domingo, 9 de março de 2014

População confia em jornais, mas só 6% leem diariamente, diz pesquisa


Por Bruno Peres | Valor
 
BRASÍLIA  -  (Atualizada às 17h13) A televisão continua sendo o meio de comunicação mais utilizado pela população brasileira, de acordo com pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), segundo a qual 65% dos brasileiros estão expostos diariamente ao meio televisivo, com uma média diária de 3h30 de uso. Os jornais são o veículo mais confiável, mas a internet é o meio de comunicação que mais cresce, de acordo com o levantamento.

Gero Breloer/AP

Os dados fazem parte da primeira edição da “Pesquisa Brasileira de Mídia” encomendada pela Secom ao Ibope com o objetivo de identificar os hábitos de consumo de mídia pela população brasileira e subsidiar a elaboração da política de comunicação social e divulgação das atividades do Executivo.

A pesquisa foi feita entre outubro e novembro de 2013, nos 26 Estados e no Distrito Federal e tem margem de erro máxima estimada em 1 ponto percentual.

Depois da TV, a internet se tornou o meio mais utilizado pela população, com audiência diária de 26% da amostra e tempo médio de exposição de 3h40m. Na sequência em acesso diário vem o rádio, com audiência de 21% e tempo médio de exposição de 3 horas.

A pesquisa diz que 31% dos lares brasileiros são atendidos por um serviço pago de TV, enquanto a TV aberta está presente em 91% dos domicílios brasileiros. Entre os entrevistados, 24% afirmam ter ambas as formas de acesso, havendo correlação entre renda e acesso à TV paga. A antena parabólica está presente nos lares de 37%, sendo mais comum no interior do país.

Os dados do levantamento mostram que a maioria dos brasileiros (75%) não costuma ler jornal impresso, enquanto 6% da população tem o hábito de leitura diária de jornais, com média de 1h05m dedicada à leitura. Notícias locais (33%), esportes (25%) e notícias de âmbito nacional (21%) são os assuntos  de maior interesse dos leitores entrevistados.

Revistas impressas - semanais - são consumidas por 7% dos entrevistados, que afirmam ler publicações uma vez por semana ou mais. O total de leitores diários de revistas representa 1%.

Ao questionar o nível de confiança dos entrevistados na mídia em geral, as notícias veiculadas em jornais impressos são as que apresentam maior índice (53% dos leitores dizem confiar sempre ou muitas vezes), seguidas das notícias veiculadas por rádio e TV, tecnicamente empatadas (50% e 49% respectivamente). Propagandas veiculadas por jornais impressos apresentam maior nível de confiança entre os usuários (47%), seguidas por anúncios de rádio e TV (ambos com 42%) e de revistas impressas (36%).


Internet


A pesquisa afirma que a internet é o meio de comunicação cuja utilização mais cresce entre os brasileiros, embora o levantamento não apresente perguntas referentes a migração de plataforma por parte de usuários de veículos de comunicação. A pesquisa aponta que 53% dos entrevistados nunca usam ou não costumam usar a internet, enquanto 26% dos entrevistados fazem uso diário da rede mundial de computadores, com uma média diária de uso de 3h40m.

A segmentação dos resultados de frequência de uso mostra que o hábito de acessar a internet é mais comum na população mais jovem, nos maiores centros urbanos e nos estratos de maior renda e escolaridade. A pesquisa destaca o peso das redes sociais - em especial o Facebook - entre os acessos diários e os sites mais são citados por usuários como fonte de informação.

Com menor nível de confiança entre os entrevistados estão notícias publicadas por blogs - apenas 22% dos pesquisados confiam sempre ou muitas vezes nesse tipo de conteúdo -, seguidas de notícias de redes sociais (24%) e de sites (28%). O índice de confiança de anúncios de blogs é de 19%.


Tendências


Na avaliação da Secom, cabe ao governo estar atento a tendências de consumo de mídia nos próximos anos, tendo em vista a adesão aos meios digitais de comunicação, “procurando sempre a maior qualidade na sua comunicação, de forma técnica e transparente”.

A intenção do governo é repetir anualmente a pesquisa para “descrever as mudanças tecnológicas e comportamentais que afetam a utilização dos meios de comunicação”.

O documento foi apresentado no Palácio do Planalto pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Thomas Traumann. De acordo com a Secom, a pesquisa custou R$ 2,4 milhões e foi realizada pelo Ibope por meio de licitação.

A abrangência nacional da pesquisa é destacada pela Secom. O levantamento foi elaborado entre agosto e outubro do ano passado, com a participação de especialistas e acadêmicos em pesquisas de opinião pública, e contemplou 75 perguntas feitas a 18.312 brasileiros, em 848 municípios.

A Secom destacou no documento que estudos semelhantes comumente difundidos no setor privado “privilegiam ou limitam” as amostras aos grandes centros urbanos, o que, na avaliação da pasta, “reduz ou até mesmo elimina” a presença do interior do país.

“No setor público, entretanto, a natureza da relação entre governos e cidadãos exige uma comunicação para todos, e não apenas com brasileiros-consumidores”, diz o documento, cuja íntegra está disponível na página da Secom na internet.

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