Criação da comissão é de interesse do blocão formado por descontentes da base aliada
O
Partido dos Trabalhadores (PT) vai se esforçar nesta terça-feira para
evitar a aprovação, no plenário da Câmara dos Deputados, de uma comissão
externa para ir à Holanda para acompanhar investigações da Petrobras. A
sigla alega que não há uma investigação formal envolvendo a empresa
brasileira no país europeu e que a criação do grupo de deputados não tem
suporte no regimento da Câmara.
A aprovação da comissão é uma das iniciativas do blocão
formado por partidos governistas descontentes com a articulação política
do governo Dilma Rousseff, entre os quais o PMDB. A criação da comissão
foi colocada em votação antes do Carnaval, mas uma manobra do PT adiou a
iniciativa.
A comissão era baseada em uma reportagem do jornal Valor
Econômico, segundo a qual a SMB Offshore seria investigada por
autoridades da Holanda, da Inglaterra e pelo Departamento de Justiça dos
Estados Unidos desde 2012. A suspeita é que um ex-funcionário da
empresa teria pagado R$ 250 milhões em propinas, dos quais US$ 139
milhões para intermediários e funcionários da Petrobras. No fim de
fevereiro, no entanto, a Folha de S.Paulo publicou em seu site uma
reportagem em que o Ministério Público da Holanda negou haver uma
investigação formal sobre o tema.
“Um site colocou nos jornais e já foi publicado no mundo
inteiro é que na Holanda nem lá estão investigando. (...) Vão fazer o
quê? Vão passear?”, questionou o líder do PT, deputado Vicentinho (SP).
Se aprovada no plenário da Câmara nesta terça, a criação
da comissão pode ser a primeira derrota do governo Dilma para o blocão,
formado por sete partidos governistas e o oposicionista Solidariedade.
Para a bancada do PT, a criação do grupo não teria sustentação no
regimento da Câmara, porque seria necessário um convite formal do órgão
investigador da Holanda.
Vicentinho pediu ao presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), para que a reunião de líderes da Câmara seja
realizada mais tarde nesta terça, com objetivo de debater melhor a
questão. O líder deverá apresentar uma questão de ordem no início da
sessão plenária e não descarta obstruir a votação.
Crise atrapalha Marco Civil
Segundo
Vicentinho, o clima vivido entre o PMDB e o PT atrapalhou, mais uma
vez, a votação do Marco Civil da internet. Alguns partidos da base
aliada, entre os quais o PR, recomendaram não votar o projeto, de
interesse do governo, neste momento. “Alguns partidos da base estão
recomendando não votar, não significa ser contra o projeto, mas não
votar em função da situação que estamos vivendo agora”, disse.
“Lamentavelmente a situação continua insegura, ainda não resolvida na
relação com o PMDB e com deputados da base do governo”, acrescentou.
Ministra se reúne com deputados
Na
tentativa de “unificar” a base aliada, a ministra de Relações
Institucionais, Ideli Salvatti, se reuniu com deputados individualmente,
mas saiu às pressas para o Palácio do Planalto sem falar com a
imprensa.
“A ministra não participou diretamente da reunião. Ela
se reuniu individualmente com deputados para cumprir missão (...) que é
cada vez mais se esforçar para que os partidos se aglutinem e a gente
recomponha a base do governo”, disse Vicentinho, sem revelar com quais
deputados ela conversou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário