segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Dilma fala sobre concessões na ampliação da infraestrutura


Dilma disse que a renovação da infraestrutura, baseada na sistema de concessões, está ganhando um ritmo acelerado

Ueslei Marcelino/Reuters
Presidente Dilma Rousseff durante cerimonia de assinatura do primeiro contrato do pré-sal, junto com ministros e empresários, no Palácio do Planalto

Dilma Rousseff: presidente observou que é importante aproveitar vantagens proporcionadas pela geografia da América do Sul

Rio de Janeiro – A presidente da República, Dilma Rousseff, destacou hoje (9) o papel das concessões na melhoria e ampliação da infraestrutura do país.

Durante abertura da Clinton Global Initiative, promovido pelo ex-presidente norte-americano Bill Clinton, no Rio de Janeiro, Dilma disse que a renovação da infraestrutura, baseada na sistema de concessões, está ganhando um ritmo acelerado.

“Hoje cuidamos da renovação da nossa infraestrutura, com fortes investimentos governamentais e privados, baseado no sistema de concessões ao setor privado e que está ganhando ritmo acelerado. Investimos em parceria com a iniciativa privada em nossas rodovias, na melhoria e ampliação de nossos portos e na ampliação dos nossos aeroportos”

De acordo com a presidente, pela primeira vez o país também está investindo em um projeto de expansão da malha ferroviária. Ela também lembrou que a expansão das linhas de transmissão e dos parques de geração de energia.

Dilma disse que é preciso investir na integração produtiva latino-americana para reduzir as desigualdades regionais. Segundo ela, é preciso ter uma complementariedade da indústria, agropecuária e do setor de serviços na região. 

Ela observou também que é importante aproveitar as vantagens proporcionadas pela geografia da América do Sul: o continente é banhado pelos dois principais oceanos do planeta, o Atlântico e o Pacífico.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Advocacia colaborativa ganha força e adeptos no Brasil


Destaque no Prêmio Innovare, a advocacia colaborativa desponta como novidade no Brasil e conquista adeptos. Importada dos Estados Unidos, a prática tem como objetivo a atuação dos advogados na celebração de acordos entre as partes antes que a questão chegue ao Judiciário.

“Hoje se espera do advogado que ele tenha mais recursos para resolver conflitos do que para ajuizar processos. O advogado é um resolvedor de conflitos, não é um ajuizador de processos”, diz a advogada Olivia Fürst, uma das responsáveis pelo projeto Práticas Colaborativas no Direito de Família. A iniciativa conquistou o Prêmio Innovare deste ano na categoria Advocacia.

A ideia da advocacia colaborativa é criar um ambiente de cooperação em que todos possam buscar uma solução viável. Para isso funcionar, é assinado um termo de não litigância entre os advogados. Por meio desse documento, caso as partes não cheguem a um acordo e a questão tenha de ser resolvida na Justiça, os defensores são obrigados a deixar seus clientes.

Além de ter de declinar da causa, o advogado também está obrigado a manter sigilo sobre o que foi tratado, pois as informações das partes são compartilhadas. A restrição vale só para a causa em questão e o advogado é livre para representar outros clientes na Justiça.

Para Olivia Fürst, a prática é transformadora, pois faz com que os advogados deixem de representar uma ameaça mútua. “Com o contrato de não litigância você garante um espaço de conversa blindado, em que nada do que foi dito ou exibido sairá dali”, diz. 

Com uma equipe multidisciplinar, a prática colaborativa prevê um advogado e um coach (psicólogo ou terapeuta) para cada parte, e um consultor financeiro e um especialista em desenvolvimento infantil para ambos. Segundo Olívia, as negociações duram de três a dez meses.


Vantagens

 
Mas será que financeiramente esse método é atrativo para o advogado? Olívia diz que sim, já que o advogado colaborativo é remunerado como qualquer outro. Ele pode ajustar um valor de pró-labore, da hora de reunião de negociação (time sheet), ou título de êxito, inclusive com a cobrança de percentual sobre o patrimônio, como determina a tabela de honorários mínimos da OAB.

E para o cliente, com tantos profissionais envolvidos, será que a Prática Colaborativa é mais vantajosa do que o processo judicial? Nesse caso, Olívia aponta duas vantagens do método. Embora pareça mais caro num primeiro momento, seu custo final acaba menor do que um processo judicial, devido à demora da Justiça e ao pagamento de honorários advocatícios ao longo do tempo.

Além disso, devido à imprevisibilidade da decisão judicial, o patrimônio acaba partilhado sem planejamento. Outro fator importante é o bem-estar da família, já que um processo judicial costuma ser bastante doloroso para todos os envolvidos. "Não posso me sentir bem, se meus filhos e meu marido não estão bem. Isso acaba voltando para mim de alguma forma", diz Olívia. E uma das formas mais comuns de isso voltar é com novas ações judiciais, afirma.

Embora ainda esteja bastante voltado ao direito de família, o método pode ser empregado em outras áreas. Para Olívia, o direito empresarial, especialmente nas questões envolvendo a participação em sociedades, tem potencial para ser explorado.

Já há inclusive precedentes. Na época dos acidentes dos voos 447 da Air France, em 2009, e 3054 da TAM, em 2007, Ministério Público, Procon e famílias formaram uma câmara de indenização nos moldes do que aconteceu em decorrência dos ataques de 11 de setembro de 2001, nos EUA.

Nessa câmara, a seguradora indenizou os familiares sem a necessidade de ajuizamento de processo. O requisito para os advogados e familiares era que, ao ingressar nessa câmara, os defensores suspendessem os processos em trâmite e se comprometessem a não ajuizar outras demandas enquanto durasse a negociação. O documento previa um termo de confidencialidade e não litigância.

"O Judiciário deve se ocupar das situações em que não foi possível resolver de outra forma", diz Olívia. Para ela o juiz é como o médico da UTI: deve ser acionado apenas nos casos mais graves. "Eu sempre faço uma analogia com a medicina. Sempre que a gente puder resolver uma virose na clínica medica, com menor intervenção possível, melhor. Quando a coisa é mais grave e não for possível resolver com antibiótico, aí sim vamos para a UTI. E ainda bem aque a UTI está lá".


Passado e futuro

 
Olivia conta que aderiu ao método em 2011, quando fez uma capacitação nos Estados Unidos, onde a prática surgiu e já é bastante difundida. Sediado na Califórnia, a International Academy of Collaborative Professionals (IACP) conta com mais de 5 mil membros espalhados por 24 países.

Quando voltou ao Brasil, Olivia resolveu fundar um grupo de estudos para pesquisar e difundir o método por aqui. Ao lado da médica e mediadora Tania Almeida, ela coordena as atividades no Rio de Janeiro, onde os encontros ocorrem no Mediare — Diálogos e Processos Decisórios. Em São Paulo, o trabalho está sob a batuta do advogado Adolfo Braga Neto, presidente Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil (Imab), local de reunião do grupo.

Segundo Olívia, já existem cerca de 100 profissionais, entre médicos e advogados, frequentando os grupos de estudos. Eles planejam fundar, no início do ano que vem, o Instituto Brasileiro de Práticas Colaborativas, além da criação de um banco de profissionais colaborativos, acessível pelo site www.praticascolaborativas.com.br.

Em abril do ano que vem, o grupo irá promover, entre os dias 10 a 13 de abril de 2014, no Rio de Janeiro, a 1ª Capacitação Nacional em Práticas Colaborativas no Direito de Família. No segundo semestre, eles planejam uma capacitação para o mundo corporativo.

Brasil: Receita Federal desarticula grande esquema de remessas ilegais ao exterior



Receita Federal


A Receita Federal do Brasil (RFB) e a Polícia Federal deflagraram conjuntamente na manhã de ontem (03/12) a operação Tétis, com a execução, em empresas e residências dos principais suspeitos, de diversos mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Santa Catarina.

Com a operação, que conta com cerca de 75 policiais federais acompanhados de 25 servidores da Receita Federal, são executados 14 mandados de busca e apreensão e 10 mandados de prisão preventiva contra os suspeitos – um dos quais reincidente nas mesmas práticas ilícitas – em São Paulo e Santa Catarina. Foram ainda deferidos sequestro dos bens imóveis e veículos, alem do bloqueio de contas correntes dos principais envolvidos.

A investigação apontou expressivo esquema de remessas ilegais ao exterior que, apenas entre 2012 e 2013, teria promovido a evasão de aproximadamente R$ 100 milhões de reais. A evasão de divisas era efetivada através de contratações de câmbio em instituições autorizadas pelo Banco Central, simulando-se pagamentos de importação que de fato jamais foram realizadas.

Para a consecução dos ilícitos, a organização criminosa, cujos principais líderes atuavam em São Paulo, utilizava-se de empresas supostamente importadoras, estabelecidas em Santa Catarina, que sem nenhuma capacidade operacional ou econômica, serviam apenas para remeter divisas ilegalmente, “prestando serviço” a centenas de empresas comerciantes de produtos importados, estabelecidas principalmente na cidade de São Paulo.

Os ilícitos penais que teriam sido praticados pela organização criminosa são: evasão de divisas e descaminho, mediante a prática de condutas como importação de bens com valores não correspondentes aos verdadeiros; remessas de divisas para o exterior de forma ilegal; utilização de interpostas pessoas (laranjas), assim como o uso de empresas de fachada para ocultar a propriedade de mercadorias importadas e a titularidade e natureza de movimentações bancárias e de transferências internacionais.

Maiores detalhes serão repassados em coletiva à imprensa com a presença de representantes dos órgãos envolvidos, às 15 horas na sede da Superintendência da Polícia Federal em Florianópolis/SC.


Fonte: Receita Federal

O LIVRO-BOMBA – “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado” - Romeu Tuma Jr.


O LIVRO-BOMBA – Tuma Jr. revela os detalhes do estado policial petista. Partido usa o governo para divulgar dossiês apócrifos e perseguir adversários. Caso dos trens em SP estava na lista. Ele tem documentos e quer falar no Congresso. Mais: diz que Lula foi informante da ditadura, e o contato era seu pai, então chefe do Dops

Romeu Tuma Júnior conta como funciona o estado policial petista
Romeu Tuma Junior conta como funciona o estado policial petista

O “estado policial petista” não é uma invenção de paranoicos, de antipetistas militantes, de reacionários que babam na gravata dos privilégios e que atuam contra os interesses do povo. Não! O “estado policial petista” reúne as características de todas as máquinas de perseguição e difamação do gênero: o grupo que está no poder se apropria dos aparelhos institucionais de investigação de crimes e de repressão ao malfeito — que, nas democracias, estão submetidos aos limites da lei — e os coloca a seu próprio serviço. A estrutura estatal passa a servir, então, à perseguição dos adversários. Querem um exemplo? Vejam o que se passa com a apuração da eventual formação de cartel na compra de trens para a CPTM e o metrô em São Paulo. A questão não só pode como deve ser investigada, mas não do modo como estão agindo o Cade e a PF, sob o comando de José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça. As sentenças condenatórias estão sendo expedidas por intermédio de vazamentos para a imprensa. Pior: as mesmas empresas investigadas em São Paulo se ocuparam das mesmas práticas na relação com o governo federal. Nesse caso, não há investigação nenhuma. Escrevi a respeito nesta sexta.

Quando se anuncia que o PT criou um estado policial, convenham, não se está a dizer nenhuma novidade. Nunca, no entanto, alguém que conhece por dentro a máquina do governo havia tido a coragem de vir a público para relatar em detalhes como funciona o esquema. Romeu Tuma Junior, filho de Romeu Tuma e secretário nacional de Justiça do governo Lula entre 2007 e 2010, rompe o silêncio e conta tudo no livro “Assassinato de Reputações – Um Crime de Estado”, publicado pela Editora Topbooks (557 págs., R$ 69.90). O trabalho resulta de um depoimento prestado ao longo de dois anos ao jornalista Cláudio Tognolli. O que vai ali é de assustar. Segundo Tuma Junior, a máquina petista:

1: produz e manda investigar dossiês apócrifos contra adversários políticos;
2: procura proteger os aliados.
O livro tem um teor explosivo sobre o presente e o passado recente do Brasil, mas também sobre uma história um pouco mais antiga. O delegado assegura que o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva — que nunca negou ter uma relação de amizade com Romeu Tuma — foi informante da ditadura. A VEJA desta semana traz uma reportagem sobre o livro e uma entrevista com o ex-secretário nacional da Justiça. Ele estava lá. Ele viu. Ele tem documentos e diz que está disposto a falar a respeito no Congresso. O delegado é explícito: Tarso Genro, então ministro da Justiça, o pressionou a divulgar dados de dossiês apócrifos contra tucanos. Mais: diz que a pressão vinha de todo lado, também da Casa Civil. A titular da pasta era a agora presidente da República, Dilma Rousseff.
Segue um trecho da reportagem de Robson Bonin na VEJA desta semana. Volto depois.

(…)
Durante três anos, o delegado de polícia Romeu Tuma Junior conviveu diariamente com as pressões de comandar essa estrutura, cuja mais delicada tarefa era coordenar as equipes para rastrear e recuperar no exterior dinheiro desviado por políticos e empresários corruptos. Pela natureza de suas atividades, Tuma ouviu confidências e teve contato com alguns dos segredos mais bem guardados do país, mas também experimentou um outro lado do poder — um lado sem escrúpulos, sem lei, no qual o governo é usado para proteger os amigos e triturar aqueles que sio considerados inimigos.
(…)
Segundo o ex-secretário, a máquina de moer reputações seguia um padrão. O Ministério da Justiça recebia um documento apócrifo, um dossiê ou um informe qualquer sobre a existência de conta secreta no exterior em nome do inimigo a ser destruído. A ordem era abrir imediatamente uma investigação oficial. Depois, alguém dava urna dica sobre o caso a um jornalista. A divulgação se encarregava de cumprir o resto da missão. Instado a se explicar, o ministério confirmava que, de fato, a investigação existia, mas dizia que ela era sigilosa e ele não poderia fornecer os detalhes. O investigado”, é claro, negava tudo. Em situações assim, culpados e inocentes sempre agem da mesma forma. 0 estrago, porém, já estará feito.

No livro, o autor apresenta documentos inéditos de alguns casos emblemáticos desse modus operandi que ele reuniu para comprovar a existência de uma “fábrica de dossiês” no coração do Ministério da Justiça. Uma das primeiras vítimas dessa engrenagem foi o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Senador época dos fatos, Perillo entrou na mira do petismo quando revelou a imprensa que tinha avisado Lula da existência do mensalão. 0 autor conta que em 2010 o então ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, entregou em suas mãos um dossiê apócrifo sobre contas no exterior do tucano. As ordens eram expressas: Tuma deveria abrir urna investigação formal. 0 trabalho contra Perillo, revela o autor, havia sido encomendado por Gilberto Carvalho, então chefe de gabinete do presidente Lula. Contrariado, Tuma Junior refutou a “missão” e ainda denunciou o caso ao Senado. Esse ato, diz o livro, foi o primeiro passo do autor para o cadafalso no governo, mas não impediu novas investidas.
(…)
Celso Daniel, trens, mensalão…
Vejam o que vai acima em destaque. Qualquer semelhança com os casos Alstom e Siemens, em São Paulo, não é mera coincidência. O livro traz revelações perturbadoras sobre:
a: o caso do cartel de trens em São Paulo:
b: o dossiê para incriminar Perillo;
c: o dossiê para incriminar Tasso Jereissati (com pressão de Aloizio Mercadante);
d: a armação para manchar a reputação de Ruth Cardozo;
e: o assassinato do petista Celso Daniel, prefeito de Santo André;
f: o grampo no STF (todos os ministros foram grampeados, diz Tuma Junior);
g: a conta do mensalão nas Ilhas Cayman…

Tuma - grampo Gilmar
E muito mais. Tuma Júnior está com documentos. Tuma Junior quer falar no Congresso. Tuma Junior tem de ser ouvido. Abaixo, seguem trechos de sua entrevista à VEJA.
(…)
Por que Assassinato de Reputações?
Durante todo o tempo em que estive na Secretaria Nacional de Justiça, recebi ordens para produzir e esquentar dossiês contra uma lista inteira de adversários do governo. 0 PT do Lula age assim. Persegue seus inimigos da maneira mais sórdida. Mas sempre me recusei. (…) Havia uma fábrica de dossiês no governo. Sempre refutei essa prática e mandei apurar a origem de todos os dossiês fajutos que chegaram até mim. Por causa disso, virei vítima dessa mesma máquina de difamação. Assassinaram minha reputação. Mas eu sempre digo: não se vira uma página em branco na vida. Meu bem mais valioso é a minha honra.

De onde vinham as ordens para atacar os adversários do PT?

Do Palácio do Planalto, da Casa Civil, do próprio Ministério da Justiça… No livro, conto tudo isso em detalhes, com nomes, datas e documentos. Recebi dossiês de parlamentares, de ministros e assessores petistas que hoje são figuras importantes no atual governo. Conto isso para revelar o motivo de terem me tirado da função, por meio de ataque cerrado a minha reputação, o que foi feito de forma sórdida. Tudo apenas porque não concordei com o modus operandi petista e mandei apurar o que de irregular e ilegal encontrei.
(…)

O Cade era um dos instrumentos da fábrica de dossiês?

Conto isso no livro em detalhes. Desde 2008, o PT queria que eu vazasse os documentos enviados pela Suíça para atingir os tucanos na eleição municipal. O ministro da Justiça, Tarso Genro, me pressionava pessoalmente para deixar isso vazar para a imprensa. Deputados petistas também queriam ver os dados na mídia. Não dei os nomes no livro porque quero ver se eles vão ter coragem de negar.

O senhor é afirmativo quando fala do caso Celso Daniel. Diz que militantes do partido estão envolvidos no crime.

Aquilo foi um crime de encomenda. Não tenho nenhuma dúvida. Os empresários que pagavam propina ao PT em Santo André e não queriam matar, mas assumiram claramente esse risco. Era para ser um sequestro, mas virou homicídio.

(…)

O senhor também diz no livro que descobriu a conta do mensalão no exterior.

Eu descobri a conta do mensalão nas Ilhas Cayman, mas o governo e a Polícia Federal não quiseram investigar. Quando entrei no DRCI, encontrei engavetado um pedido de cooperação internacional do governo brasileiro às Ilhas Cayman para apurar a existência de uma conta do José Dirceu no Caribe. Nesse pedido, o governo solicitava informações sobre a conta não para investigar o mensalão, mas para provar que o Dirceu tinha sido vítima de calúnia, porque a VEJA tinha publicado uma lista do Daniel Dantas com contas dos petistas no exterior. O que o governo não esperava é que Cayman respondesse confirmando a possibilidade de existência da conta. Quer dizer: a autoridade de Cayman fala que está disposta a cooperar e aí o governo brasileiro recua? É um absurdo.
(…)

O senhor afirma no livro que o ex-presidente Lula foi informante da ditadura. É uma acusação muito grave.

Não considero uma acusação. Quero deixar isso bem claro. O que conto no livro é o que vivi no Dops. Eu era investigador subordinado ao meu pai e vivi tudo isso. Eu e o Lula vivemos juntos esse momento. Ninguém me contou. Eu vi o Lula dormir no sofá da sala do meu pai. Presenciei tudo. Conto esses fatos agora até para demonstrar que a confiança que o presidente tinha em mim no governo, quando me nomeou secretário nacional de Justiça, não vinha do nada. Era de muito tempo. 0 Lula era informante do meu pai no Dops (veja o quadro ao lado).

O senhor tem provas disso?

Não excluo a possibilidade de algum relatório do Dops da época registrar informações atribuídas a um certo informante de codinome Barba.
(…)
Tuma imagem mensalão

Encerro
Encerro por ora. É claro que ainda voltarei ao tema. Tuma Junior estava lá dentro. Tuma Junior viu e ouviu. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) quer que o delegado preste depoimento à Câmara sobre o que sabe.

O estado policial petista tem de parar. E parte da imprensa precisa deixar de ser o seu braço operativo.
Por Reinaldo Azevedo

Programa Primeiro Emprego – Eles querem pôr Dirceu no bom caminho: tijolo por tijolo num desenho lógico

 

Presidiários em ação: tijolo por tijolo num desejo lógico, como diria aquele... (Foto: Cristiano Mariz)
Presidiários em ação: tijolo por tijolo num desejo lógico, como diria aquele… (Foto: Cristiano Mariz)

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
“Aqui nós não vamos discriminar ninguém. Vimos neles a situação de pessoas que cometeram erros e estamos aqui para lhes dar novas oportunidades. A nossa função é somar”. A declaração é de Fernando de Figueiredo, coordenador da Cooperativa Sonho de Liberdade, entidade que oferece trabalho para presidiários em regime semiaberto no Distrito Federal. Ex-detento, Figueiredo conhece bem a rotina que os condenados no julgamento do mensalão cumprem no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, mas reprova a tentativa do mais ilustre dos mensaleiros encarcerados, o ex-ministro José Dirceu, de ser contratado como gerente de hotel, com salário de 20 000 reais mensais: “Vinte mil reais é o que eu pago para vinte funcionários. Se forem para um emprego bom, fica difícil mudar de vida. Vão continuar na mesma situação de regalias. Aqui são todos iguais”.

Criada em 2005, mesmo ano em que o Brasil descobriu o maior esquema de corrupção já arquitetado no coração de um governo, a cooperativa hoje emprega 80 trabalhadores, metade deles presos por crimes como tráfico de drogas, homicídio e roubo. Fica numa área de cinco hectares – 50 000 metros² – na Cidade Estrutural, vizinha a um lixão, numa região pobre do Distrito Federal – água encanada e energia elétrica são conquistas recentes. O espaço é dividido em núcleos de serviços: a marcenaria e a confecção de bolas de futebol fica em um espaço de madeira e chão de cimento queimado. Um lamaçal, repleto de cachorros, separa os galpões.

Na última quinta-feira, a Sonho de Liberdade encaminhou à Justiça propostas de emprego para o trio petista formado por Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino – este provisoriamente em prisão domiciliar por problemas de saúde. Ao contrário do que pleiteavam Dirceu e Delúbio, que quer dar expediente na Central única dos Trabalhadores (CUT), com salário de 4 500 reais mensais, a cooperativa apresentou uma oferta de trabalho nos moldes daquela enfrentada pela grande maioria dos detentos do país que conseguiram autorização judicial para deixar o presídio durante o dia e retornar no período noturno. O salário é pago de acordo com a produtividade e corresponde a cerca de um salário mínimo. A cooperativa oferece café da manhã e um lanche à tarde – o almoço custa de 5 reais a 7 reais. O deslocamento, da Papuda até o local de trabalho, é feito por conta do detento, mas os agentes de segurança checam o comparecimento.

A Lei de Execução Penal prevê a possibilidade de trabalho externo para condenados que cumprem pena no regime semiaberto, mas sair do presídio durante o dia não é direito automático, como a defesa de Dirceu, por exemplo, sustentou. O condenado tem de apresentar uma carta com a proposta de emprego e, na sequência, um grupo de assistentes sociais analisará o local de trabalho e a possibilidade de as atividades auxiliarem na ressocialização do condenado. Segundo o artigo 37 da Lei de Execução Penal, o trabalho externo só é autorizado quando o condenado tiver cumprido, no mínimo, um sexto da pena, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem jurisprudência que autoriza o trabalho independentemente deste tempo transcorrido. O Supremo Tribunal Federal (STF), por sua vez, tem decisões em sentido contrário, exigindo a comprovação de cumprimento prévio de parte da sentença. A cada três dias de trabalho, o preso tem direito a redução de um dia da pena. Na cooperativa Sonho de Liberdade, os trabalhadores mais antigos já conseguiram abater um ano de pena.

Além dos petistas, a cooperativa também estendeu o convite aos demais detentos do mensalão. Uma empresa de engenharia enxergou no ex-tesoureiro do extinto PL (hoje PR), Jacinto Lamas, habilidade para trabalhar como gerente administrativo, para ganhar 1 200 reais. Já o ex-deputado Romeu Queiroz quer atuar em seu próprio empreendimento, a RQ Participações S/A.


Expertise

 
A cooperativa informa que a oferta de emprego aos mensaleiros foi feita com base na experiência do trio. Para Dirceu, foi oferecido um cargo de administrador do setor que fabrica materiais de concreto, como manilhas e blocos de cimentos. Assim como os demais trabalhadores, o líder petista teria de usar uniforme (uma vestimenta azul), luvas e botas. E, mesmo na função de coordenador, não escaparia do trabalho pesado: “Aqui eu recebo as encomendas, coordeno a produção e resolvo todos os problemas. Mas sempre acabo me juntando ao resto do pessoal. Se o Dirceu vier, vai suar, vai andar na lama como todo mundo”, diz o encarregado-geral, Francisco César Lima, de 47 anos.

O valor cobrado por cada peça montada varia de 0,60 centavos a 5 reais. Metade do lucro fica para a cooperativa. O resto é dividido entre os demais funcionários e chega a render até 1 000 reais por mês para cada um.

Já ao ex-presidente do PT José Genoino a proposta foi ajustada à sua condição de saúde: por causa dos problemas cardíacos, a sugestão é que ele costure bolas de futebol – ofício que pode exercer sentado e não lhe exigiria esforço físico, conforme relatam os próprios profissionais. “Não tem desgaste. Aqui acaba sendo uma terapia, temos de ter muita paciência para costurar mais de 1 400 furos por bola”, afirma Josué Carneiro de Souza, de 29 anos, que cumpre pena de 19 anos e um mês de prisão.

Genoino tenta obter aposentadoria por invalidez da Câmara dos Deputados e a autorização para cumprir pena em regime domiciliar, apesar de pareceres médicos elaborados a pedido do STF e da própria Câmara atestarem que sua cardiopatia não é grave. “Aqui nós temos cadeirantes, pessoas em tratamento de câncer e com depressão. Ele tem toda a condição para vir”, diz o coordenador da cooperativa.

A seleção de Delúbio Soares foi a mais difícil. Embora seu currículo indique experiência em finanças, a entidade não o considerou “confiável” para ocupar um posto que envolvesse recursos financeiros. Restou o cargo de assistente de marcenaria. Em um galpão mal iluminado e entulhado de madeiras, o assistente de marceneiro tem desde varrer o chão a ajudar a manusear facas e serras. O excesso de poeira misturado ao forte odor de verniz impede a permanência prolongada no local. “Quem não está acostumado, vai querer sair correndo no primeiro dia”, afirma Francisco de Souza, que trabalha no galpão. Mas, ao admitir a dificuldade, o marceneiro oferece solidariedade aos colegas presidiários: “Se eles vierem, nós vamos abraçá-los”.

Por Reinaldo Azevedo

O que inspira Paulo Nigro à frente da Tetra Pak Brasil


Presidente da fabricante de embalagens diz se espelhar no presidente do STF, Joaquim Barbosa, devido à sua "voz ativa para mudança"

Divulgação
Paulo Nigro, presidente da Tetra Pak Brasil

Paulo Nigro: presidente da Tetra Pak Brasil se inspira em filme sobre Mandela para administrar empresa

São Paulo - Originalmente, Paulo Nigro é formado em engenharia mecânica, mas especializou-se em gerência e administração de negócios, pelo IMD Institute, em Lausanne, na Suíça. Ele começou sua carreira como estagiário da Philips. Depois, trabalhou na Goodyear e na Agar. Na Tetra Pak, ele está desde 1997, chegando à presidência da companhia no Brasil em 2007. 

Focado em sustentabilidade, Nigro defende que o sucesso de uma empresa dependende do engajamento entre as pessoas e que isso "só é possível se o líder se aproxima, se envolve e há um verdadeiro alinhamento com os valores individuais". Veja o que mais o inspira à frente da Tetra Pak Brasil. 

Livro: “A riqueza na base da pirâmide: erradicando a pobreza através do lucro", de C.K. Prahalad
 
A riqueza na base da pirâmide: erradicando a pobreza através do lucro, de C.K. Prahalad
 
O livro reúne casos de empresas bem-sucedidas que vendiam ou prestavam serviços para as camadas mais pobres da população. A intenção é mostrar como é possível lucrar e obter resultados e, ao mesmo tempo, ajudar a reduzir os problemas de desigualde social. 

"A obra aborda o desenvolvimento de produtos e serviços para as pessoas de baixa renda, que ganham de US$2 a US$8 por dia, e hoje ocupam uma classe constituída por mais de dois bilhões no mundo.
Recentemente participei de um estudo global, desenvolvido pela Tetra Pak, que mostra como é possível aproveitar essa oportunidade de atender esse potencial mercado intocado com mais profundidade. 
Acredito que, além de agregar muito aprendizado, o livro ajuda a praticar o exercício de sempre ter uma visão diferenciada sobre os cenários e de trilhar caminhos novos e inovadores."

Líder: Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal
 
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa
 
Primeiro negro a se tornar ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Barbosa é agora o presidente da Instituição. Este ano, o jurista entrou para a lista das cem personalidades mais influentes do mundo, eleitas pela Time. 

"Admiro principalmente sua história de superação, saindo de uma infância simples no interior de Minas Gerais e buscando formação em Brasília, se sustentando com seu próprio trabalho. Buscando conquistar melhores posições e conhecimento, alcançou o cargo atual. 

Com um forte perfil de liderança, tendo voz ativa para mudança, e até por vezes enfrentando opiniões divergentes, Joaquim mostra que sua atuação a frente do STF é um divisor de águas nos julgamentos da corrupção e de escândalos políticos."

Filme: Invictus, dirigido por Clint Eastwood, com Morgan Freeman e Matt Damon
 
Invictus, de Clint Eastwood
 
O filme conta a história real de como Nelson Mandela, recém eleito presidente da África do Sul, reuniu brancos e negros no país ainda racista, por meio da Copa do Mundo de Rúgbi, em 1995.

"O filme Invictus, que narra parte da história de Nelson Mandela, representado pelo ator Morgan Freeman, no início do seu mandato como presidente da África do Sul, é traz diversas lições de uma liderança inspiradora.

Mesmo a frente de um país racista e economicamente dividido, em decorrência do apartheid, o longa metragem mostra um líder corajoso, disposto a enfrentar as adversidades e mudar positivamente o cenário, independente do histórico das situações.

Por trás do enredo principal, que mostra o desafio de unificar a população, em torno dos jogos do campeonato mundial de rúgbi, nas cenas do cotidiano aperece um líder cuidados e servidor, que genuinamente se preocupa com as pessoas.

Eu me identifico bastante com essa mensagem, porque o sucesso de qualquer organização ou empresa depende do engajamento e relacionamento com as pessoas. E isso, cada vez mais, só é possível se o líder se aproxima, se envolve e há um verdadeiro alinhamento com os valores individuais."

Veja o trailer do filme, em inglês:

 http://www.youtube.com/watch?v=RZY8c_a_dlQ

Atrasos em voos leva Anac a multar Gol e notificar TAM


Companhias tiveram falhas na prestação de assistência a passageiros com voos atrasados na sexta-feira no aeroporto de Guarulhos e nesta manhã em Brasília

Divulgação/EXAME
Avião da GOL

GOL:  multa pode variar de R$ 4 mil a R$ 10 mil por infração à Resolução 141/2010 da Anac.

São Paulo -  Brasília - A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou hoje (7) que vai autuar a Gol Linhas Aéreas por falhas na prestação de assistência a passageiros com voos atrasados ontem (6) no aeroporto de Guarulhos, e nesta manhã, no aeroporto de Brasília. A multa pode variar de R$ 4 mil a R$ 10 mil por infração à Resolução 141/2010 da Anac.

Segundo nota divulgada pela agência, a TAM Linhas Aéreas será notificada e terá dez dias para comprovar a prestação de assistência aos passageiros em decorrência de problemas observados ontem em Guarulhos. Se a agência constatar que houve irregularidades, a TAM também será autuada.

Pela Resolução 141/2010, é dever da empresa informar aos passageiros sobre atrasos e cancelamentos de voos, além de explicar os motivos. A companhia aérea deve ainda facilitar a comunicação do passageiro (com ligações telefônicas e internet, por exemplo) para atrasos superiores a uma hora, alimentação adequada para atrasos superiores a duas horas, acomodação, traslado e, quando necessário, serviço de hospedagem para atrasos superiores a quatro horas.

Caso o passageiro se sinta prejudicado, deve procurar a empresa aérea contratada para reivindicar seus direitos. Se a medida não apresentar resultado, o usuário poderá encaminhar a demanda à Anac, aos órgãos de defesa do consumidor e à Justiça.

Os consumidores podem contatar a Anac pelo site www.anac.gov.br e pelo telefone 0800 725 4445 (que está disponível 24 horas, sete dias por semana, com atendimento em português, inglês e espanhol). Cabe à agência analisar cada caso e autuar a companhia, quando houver irregularidade.

Graça Foster vê possíveis reajustes de combustíveis em 2014


Em entrevista à Folha, presidente da Petrobras adverte mercado de risco de reajuste por conta de nova metodologia

Nacho Doce/Reuters
Graça Foster, presidente da Petrobras

Graça Foster, presidente da Petrobras: "É possível, pela metodologia, que nós possamos praticar novos aumentos"

SÃO PAULO - Os preços da gasolina poderão subir em 2014 com a aplicação da metodologia elaborada pela Petrobras para os reajustes de preços de combustíveis no país, disse a presidente da estatal Maria das Graças Foster em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

Questionada sobre novos aumentos em 2014, ano eleitoral em que o tema inflação centraliza os debates, a presidente da estatal, afirmou que os reajustes poderão ocorrer.

"É possível, pela metodologia, que nós possamos praticar novos aumentos", disse ao jornal.
A presidente disse que nunca houve planos para reajustes automáticos nos preços dos combustíveis, acrescentando que a decisão "passa pelo poder discricionário da diretoria da Petrobras".

A Petrobras reajustou os preços da gasolina em 4 por cento e do diesel em 8 por cento no final de novembro, já em linha com os princípios de uma nova política de preços da estatal.

A nova metodologia, é mantida em sigilo por decisão da companhia, após ponderação do Conselho de Administração de que nenhuma outra fórmula de precificação é levada ao mercado, disse ela.

"Não havia de fato a previsão de levar detalhes da metodologia, nem na sua versão inicial", argumentou.
No primeiro dia útil após o anúncio do reajuste, as ações da Petrobras despencaram 10 por cento, puxando o principal índice da Bovespa, em meio à avaliação negativa de analistas que criticaram a falta de transparência sobre a metodologia.

Graça Foster reconheceu que a forte queda das ações foi muito ruim para a companhia, e acrescentou que "é preciso tempo para explicar e quantificar os efeitos da metodologia".

A executiva disse que houve "intensa discussão" para a definição do reajuste, e negou notícias sobre brigas ou embates entre ela e o ministro da Fazenda e presidente do Conselho da estatal, Guido Mantega, sobre a questão.

"Briga, embate, eu não confirmo de forma alguma", disse. "Não é uma discussão trivial. Mas queda de braço não houve." (Por Fabíola Gomes)