Por Maria Lucia Victor Barbosa (*)
Dia
após dia a história se desenrola. Nestes quase doze anos de governo
petista me vem à mente uma definição de Raymond Queneau: “a história é a
ciência da infelicidade dos homens”. Não que tenhamos tido uma história
edificante, mas me refiro à sordidez, à imoralidade, à corrupção
galopante, ao teatro de mentiras e, especialmente ao escândalo
descortinado pela máfia do mensalão, considerada santa pelos próprios
mafiosos.
Entretanto,
contra tudo e contra todos, numa luta insana para fazer justiça, pela
primeira vez em nossa história a cúpula do mais poderoso partido foi
parar na cadeia. Esse feito inédito se deveu à tenacidade, à coragem e à
competência de um cidadão de origem humilde, negro que nunca recorreu a
cotas, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim
Barbosa. Insultado por petistas hidrófobos, que têm como tática
desqualificar e intimidar quem não reza por sua cartilha, o ministro
Barbosa já entrou para a história com honra e gloria, ao contrário dos
péssimos exemplos que se veem, a começar pelo ex-presidente Lula da
Silva que melhor seria ser chamado de presidente, pois é quem manda e
desmanda na sua grei mafiosa como poderoso chefão beneficiário de todos
os vícios detectados pelo STF.
Infelizmente,
o ministro Barroso recém-chegado ao STF abriu caminho para os embargos
infringentes, chicanas protelatórias ao infinito com intuito de livrar a
máfia de suas penas. E o ministro Celso Mello votou a favor dos tais
embargos possibilitando a José Dirceu que já foi chamado de chefe da
quadrilha, a José Genoíno o moribundo do ano e a Delúbio Soares autor de
famosa piada de salão, o regime semiaberto em vez do fechado. Ano que
vem a situação do trio pode melhorar bastante, uma vez que o próximo
presidente do STF será o ministro Lewandowski. Quanto aos auxiliares de
Dirceu, da base aliada ou ligados ao seu gerente do mensalão, Marcos
Valério, deverão mofar na cadeia.
Escapou
em fuga rocambolesca, escafedendo-se para a Itália, Henrique Pizzolato,
também pertencente à “família”. Homem forte de Lula da Silva no Banco
do Brasil e exímio autor de dossiês falsos contra inimigos, função comum
a petistas aloprados, deve estar seguro junto à Berlusconi como aqui
está o inimputável Cesare Battisti, assassino e terrorista italiano
protegido de Lula da Silva.
Como
aparecerão nos futuros livros de história as fotos de Dirceu e Genoíno
de punho erguido, simbolizando o comunismo? Serão considerados heróis ou
cínicos a rir debochadamente dos eleitores que não se cansam de eleger
bandidos para representá-los? Se a história for escrita por intelectuais
petistas prostituídos à causa a dupla vai ficar bem na foto.
Privilégios
na prisão, revoada de parlamentares companheiros à Papuda para prestar
solidariedade aos seus iguais, apoio total do PT aos pobrezinhos dos
condenados, presos políticos do seu próprio partido e julgados
injustamente por juízes indicados por seus presidentes, lamúrias sem fim
e a surrada tese da vitimização e da culpa das elites e da mídia, no
momento é bastante para santificar a máfia do mensalão.
Destaque-se
José Dirceu que já arrumou emprego num hotel da elite em Brasília, o
St. Peter, graças à amizade com o dono, companheiro que já foi
devidamente beneficiado pelo governo em agradecimento ao favor prestado à
“família”. Assim, no luxo e no conforto o chefe da quadrilha vai ser
“gerente administrativo” com salário de R$ 22.000,00 e poderá continuar a
fazer lobby, quem sabe na suíte presidencial.
Á
exemplo dos paraguaios que boicotaram a entrada de senadores em
shoppings, restaurantes, postos de gasolina e táxis por não terem
suspenso a imunidade de um de seus pares, Victor Bocato, acusado de
falcatruas, ninguém deveria mais se hospedar no tal hotel. Mas no Brasil
isso seria querer muito.
Menos
afortunado Genoíno não obteve o que queria com a encenação mambembe de
infarto, os constantes chiliques, a nauseante choradeira. Médicos da
Universidade de Brasília e da Câmara atestaram que ele não sofre de
cardiopatia grave. Mas, enquanto Genoíno choraminga deputados
solidários se articulam para evitar sua cassação. De fato, a bancada da
Papuda tende a aumentar.
Enquanto
a história vai acontecendo Dilma Rousseff segue em vertiginosa campanha
fazendo o diabo, como disse que faria. Pesquisa do Ibope mostra que se a
eleição fosse hoje ela ganharia em primeiro turno. Talvez, ganhe mesmo
em 2014. Os eleitores estão otimistas, contentes com a inadimplência,
realizados com a inflação alta, maravilhados com os juros que voltaram
aos dois dígitos. Lula da Silva dirá que mesmo depois de quase 12 anos
de governo petista tudo é culpa do Fernando Henrique. Como não existe
oposição todos acreditarão piamente e os homens farão história buscando
alegremente no voto sua infelicidade.
(*) Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga e edita o blog www.maluvibar.blogspot.com.br
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