O Estado de S.Paulo
Armadilhas na hora de comprar um imóvel começam antes do
financiamento. A mais recorrente é o Serviço de Assessoria Técnica
Imobiliária (Sati), pelo qual é cobrado 0,88% sobre o valor do bem, sob
alegação de que o mutuário terá auxílio jurídico para o crédito
imobiliário.
"Na prática, isso não ocorre. Quando os financiamentos eram mais
burocráticos, o serviço era necessário, mas hoje é mais simples, e o
financiamento sai, em média, em 30 dias", diz Renata Reis, do Procon.
Outra tática é cobrar taxa de corretagem, de até 8%. Essa comissão só
deve ser paga se o corretor for contratado pelo consumidor para
procurar o imóvel para ele. "As construtoras contratam imobiliárias para
vender o imóvel e, na hora de fechar o negócio, cobram do consumidor.
Essa taxa é ilegal e deveria ser paga pela construtora", diz Maria Inês
Dolci, coordenadora institucional da Proteste Associação de
Consumidores.
A taxa de interveniência é cobrada quando o comprador financia com um
banco não indicado pela construtora e pode chegar a R$ 3 mil ou 2% do
valor do financiamento. "Isso caracteriza venda casada e deve ser
questionado na Justiça", alerta a especialista do Procon.
Construtoras impõe taxa de 3% quando o comprador quer transferir o
imóvel em construção para que outra pessoa assuma as prestações do
financiamento. "É cobrança abusiva e não está prevista no Código de
Defesa do Consumidor", afirma Dolci. "Se já pagou, é possível reverter
isso nos órgãos de defesa do consumidor ou na Justiça."
A principal reclamação é contra a negativa de crédito. Marco Aurélio,
da AMSPA, diz que o consumidor, ludibriado pela construtora, fecha
negócio sem ter renda necessária. Quando são entregues as chaves e ele
vai ao banco, não consegue o crédito, restando-lhe três alternativas:
financiar o restante com a construtora, vender o imóvel ou pagar à
vista. Para evitar surpresas, é preciso fazer simulação nos bancos para
saber quanto sua renda permite financiar.
O comprador só pode comprometer até 30% do salário com a prestação da
casa. Embora alguns bancos financiem até 100% do valor do imóvel, a
maioria só empresta 80%. Antes de assinar o contrato, verifique se a
renda é suficiente e se você tem os 20% para entrada.
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