domingo, 1 de dezembro de 2013

Por salário, pessoas tendem a ignorar qualidade do trabalho


Estudo feito por pesquisadores da Duke University e da Stirling University mostra que as pessoas podem preferir realizar uma tarefa chata, se for para ganhar mais

ThinkStock
salário executivo
Salário: segundo pesquisador, quando colocada para as pessoas, a questão salarial se torna primordial, fazendo-as se esquecer de aspectos não monetários de seu trabalho

São Paulo - Quando têm a opção de pesar o salário em uma escolha profissional, funcionários tendem a se esquecer de quanto o seu trabalho pode (ou não) ser prazeroso.  Este é o resultado de um estudo recente, conduzido por pesquisadores da Duke University, nos Estados Unidos e da Stirling University, na Escócia.

Parte da pesquisa foi realizada junto a 74 estudantes de administração. A eles, foi dada a opção de passarem cinco minutos fazendo absolutamente nada (sem poder ter acesso a computadores ou celulares) ou, em vez disso, usar o tempo para fazer um caça palavras. Aqueles que escolhessem o ócio, ganhariam 2,50 dólares por hora. 

A maioria dos alunos (66%) achou mais interessante realizar o desafio. Porém, destes, 82% só concordaram em completar o caça palavras se recebessem mais do que aqueles que haviam optado por ficar sem fazer nada. 

Apesar disso, passados os cinco minutos, foi perguntado aos estudantes o quanto eles tinham gostado da experiência. Aqueles que haviam optado por fazer o jogo, tinham aproveitado muito mais aquele tempo, segundo  contou Peter Ubel, professor da Duke University e um dos autores do estudo, à radio norte-americana NPR

Isso significa que, "se você colocar a questão dos salários na frente das pessoas, de repente ela se torna uma preocupação primordial. Elas focam mais no que entendem como uma compensação justa, do que nos aspectos não monetários do trabalho, tais como o valor social ou até mesmo se a tarefa é interessante", disse Ubel em nota no site da Duke University.  

As constatações dos pesquisadores podem indicar que, no caso de empresas em que pagar gordos salários não é a alternativa mais palpável, uma ferramenta de atração e retenção de talentos eficiente pode ser: primeiro oferecer uma boa gama de benefícios, para depois falar em dinhero. 

Franquias de espaço infantil faturam até R$ 90 mil por mês; veja negócio


Afonso Ferreira

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Veja franquias de espaço infantil

Clube da Criança: investimento inicial a partir de R$ 270 mil (inclusos taxa de franquia + instalação + capital de giro); faturamento médio mensal de R$ 60 mil a R$ 80 mil, com lucro líquido de 25% a 30% (de R$ 15 mil a R$ 24 mil); retorno do investimento de 12 a 24 meses; todos os dados são fornecidos pela empresa Divulgação
Com faturamento médio mensal de R$ 50 mil a R$ 88 mil, as franquias de espaços infantis estão em expansão no país. A rede Clube da Criança quer abrir 50 unidades, em cinco anos, e a Play Space 120 no mesmo período.

O investimento inicial é a partir de R$ 270 mil, no caso do Clube da Criança, e de R$ 300 mil para a Play Space. Os valores incluem taxa de franquia, instalação e capital de giro.

A margem de lucro varia de 20% a 40%, segundo as empresas. O percentual é alto, de acordo com as redes, porque os shoppings e outros estabelecimentos dão desconto no aluguel desses espaços por terem interesse em oferecer o serviço aos clientes.

Mesmo com o valor da locação reduzido, a rentabilidade desse tipo de franquia não deve chegar a 40%, segundo João Augusto Bueno, diretor-executivo da consultoria Fábrica 3. 

"O empreendedor deve desconfiar e checar com outros franqueados da rede se as informações passadas pela matriz são reais", diz.

A ABF (Associação Brasileira de Franchising), por exemplo, afirma que uma margem de lucro confiável vai de 10% a 15%.


Redes cobram a partir de R$ 9 por 15 minutos no espaço

 

Estes espaços oferecem recreação para as crianças enquanto os pais fazem compras no shopping. Entre as atrações estão piscina de bolinhas, camarins com fantasias de princesas e super-heróis, teatro de fantoches, escorregadores, entre outras atividades.

As unidades Clube da Criança têm de 60 a 250 metros quadrados e precisam de 12 a 15 funcionários, segundo a sócia da rede Letícia Ballvé, 32. O preço para deixar a criança por 15 minutos no espaço é R$ 9.

Já a Play Space tem lojas com, em média, cem metros quadrados e seis funcionários, de acordo com a sócia-fundadora da rede Maria Eduarda Pessôa de Queiroz, 36. O valor cobrado por 30 minutos é R$ 24.

"Nosso foco é trazer brincadeiras lúdicas de antigamente para as crianças, algo que dificilmente elas têm contato em casa. Nas nossas unidades, não há videogames e jogos eletrônicos propositalmente", afirma Queiroz.
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Veja franquias de artigos infantis

Mr. Kids (brinquedos e doces): investimento inicial de R$ 14,9 mil (taxa de franquia + instalação + capital de giro); faturamento médio mensal de R$ 3.360; lucro médio de R$ 1.300 a 1.600; prazo de retorno do investimento de 12 a 14 meses Leia mais Divulgação

Segmento tende a crescer, mas investimento é alto

 

Para a diretora geral do Grupo Bittencourt, consultoria em franchising, Cláudia Bittencourt, os espaços infantis em shoppings geram conveniência para os pais e, por isso, tendem a crescer.

"Os serviços que geram conveniência e economia de tempo estão em alta, principalmente entre as mulheres que trabalham fora de casa. No entanto, o investimento em uma franquia de espaço infantil é, relativamente, elevado", declara.

Por outro lado, a consultora diz que o franqueado precisa ter cuidado redobrado na hora de contratar e treinar os funcionários, pois eles vão lidar com crianças o dia todo. "Os profissionais precisam gostar do que fazem e ter disposição para aguentar o pique das crianças."

Bittencourt afirma, ainda, que o franqueado precisa ter procedimentos claros para evitar acidentes com os pequenos. Antes de aceitar uma criança, é preciso perguntar aos pais se ela tem alguma alergia ou problema de saúde.

"Além disso, os funcionários devem ter um treinamento de primeiros-socorros e telefones de emergência à mão, caso alguma criança passe mal ou se machuque."

Peças e objetos pequenos podem causar acidentes

 

De acordo com Bueno, da consultoria Fábrica 3, os brinquedos devem ter certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) para reduzir o risco de acidentes.

Além disso, é preciso estar sempre atento para que as crianças menores não se engasguem com peças e objetos pequenos. "Os brinquedos devem seguir rigorosamente a idade adequada, indicada na embalagem", diz.
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Conheça 50 casos de empreendedores de sucesso

O empresário Tom Ricetti, 37, criou a franquia Pão To Go, uma padaria no modelo drive-thru; a primeira loja da rede foi aberta em São Carlos (232 km a noroeste de São Paulo) Leia mais Iberê Iori/UOL

Cuidados ao escolher uma franquia

 

Tempo de mercado Verifique há quanto tempo a rede atua no mercado. Se a franquia for nova, veja o número de unidades próprias. É por meio delas que a franqueadora adquire experiência e conhecimento da área que irá transmitir aos franqueados
Pesquisa com franqueados As redes são obrigadas a apresentar a COF (Circular de Oferta de Franquia) para os interessados. O documento deve indicar endereço, nome e telefone de franqueados e ex-franqueados. É importante ligar para o maior número possível para saber sobre investimento, faturamento, tempo de retorno e lucro
Faturamento Desconfie de número fantásticos. O ideal é avaliar mais de uma franquia do setor que deseja ingressar para ver se os números são similares. Segundo a ABF, o lucro varia de 10% a 15% sobre o faturamento
Prazo de retorno A ABF trabalha com o prazo de retorno de 18 a 24 meses para microfranquias, que exigem um investimento mais baixo, e de 36 meses para franquias, que necessitam de investimento maior
Assinatura de contrato O negócio só pode ser fechado após o prazo de 10 dias da entrega da COF. O objetivo é evitar a assinatura por impulso. A COF informa o número de franqueados ativos e inativos (nos últimos 12 meses), com telefone, ações judiciais contra a empresa e estimativa de investimento, faturamento etc.

Fazenda aumenta lucro vendendo pela internet laranjas que iam virar adubo


Priscila Tieppo

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Fazenda vende laranjas na internet e salva safra

O site Laranjas Online foi uma ideia de Alessandra Sodré, após ver que na fazenda de sua família muitas laranjas eram descartadas quando não podiam ser vendidas à indústria. Saiba mais sobre o negócio clicando nas fotos acima Divulgação/Laranjas Online
Neta de um produtor de laranjas, a empresária Alessandra Sodré teve a ideia de vender a fruta na internet após uma visita à fazenda da família, em Sorocaba (a 99 km de São Paulo). Durante o passeio, ela percebeu que ainda havia muitas frutas nas árvores, que não seriam comprados pela indústria de suco e, consequentemente, virariam adubo.

"A indústria compra uma determinada quantidade de frutas. Quando não precisa mais, fecha as portas e as laranjas ficavam sem destino. E eu não queria depender só deles", afirma.

Desta constatação nasceu a ideia de criar um site para a venda das frutas através da internet. O Laranjas Online existe há pouco mais de um ano e atende às cidades de São Paulo e Sorocaba.

O objetivo é entregar ao cliente frutas frescas, colhidas três dias antes na fazenda. "Na compra convencional, a laranja já tem 10, 15 dias de colhida", diz.

A primeira tentativa da empresária de comercializar frutas online foi através de um site de venda de produtos diversificados. A ideia era não depender da indústria de suco, que ainda hoje consome a maior parte da produção da família Sodré.

"Escolhi um preço atraente e na primeira noite tive mais de 30 pedidos. Foi incrível", afirma a empresária. "Buscava as laranjas na fazenda, entregava aos meus clientes pessoalmente e aos poucos fui estruturando o negócio."

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Conheça a aguardente feita com o bagaço da laranja 

 

A principal matéria-prima da aguardente desenvolvida em Araraquara (SP) é o bagaço da laranja, que normalmente é descartado pela indústria depois que é extraído o suco da fruta. Desse bagaço também pode ser obtido um líquido atavés da prensagem, o líquor, que foi estudado pelo Centro de Pesquisa da Cachaça, na Unesp, e, anos mais tarde, deu origem à nova bebida Leia mais Edson Silva /Folhapress
Pouco tempo depois, ela criou um site próprio e uma página no Facebook para vender cinco tipos de laranjas: hamlin, pêra-rio, rubi, valência e natal.

Todas são produzidas tanto da forma convencional como da forma orgânica (isto é, sem uso de agrotóxicos) nos 150 mil pés da fruta, que ocupam os 520 hectares da fazenda São Pedro.

A ideia virou negócio e tem dado lucro. No primeiro mês, Alessandra conta que vendeu o equivalente a 70 caixas com 40,8 kg cada.

O aumento foi gradativo e, atualmente, o site vende em média 1.500 caixas por mês. Ainda não se compara com o que a indústria absorve – cerca de 20 mil caixas mensais--, mas Alessandra ressalta que o público é diferente.

"A fazenda atende à indústria e o site, o consumidor final e restaurantes", diz.

Para ela, o principal diferencial do site é vender um produto fresco, direto do produtor, e dar a comodidade da entrega em domicílio. "Meu objetivo é expandir ainda mais o negócio", afirma.

As vendas são feitas por quilo no site. Se o consumidor escolher uma caixa com 5 kg, paga R$ 10; 10 kg saem por R$ 20; e 20 kg, por R$ 30.

Para comparação, no supermercado Pão de Açúcar, na capital paulista, um pacote com 2 kg de laranja-pêra custa cerca de R$ 3. Já em uma feira livre da zona leste da cidade, o quilo custa R$ 2, em média.

A laranja-pêra é a mais consumida no país e representa mais de 80% do mercado da fruta, de acordo com a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

Produtor precisa fazer conta para montar site de vendas, diz consultor

 

Para o consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de São Paulo Marcelo Sinelli, o movimento de empresas que saem do atacado e migram para o varejo é cada vez mais comum. Ele afirma que essa é uma boa alternativa para quem depende de poucas empresas para escoar a produção.

"Se uma única empresa compra mais de 60% da sua produção, você acaba refém dela. Sites como o Laranjas Online mostram que as alternativas são válidas", diz ele, que afirma não conhecer um empreendimento similar voltado para frutas na internet.

Sinelli, porém, alerta que, para montar um site de vendas, é preciso fazer contas para saber se a entrega não sai mais cara que o produto.

"No caso de produtores pequenos, é preciso avaliar a capacidade de atendimento, ou seja, se há produto disponível para atender aos clientes. No caso de frutas delicadas como a uva ou o pêssego, por exemplo, seria preciso verificar se o valor gasto com a embalagem compensa e como será feita a entrega", diz.

Além disso, Sinelli afirma que é importante que o produto seja entregue em perfeitas condições, por se tratar de frutas frescas, e que o prazo de entrega precisa ser cumprido sempre.

São Paulo é o Estado que mais produz laranjas

 

De acordo com levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012, a safra nacional de laranjas (18 milhões de toneladas) recuou 9,1% em relação a 2011.

São Paulo foi responsável por 74,2% da safra, em sua maior parte destinada à produção de suco, exportado para os EUA e a zona do Euro.

O Estado é o maior produtor do país, com mais de 500 mil hectares de pomares e produção de 14 milhões de toneladas da fruta no ano passado, segundo o IBGE.


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Maçã foge do frio e começa a ser produzida também no Nordeste brasileiro


Em parceria com produtores, a Embrapa já colhe as primeiras safras experimentais de maçã em cinco hectares no Nordeste. A fruta, que precisa de clima frio, é tradicionalmente produzida no Sul do país. Clique nas fotos acima para conhecer o trabalho dos pesquisadores para adaptar a maçã ao calor Leia mais
  Divulgação/Agropecuária Sem Fronteiras
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Mercado de luxo busca saídas à restrição chinesa a mimos


País asiático é o grande motor do setor, mas novo governo quer frear "extravagâncias" dadas às autoridades
DO "FINANCIAL TIMES" Nos últimos anos, os EUA entraram em crise financeira, a Europa foi abatida pelos problemas da dívida, mas o mercado de luxo vivia seu melhor momento em pelo menos uma década. O motivo? A China. 

No mais improvável dos tempos, entre 2010 e o ano passado, toda uma indústria --da relativamente exclusiva Hermès ao brilho da Louis Vuitton-- foi engordada pelo amor dos chineses pelo luxo. 

Só que agora o crescimento do PIB chinês já não é mais tão forte (ao menos para os padrões das últimas décadas), e o novo governo decidiu reprimir os gastos pessoais astronômicos das autoridades e também a política de dar presentes aos oficiais. 

O resultado é que o mercado de luxo, uma indústria com faturamento de € 217 bilhões ao ano, encontra-se em uma situação desconfortável: será que a era de avanço de dois dígitos chegou ao fim?

A resposta tem implicações não só na estratégia das marcas para a segunda maior economia global, como também para outros mercados. 

"Há alguns anos, a desaceleração chinesa mal produziria uma onda no setor", diz Luca Solca, analista do mercado de luxo. "Agora, pode produzir um maremoto." 

Nos últimos três anos, a receita global do setor cresceu em média 11%, puxada pelo avanço chinês com alta de 19%, segundo estudo da Fondazione Altagamma e da Bain & Company. Para este ano, a China deve se desacelerar para 4%, derrubando o avanço mundial para apenas 2%. 

Para a Louis Vuitton, o país asiático representa um quarto das vendas. No caso da Cartier, essa fatia é de 35%, e, para a Omega, é ainda maior: 45% do faturamento. 

A desaceleração chinesa, afetada pelo que a fabricante de bebidas Rémy Cointreau chamou de "medidas antiextravagância" (a repressão aos mimos para as autoridades governamentais), foi tão acentuada que as Américas devem passar a Ásia como o maior motor global do setor. 

E as companhias de luxo têm reações diferentes a essa perda de força chinesa.
Uma saída tem sido aumentar os preços. É o caso da Gucci, que está produzindo mais bolsas feitas de peles exóticas, como a da cobra píton. A Louis Vuitton também está buscando elevar preços de determinados produtos. 

Outras, porém, vão pelo caminho oposto. Foi essa a saída adotada pela chinesa Shuijingfang, fabricante de baijiu (a bebida favorita do Partido Comunista). Metade dos seus produtos vai sair por US$ 82 a garrafa --ou menos--, preço que antes ela não tinha em produto algum.

Preconceito ideológico' paralisou investimento em infraestrutura, diz FHC



ISABELA PALHARES
DE RIBEIRÃO PRETO

Os investimentos em infraestrutura no país ficaram parados nos últimos dez anos --desde que os petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff assumiram a presidência-- por "preconceito ideológico". 

A afirmação foi feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) neste sábado (30) em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), onde ele ministrou palestra durante evento de aniversário do Sicoob Credicoonai (cooperativa de crédito). 

"Pararam dez nos os investimentos em infraestrutura no Brasil por preconceito ideológico", disse FHC, em relação às concessões e privatizações. 

De acordo com ele, foi um importante passo para o país as recentes concessões de aeroportos e estradas. "E, agora, sem bater no peito para dizer 'erramos'. Quando tudo deu certo dizem que são campeões de concessões, mas o mais importante é fazer bem feito, com transparência", disse. 


Márcia Ribeiro/Folhapress
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) durante palestra em Ribeirão Preto
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) durante palestra em Ribeirão Preto

O ex-presidente falou sobre a situação econômica brasileira, que considera entrar em uma "zona cinzenta", colocando em risco os avanços conquistados nos últimos 20 anos. 

O tucano criticou principalmente o uso dos mecanismos de controle da inflação. O ex-presidente afirmou que há dificuldade em entender a liberdade do Banco Central para fixar a taxa de juros, o que levou a uma elevação tardia e maior que a necessária. 

Ainda criticou o "afrouxamento" da Lei de Responsabilidade Fiscal, provocando o aumento do endividamento dos municípios e Estados e a gerando incertezas para as gerações futuras. 

Ainda em recuperação de uma diverticulite, FHC terminou a palestra de cerca de 40 minutos dizendo que o Brasil precisa de "gente nova, gente moderna, que acredita no Brasil". 

"O Brasil precisa se reinventar. Não só economicamente, mas socialmente. Acabar com a ilusão do marquetismo", completou.


ARTIGO: A SANTA MÁFIA.

 
Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
 
 
 
Dia após dia a história se desenrola. Nestes quase doze anos de governo petista me vem à mente uma definição de Raymond Queneau: “a história é a ciência da infelicidade dos homens”. Não que tenhamos tido uma história edificante, mas me refiro à sordidez, à imoralidade, à corrupção galopante, ao teatro de mentiras e, especialmente ao escândalo descortinado pela máfia do mensalão, considerada santa pelos próprios mafiosos.
 
Entretanto, contra tudo e contra todos, numa luta insana para fazer justiça, pela primeira vez em nossa história a cúpula do mais poderoso partido foi parar na cadeia. Esse feito inédito se deveu à tenacidade, à coragem e à competência de um cidadão de origem humilde, negro que nunca recorreu a cotas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Insultado por petistas hidrófobos, que têm como tática desqualificar e intimidar quem não reza por sua cartilha, o ministro Barbosa já entrou para a história com honra e gloria, ao contrário dos péssimos exemplos que se veem, a começar pelo ex-presidente Lula da Silva que melhor seria ser chamado de presidente, pois é quem manda e desmanda na sua grei mafiosa como poderoso chefão beneficiário de todos os vícios detectados pelo STF.
 
Infelizmente, o ministro Barroso recém-chegado ao STF abriu caminho para os embargos infringentes, chicanas protelatórias ao infinito com intuito de livrar a máfia de suas penas. E o ministro Celso Mello votou a favor dos tais embargos possibilitando a José Dirceu que já foi chamado de chefe da quadrilha, a José Genoíno o moribundo do ano e a Delúbio Soares autor de famosa piada de salão, o regime semiaberto em vez do fechado. Ano que vem a situação do trio pode melhorar bastante, uma vez que o próximo presidente do STF será o ministro Lewandowski. Quanto aos auxiliares de Dirceu, da base aliada ou ligados ao seu gerente do mensalão, Marcos Valério, deverão mofar na cadeia.
 
Escapou em fuga rocambolesca, escafedendo-se para a Itália, Henrique Pizzolato, também pertencente à “família”. Homem forte de Lula da Silva no Banco do Brasil e exímio autor de dossiês falsos contra inimigos, função comum a petistas aloprados, deve estar seguro junto à Berlusconi como aqui está o inimputável Cesare Battisti, assassino e terrorista italiano protegido de Lula da Silva.
 
Como aparecerão nos futuros livros de história as fotos de Dirceu e Genoíno de punho erguido, simbolizando o comunismo? Serão considerados heróis ou cínicos a rir debochadamente dos eleitores que não se cansam de eleger bandidos para representá-los? Se a história for escrita por intelectuais petistas prostituídos à causa a dupla vai ficar bem na foto.
 
Privilégios na prisão, revoada de parlamentares companheiros à Papuda para prestar solidariedade aos seus iguais, apoio total do PT aos pobrezinhos dos condenados, presos políticos do seu próprio partido e julgados injustamente por juízes indicados por seus presidentes, lamúrias sem fim e a surrada tese da vitimização e da culpa das elites e da mídia, no momento é bastante para santificar a máfia do mensalão.
 
Destaque-se José Dirceu que já arrumou emprego num hotel da elite em Brasília, o St. Peter, graças à amizade com o dono, companheiro que já foi devidamente beneficiado pelo governo em agradecimento ao favor prestado à “família”. Assim, no luxo e no conforto o chefe da quadrilha vai ser “gerente administrativo” com salário de R$ 22.000,00 e poderá continuar a fazer lobby, quem sabe na suíte presidencial.
 
Á exemplo dos paraguaios que boicotaram a entrada de senadores em shoppings, restaurantes, postos de gasolina e táxis por não terem suspenso a imunidade de um de seus pares, Victor Bocato, acusado de falcatruas, ninguém deveria mais se hospedar no tal hotel. Mas no Brasil isso seria querer muito.
 
Menos afortunado Genoíno não obteve o que queria com a encenação mambembe de infarto, os constantes chiliques, a nauseante choradeira. Médicos da Universidade de Brasília e da Câmara atestaram que ele não sofre de cardiopatia grave.  Mas, enquanto Genoíno choraminga deputados solidários se articulam para evitar sua cassação. De fato, a bancada da Papuda tende a aumentar.
 
Enquanto a história vai acontecendo Dilma Rousseff segue em vertiginosa campanha fazendo o diabo, como disse que faria. Pesquisa do Ibope mostra que se a eleição fosse hoje ela ganharia em primeiro turno. Talvez, ganhe mesmo em 2014. Os eleitores estão otimistas, contentes com a inadimplência, realizados com a inflação alta, maravilhados com os juros que voltaram aos dois dígitos. Lula da Silva dirá que mesmo depois de quase 12 anos de governo petista tudo é culpa do Fernando Henrique. Como não existe oposição todos acreditarão piamente e os homens farão história buscando alegremente no voto sua infelicidade.
 
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga e edita o blog www.maluvibar.blogspot.com.br

Sinais alarmantes

  
 


Por Fernando Henrique Cardoso, em 01/12/2013 às 10:00  




Finalmente fez-se justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais – mesmo que controversos — erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. Onde está a Revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas usaram–no para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para perpetuar-se no poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar a seus seguidores mais crédulos.

Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão se deu em plena vigência do estado de direito, em um momento no qual o executivo é exercido pelo Partido dos Trabalhadores, cujo governo indicou a maioria dos ministros do Supremo. Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido processo legal. Então por que a encenação? O significado é claro: eleições à vista. É preciso mentir, auto-enganar-se e repetir o mantra. Não por acaso a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff… Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção social até a idéia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.

Em toada semelhante o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade: estamos juntos, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E ao país, o que dizer?

Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a sociedade brasileira. São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que têm tido a coragem de gritar contra essas práticas. É enorme o arco de alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por pertencer à “base aliada” de apoio ao governo. Calam-se diante do mensalão e demais transgressões, como se o “hegemonismo petista” que os mantém seja compatível com a democracia. Que dizer então da parte da elite empresarial que se seva dos empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada nas benesses do poder?

Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e poucos bradam. Dai a descrença sobre a elite política reinante na opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois, como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e desnudou a corrupção, teme-se que ao deixar a Presidência do STF a onda moralizante dê marcha a ré. É evidente, pois, a descrença nas instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por este caminho voltaremos aos salvadores da pátria. São sinais alarmantes.

Os seguidores do lulo-petismo, por serem crédulos, talvez sejam menos responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o que está à vista de todos. Que dizer então das práticas políticas? Não dá mais! Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral, entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E, sejamos francos: estamos berrando pouco.

É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal. A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível. Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil que agrada não só os consumidores, mas em volume muito maior, os audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de estado pela militância ávida e por oportunistas que querem se beneficiar do estado distorce as práticas republicanas.

Tudo isso é arqui-sabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulo-petismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos.