Uma pesquisa internacional
mostrou que mesmo nos países desenvolvidos as mulheres passam quase duas
vezes mais tempo que os homens realizando serviços domésticos e
atividades não remuneradas.
O estudo foi realizado pela OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) por conta da comemoração
neste sábado do Dia Internacional da Mulher. Ele leva em conta 26 dos 34
países que fazem parte do órgão.
A entidade somou o tempo que as
mulheres passam realizando trabalhos remunerados e atividades não pagas
(que incluem tanto o serviço doméstico propriamente dito como cuidar de
membros da família, fazer compras para a casa ou serviço voluntário).
A conclusão apontou para uma média de oito horas
diárias de trabalho realizada por elas. Para os homens, essa média de
tempo é de sete horas e 45 minutos.
As jornadas totais de trabalho dos dois gêneros
têm portanto praticamente a mesma duração. Porém, as mulheres realizam
uma quantidade maior de trabalho não remunerado e por isso têm rendas
menores, segundo o estudo.
Das oito horas diárias de trabalho das mulheres,
quatro horas e 30 minutos são dedicadas a atividades não remuneradas
(sendo quase três horas apenas para serviço doméstico propriamente
dito).
Já os homens dedicam duas horas de 21 minutos para atividades não remuneradas (sendo uma hora e 15 minutos cuidando da casa).
A pesquisa se refere a pessoas com idades entre 25 e 64 anos.
“Nos últimos 50 anos, as mulheres reduziram as
horas de atividades não remuneradas e aumentaram as horas de trabalho
pago. Os homens têm feito mais afazeres domésticos e cuidam mais dos
filhos, mas eles não assumiram isso plenamente e, por isso, a
desigualdade em relação à utilização do tempo é ainda grande em todos os
países”, afirmou a OCDE.
Segundo a organização, as diferenças no acesso a carreiras profissionais de homens e mulheres estão sendo reduzidas lentamente.
“Mas ainda existe uma grande lacuna em relação
ao trabalho não pago, mostrando claramente que os homens ainda relutam
em participar das atividades da casa em muitos países”, disse a
organização.
Diferenças entre países
Há diferenças nas características do trabalho entre os países estudados.
Os homens japoneses são os que menos realizam
trabalhos não remunerados, somente 62 minutos por dia ( 24 para serviço
doméstico).
Por outro lado, holandeses e canadenses são os que mais dedicam tempo para a casa: uma hora e 20 minutos.
As mulheres mexicanas e turcas, de acordo com a
pesquisa, despendem a maior parte de sua jornada em atividades não
remuneradas: mais de seis horas por dia, sendo quase cinco horas em
afazeres do lar.
Os homens mexicanos, por sua vez, fazem pouco mais de uma hora de trabalhos domésticos.
Brasil
No Brasil, que não integra o estudo da organização, a situação é semelhante à da média dos países da OCDE.
As brasileiras também dedicam muito mais tempo do que os homens para tarefas do lar - mais do que o dobro.
De acordo com dados do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada), divulgados em 2012, as mulheres
brasileiras gastam, em média, 26,6 horas semanais em afazeres
domésticos, enquanto os homens dedicam apenas 10,5 horas.
“O conceito de trabalho normalmente desconsidera
o trabalho doméstico não remunerado. O estudo evidencia a importância
dessa atividade, tanto do tempo que se gasta com ele como de sua
relevância para a reprodução da vida social e econômica”, disse o Ipea.
Os homens brasileiros desocupados efetuam um
pouco mais de tarefas do lar (quase 13 horas por semana), mesmo assim
bem menos do que as mulheres com atividade econômica (22 horas), afirma o
instituto.