domingo, 1 de dezembro de 2013

Fazenda aumenta lucro vendendo pela internet laranjas que iam virar adubo


Priscila Tieppo

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Fazenda vende laranjas na internet e salva safra

O site Laranjas Online foi uma ideia de Alessandra Sodré, após ver que na fazenda de sua família muitas laranjas eram descartadas quando não podiam ser vendidas à indústria. Saiba mais sobre o negócio clicando nas fotos acima Divulgação/Laranjas Online
Neta de um produtor de laranjas, a empresária Alessandra Sodré teve a ideia de vender a fruta na internet após uma visita à fazenda da família, em Sorocaba (a 99 km de São Paulo). Durante o passeio, ela percebeu que ainda havia muitas frutas nas árvores, que não seriam comprados pela indústria de suco e, consequentemente, virariam adubo.

"A indústria compra uma determinada quantidade de frutas. Quando não precisa mais, fecha as portas e as laranjas ficavam sem destino. E eu não queria depender só deles", afirma.

Desta constatação nasceu a ideia de criar um site para a venda das frutas através da internet. O Laranjas Online existe há pouco mais de um ano e atende às cidades de São Paulo e Sorocaba.

O objetivo é entregar ao cliente frutas frescas, colhidas três dias antes na fazenda. "Na compra convencional, a laranja já tem 10, 15 dias de colhida", diz.

A primeira tentativa da empresária de comercializar frutas online foi através de um site de venda de produtos diversificados. A ideia era não depender da indústria de suco, que ainda hoje consome a maior parte da produção da família Sodré.

"Escolhi um preço atraente e na primeira noite tive mais de 30 pedidos. Foi incrível", afirma a empresária. "Buscava as laranjas na fazenda, entregava aos meus clientes pessoalmente e aos poucos fui estruturando o negócio."

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Conheça a aguardente feita com o bagaço da laranja 

 

A principal matéria-prima da aguardente desenvolvida em Araraquara (SP) é o bagaço da laranja, que normalmente é descartado pela indústria depois que é extraído o suco da fruta. Desse bagaço também pode ser obtido um líquido atavés da prensagem, o líquor, que foi estudado pelo Centro de Pesquisa da Cachaça, na Unesp, e, anos mais tarde, deu origem à nova bebida Leia mais Edson Silva /Folhapress
Pouco tempo depois, ela criou um site próprio e uma página no Facebook para vender cinco tipos de laranjas: hamlin, pêra-rio, rubi, valência e natal.

Todas são produzidas tanto da forma convencional como da forma orgânica (isto é, sem uso de agrotóxicos) nos 150 mil pés da fruta, que ocupam os 520 hectares da fazenda São Pedro.

A ideia virou negócio e tem dado lucro. No primeiro mês, Alessandra conta que vendeu o equivalente a 70 caixas com 40,8 kg cada.

O aumento foi gradativo e, atualmente, o site vende em média 1.500 caixas por mês. Ainda não se compara com o que a indústria absorve – cerca de 20 mil caixas mensais--, mas Alessandra ressalta que o público é diferente.

"A fazenda atende à indústria e o site, o consumidor final e restaurantes", diz.

Para ela, o principal diferencial do site é vender um produto fresco, direto do produtor, e dar a comodidade da entrega em domicílio. "Meu objetivo é expandir ainda mais o negócio", afirma.

As vendas são feitas por quilo no site. Se o consumidor escolher uma caixa com 5 kg, paga R$ 10; 10 kg saem por R$ 20; e 20 kg, por R$ 30.

Para comparação, no supermercado Pão de Açúcar, na capital paulista, um pacote com 2 kg de laranja-pêra custa cerca de R$ 3. Já em uma feira livre da zona leste da cidade, o quilo custa R$ 2, em média.

A laranja-pêra é a mais consumida no país e representa mais de 80% do mercado da fruta, de acordo com a Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

Produtor precisa fazer conta para montar site de vendas, diz consultor

 

Para o consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de São Paulo Marcelo Sinelli, o movimento de empresas que saem do atacado e migram para o varejo é cada vez mais comum. Ele afirma que essa é uma boa alternativa para quem depende de poucas empresas para escoar a produção.

"Se uma única empresa compra mais de 60% da sua produção, você acaba refém dela. Sites como o Laranjas Online mostram que as alternativas são válidas", diz ele, que afirma não conhecer um empreendimento similar voltado para frutas na internet.

Sinelli, porém, alerta que, para montar um site de vendas, é preciso fazer contas para saber se a entrega não sai mais cara que o produto.

"No caso de produtores pequenos, é preciso avaliar a capacidade de atendimento, ou seja, se há produto disponível para atender aos clientes. No caso de frutas delicadas como a uva ou o pêssego, por exemplo, seria preciso verificar se o valor gasto com a embalagem compensa e como será feita a entrega", diz.

Além disso, Sinelli afirma que é importante que o produto seja entregue em perfeitas condições, por se tratar de frutas frescas, e que o prazo de entrega precisa ser cumprido sempre.

São Paulo é o Estado que mais produz laranjas

 

De acordo com levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012, a safra nacional de laranjas (18 milhões de toneladas) recuou 9,1% em relação a 2011.

São Paulo foi responsável por 74,2% da safra, em sua maior parte destinada à produção de suco, exportado para os EUA e a zona do Euro.

O Estado é o maior produtor do país, com mais de 500 mil hectares de pomares e produção de 14 milhões de toneladas da fruta no ano passado, segundo o IBGE.


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Maçã foge do frio e começa a ser produzida também no Nordeste brasileiro


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  Divulgação/Agropecuária Sem Fronteiras
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