SÃO PAULO - Os
níveis atuais dos reservatórios e as perspectivas para este ano tornam
um racionamento de energia em 2014 inevitável, informou o banco Brasil
Plural em relatório enviado a clientes. Para a instituição, o risco
desse cenário ocorrer é de 100% — o que o texto chama de “elefante
político que não pode ser ignorado”.
Os analistas Francisco Navarrete, Tatiane Shibata e Arthur Pereira
basearam essa visão em estudo feio pela consultoria PSR, que previa
aumento da chance de racionamento, de 18,5% para 24%, em apenas um mês. O
problema, diz o Brasil Plural, é que os cálculos foram feitos sobre
estimativas oficiais do governo.
O risco se baseou na perspectiva dos órgãos regulatórios de que as
chuvas vão se intensificar em março. “Mas o regulador fez essas
projeções extrapolando os níveis vistos na primeira semana, que foi
forte em termos de precipitação, para o resto do mês”, critica o banco.
Essa conta estaria errada na opinião de especialistas, que esperam,
na verdade, que o mês de março decepcione em termos de chuva, lembra o
relatório — a diferença seria da ordem de 78% para 73%. Usando essas
previsões mais pessimistas, a chance de racionamento subiria para 77%.
Mesmo assim, o Brasil Plural comenta que há, ainda, três pontos não
considerados que aumentariam esse risco. Primeiro, a instituição não
acredita que as usinas térmicas poderão operar, por tanto tempo, a 100%
de sua capacidade para impedir o racionamento. Além disso, o banco
estima que os níveis dos reservatórios chegarão a 10% em novembro neste
ritmo — um patamar muito perigoso.
Por fim, o relatório indica que pode haver problemas também na
geração por meio do bagaço da cana-de-açúcar. A safra atual está, em
parte, ameaçada e pode faltar matéria-prima para que essas usinas de
biomassa operem. Segundo o banco, a redução na geração pode chegar a 3,4
mil megawatts na segunda metade do ano.
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