Novo ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, e senadores fazem reuniões para definir estratégia na tentativa de esvaziar comissão
Atualizado às 12h15 - Erich Decat, da Agência Estado
Brasília - Integrantes da base aliada no Congresso e do
próprio governo intensificam nesta segunda-feira, 31, articulações para
tentar evitar a criação da CPI da Petrobras no Senado, cujo requerimento
de abertura tem leitura em plenário prevista para esta terça, 1º, pelo
presidente do Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Apesar da previsão de leitura, não há regimentalmente nenhum prazo
estabelecido para que isso ocorra. Ou seja, caso queira, Renan pode
adiar a leitura em plenário. Segundo apurou o Broadcast Político,
serviço em tempo real da Agência Estado, essa possibilidade é uma
aposta de integrantes do Palácio do Planalto que vêm acompanhando de
perto o desenrolar das discussões.
Antes mesmo de tomar posse como ministro de Relações Institucionais, o
deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) participa de uma série de
reuniões nesta segunda-feira com aliados em que o tema central será a
criação da CPI. A posse do petista está prevista para esta terça.
"Normalmente se estabelece uma distorção do processo investigatório em
uma CPI. Evidentemente fica uma disputa entre oposição e base e um clima
de instabilidade. Isso interessa apenas à oposição e não à situação",
afirmou Berzoini.
Na semana passada, líderes da oposição protocolaram requerimento com
28 assinaturas para abertura da comissão na Casa. O texto do
requerimento tem como objetivo investigar supostas irregularidades
cometidas entre 2005 e 2014, entre elas a compra da refinaria de
Pasadena, no Texas (EUA). A aquisição já é investigada por órgãos
fiscalizadores por suspeita de superfaturamento.
Senadores da bancada do PT também vão se reunir nesta segunda-feira
para discutir uma estratégia para tentar esvaziar a CPI. "Vamos sentar
pela manhã e à tarde para fazer uma avaliação. Obviamente que a primeira
alternativa nossa é não ter a CPI. A segunda é ver como seria
administrada a comissão e avaliar essa ideia de ter uma CPI mais ampla",
afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
CPI ampla.
A ampliação do tema que poderá ser
investigado pela CPI ainda não é consenso e pode até parar na Justiça, o
que levaria ao adiamento da criação da comissão por tempo
indeterminado. "A partir do momento que se judicializa não depende mais
do mundo político. Aí quem define o ritmo é quem estiver com a ação na
mão. Mas não tem nenhuma estratégia fechada. Vamos discutir nesta
segunda-feira", afirmou Berzoini. "Essa questão do adendo ainda não está
pacificada. Quem decide é a Mesa do Senado, a Comissão de Constituição e
Justiça, e em última instância o Supremo Tribunal Federal", considerou
Humberto Costa.
Integrantes do governo e do PT defendem que o foco da investigação
seja ampliado e alcance também as denúncias de formação de cartel e
fraudes em licitações de trens em São Paulo e Porto de Suape, em
Pernambuco. Em ambos os casos, os maiores prejudicados seriam partidos
de oposição como o PSDB e o PSB.
Incomodado com a possibilidade de também ter Suape na lista de
investigação dos congressistas, o governador de Pernambuco e possível
candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), teria ligado
para parlamentares da base aliada informando que também colocaria em
discussão a investigação da Transpetro e da Eletrobras, controladas pelo
PMDB.
Agenda positiva.
Em meio à discussão da criação de
uma CPI, considerada como uma pauta negativa para o governo, o
presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), tentará colocar
votações de apelo popular na pauta da Casa.
"Tem um esforço concentrado que vamos fazer na semana do dia 7,
segunda, terça, quarta, quinta e sexta. Já apelei à Câmara para isso,
para fazer esse esforço concentrado em todos esses dias para votar uma
pauta remanescente que está aí desde outubro, como a regulamentação de
empregada doméstica, corrupção como crime hediondo, regras para as casas
de espetáculos, como foi o caso de Santa Maria, o projeto dos
cinegrafistas, reforma política", listou Alves.
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