Escrito por Valéria Nader, da Redação |
“Os traidores sempre acabam por pagar por sua traição, e chega o
dia em que o traidor se torna odioso mesmo para aquele que se beneficia
da traição”. É com esta frase, atribuída a Victor Hugo, que o economista e professor titular de Economia da UFRJ, Reinaldo Gonçalves,
encerra entrevista que concedeu ao Correio da Cidadania, para avaliar a
atual crise econômica que arrasta países emergentes e as orientações
econômicas e políticas em vigor nos anos petistas, em geral, e no
governo Dilma, em particular.
Em busca de situar o Brasil em meio à grave crise econômica que
as nações em desenvolvimento enfrentam em 2014, Gonçalves destaca que,
há mais de dois anos, já havia previsto que o número de países
atingidos pela crise econômica de 2008 aumentaria no mundo
subdesenvolvido. “As locomotivas voltam para os trilhos e o vagão de 3ª
classe chamado Brasil descarrila mais uma vez”.
Quanto às causas da tormenta, estas se situam muito além dos equívocos de política econômica tão ao gosto das citações da mídia corporativa e neoliberal, em coro com os ditames do FMI e Banco Mundial. “No Brasil,
há o problema estrutural que se chama Modelo Liberal Periférico (MLP).
Esse modelo híbrido combina o que tem de pior do liberalismo e da
periferia e tem três conjuntos de características marcantes:
liberalização, privatização e desregulação; subordinação e
vulnerabilidade externa estrutural; e dominância do capital financeiro”,
ressalta Gonçalves.
A atuação do governo dos trabalhadores para aquela que deveria
ser um de seus alvos primordiais, a distribuição de renda, não passa,
ademais, de algo “raso, superficial e circunstancial”, visto
não incidir na distribuição da renda funcional (salários versus renda do
capital) e da riqueza. “Depois de 11 anos de governo, há a
falência do PT, que tem sido absolutamente incapaz de realizar mudanças
estruturais no país. Só houve a consolidação do Modelo Liberal
Periférico”.
Finalmente, em face do atual arranjo político e eleitoral,
considerados governo e oposição, não são alvissareiras as expectativas
de Gonçalves – o governo, enfraquecido, deverá no máximo proclamar um
discurso eleitoral mais à esquerda, para, após eventual vitória, fazer
ainda mais ajustes sociais regressivos e concessões aos setores
dominantes.
A seguir, a entrevista completa.
Correio da Cidadania: O ano de 2014 começa, ao que parece,
selando o fim da bonança para os emergentes. Trata-se de uma crise
anunciada?
Reinaldo Gonçalves: É a queda do mito de que vagões
podem puxar locomotivas. Esse mito deveu-se, principalmente, a uma visão
otimista a respeito do crescimento da China. E a maior divulgação do
mito deveu-se a visão equivocada em relação a outros grandes países em
desenvolvimento (Índia, Rússia, Brasil, África do Sul etc.), que têm
economias estruturalmente frágeis.
Em dezembro de 2011, escrevi um artigo com o título “Crise econômica:
eles hoje, nós amanhã” (revista CIÊNCIA HOJE, nº.: 289,
janeiro/fevereiro de 2012). Há mais de dois anos a conclusão era que
havia risco crescente de que o número de países atingidos pela crise
econômica de 2008 aumentasse no mundo subdesenvolvido. O cenário mais
provável era que os Estados Unidos e os principais países desenvolvidos
da Europa sairiam da crise no médio prazo. Por outro lado, o argumento
era que o Brasil seria atingido pela crise caso não ocorressem mudanças
significativas nas estratégias e nas políticas. O cenário mais provável
no médio prazo era, por um lado, os Estados Unidos e países europeus
importantes saírem da crise. E, por outro, o Brasil, país marcado por
enormes fragilidades e vulnerabilidades estruturais, afundaria em crises
de todos os tipos.
As locomotivas voltam para os trilhos e o vagão de 3ª classe chamado
Brasil descarrila mais uma vez. Atualmente, o que temos é exatamente
essa situação.
Correio da Cidadania: A mídia corporativa e neoliberal, em
coro com os ditames do FMI e Banco Mundial, está sempre a salientar para
o público leigo a inépcia fiscal, monetária e cambial dos governos, que
seriam grandes motivadores dessa crise que agora assola os
emergentes. Você poderia avaliar, neste sentido, as causas estruturais
dessa crise?
Reinaldo Gonçalves: Não há como negar que políticas
econômicas equivocadas também são causas de crises. Governos erram
quando estimulam a expansão extraordinária do crédito e, portanto, o
alto endividamento de indivíduos e empresas. Há outros erros: elevar a
dívida pública para níveis insustentáveis e deixar as variáveis
macroeconômicas fundamentais em níveis inadequados, como taxa de juro e
taxa de câmbio. Os governos erram quando definem graus de liberalização e
desregulamentação que são incompatíveis com a estrutura econômica do
país. Os governos dos Estados Unidos e de países da Europa cometeram
graves erros nos últimos anos e estão pagando por isso. No caso do
Brasil, não há como negligenciar o déficit de governança e os erros
cometidos nos governos FHC, Lula e Dilma. O Governo Dilma é a própria
apoteose da mediocridade em termos de estratégias, condutas e
resultados. Esse governo comete muitos erros.
Ademais, a crise no Brasil tem profundas causas estruturais. Por
exemplo, a vulnerabilidade externa estrutural do Brasil é muito elevada
e, portanto, o país é muito afetado pela desaceleração do comércio
internacional e a volatilidade dos fluxos financeiros internacionais.
Países como a China se protegem com elevados níveis de competitividade
internacional e baixa dependência em relação a recursos financeiros
externos. No Brasil, por outro lado, esses riscos são particularmente
elevados porque o país depende significativamente da exportação de
produtos básicos (minério de ferro, carne, soja e outros) e da captação
de recursos externos para sustentar seu crescente e elevado déficit nas
contas externas (as transações comerciais, de serviços e financeiras com
os outros países).
Ou seja, a despesa do Brasil em moedas estrangeiras é maior do que a
receita. Em 2013, o país precisou captar US$ 81 bilhões para fechar suas
contas externas. Portanto, há crescente risco de crise cambial, que
tende a causar crises financeira, real e fiscal, bem como maior
inflação. Não podemos esquecer que o passivo externo brasileiro supera
US$ 1,5 trilhão. Ou seja, nas contas externas há extraordinários
desequilíbrios de fluxos e estoques. Além de haver evidente deficiência
de gestão, no Brasil há o problema estrutural que se chama Modelo
Liberal Periférico (MLP). Esse modelo híbrido combina o que tem de pior
do liberalismo e da periferia. O MLP tem três conjuntos de
características marcantes: liberalização, privatização e desregulação;
subordinação e vulnerabilidade externa estrutural; e dominância do
capital financeiro.
Correio da Cidadania: A Argentina esteve nestas últimas
semanas no olho do furacão. Como vê o país e que correlação se pode
fazer entre as conjunturas argentina e brasileira nesse momento?
Reinaldo Gonçalves: Há semelhanças importantes que
derivam da vulnerabilidade externa estrutural e do déficit de governança
em ambos os países. Entretanto, penso que, em uma perspectiva de longo
prazo e estrutural, a situação argentina é melhor que a brasileira.
Enquanto os argentinos procuram adotar um modelo de desenvolvimento com
foco no crescimento e na redução da vulnerabilidade externa estrutural, o
Brasil aprofunda cada vez mais o Modelo Liberal Periférico, marcado por
crescente vulnerabilidade externa estrutural. A liberalização na área
de serviços, as privatizações, a desnacionalização e a
desindustrialização, que avançaram no Governo Dilma, ampliam e
aprofundam este modelo. No que se refere às contas externas, tanto
Brasil como Argentina têm elevados desequilíbrios de fluxos; no entanto,
o desequilíbrio de estoque na Argentina (passivo externo financeiro
líquido) é pequeno, enquanto no Brasil é muito elevado.
Correio da Cidadania: E as economias centrais, EUA e Europa
por exemplo, como as situa neste contexto? Estão de fato em um processo
de retomada de suas economias e sociedades, como se quer fazer crer a
partir da algumas análises?
Reinaldo Gonçalves: Se, por um lado, é certo que
instabilidade e crise são próprias ao capitalismo, também é verdadeiro
que esse sistema econômico desenvolveu mecanismos para superar crises.
Por esta e outras razões, o capitalismo, que é marcado por desperdício,
injustiça e instabilidade, sobrevive e avança há séculos e, inclusive,
atualmente, é o substrato da economia mais dinâmica do mundo (a
chinesa).
Nos últimos anos, os principais países desenvolvidos perderam graus
de liberdade na aplicação de políticas macroeconômicas convencionais
(redução de juros e aumento de gastos públicos). Entretanto, esses
países dispõem de pelo menos quatro instrumentos para a estabilização
econômica: distribuição de riqueza e renda, progresso técnico,
competitividade internacional e guerra. O processo de distribuição de
riqueza e renda gera ampliação do consumo dos trabalhadores. Entretanto,
é pouco provável que ocorra este processo no horizonte previsível.
Muito pelo contrário, parte expressiva do ajuste frente às crises está
recaindo sobre os trabalhadores e os grupos de menor renda. A política
de distribuição de renda está sendo impedida pelo capital e pelas forças
conservadoras e, de fato, a concentração de renda tem aumentado na
maior parte dos países desenvolvidos.
A lógica da globalização (rivalidade internacional, foco na maior
competitividade e efeito China) também tem dificultado a adoção de
políticas distributivas. Boa parte da decepção com os governos Hollande e
Obama advém dos fracassos das suas políticas de ajuste via mecanismos
redistributivos. Entretanto, pode-se prever que os principais países
capitalistas retomarão a fase ascendente no médio prazo tendo em vista o
uso dos outros mecanismos estruturais. Este argumento aplica-se às
principais economias capitalistas do mundo (EUA, Alemanha, França e
Japão). É bem verdade que economias pouco importantes (Grécia, Portugal
etc.) continuarão em crise.
O progresso técnico implica aumento de produtividade e lançamento de
novos produtos, que elevam a massa de lucros. Há, então, estímulo para
os investimentos. A maior competitividade internacional permite vender
mais produtos no mercado internacional. A guerra impulsiona os gastos
bélicos e, portanto, a geração de renda e emprego, além de estimular o
progresso tecnológico e a competitividade internacional. Nesse sentido,
há oportunidades extraordinárias (Líbia, Síria etc.), além de outras que
podem ser criadas. Ou seja, além de desperdício, injustiça e
instabilidade, o capitalismo é marcado por dinamismo e barbárie. O
capitalismo é sustentado pelo dinamismo e pela barbárie!
Correio da Cidadania: Quais serão as consequências dessa crise para as economias emergentes, em especial para o Brasil?
Reinaldo Gonçalves: É a trajetória de instabilidade e
crise. No caso do Brasil, o Modelo Liberal Periférico causa o processo
de desenvolvimento às avessas. É a trajetória do Brasil no início do
século XXI, que se caracteriza, na dimensão econômica, por: fraco
desempenho; crescente vulnerabilidade externa estrutural; transformações
estruturais que fragilizam e implicam volta ao passado; e ausência de
mudanças ou de reformas que sejam eixos estruturantes do desenvolvimento
de longo prazo. Nas dimensões social, ética, institucional e política
desta trajetória, observam-se: invertebramento da sociedade;
deterioração do ethos; degradação das instituições; e um sistema político corrupto e clientelista. Essas questões são analisadas no meu livro Desenvolvimento às Avessas (Rio de Janeiro: LTC, 2013; Prêmio Brasil de Economia, categoria livro, 1º lugar).
Correio da Cidadania: O que vê como alternativas para esta
situação, a curto e médio prazos? O controle de câmbio poderia ser uma
medida adotada frente a uma fuga de capitais do país?
Reinaldo Gonçalves: No atual quadro político e
eleitoral não vejo saídas, nem mesmo no longo prazo. As candidaturas e
os arranjos políticos este ano envolvem continuísmo, seja com a
situação, seja com a oposição, ambos igualmente conservadores, medíocres
e comprometidos com o Modelo Liberal Periférico. Neste quadro, é
improvável qualquer controle de capitais. O governo Dilma continua
ampliando e aprofundando a liberalização e desregulamentação dos fluxos
financeiros internacionais. Este governo também tem estimulado o
investimento externo direto, ou seja, a desnacionalização via
privatizações (aeroportos, energia etc.). Qualquer mudança na direção de
controles de capitais só ocorrerá em resposta a uma gravíssima crise
cambial e risco de grave crise política e institucional.
Correio da Cidadania: Quanto a esta condução da política
econômica pelo governo Dilma, analistas de mercado, paradoxalmente,
criticam o que seria um intervencionismo estatal exacerbado na economia?
O que diria nesse sentido?
Reinaldo Gonçalves: Intervenção do governo na
economia é fundamental em qualquer país. Isso ocorre nas funções
alocação, distribuição, regulação e estabilização. Mesmo em países que
adotam modelos mais liberais (por exemplo, os Estados Unidos), o governo
realiza essas funções. Quanto mais desenvolvido for o país, maior é o
foco nas políticas de regulação e estabilização.
O desafio dos países em desenvolvimento é definir estratégias de
desenvolvimento e, portanto, prioridades e hierarquia de funções e
políticas de Estado. O problema brasileiro (evidente no caso do atual
governo) é que a estratégia implícita (Modelo Liberal Periférico) está
condenada ao fracasso, o sistema político é patrimonialista,
clientelista e corrupto, e há déficit estrutural de governança. Mesmo a
função distributiva do Estado é rasa, superficial e circunstancial,
visto que não ataca o problema da distribuição funcional da renda
(salários versus rendas do capital) e da distribuição da riqueza.
O problema do governo Dilma não é, naturalmente, o grau de
intervenção, mas a qualidade da intervenção (gestão incompetente e
inconsistência de políticas) e o enquadramento estrutural (dado pelo
Modelo Liberal Periférico). Assim, quando há a adoção de políticas
adequadas, esta é comprometida pela incapacidade de gestão, enquanto
políticas equivocadas são adotadas para atender os setores dominantes
(bancos, agronegócio, mineração, empreiteiras) e promover o MLP. Em
artigo recente faço um balanço da economia brasileira durante os
governos petistas e mostro os fracos resultados do governo Lula e os
resultados medíocres do governo Dilma (comparáveis aos resultados
igualmente medíocres do governo FHC). (“Balanço crítico da economia
brasileira nos governos do Partido dos Trabalhadores”, Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, No. 37, janeiro de 2014).
Correio da Cidadania: Como, finalmente, enxerga as reações
recentes do governo diante dessa crise e, em especial, como acredita que
ele vá chegar às eleições?
Reinaldo Gonçalves: A direita não consegue fazer uma
crítica consistente e realista ao atual governo. E é cada vez mais raro
encontrar uma crítica rigorosa e contundente pela esquerda. Vejamos. O
governo Dilma está tentando empurrar com a barriga o impacto dos
problemas causados pelas nossas fragilidades e vulnerabilidades
estruturais, bem como pelos erros de estratégias e políticas do próprio
governo. Muito provavelmente o governo chegará ainda mais enfraquecido
às eleições. Mas tenta ganhar tempo, fará um falso discurso eleitoral à
esquerda e, após as eleições, fará ajustes de alto custo social e
maiores concessões aos setores dominantes. Os protestos populares
refletem este enfraquecimento. De fato, os protestos populares têm como
principais causas os problemas estruturais e os erros cometidos no
passado recente.
A crise atual também é conseqüência do surgimento de três fenômenos
nos dois governos petistas: o Brasil Invertebrado, o Brasil Negativado e
o Lulismo (transformismo do PT). O Brasil Invertebrado caracteriza-se
pelo fato de que os grupos dirigentes têm cooptado a grande maioria das
organizações sociais, sindicais, estudantis e patronais. Exemplos: MST,
CUT e UNE. Grupos sociais não-organizados, assim como movimentos sociais
de maior envergadura, também são neutralizados por meio de políticas
clientelistas — o bolsa-família, os benefícios da previdência e o
salário mínimo são instrumentos poderosos tanto no plano da
redistribuição da renda dentro da classe trabalhadora, como no plano
político e eleitoral. Ademais, a impunidade de corruptos e corruptores
continua como a regra geral, que tem poucas e surpreendentes exceções
(as condenações do mensalão). Grandes grupos econômicos desempenham
papel de atores protagônicos via abuso do poder econômico, corrupção e
financiamento de campanhas eleitorais. Neste sentido, a ausência de
organizações efetivamente representativas provoca revolta no povo.
O Brasil Negativado, por seu turno, expressa a deterioração das
condições econômicas e abarca o país, o governo, as empresas e as
famílias. As finanças públicas se caracterizam por significativos
desequilíbrios de fluxos e estoques, além, naturalmente, dos problemas
epidêmicos de déficit de governança e superávit de corrupção. O aumento
da dívida das empresas e famílias tem causado crescimento significativo
da inadimplência. O aumento da negatividade é resultado da política de
crédito fortemente expansionista no contexto de taxas de juros absurdas,
fraco crescimento da renda, inoperância da atividade fiscalizadora e
abuso de poder econômico por parte dos sistemas bancário e financeiro.
Milhões de pessoas (pobres e classe média) estão desesperadas e perdem o
sono diariamente porque estão negativadas, não conseguem pagar suas
dívidas. E isto causa sofrimento e revolta.
Por fim, vale destacar que a eleição de Lula expressou a vontade
popular de transformações estruturais e de ruptura com a herança do
governo FHC. Entretanto, o transformismo dos grupos dirigentes do PT
gerou grande frustração. O social-liberalismo corrompido do PT se
consolidou com as transferências e políticas clientelistas e
assistencialistas. Depois de 11 anos de governo, há a falência do PT,
que tem sido absolutamente incapaz de realizar mudanças estruturais no
país. Só houve a consolidação do Modelo Liberal Periférico (que reúne o
que há de pior no liberalismo e na periferia) e a manutenção da
trajetória de Desenvolvimento às Avessas. O transformismo petista gera
frustração e revolta.
O Brasil Invertebrado, O Brasil Negativado e o Lulismo (transformismo
do PT) agravam os problemas econômicos, sociais, éticos, políticos e
institucionais, comprometem a capacidade de desenvolvimento do país e
geram frustração, sofrimento, revolta e ódio. Portanto, os governos
petistas e seus aliados são os principais responsáveis pela crise atual e
pelos protestos populares. (Ver meu artigo disponível na internet:
“Déficit de governança e crise de legitimidade do Estado no Brasil”,
2013). Por essas e outras razões, o povo e a esquerda não podem ser
complacentes com o PT, seus dirigentes e suas candidaturas!
Capital estrangeiro, empreiteiros, mineradores, banqueiros e os
figurantes do sistema político clientelista, patrimonialista e corrupto
aplaudem de pé o atual governo e o MLP, e se protegem do risco-Brasil
enviando cada vez mais capital para o exterior. Nunca antes na história
desse país, os ricos mandaram tanto capital para o exterior — algumas
dezenas de milhares de brasileiros, de gente rica e muito rica. Por
outro lado, no que se refere ao povo, às massas, não há as alternativas
de sonegação, corrupção, enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro,
fuga de capitais e proteção frente ao risco-Brasil e ao Desenvolvimento
às Avessas.
Restam os protestos populares, que são reações concretas à crescente
percepção do que se tornou odioso no Brasil. Essa percepção não é
mitigada por elevação do salário mínimo, bolsa família e benefício da
previdência. Aqui, cabe citar a frase atribuída a Victor Hugo: “Os
traidores sempre acabam por pagar por sua traição, e chega o dia em que o
traidor se torna odioso mesmo para aquele que se beneficia da traição”.
Valéria Nader, jornalista e economista, é editora do Correio da Cidadania.
|
Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
segunda-feira, 10 de março de 2014
‘Dilma aprofunda desregulamentação, liberalização e desnacionalização’
Selecionamos para os empreendedores 30 dicas para ler, estudar e se organizar de graça na web
Lista tem de livro a cursos e aplicativos de gestão para pequenos empreendedores
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Manual para jovens sonhadores
Autora: Nathalie Trutmann
Nascida na Guatemala, Nathalie Trutman hoje trabalha como diretora na faculdade Fiap e na Zyngamedia. Na obra, a autora busca incentivar novos empreendedores.
O Gerente de Projeto Preguiçoso
Autor: Peter Taylor
O ócio criativo é explorado como a chave para evoluir no mercado, sem gastar muito tempo e energia.
How to Work for Yourself: 100 Ways to Make the Time, Energy and Priorities to Start a Business, Book or Blog
Autor: Bryan Cohen
Para quem lê em inglês, confira este livro que lista, em 100 lições, maneiras para concentrar foco e energia em suas prioridades de carreira.
Viagem ao Mundo do Empreendedorismo
Autores: Instituto de Estudos Avançados (IEA) e Instituto Friedrich Naumann
O livro mostra como iniciar e, mais importante ainda, manter o negócio ao longo dos anos.
Ferramentas Visuais para Estrategistas
Autor: ESPM
O livro mostra o poder dos recursos visuais para planejar, decidir e criar.
The Crowdfunding Bible
Autores: Scott Steinberg e Rusel DeMaria
O livro reúne dicas para o empreendedor que está atrás de financiamentos para bancar projetos.
The Myth Of The Garage
Autores: Chip e Dan Heath
Os irmãos Chip e Dan Heath procuram, neste livro, desmitificar a tese da empresa de garagem. Para eles, o mercado não tem muito mais espaço para histórias como a da Microsoft, por exemplo.
From Dust to Diamonds
Autor: David Oreck
O autor, um empresário dono de uma fábrica de aspirador de pó, revela como é possível obter sucesso em qualquer lugar do mundo.
Como Criar e Modificar Hábitos
Autor: Produtividade Ninja
O site Produtividade Ninja compila um resumo prático do livro “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg.
A Fábrica dos Sonhos
Autor: Carlos Cauduro
Procura explorar o potencial do leitor para introduz uma nova abordagem administrativa para as empresas.
Economia Empresarial
Autor: Vários
Com participação do professor Igor Zanoni Constant Carneiro Leão, mostra o quanto o conhecimento econômico do ambiente dos negócios é essencial para o sucesso da empresa.
Marketing Digital para Empreendedores
Autor: Endeavor Brasil e Resultados Digitais
Material produzido em parceria entre a Endeavor Brasil e Resultados Digitais está disponível para download. É indicado para aqueles que querem aprender técnicas de marketing online.
Empresas lutam contra ‘brechas’ na ineficiência
Ford, Natura e Usiminas encontraram formas de produzir mais com economia de recursos
Fernando Scheller - O Estado de S.Paulo
O mecânico Everton Ferreira da Silva e o ajudante Jackson
Silva Santos, que trabalham em uma concessionária Ford em São Paulo,
podem até não saber, mas fazem parte do movimento capitaneado pelas
empresas em busca de produtividade. Ao dividirem tarefas e usarem um
carrinho que contém as peças mais usadas em seu dia a dia - evitando
deslocamentos desnecessários ao estoque -, Everton e Jackson ajudaram a
elevar o número médio de veículos reparados no box de atendimento da
oficina onde trabalham de 6 para 15 por dia.
A iniciativa da montadora faz parte de um movimento de empresas
brasileiras em busca de mais produtividade. Para Henrique Teixeira,
sócio da McKinsey & Company, os melhores exemplos de ganhos de
escala e aperfeiçoamento produtivo no País estão no mundo corporativo. A
referência ainda é a gigante das bebidas Ambev, conhecida por sua
cultura de resultados, mas ele vê essa preocupação se espalhando por
todos os setores. "Definitivamente, a regra para o momento é a redução
de custos."
Os ganhos de produtividade começam, normalmente, com um problema. No
caso da Ford, a restrição ao crescimento vinha da dificuldade de
concessionárias localizadas em grandes metrópoles de aumentar o espaço
físico das oficinas em um momento de forte valorização do preço do metro
quadrado dos imóveis. Segundo Joaquim Arruda Pereira, diretor de vendas
e marketing da área de pós-venda da Ford, era preciso achar uma
alternativa.
A questão afetava a concessionária onde Everton e Joaquim trabalham, a
Caoa da Avenida Ibirapuera, zona sul de São Paulo. A revenda foi
escolhida para um projeto-piloto de trabalho com dois mecânicos em cada
box de atendimento, no ano passado. A montadora já estendeu a iniciativa
para 15 concessionárias no País. "Estamos identificando os pontos já
saturados ou perto de seu limite. É uma boa solução para as grandes
cidades", diz o executivo da Ford.
Sobrevivência.
Falhas de processos ficam mais
evidentes em momentos de crise. A Usiminas viveu isso na pele ao longo
dos últimos dois anos. "A gente percebeu, em 2012, que a empresa
precisava mudar. Era uma questão de sobrevivência", diz Gileno de
Oliveira, gerente-geral de engenharia de processos industriais. Em um
momento de demanda mais baixa, a empresa trabalhou para reduzir seus
gastos com equipamentos.
Em uma linha que produz placas de aço para a produção de bobinas
laminadas, havia oito unidades em operação em Ipatinga (MG) e Cubatão
(SP). A saída, conta Oliveira, foi aumentar a produtividade das máquinas
mais potentes para produzir a mesma quantidade do produto com seis
máquinas. Em outro processo, o de laminação a frio, uma linha mais
moderna substituiu duas antigas. Esse processo reduziu a necessidade de
operadores e, por consequência, gastos com mão de obra.
O resultado já começou a aparecer no balanço da Usiminas. Segundo o
gerente da área de processos industriais, as mudanças causaram uma queda
de 7% no custo dos produtos vendidos em 2013, na comparação com o ano
anterior. Depois de amargar um prejuízo de R$ 598 milhões em 2012, a
companhia fechou o ano passado com um lucro de R$ 17 milhões. Ainda
assim, prevê a continuidade do programa de redução de custos.
Moda.
A InBrands cresceu fazendo uma série de
aquisições de marcas de moda. Há dois anos, teve de fazer uma "parada
técnica" para reorganizar a casa e tirar proveito das vantagens de ser
uma holding. O presidente da InBrands, Michel Sarkis, diz que a
administração e distribuição das diferentes marcas - como Ellus,
Richards e VR - foi unificada. Com isso, as despesas gerais e
administrativas da InBrands, que representavam 25% da receita em 2011,
caíram para 11% no ano passado.
A Natura também está investindo em produtividade, com a meta de fazer
os produtos chegarem mais rapidamente aos consumidores. Segundo Ricardo
Faucon, diretor de serviços ao cliente da Natura, o investimento em
tecnologia tem papel fundamental nesse processo. O novo centro de
distribuição da empresa, em São Paulo, poderá processar 2 mil caixas de
pedidos por hora. Trata-se de um aumento de 66% na capacidade ao centro
de Cajamar, que organiza 1,2 mil pedidos por hora.
À medida que a concorrência aumenta no mercado de beleza, a marca de
vendas diretas busca manter sua atratividade em relação ao varejo, que
oferece os produtos em pronta entrega. Para aumentar a produtividade das
revendedoras, liberando-as para fazer novas vendas, a companhia definiu
uma meta ambiciosa: ter 60% de seus produtos entregues em até 48 horas
aos clientes. A exemplo do que ocorre com a produtividade como um todo
no Brasil, ainda falta bastante para a Natura "chegar lá": em 2013, esse
prazo foi cumprido em 34% das vendas.
Interferência do governo custou mais de R$ 180 bilhões a estatais brasileiras
- Nos últimos três anos, Petrobras perdeu 60% de seu valor de mercado, enquanto Eletrobras encolheu 63%
Danilo Fariello
BRASÍLIA — Em 2008, o valor de mercado da Petrobras era cinco vezes
superior à da colombiana Ecopetrol. No ano passado, as duas empresas
chegaram a valer o mesmo na bolsa. Enquanto a petrolífera vizinha
praticamente manteve o seu valor de mercado nos últimos três anos, a
estatal brasileira encolheu US$ 137 bilhões, ou 60% desde o fim de 2010.
Em reais a Petrobras valia R$ 380,24 bilhões e passou a valer R$ 214,
68 bilhões, um tombo de 43%. Ainda mais acelerada foi a desvalorização
da segunda maior empresa controlada pelo governo, excluídos os bancos.
Do quarto trimestre de 2010 até o último balanço publicado, no terceiro
trimestre de 2013, a Eletrobras viu seu valor de mercado em reais cair
63%: de R$ 26,2 bilhões para R$ 9,6 bilhões, segundo cálculos da
consultoria Economatica. Juntas as duas perderam R$ 182,16 bilhões.
A
perda de valor das estatais federais ao longo dos últimos anos, segundo
especialistas, resulta principalmente da interferência política na
gestão das companhias, o que contribui para o enfraquecimento do mercado
de ações brasileiro, onde as duas sempre tiveram boa parte dos
negócios. O governo tem exigido das estatais elevados investimentos a
curto prazo e, ao mesmo tempo, permite que as dívidas brutas dessas duas
empresas disparem, avaliam especialistas. Mas o principal problema,
segundo eles, é a limitação das receitas obtidas pelas companhias.
—
A Petrobras é alvo de manipulações, tendo os reajustes (dos
combustíveis) limitados para colaborar com a inflação, e, no caso da
Eletrobras, só um louco compra ações da empresa hoje, com essa confusão
sobre as dívidas da empresa após o subsídio ao uso das usinas térmicas e
a redução das tarifas — diz Paulo Feldmann, pesquisador de Economia das
Organizações da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade
(FEA-USP) e ex-presidente da Eletropaulo.
Analistas
apontam a frequência cada vez maior do uso dessas empresas para fins
fiscais e monetários pelo governo, o que enfraquece a gestão das
companhias e sua sustentabilidade a longo prazo.
— O governo Dilma
Rousseff adotou uma estratégia de uso mais intenso das estatais,
forçando interesses do governo, mais ou menos como era feito no período
militar e na década de 80, com o uso delas para controlar preços — diz
Sérgio Lazzarini, professor do Insper e co-autor do livro “A reinvenção
do capitalismo de Estado: a evolução do Leviatã”, a ser lançado.
‘Ninguém sabe a conta’
Lazzarini
destaca que é compreensível que um governo use as estatais para
imprimir determinados rumos à economia nacional. Ele diz, porém, que a
falta de transparência quanto às recentes atitudes acaba por turvar a
visão do mercado sobre as companhias. Representantes de acionistas
minoritários nessas empresas frequentemente reclamam que, muitas vezes, a
gestão da macroeconomia prevalece sobre o interesse próprio das
estatais. Exemplos disso seriam o freio no aumento dos preços dos
combustíveis, e a adesão da Eletrobras, no ano passado, à proposta de
renovação de concessões mediante redução de receitas, rejeitada por
outras estatais de gestão estadual.
— Houve enorme aparelhamento
dessas máquinas e, nisso, você levou para dentro delas o que pensávamos
que já tinha acabado, que é o modelo patrimonialista, no qual se
confunde interesse do Estado com interesse das pessoas no poder — diz o
economista José Matias-Pereira, professor da UnB e ex-conselheiro do
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Esses
economistas lembram que, assim como o controle do preço dos combustíveis
afeta negativamente os resultados da Petrobras, a redução de 20%, em
média, das tarifas elétricas em 2013 enterrou os planos de expansão da
Eletrobras para o exterior e qualquer alusão à meta de transformá-la na
“Petrobras do setor elétrico”.
— A pergunta é: quanto custa essa
maneira de se combater a inflação pelas estatais? Custa caro e ninguém
sabe a conta. Na minha opinião, elas viraram autarquias, apêndices do
Tesouro Nacional. O interesse do controlador soa tão mais alto, que a
ação de produção fica no segundo plano — afirma o economista José
Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV.
Matias-Pereira destaca
que, mesmo com seus caixas combalidos, as estatais têm sido forçadas
pela União a elevar o volume de investimentos federais, o que acaba
resultando na disparada do endividamento dessas empresas. Nesse esforço,
o volume de investimento das estatais em 2013 foi recorde, de R$ 113,5
bilhões, segundo o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas
Estatais (Dest), do Ministério do Planejamento. Mesmo assim, o setor de
energia, onde Petrobras e Eletrobras lideram os recursos, deveria
responder por quase a metade do PAC 2, o que não ocorre na prática.
—
Em 12 meses, o endividamento da Petrobras cresceu R$ 68 bilhões. Isso é
um sinal financeiro de como a empresa está agravando a sua situação —
disse.
Segundo os cálculos de Roberto Afonso, a partir de dados do
Dest, as duas estatais tiveram déficit primário de 0,71% do Produto
Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) no
ano passado (0,09% para Eletrobras e 0,62% para Petrobras). Para efeito
de comparação, ele lembra que o superávit primário do governo central
foi de 1,57% do PIB em 2013:
— Se ainda estivessem computadas
dentro do setor público (como ocorreu no passado), as duas empresas
consumiriam quase a metade do superávit primário feito pela União —
afirma Afonso.
Ele diz ainda que as duas empresas investiram 2,2%
do PIB no ano passado, segundo o Dest, mas, para isso, tomaram 1,58% do
PIB em operações de crédito. Como as estatais estão sendo chamadas a
puxar os investimentos em infraestrutura, logo acabam se endividando e
gerando déficits, avalia o pesquisador do Ibre/FGV.
— Para
investir, elas estão precisando se endividar cada vez mais e isso acaba
por deprimir a avaliação de mercado dessas empresas, que, aliás, já
gastaram 0,28% do PIB com juros. A decisão de se endividar segue apenas o
interesse do governo, por isso não faltam ações na Justiça e na
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionando isso — afirmou
Afonso.
Procurado, o Dest informou em nota que “não se manifesta
sobre valores de mercado de empresas de capital aberto, cuja
controladora é a União, por sua condição de coordenadoria e governança
das estatais.” O Dest diz ainda que as empresas têm seus próprios canais
de relação com investidores e prestam contas à CVM.
A Petrobras
não comentou o teor da reportagem. A Eletrobras, em nota, informou que,
quanto à desvalorização das ações, é preciso levar em conta que, em
janeiro de 2010, foi aprovada a forma de pagamento dos dividendos
relativos a exercícios sociais de 1979 a 1984, 1989, 1996 e 1998, no
valor total de cerca de R$ 10 bilhões, dividendos estes que estavam
embutidos no valor das ações daquele período. Segundo a Economatica,
porém, seus cálculos já são ajustados conforme o pagamento de proventos,
como dividendos.
A Eletrobras informa ainda que, em setembro de
2013, apresentava dívida líquida positiva, com saldo de cerca de R$ 1
bilhão a receber de financiamentos feitos pela companhia. O próximo
balanço da empresa será publicado no dia 27. Este ano, a empresa ainda
terá o impacto desfavorável da escassez de chuva que já se refletiu nas
ações do setor elétrico na Bovespa pelo temor do racionamento.
Feldmann,
da USP, defende que o governo tire as ações de Petrobras e Eletrobras
do mercado, para preservar os investidores das possíveis manipulações.
Criar emprego é mais importante que controlar inflação, diz Lula
Em entrevista a jornal italiano, ex-presidente faz defesa à política econômica de Dilma e descarta disputar eleições em 2018
10 de março de 2014 | 9h 09
Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a
criação de empregos deve ser a prioridade na economia em detrimento de
outros temas, como o controle da inflação. Em entrevista ao jornal
italiano La Reppublica publicada no domingo, o ex-presidente
reafirmou apoio à reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Sobre a disputa
presidencial seguinte, disse que política é "imprevisível". Apesar
disso, Lula diz que a natureza é implacável e ele estará com 72 anos na
eleição presidencial de 2018.
Ao jornal italiano, Lula diz que "críticos gostariam que
diminuíssemos o emprego para reduzir a inflação". "Mas para nós a defesa
do emprego é mais importante que a inflação", disse. Lula comentou que
foram criados 21 milhões de empregos nos últimos 11 anos (oito do
governo Lula e três de Dilma Rousseff) e 42 milhões de brasileiros
entraram na classe média. Na entrevista publicada, Lula não citou
números da inflação.
Sobre as eleições presidenciais, Lula foi questionado sobre eventual
volta para tentar a disputa de 2014. "Não. Eu vou apoiar minha
companheira Dilma Rousseff", disse. Sobre 2018, Lula diz que a política é
"imprevisível". "Mas a natureza é implacável: em 2018, para a eleição
seguinte, eu terei 72 anos".
Questionado sobre os protestos populares, o ex-presidente diz que
após a ascensão social dos últimos anos "brasileiros agora querem mais e
com razão". Para Lula, isso só acontece atualmente porque há uma
"democracia verdadeira" no País e as pessoas podem se expressar. Sobre a
Copa do Mundo, Lula reconhece que poderá haver atrasos em obras de
infraestrutura. Mesmo assim, avalia que o Brasil sairá fortalecido do
evento.
Lula também fez uma crítica à atuação do presidente da Venezuela,
Nicolás Maduro. O ex-presidente brasileiro disse que o atual governo
venezuelano errou ao não se esforçar para iniciar um dialogo maior com a
oposição.
Sobre a imagem do Brasil no exterior, Lula diz que o País era uma
"criança" que cresceu e começou a ter um papel mais importante na
economia, nos cargos internacionais e na mediação de assuntos globais.
Por isso, diz, o Brasil estaria sendo visto como um "incômodo" para
alguns países.
Taxas abusivas são armadilhas antes do crédito
O Estado de S.Paulo
Armadilhas na hora de comprar um imóvel começam antes do
financiamento. A mais recorrente é o Serviço de Assessoria Técnica
Imobiliária (Sati), pelo qual é cobrado 0,88% sobre o valor do bem, sob
alegação de que o mutuário terá auxílio jurídico para o crédito
imobiliário.
"Na prática, isso não ocorre. Quando os financiamentos eram mais
burocráticos, o serviço era necessário, mas hoje é mais simples, e o
financiamento sai, em média, em 30 dias", diz Renata Reis, do Procon.
Outra tática é cobrar taxa de corretagem, de até 8%. Essa comissão só
deve ser paga se o corretor for contratado pelo consumidor para
procurar o imóvel para ele. "As construtoras contratam imobiliárias para
vender o imóvel e, na hora de fechar o negócio, cobram do consumidor.
Essa taxa é ilegal e deveria ser paga pela construtora", diz Maria Inês
Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associação de
Consumidores.
A taxa de interveniência é cobrada quando o comprador financia com um
banco não indicado pela construtora e pode chegar a R$ 3 mil ou 2% do
valor do financiamento. "Isso caracteriza venda casada e deve ser
questionado na Justiça", alerta a especialista do Procon.
Construtoras impõe taxa de 3% quando o comprador quer transferir o
imóvel em construção para que outra pessoa assuma as prestações do
financiamento. "É cobrança abusiva e não está prevista no Código de
Defesa do Consumidor", afirma Dolci. "Se já pagou, é possível reverter
isso nos órgãos de defesa do consumidor ou na Justiça."
A principal reclamação é contra a negativa de crédito. Marco Aurélio,
da AMSPA, diz que o consumidor, ludibriado pela construtora, fecha
negócio sem ter renda necessária. Quando são entregues as chaves e ele
vai ao banco, não consegue o crédito, restando-lhe três alternativas:
financiar o restante com a construtora, vender o imóvel ou pagar à
vista. Para evitar surpresas, é preciso fazer simulação nos bancos para
saber quanto sua renda permite financiar.
O comprador só pode comprometer até 30% do salário com a prestação da
casa. Embora alguns bancos financiem até 100% do valor do imóvel, a
maioria só empresta 80%. Antes de assinar o contrato, verifique se a
renda é suficiente e se você tem os 20% para entrada.
Brasileiro fecha negócio em 3 horas
10 de março de 2014 | 2h 05
Cláudia Trevisan, enviada especial - O Estado de S.Paulo
AUSTIN, TEXAS - Três horas após a abertura da feira de
negócios da South by Southwest, o produtor e diretor de cinema e TV
Leandro HBL havia fechado dois negócios. A Nike encomendou um estudo
sobre estética brasileira, de olho na Olimpíada de 2016, e a revista
Victory comprou dez documentários sobre esportes, que HBL começará a
realizar assim que voltar ao Brasil.
Fundador da Mosquito Projects e do Bando Studio, o produtor é
veterano no SXSW, que frequenta desde 2003. Seu filme Favela on Blast,
co-produzido pelo DJ americano Diplo, foi lançado na edição de 2009. "É
difícil fechar negócios na primeira participação. A presença constante
ajuda", disse HBL, que não revelou valores.
A Mosquito integra o grupo de 12 empresas maduras que foram a Austin
buscar parcerias. Donos da MJV, Ysmar e Maurício Vianna se destacam
entre os empreendedores brasileiros pela idade e tempo de estrada.
Fundada em 1997, a empresa transitou do TI ao desenvolvimento de
soluções inovadoras para problemas corporativos. "Usamos pessoas
criativas para encontrar saídas para questões enfrentadas por nossos
clientes", disse Maurício, de 46 anos, filho de Ysmar, de 70.
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