer coisa que ameace nossa visão de mundo,
uma vez que nos cercamos de pessoas e informações que confirmam aquilo
que já pensávamos.
Isso é chamado de viés de confirmação. Se você já ouviu falar da
ilusão de frequência, isso é bem parecido. A ilusão de frequência
acontece quando você compra um carro novo e, de repente, você vê o mesmo
carro em todos os lugares. Ou quando uma mulher grávida começa a notar
grávidas por toda parte. É uma experiênca passiva, onde nosso cérebro
busca informações relativas a nós, mas acreditamos que houve um aumento
real na frequência dessas ocorrências.
Viés de confirmação é uma forma mais ativa da mesma experiência. Acontece quando proativamente buscamos informações que confirmem nossas crenças existentes. E não fazemos isso só com as informações que recebemos, mas também aproximamos nossas memórias dessa maneira.
Viés de confirmação é uma forma mais ativa da mesma experiência. Acontece quando proativamente buscamos informações que confirmem nossas crenças existentes. E não fazemos isso só com as informações que recebemos, mas também aproximamos nossas memórias dessa maneira.
Em um experimento de 1979, na Universidade de Minnesota, os
participantes leram sobre a história de uma mulher chamada Jane, que era
extrovertida em algumas situaçãoes e introvertida em outras. Quando os
participantes retornaram alguns dias depois, eles foram divididos em
dois grupos. A um grupo foi perguntado se Jane se encaixaria em um
emprego como bibliotecária, o outro foi questionado sobre ela ter um
emprego de agente imobiliária.
O grupo “bibliotecária” lembrou de Jane sendo introvertida e falou
mais tarde que ela não se adequaria ao emprego de agente imobiliária. O
grupo “agente imobiliária” fez o exato oposto: eles lembraram de Jane
como extrovertida, disseram que ela se encaixaria no emprego de agente
imobiliária e quando eles foram perguntados mais tarde se ela daria uma
boa bibiliotecária, falaram que não.
Desafiar nossas crenças é a única maneira de evitarmos ser pegos no
viés de confirmação. Ouvir o oposto e considerar o diferente é
indispensável para a vida.
Financial Times: Colapso de Eike Batista envergonha Dilma Rousseff
Por Joe Leahy | Financial Times
Deve haver momentos na carreira de qualquer político que os fazem estremecer quando eles se lembram deles mais tarde.
Para a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, um deles provavelmente é
o dia de abril do ano passado, quando ela ajudou o empresário Eike
Batista a comemorar o "primeiro óleo" do que são agora seus campos secos
ao longo da costa do Rio de Janeiro.
A presidente brasileira disse uma série de coisas naquele dia,
elogiando Eike Batista, que na época era ainda o homem mais rico do
país, com uma fortuna estimada em mais de US$ 30 bilhões investidos em
uma rede de empresas de petróleo, mineração, energia e logística - a
maioria delas start-ups.
Mas provavelmente o mais embaraçoso nessa retrospectiva foi ela ter
encorajado uma aliança entre a pequena petroleira de Eike, a OGX , e a
gigante estatal do Brasil, a Petrobras, uma especialista de renome
mundial em exploração em águas profundas. "Ambas podem ganhar muito com
uma parceria", disse ela na época.
Esse foi o pico da relação entre Batista e o governo. Desde então,
sua queda foi tão rápida e tão grave, com o pedido de recuperação
judicial na semana passada, que Brasília tem feito o que pode para
evitar o assunto. Um telefonema ao Palácio do Planalto para falar sobre
os problemas do empresário, na semana passada, recebeu a resposta "sem
comentários".
A queda de Eike Batista, que em muitos aspectos era o empresário
"queridinho" do governo do Partido dos Trabalhadores (PT), levanta
questões sobre a sua direção política futura. A ascensão de Batista deu
credibilidade às alegações do PT de que suas políticas econômicas
estatizantes eram, ao mesmo tempo, simpáticas ao mercado. A queda do
empresário vai fazer o partido ficar mais ou menos intervencionista?
A resposta será fundamental para a prosperidade futura do Brasil. O
relativo silêncio do governo sobre o colapso de Eike Batista surpreendeu
aqueles que pensavam que o império "X" de negócios do ex-campeão de
lancha era grande demais para falir. Mais provavelmente, Brasília
percebeu antes que o castelo de cartas do Sr. Batista era muito precário
para salvar.
O colapso foi provocado pela OGX, ao admitir que seus campos de
produção se provaram insucessos. A empresa ficou com quase nenhum
dinheiro para pagar mais de US$ 5 bilhões em dívidas suas e a rede de
outras empresas que compõem sua estrutura corporativa labiríntica.
O governo tinha um assento na primeira fila da catástrofe. O BNDES
concedeu linhas de crédito ao grupo no valor de cerca de R$ 10 bilhões. O
presidente do banco, Luciano Coutinho, procurou explicar o colapso como
um acidente que poderia ocorrer em qualquer mercado. "Os mercados de
capitais sabem diferenciar essas coisas e eles sabem que os acidentes
podem ocorrer em qualquer lugar do mundo ", disse Coutinho.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, teve a mesma abordagem. "É um
grupo privado. Não tem nenhuma ligação com o governo e, portanto, a
solução para a OGX virá do mercado", afirmou.
Ainda que a solução seja baseada no mercado - no sentido de que os
investidores perderam bilhões de dólares e agora enfrentam uma
reestruturação da dívida difícil na Justiça - o governo deveria fazer um
exame de consciência sobre se foi ou não parte do problema.
Uma das fontes de confiança na OGX foi a interpretação de que as
ligações de Batista significavam que ele tinha o apoio implícito do
governo. Por um lado, seu pai é um respeitado ex-ministro de Minas e
Energia. Suas empresas tiveram o investimento do BNDES - que o
empresário certa vez descreveu como "o melhor banco do mundo" - e a
equipe de gestão sênior da OGX foi escolhida entre os quadros da
Petrobras. Além disso, ele foi regularmente retratado junto a ocupantes
de altos cargos políticos nas esferas federal e estadual, além de ter
sido grande doador para o Rio de Janeiro.
"Os ricos são os que ganharam mais sob o meu governo", afirmou um dia
Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente do Brasil e fundador do PT. A
implicação era que o Brasil, apesar de ser dirigido por um governo
socialista, era muito aberto para negócios. No entanto, depois que a
sucessora escolhida por Lula, Dilma Rousseff, assumiu o cargo, o governo
tem sido visto como mais intervencionista e desconfiado de um setor
privado tido como especulativo.
O estilo chamativo de capitalismo do Sr. Batista serviu, por um
tempo, para disfarçar o estatismo do governo. Ele apresentou ao mundo a
caricatura de um empresário brasileiro com carrões rápidos, uma
ex-esposa rainha do carnaval, e uma casa com vista para as praias do Rio
de Janeiro.
O governo permitiu que ele quebrasse. Mas agora, sem a folha de
parreira que ele fornecia, Brasília terá de decidir: pode realmente
confiar no mercado ou vai deixar que os investidores sigam seu caminho,
apenas para levar a mais Eikes Batistas?
Dado o embaraço de comemorar o primeiro óleo do Sr. Batista que nunca
veio, é difícil ver Dilma dando aos mercados o benefício da dúvida.
Governo brasileiro ignora advertências sobre bolha imobiliária, diz Bloomberg
Especialista diz não enxergar incentivo político para reduzir os empréstimos hipotecários
Governo estaria impulsionando a demanda para ajudar as pessoas a comprarem mais casas, enquanto os preços sobem (Getty)
SÃO
PAULO - O governo brasileiro estaria ignorando as advertências do
prêmio nobel de economia deste ano, Robert Shiller, sobre uma provável
bolha imobiliária no País. Segundo publicado nesta segunda-feira (4)
pela Bloomberg, o governo estaria impulsionando a demanda para ajudar as
pessoas a comprarem mais casas, enquanto os preços sobem.
“Está
acontecendo algo no mercado de crédito e, como o governo está muito
preocupado com o crescimento, ele não vai deter essa festa (...) Haja ou
não uma bolha, é um futuro problema. Eu não vejo incentivo político
para reduzir os empréstimos hipotecários”, analisa o diretor de pesquisa
para mercados emergentes da Nomura Holdings, Tony Volpon.
Para o
estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil SA, Luciano Rostagno, a
atual tendência dos preços imobiliários é insustentável . “As famílias
já estão muito endividadas e o ritmo de crescimento do crédito,
especialmente, no mercado imobiliário, é muito alto. Seria prudente
diminuir o ritmo dos empréstimos ao mercado imobiliário.”
Ainda
segundo a reportagem, os créditos para propriedades no Brasil
representam uma parte pequena do PIB (Produto Interno Bruto) e do
crédito total, quando comparado com outros mercados emergentes.
Entretanto, os empréstimos imobiliários quase triplicaram, depois da
crise financeira global, passando 2,3% para 6,8% do PIB, sendo que os
preços das propriedades nas duas maiores cidades do país, quase que
dobraram, em relação ao ritmo de crescimento da renda, desde 2008.
Falta preparo de estudantes para entrar no mercado, dizem recrutadores
Por Letícia Arcoverde | Valor
SÃO PAULO - Metade
dos estudantes universitários se sente muito ou completamente preparada
para entrar no mercado de trabalho após a formatura. Já os
recrutadores, que serão responsáveis por contratar os profissionais de
primeira viagem, não possuem a mesma confiança.
A conclusão é de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pela
empresa de educação Chegg, com dois mil estudantes universitários e mil
recrutadores. Segundo o estudo, há um descompasso entre as habilidades
que os estudantes consideram ter ao entrar no mercado de trabalho e a
expectativa dos recrutadores. Enquanto 50% dos universitários se sentem
muito preparados para começar a trabalhar, apenas 39% dos recrutadores
acham que os recém-formados entrevistados por eles nos últimos dois anos
estavam prontos para o mercado.
Em todas as habilidades analisadas pela pesquisa, como a capacidade
de desenvolver planos de orçamento, comunicar resultados ou trabalhar
com clientes e figuras de autoridade, a confiança dos estudantes no seu
próprio preparo é muito maior do que a avaliação que os recrutadores
fazem de profissionais jovens.
Mais do que isso, os universitários dão mais importância a
determinados aspectos do que os profissionais de RH. Dados mostram que
68% dos estudantes acham que ter notas altas é muito ou extremamente
importante na hora de conseguir um emprego, enquanto 48% dos
recrutadores concordam. Ter contatos no campo profissional desejado foi
outro aspecto que 77% dos estudantes consideram essencial, enquanto
apenas 28% dos recrutadores acham o mesmo.
Os profissionais de RH dão muito mais importância, por exemplo, à
capacidade de liderar (escolhido como característica importante em um
candidato por 93% dos recrutadores), participação em atividades
extracurriculares durante a faculdade (91%) e ter ao menos um estágio no
currículo (82%).
O mais razoável para petroleira não é para União'
Por Irany Tereza, Sabrina Valle e Wellington Bahnemann
A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse que são várias as
alternativas em estudo para as áreas que a União repassou à estatal
durante o processo de capitalização, inclusive a devolução de algumas
delas. Mas ressaltou: "O que é mais razoável, mais adequado, para uma
empresa de petróleo não necessariamente é para a União".
A seguir, os principais trechos da entrevista à equipe do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.
Os números da Petrobras sobre Libra ainda não saíram?
Os
números do consórcio vão sair ao longo dos anos. Temos de calcular a
taxa interna de retorno, que é mantida em segredo, fechada a mil chaves.
Para isso, fazemos simulações e elaboramos diversos esquemas de
desenvolvimento da produção, analisando, por exemplo, se vamos fazer
unidades menores ou maiores, quantos poços vamos ter. Para nós, a taxa
interna de retorno é mandatória.
Qual o objetivo da carta que a sra. enviou aos Ministérios das Minas e Energia e da Fazenda?
Essa
carta faz parte de um script. Quando assinamos o contrato da cessão
onerosa (o governo cede 5 bilhões de barris de petróleo à Petrobras, que
em troca entregará títulos da dívida pública), em setembro de 2010,
estava escrito que, antes de declarar a comercialidade dos campos - o
que não tem data -, temos de informar ao governo: estamos prontos para
conversar sobre o contrato. A carta foi mandada no dia 10, com cópia
para os dois ministérios. Sugerimos a criação de um grupo de trabalho.
Já estamos prontos para conversar. Temos os dados e estamos seguros
sobre o que temos na cessão onerosa.
Existe a possibilidade de se rediscutir o preço do barril usado na cessão onerosa e o porcentual de conteúdo local?
Está
previsto no contrato como possível de se discutir esses pontos. Essa é a
hora. Estamos prontos para colocar os dados para discutir. Os nossos
números são muitos bons. A área de Libra é excepcional, e ainda temos
mais 15,6 bilhões de reservas provadas, mais os 5 bilhões da cessão
onerosa e mais os números do pré-sal concedido. Como estamos sob a
influência de três tipos de marco regulatório (concessão, partilha e
cessão onerosa), é muito importante que o governo apresente, no momento
em que achar devido, os seus planos. Hoje já estamos trabalhando no
plano estratégico até 2030.
Por isso, é importante que tenhamos a visão
do planejamento do governo para a companhia, para que possamos nos ver
ali e planejar o futuro. A área de Franco, pelo que se comenta, está
muito próxima do tamanho de Libra (8-12 bilhões, segundo a ANP). E
Franco é só uma das áreas da cessão onerosa. Se tiver 8 bilhões de
barris, por exemplo, a Petrobras explora até 5 bilhões? Como funciona? O
contrato é esse (5 bilhões de barris de óleo equivalente). Tudo além de
cinco, se é cinco num campo, se a gente vai desenvolver aqui também,
ali... Essa é uma das etapas mais importantes dessa discussão.
Seria mais viável focar em um campo apenas?
O
que é mais razoável, mais adequado, para uma empresa de petróleo não
necessariamente é para a União. Há que se olhar os dois lados e a
palavra final é da União. O petróleo é dela, pertence a ela. Aquilo que é
mais razoável para uma empresa de petróleo nem sempre é o mais adequado
para a União. Por isso, é uma discussão importante e rica.
A Petrobras pode devolver algumas áreas para a União?
Essa
é a discussão que vamos fazer. Já estamos prontos. Em 2010, assinamos
contrato, já estamos perto de 2014, está na hora de sentar para
organizar, montar um cronograma de atividades, (avaliar) todos os itens
que precisam ser discutidos, passo a passo, o timing para cada um e
fazer um trabalho técnico e econômico.
Por exemplo, a capacidade da indústria e quanto será feito fora?
Exatamente.
Hoje, tudo parece mais fácil, e é. Sempre fui defensora muito
consciente e crítica do conteúdo local. Tanto pelo lado do excesso,
quanto pelo lado que minimiza. Tem de fazer conta. A pior coisa que pode
ter é colocar um barco no mar cheio de furo, uma boia com furo.
Questionamento é importante. Números para mim são essenciais.
O primeiro prazo de declaração de comercialidade que vence na cessão onerosa é Franco?
Não
quero adiantar, pois não vai trazer nenhuma vantagem para a Petrobras
essa discussão agora. Vou deixar essa discussão para o momento certo.
A produção este ano pode ficar abaixo da banda de 2%, que foi colocada para mais ou menos sobre a meta para o ano?
Vamos ficar no limite inferior, como disse em janeiro. Disse que tinha muito mais chance de ficar com menos 2%.
Mas vai ficar dentro da meta?
Com esforço, mas é possível.
E a partir do ano que vem aumenta?
Neste ano, não cai (mais). Fica ascendente, com as nove unidades (plataformas de produção) que entram.
A
companhia tem 36% de alavancagem (dívida/patrimônio líquido),
investimento muito alto a ser feito, desembolso imediato grande e um
sinal de advertência das agências de risco. A Petrobras corre o risco de
chegar ao fim do ano perdendo degraus nessas classificadoras?
A
gente trabalha muito forte para que não, desde sempre. Quando descemos
de A para a posição de agora, dois níveis acima do nível de
rebaixamento, com outlook negativo, isso incomodou profundamente. É como
se eu tivesse um monte de estrelinha no peito e tiraram uma. É muito
ruim. Ao mesmo tempo em que temos essa preocupação, temos um portfólio
que exige investimentos pesados. Este trimestre tivemos R$ 23 bilhões de
investimento com Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e
amortização) de R$ 15 bilhões. Isso não pode continuar. E com
faturamento muito alto.
O que significa isso? Ainda que tivéssemos esses
aumentos (nos combustíveis) todos, ainda que o conselho de
administração tenha estado alerta, tivemos um custo líquido de produto
vendido muito alto também. Teve um lucro bruto muito baixo, a venda de
ativos neste trimestre não foi relevante e a última linha (da
demonstração financeira) ficou muito baixa. Trabalhamos para haver
convergência de preços, e essa metodologia (a proposta de "gatilho" de
reajustes apresentada pela diretoria ao conselho) vem para mostrar aos
investidores e agências de risco que temos previsibilidade, e isso é
importante. Preciso mostrar a eles a previsibilidade do caixa.
Nossos
ativos são bons, fartos, exigem investimento. Uma empresa que lá atrás,
em 2002, 2003, 2004 - e não estou falando de governos, mas da empresa -,
investia muito menos pode até suportar uma diferença maior ou menor das
defasagens (entre preços de combustíveis domésticos e internacionais).
Mas quando se investe o que a gente investe, precisa ter disciplina de
capital. Preciso de convergência de preços para eu ser cobrada do
resultado. Tenho de ser cobrada pela minha performance, exclusivamente.
A empresa espera que a nova metodologia contribua para essa classificação?
As
agências vão ver a previsibilidade da companhia, quando chegar na
convergência. E isso é fundamental, a partir da implantação da
metodologia. Estamos reduzindo os custos. Programamos R$ 3,8 bi no ano e
até setembro economizamos R$ 4,8 bi. É uma mudança de cultura! Não é
cortar o cafezinho, o pão de queijo, a festa de Natal, isso não aceito.
O
que não pode é ter estoque (de produtos) desse tamanho. Temos os
recursos, nossos ativos são bons, a demanda é sempre maior do que
precisamos. Oferecem (o mercado internacional) muito mais crédito do que
contratamos de dívida. Temos petróleo. Aí, olha no fim do trimestre, no
fim do semestre. Se eu não dei resultado, me demite. Tira a Graça
porque não está performando. É muito mais previsível do que ficar
explicando o tempo todo.
Há possibilidade de redução de capacidade das quatro novas refinarias?
A
PDVSA fez para nós uma proposta que não podia ser aceita. Nem falo
quanto, de jeito nenhum. E aí a gente disse: não dá, não dá de jeito
nenhum. Quando temos 100% de uma refinaria dizemos que na verdade temos
um parque de refino. Ter a PDVSA conosco com 40% era o projeto. Mas,
agora está pronto, já está com 82%.
Vai refinar óleo leve, do pré-sal?
Pode
usar óleo leve. Com o mesmo hardware pode fazer uma adequação de refino
e produzir a mesma gama de derivados. Esse detalhe, se pode ser do
pré-sal, eu não sei. Pode produzir gasolina também. A gente tem intenção
de fazer mais gasolina somente quando precisar e não temos gastado nem
um centavo a mais com isso.
Eu sou fã de biocombustíveis. Acho que tem
de voltar o etanol. E acho que essa questão da previsibilidade (em
relação aos preços da Petrobras) vai ajudar também a indústria
sucroalcooleira porque, à medida que houver maior previsibilidade de
preço da gasolina, vai ter também de etanol. Quando começamos a comparar
com o álcool do milho dos Estados Unidos, vemos que perdeu o passo
porque não investiu em tecnologia. A gente acredita que um subproduto
dessa metodologia, quando estiver plenamente definida, será trazer o
álcool de volta.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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