Em entrevista à Folha, presidente da Petrobras adverte mercado de risco de reajuste por conta de nova metodologia
Graça Foster, presidente da Petrobras: "É possível, pela metodologia, que nós possamos praticar novos aumentos"
SÃO PAULO - Os preços da gasolina poderão subir em 2014 com a aplicação da metodologia elaborada pela Petrobras para os reajustes de preços de combustíveis no país, disse a presidente da estatal Maria das Graças Foster em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Questionada sobre novos aumentos em 2014, ano eleitoral em que o tema
inflação centraliza os debates, a presidente da estatal, afirmou que os
reajustes poderão ocorrer.
"É possível, pela metodologia, que nós possamos praticar novos aumentos", disse ao jornal.
A presidente disse que nunca houve planos para reajustes automáticos
nos preços dos combustíveis, acrescentando que a decisão "passa pelo
poder discricionário da diretoria da Petrobras".
A Petrobras reajustou os preços da gasolina em 4 por cento e do diesel
em 8 por cento no final de novembro, já em linha com os princípios de
uma nova política de preços da estatal.
A nova metodologia, é mantida em sigilo por decisão da companhia, após
ponderação do Conselho de Administração de que nenhuma outra fórmula de
precificação é levada ao mercado, disse ela.
"Não havia de fato a previsão de levar detalhes da metodologia, nem na sua versão inicial", argumentou.
No primeiro dia útil após o anúncio do reajuste, as ações da Petrobras
despencaram 10 por cento, puxando o principal índice da Bovespa, em meio
à avaliação negativa de analistas que criticaram a falta de
transparência sobre a metodologia.
Graça Foster reconheceu que a forte queda das ações foi muito ruim para
a companhia, e acrescentou que "é preciso tempo para explicar e
quantificar os efeitos da metodologia".
A executiva disse que houve "intensa discussão" para a definição do
reajuste, e negou notícias sobre brigas ou embates entre ela e o
ministro da Fazenda e presidente do Conselho da estatal, Guido Mantega,
sobre a questão.
"Briga, embate, eu não confirmo de forma alguma", disse. "Não é uma
discussão trivial. Mas queda de braço não houve." (Por Fabíola Gomes)
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