Vídeos institucionais costumam ser usados para exaltar qualidades de quem paga por eles. Mas o da Fifa vira espaço de críticas ao Brasil na voz de Jérôme Valcke
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em visita ao Itaquerão: inauguração de Arena da Amazônia não é tão boa notícia assim, salienta em vídeo
São Paulo – Era para ser um vídeo
feliz – ou ao menos é assim que se convencionou encarar as gravações
institucionais, que mostram sempre o lado positivo de quem decide pagar
por elas – mas o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, teve dificuldades para manter a diplomacia comum neste tipo de material e o recheou de críticas ao Brasil.
Postado no YouTube da entidade ontem,
o vídeo começa de forma previsível: música animada, imagens de Valcke
chutando uma bola e, para coroar, uma pergunta feliz, daquelas com
potencial para ser respondida no mesmo tom.
“Quão importante foi a boa notícia da inauguração do estádio em Manaus em relação aos preparativos da Copa do Mundo?”, é a indagação feita no material oficial.
Mas Valcke não se segura.
“A boa notícia teria sido, para ser muito honesto, ter os estádios (prontos) em dezembro de 2013, e não março de 2014”, é a primeira frase do secretário-geral.
Entre outras informações mais amenas, ele diz ainda que a inauguração é
“boa notícia para lembrar aos outros três (estádios) que faltam que
eles devem ficar prontos”.
Sobre as obras pendentes, Valcke demonstra especial preocupação com a ausência de pavimento ao redor do Beira-Rio, em Porto Alegre.
“Isso demora pelo menos de 2 a 3 meses (para ficar pronto), e estamos a três meses de distância da Copa”, afirma.
Assim, um vídeo que era para primar mais pela propaganda que pelo debate, vira espaço para alfinetadas à organização do evento.
No fim, ele rebate a acusação de que o Brasil não terá um legado com o mundial.
“O custo da Copa
para a Fifa é de 1,3 bilhão de dólares. A Fifa não está pedindo nenhum
suporte financeiro das autoridades brasileiras. O que for gasto pelas
cidades vai ficar dentro do país, é infraestrutura, coisas que serão usadas pelo país e que não serão levadas pela Fifa quando sairmos, no dia 14 de julho”.
Farpas
As relações de amor e ódio entre Fifa e Brasil têm sido uma constante
nos últimos meses. É comum que nomes da entidade, como o presidente
Joseph Blatter, revelem preocupação à imprensa internacional, mas baixem
o tom quando chegam por aqui.
Embora, como dito, a veiculação de críticas em um material
institucional cause algum estranhamento, as falas nem de perto se
aproximam do "chute no traseiro" que Valcke mencionou que o Brasil mereceria, em 2012.
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