O
diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto
Azevêdo, disse ontem que a sua expectativa é de que haja um entendimento
entre Brasil e EUA em relação ao contencioso do algodão. "As
conversações continuam no plano bilateral. Há uma sempre expectativa de
que, quando há diferenças entre dois membros, que ela seja resolvida
bilateralmente da maneira mais rápida possível", afirmou Azevêdo, em
Washington, em rápida entrevista, depois de participar de evento na
Câmara Americana de Comércio. Antes, ele havia se encontrado com o
presidente Barack Obama, de quem ouviu que os EUA mantêm o compromisso
com o sistema multilateral de comércio.
Ao comentar o imbróglio entre o Brasil e EUA sobre o algodão, Azevêdo
disse que "há outras negociações em andamento que, quem sabe, podem
ajudar na própria negociação da Rodada de Doha. Quem sabe chegarão a
entendimentos que permitam virar a página sobre o contencioso do algodão
também".
Em 19 de fevereiro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) autorizou a
instalação de um painel de implementação na OMC, para avaliar se a nova
lei agrícola americana segue as regras da organização no que diz
respeito aos subsídios para o algodão. Com isso, o Brasil optou por não
retaliar os EUA, ainda que análise preliminar do governo indique que a
nova Farm Bill também tem elementos distorcivos. O Brasil ainda não
entrou com o pedido na OMC.
Em 2009, a OMC autorizou o Brasil a retaliar os EUA em US$ 830
milhões, devido aos subsídios aos produtores de algodão. O país não
retaliou porque se chegou a um acordo pelo qual os EUA pagariam US$ 147
milhões por ano para o Instituto Brasileiro de Algodão (IBA), até que o
Congresso aprovasse uma lei agrícola de acordo com as regras OMC. Em
setembro passado, contudo, os americanos romperam o acordo, ao pagar um
pouco de menos de 40% da parcela mensal de US$ 12,3 milhões. Em
dezembro, a Camex definiu o recomeço do processo de consultas públicas
para retaliar os EUA. Com aprovação da nova Farm Bill, porém, optou por
não retaliar agora.
Azevêdo disse que, na conversa com Obama, os dois falaram do acordo
alcançado em dezembro em Bali, na Indonésia, de facilitação de comércio,
e da importância da continuidade da parceria entre os EUA e a OMC nos
próximos passos da Rodada de Doha. "Tanto ele como eu achamos que essas
negociações devem ser rápidas e com base em resultados objetivos e
possíveis."
Em seu discurso, Azevêdo afirmou que "a OMC precisa dos EUA, e os EUA
precisam da OMC." O país está em negociações com a União Europeia para
formar a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimentos, e mantém
conversas para a criação da Parceria Transpacífica, tratando com 11
países.
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