terça-feira, 14 de abril de 2015

Nestlé está perto de vender unidade de alimentos, diz fonte


Divulgação
Nestlé e Google apresentam campanha para Android KitKat
Nestlé: o Credit Suisse está cuidando da venda para a Nestlé, que deve levantar entre 200 milhões e 300 milhões de euros
 
Da REUTERS

Londres - A Nestlé está em conversas avançadas para vender sua unidade de alimentos congelados Davigel ao Brakes Group, controlado pelo fundo Bain Capital, disse nesta terça-feira uma pessoa familiarizada com o assunto.

As conversas, noticiadas mais cedo pelo jornal francês Les Echos, estão em curso e se espera que um acordo seja assinado logo, disse a pessoa, que pediu para não ser identificada pois as discussões ainda são particulares.

O Credit Suisse está cuidando da venda para a Nestlé, que deve levantar entre 200 milhões e 300 milhões de euros (211 milhões a 317 milhões de dólares), disse uma segunda fonte.

A Reuters noticiou no ano passado que a Nestlé estava explorando uma possível venda da Davigel e que o Brakes Group era uma dos potenciais compradores.

A Davigel, que fornece refeições congeladas e sorvetes para restaurantes e hospitais, fazia parte do negócio de alimentos congelados Buitoni comprado pela Nestlé em 1989.

A Nestlé não quis comentar, enquanto o Brakes Group e o Credit Suisse não puderam ser contatados de imediato para comentar.

Acordo com Facebook atropela debate sobre neutralidade


Roberto Stuckert Filho/PR/Fotos Públicas
A presidente Dilma Rousseff e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg
Dilma Rousseff e Mark Zuckerberg: se por um lado a iniciativa tem fins claros de universalização, acaba passando por cima da discussão da neutralidade
Bruno do Amaral, do Teletime


Ainda com a regulamentação da neutralidade de rede pendente no Marco Civil e em pleno processo de consultas públicas, o governo brasileiro já indica uma posição favorável a um dos itens mais polêmicos: a Internet patrocinada.

Na última sexta-feira, durante a VII Cúpula das Américas, no Panamá, a presidenta Dilma Rousseff anunciou acordo com o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, para promover o projeto Internet.org no Brasil com o objetivo de buscar a inclusão digital e facilitar o acesso em regiões remotas.

"A partir de agora, vamos começar a desenvolver estudos em comum até desenhar um projeto com o objetivo de inclusão digital", disse Dilma durante o evento. O ponto de partida será justamente o projeto que a rede social implanta na comunidade de Heliópolis, em São Paulo.

Em um post no Facebook, Zuckerberg afirma que irá fornecer "Wi-Fi rápido e gratuito para todo mundo nessa comunidade para que eles possam acessar serviços básicos de Internet nos seus telefones – incluindo serviços gratuitos envolvendo saúde, trabalho, educação e comunicação", disse.

"A presidenta e eu acreditamos que todo mundo deveria compartilhar dos benefícios sociais e econômicos da conectividade", declarou Zuckerberg, citando ainda que está buscando mais maneiras de poder colaborar com o projeto.
A iniciativa é parte do programa Internet.org, anunciado em agosto de 2013 e composto ainda por Ericsson, MediaTek, Nokia, Opera, Qualcomm e Samsung.

Se por um lado a iniciativa tem fins claros de universalização, acaba passando por cima da discussão da neutralidade de rede. Procurados por este noticiário, a Anatel e o Comitê Gestor da Internet (CGI.br, que encerrou consulta em fevereiro), não quiseram se pronunciar.

Vale lembrar que a agência não incluiu em sua consulta, que se encerra no dia 4 de maio, perguntas específicas sobre o zero-rating ou planos com acesso ilimitado a determinados serviços.

Na ocasião do lançamento, o superintendente de Regulamentação, Alexandre Bicalho, explicou que a opção foi para não induzir o debate e nem mostrar nenhum tipo de viés da agência.

Por sua vez, a consulta do Marco Civil realizada pelo Ministério da Justiça seria encerrada em março, mas foi prorrogada para o dia 30 de abril.

"Mundo vê Brasil como reality show", diz economista do Itaú


Eduardo Monteiro/EXAME
Ilan Goldfajn


São Paulo – Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, não acredita que a meta fiscal será atingida este ano.

“Eu não acho que vai chegar a 1,2% e sim 0,8%, o que é suficiente para as agências de rating pensarem que vale a pena pular pro ano seguinte. Estamos entre 2 cenários: o de ajuste e o de não ajuste. Não tem um terceiro cenário.”
Ele diz que existe uma perspectiva de leve melhora do mercado mais pra frente: "O mundo está olhando para o Brasil como um reality show, como se fosse um grande BBB".
O banco usa um cenário de "ajustes mínimos" - não porque são pequenos ou fáceis, mas no sentido de que serão os mínimos possíveis para evitar a perda do grau de investimento.

Ilan cita o "realismo tarifário" como outro elemento de ajuste: "a energia vai subir em média 50% este ano. Eu não vejo uma coisa dessas há muitos anos". 

Ajuste, aliás, foi a palavra mais citada no painel “O Cenário no Brasil e na América Latina” na conferência Macro Vision, do Itaú BBA, realizada na manhã desta terça-feira no Hotel Unique em São Paulo. E não só o fiscal:

“O que exportamos vale menos, o que importamos vale mais e isso vai exigir vários tipos de ajuste. Não estamos mais no nirvana e precisamos falar disso”, diz Andrés Velasco, ex-ministro da Fazenda do Chile.

Além do fiscal, o outro é cambial - "que vocês sabem muito bem", diz ele, em referência a forte desvalorização do real. O lado bom é que esse enfraquecimento permite um equilíbrio melhor do déficit em conta corrente, que explodiu nos últimos anos.

Como ele precisa ser financiado constantemente, a trajetória atual seria insustentável, ainda mais com a perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos: "todas as crises em emergentes - México, Rússia, asiáticos - vieram em cenário de alta de juros nos EUA", diz Andres.

Ilan vê a crise atual como resultado de fim de ciclos que não foram aceitos ou encarados: “A gente iria desacelerar de qualquer jeito, mas além disso tínhamos problemas estruturais que ficam mais evidentes quando está a maré baixa."

Velasco diz que essa nova maré faz com que a América Latina precise olhar para o que não costuma - como produtividade, eficiência e principalmente a diversificação:

“Sempre falamos de instituições, infraestrutura e coisas assim, mas nada importa mais do que diversificar a economia. Sei que politica industrial ganhou uma má fama no Brasil, mas não importa a palavra, o fato é que precisamos diversificar a cesta de produtos que exportamos.”

Itaú é empresa mais lucrativa em bolsa na América Latina


ITACI
Agência do Banco Itaú
Agência do Banco Itaú: o setor financeiro aparece com o maior número de representantes entre as mais lucrativas, com dez instituições
 
Luana Pavani, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O Banco Itaú é a empresa de capital aberto mais lucrativa da América Latina, segundo pesquisa da consultoria Economatica. O segundo lugar é do Bradesco, seguido por Ambev e Banco do Brasil.

Levantamento com as empresas de capital aberto na região sobre balanços de 2014 convertidos em dólar mostra que entre as 30 maiores, 14 são brasileiras, sete mexicanas, cinco chilenas, duas argentinas e uma colombiana, outra peruana.

O setor financeiro aparece com o maior número de representantes entre as mais lucrativas, com dez instituições. Em seguida, vem o setor de petróleo e gás, com cinco empresas, entre elas a OGX, em processo de recuperação judicial.

A Economatica pondera que o lucro por elas divulgado vem muito mais sobre ganhos extraordinários que operacionais.

A consultoria também fez um levantamento sobre vendas na América Latina, que apontou a America Movil, controladora de Claro, Embratel e Net, como a de maior volume em 2014, cerca de US$ 57,5 bilhões, seguida pelas brasileiras JBS (US$ 45,3 bilhões) e Vale (US$ 33,2 bilhões).

Nesse ranking por vendas, das 30 maiores 14 são do Brasil, oito do México, cinco do Chile, duas da Argentina e uma da Colômbia. Por setor, alimentos e bebidas lidera, com sete empresas, depois vem o de comércio, com cinco empresas.

A Economatica nota que entre as top five apenas JBS teve crescimento de vendas entre 2015 e 2014.

A quebra do paradigma do emprego


publicado por Cezar Taurion
FIgura - Economia on demand e a quebra do paradigma do emprego

A ideia, entranhada em nossa cultura, que ter um bom trabalho é ser empregado de uma empresa é oriunda dos anos 1880/1890.  As industrias criadas pela Revolução Industrial demandaram exércitos de trabalhadores, destruindo com sua capacidade de produção o cenário então predominante de artesãos e profissionais independentes. A indústria têxtil é o melhor exemplo disso, com as industrias têxteis da época eliminando o trabalho dos artesãos. Estas industrias introduziram a estabilidade no emprego, uma estrutura organizacional de comando e controle (estrutura hierárquica) e criaram novas funções e carreiras que poderiam ser trilhadas por quem permanecessem nelas. Surgiram sindicatos e as legislações relativas ao trabalho. Surgiu a distinção entre os trabalhadores nas linhas de produção, operários, e os administradores, os “colarinhos-brancos”, gestores das atividades. Durante dezenas de anos este modelo predominou.

A organização tradicional que conhecemos segue os princípios de Ronald Coase, economista da Universidade de Chicago ganhador do prêmio Nobel, que argumentou que geralmente faz sentido que as empresas façam as coisas internamente em vez de externamente, já que os custos de transação para encontrar fornecedores, negociar contratos e garantir que o trabalho seja bem feito são altos. Ele disse: ”uma empresa tende a se expandir até que os custos para organizar uma transação adicional dentro dela se tornem iguais aos custos para realizar a mesma transação por meio de uma permuta no mercado aberto ou aos custos de organizar em outra empresa”. Este modelo gerou as grandes corporações e suas hierarquias, com diversos escalões de gerentes, VPs júnior, sênior, etc.

A partir dos anos 70 e 80 do século passado com a queda do Muro de Berlim e a consequente expansão da globalização, os avanços tecnológicos da computação, e a Internet começaram a criar fissuras no modelo. Crises econômicas forçaram as empresas a repensarem o modelo de fazerem tudo em casa e a partir daí com a terceirização e automação começaram a transferi-los para prestadores externos, até mesmo em outros países, como o deslocamento de parte da força de trabalho dos EUA para a Índia e a robotização nas linhas de produção das fábricas. Don Tapscott em seu livro Wikinomics escreveu: “a internet causou uma queda tão grande nos custos de transação que, de fato, tornou-se muito mais útil interpretar a lei de Coase ao contrário: hoje as empresas devem encolher até que o custo para realizar uma transação interna não mais exceda o de realiza-la externamente”.

As mais recentes inovações da era da Internet, como a mobilidade, Big data & analytics e social networks estão provocando rupturas na maneira de como as pessoas se comunicam, colaboram e trabalham. Este fenômeno afeta a maneira de como as empresas se organizam, eliminando funções e criando novas. É um desafio e tanto, principalmente na fase de transição quando as novas tecnologias não estão plenamente disseminadas e absorvidas. Uma frase de William Gibson, autor de ficção cientifica e que criou o termo “cyberspace” é emblemática: “the future is here, it´s just not evenly distributed yet”. Talvez seja o momento de debater se as organizações que temos hoje e se as profissões que exercemos serão as mesmas nas próximas décadas. Os avanços tecnológicos e as inovações de ruptura tendem a tornar obsoletos profissões estabelecidas, podem destruir setores inteiros de indústria, mas também criam novas industrias, novos modelos de negócio, e novas profissões.

Já vemos alguns movimentos de mudança acontecendo em muitos países. Um recente artigo do The Economist aborda a questão de forma bem interessante, “There´s an app for that” . O artigo mostra como o uso das tecnologias de mobilidade, social networks e analytics criam novas oportunidades de negócio e trabalho. A ideia por trás de diversas startups é aproximar, com o uso destas tecnologias, contratante e contratado, sem necessidade de uma empresa tradicional no meio. Modelo que podemos chamar de “services on demand”. É o fenômeno da uberização, pois é inspirado pelo modelo do Uber. Nada nos impede de olharmos para frente e vermos que com outras tecnologias, como a Internet das Coisas e impressoras 3D podemos ampliar o modelo para inclusive criação de produtos. Teremos uma “on demand economy”? Uma economia on demand implica em mudança cultural significativa, como por exemplo, a ideia de emprego de tempo integral na mesma empresa.

Como disse o físico Niels Bohr “`É muito difícil fazer previsões, principalmente sobre o futuro’, mas discussões sobre cenários são importantes para que possamos desenhar nossas estratégias. O futurista Ray Kurzweil calcula que nos próximos 100 anos veremos um avanço, equivalente a 20.000 anos do nosso conhecimento atual. Vale a pena ler um pouco sobre sua teoria em “Law of Accelerating Returns”.

Entretanto, a velocidade do avanço tecnológico permite apontar que o trabalho e a organização das empresas como conhecemos hoje será muito impactado nos próximos anos. A velocidade de respostas das empresas terá que ser bem maior que a que vemos hoje.  Na minha opinião, embora continuemos a ver grandes corporações, creio que haverá um espaço cada vez maior para organizações menores e mais ágeis, especializadas, autuando em rede, complementando-se umas às outras.

Isto vai mudar o conceito de emprego e provavelmente demandará inúmeras outras profissões. Talvez daqui a 25 anos ninguém mais comemore 25 anos de atuação na mesma empresa. E muito provavelmente não permanecerá 25 anos na mesma profissão…

E em TI? Há 50 anos tínhamos 5 tripulantes no cockpit de uma aeronave: comandante, copiloto, engenheiro de voo, navegador e radio-operador. Os avanços tecnológicos permitiram que as aeronaves voem agora com dois tripulantes. E estes, diante da automação, tem perfil operacional diferente de décadas atrás. Os computadores voam as aeronaves e os pilotos operam os computadores. Em TI muitas das atuais funções desaparecerão (lembram-se dos digitadores?) e novas serão criadas, com novas competências. Creio que já devemos começar a pensar nisso…


[Crédito da Imagem: Economia on Demand – ShutterStock]

segunda-feira, 13 de abril de 2015

“Impeachment” de Dias Toffoli chega bem fundamentado ao Senado Federal! E aí?


Publicado por Leonardo Sarmento
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Articularemos fornecendo a notícia fundamentada, opinaremos e fundamentaremos nossa opinião. Discorreremos ainda, sobre o procedimento de impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal para que a informação jurídica resta passada com o balizamento teórico necessário.

A Secretaria-Geral da Mesa do Senado Federal acaba de receber uma “denúncia” por crime de responsabilidade contra o ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Se acolhida, pode resultar em processo de impeachment. Perguntamos: será que a mera subsunção aos parâmetros legais para o pedido de impedimento, o fato de estar de bem fundamentado em uma das causas descritas como necessárias faz-se suficiente para que não reste sumariamente arquivado? Os telejornais calaram-se, não tiveram conhecimento ou interesse de informar?

O responsável pela denúncia é o Procurador da Fazenda Nacional Matheus Faria Carneiro, que ressaltou ter tomado a iniciativa na condição de cidadão, não em função de seu cargo.

— Vim aqui exercer um ato de cidadania, com as prerrogativas que a Constituição me dá, buscando restabelecer o sentimento de que os agentes públicos devem prestar contas a seus administrados e a seus jurisdicionados. Acho que este ato pode ser o início de um novo paradigma, de outros cidadãos fazerem o mesmo também. Eu sou só mais um — explicou.

O gabinete do ministro Dias Toffoli não se manifestou sobre o assunto até a publicação desta reportagem. Carneiro argumenta que o ministro Toffoli teria incorrido em crime de responsabilidade ao participar de julgamentos em que deveria ter declarado suspeição. O procurador cita o caso específico do Banco Mercantil, onde o ministro contraiu empréstimo em 2011. Posteriormente, Toffoli participou de julgamentos que envolviam o banco.

— Ele foi relator e julgou ações em que era parte o Banco Mercantil, onde fez empréstimo milionário. Ao fazê-lo, julgou em estado de suspeição. Não interessa se julgou a favor ou contra o banco, mas o fato é que não poderia julgar. Ao julgar, incorreu em crime de responsabilidade. São fatos objetivos e notórios, não há discricionariedade [na denúncia] — afirmou Carneiro.

Toffoli conseguiu 1,4 milhão da instituição financeira a serem quitados em 17 anos. Após decisões nos processos Toffoli conseguiu descontos nos juros dos dois empréstimos. A alteração assegurou-lhe economia de R$ 636.000,00 nas prestações a serem pagas. Nos termos do CPC, CPP e RISTF, cabe arguição de suspeição do magistrado quando alguma das partes do processo for sua credora. Após os dois empréstimos, Toffoli assumiu a relatoria de dois processos proferindo decisões em favor do Banco Mercantil.

O procurador também disse esperar que o Senado acolha a denúncia e dê andamento ao processo de investigação contra o ministro. Para ele, a Casa tem a obrigação de levar o caso adiante por ser parcialmente responsável pela nomeação de Toffoli – os ministros do STF devem passar por sabatina no Senado e ter seus nomes aprovados pelo Plenário antes de serem empossados.

— O Senado, assim como o sabatinou, tem o dever perante a sociedade de fazer cumprir a lei, apurar os crimes que eu denuncio e responsabilizá-lo. Não espero nenhum tipo de justiçamento. Espero que ele tenha direito ao contraditório e à ampla defesa.

Vice-líder do PT, o senador Paulo Rocha (PT-PA), reconhece a legitimidade do ato da denúncia, mas disse não acreditar que ela possa prosperar na Casa.

— Qualquer pedido de intervenção ou impedimento de autoridade deve ser analisado pelo Senado. Mas não creio que esse tipo de iniciativa logre avanços. O ambiente em que está o nosso país, de democracia, liberdades e funcionamento das entidades, não dá motivo nenhum. O Senado é uma casa democrática, que tem a leitura do momento que estamos vivendo.

Outrossim, ousamos divergir do nobre petista Senador da República, quando não é desta forma, em tese, que se analisa se um pedido de impeachment deve o não restar arquivado, deve ou não prosperar em sua ritualística. Não é o “bom funcionamento da democracia” [há divergências quanto ao termo que qualifica], capaz de fundamentar o arquivamento de uma causa passível de impedimento que a mesma seja processada (sentido amplo). Partidarismos à parte, fundamento melhor dever-se-ia buscar o Partido dos Trabalhadores na defesa de seu pupilo, data máxima vênia, embora saibamos, que de praxe, qualquer argumento pueril faz-se suficiente visto o encarceramento que as razões da política impõem à quaisquer outras razões, inclusive as de direito.

O processo de impeachment de um ministro do STF tem várias etapas e é bastante longo. Ao contrário do pedido de impedimento da presidente da República, que deve ter início na Câmara dos Deputados, a acusação contra membro do Tribunal se inicia e se conclui no Senado. Se a denúncia for aceita pela Mesa, é instalada uma comissão especial de 21 senadores, que realiza diligências e inquéritos e decide sobre a pertinência ou não do pedido.

Caso o processo chegue a sua fase final, para votação em Plenário, o denunciado deve se afastar de suas funções até a decisão final. É necessário o voto de dois terços dos senadores para que o impeachment se concretize e o acusado seja destituído do cargo. É possível também que ele seja impedido de assumir qualquer função ou cargo público durante um máximo de cinco anos.


Segue o rito da ação de impedimento:


Qualquer cidadão (alguém que esteja com seus direitos políticos vigentes), pode denunciar um ministro do STF que esteja no exercício de seu cargo. Mas a denúncia pelo crime de responsabilidade é feita ao Senado Federal e não ao STF. Essa denúncia deve conter provas ou declaração de onde as tais provas podem ser encontradas. A mesa do Senado, então, a recebe e a encaminha para uma comissão criada para opinar, em 10 dias, se a denúncia deve ser processada. O parecer da comissão é então votado e precisa de mera maioria simples (maioria dos votos dos senadores que apareceram para trabalhar naquele dia). Se for rejeitada, a denuncia é arquivada. Mas se for aprovada, ele é encaminhada ao ministro denunciado e ele passa a ter 10 dias para se defender. Será baseado nessa defesa – e na acusação que já foi analisada – que a Comissão decidirá se a acusação deve proceder. 

Se decidir que sim, passa-se então a uma fase de investigação, na qual a comissão analisa provas, ouve testemunhas e as partes etc. Findas as diligências, a comissão emite seu parecer que, novamente, apenas de maioria simples para ser aprovado. Se o Senado entender que a acusação procede, o acusado é suspenso de suas funções de ministro do STF. A partir daí o processo é enviado ao denunciante para que ele apresente seu libelo (suas alegações) e suas testemunhas, e o mesmo direito é dado ao ministro acusado.

O processo então é enviado ao presidente do STF, que é quem vai presidir o julgamento no Senado. Aqui surgiria um impasse, caso o ministro presidente do STF fosse o acusado pelo crime de responsabilidade? Quem presidiria o julgamento no Senado? Entendemos que o vice-presidente do STF.

A partir daí, o julgamento feito pelo Senado passa a parecer muito com um julgamento feito por um tribunal do júri, mas com 81 jurados (senadores).

As testemunhas são intimadas para comparecerem ao julgamento. O acusado também é notificado para comparecer e, se não comparecer, o presidente do STF (que estará presidindo o julgamento), o adia, nomeia um advogado para defender o acusado à revelia, e determina uma nova data na qual haverá o julgamento, independente da presença do ministro acusado. No dia do julgamento, depois de se ouvir as testemunhas, as partes e os debates entre acusador e acusado, estes se retiram do plenário e os senadores passam a debater entre si. Findo esses debates, o presidente do STF [vice em nossa hipótese] faz um relatório dos fundamentos da acusação e da defesa, e das provas apresentadas. E aí, finalmente, há uma votação nominal (aberta) pelo plenário, que é quem decidirá se o acusado é culpado e se deve perder o cargo. Para que ele seja considerado culpado e perca o cargo, são necessários dois terços dos votos dos senadores presentes. Se não alcançar esses dois terços, ele será considerado inocente e será reabilitado imediatamente ao cargo do qual estava suspenso. Se alcançar os dois terços dos votos, ele é afastado imediatamente do cargo, mas o processo não termina aí: dentro de um prazo de até cinco anos, o presidente do STF [no caso em tela, entendemos que o vice] deve fazer a mesma pergunta novamente aos senadores. E, aí sim, se for respondida afirmativamente, ele perde o cargo definitivamente.

Seguem fundamentos, o primeiro da Constituição da Republica:
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
(...)
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;
Art. 39. São crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo Tribunal Federal:
(...)
2 - proferir julgamento, quando, por lei, seja suspeito na causa;
(...).
Mais uma vez devemos, por honestidade intelectual para com o leitor, asseverar que embora estejam preenchidos os requisitos para que o pedido não apenas reste apreciado pelo Senado Federal, mas julgado procedente (com base nos fatos e fundamentos apresentados), não são nestes termos que o sistema que se autoblinda funciona. Como o processo de impedimento é marcantemente político, mas do que nunca as razões politicas em todas as suas mazelas sentem-se confortáveis para ignorar os fatos relevantes ao direito e o ordenamento posto. Aqui, o Estado Democrático de Direito tergiversa em protetor elitista “Estado Político de Poder”.

CEO da Fiat Chrysler busca mega acordo antes de deixar cargo


 
Alessia Pierdomenico/Bloomberg
Sergio Marchionne, CEO da Fiat
Sergio Marchionne: Marchionne e a família Agnelli, fundadora da Fiat, estão mostrando interesse particular na General Motors
 
Da REUTERS


Londres/Milão - O chefe da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, está esperando por um grande negócio, possivelmente nos Estados Unidos, para resolver a fraqueza da montadora e cimentar seu legado antes de deixar o cargo no começo de 2019, disseram fontes familiarizadas com a situação.

No entanto, a sétima maior montadora de veículos do mundo, que tem uma das maiores dívidas do setor, quase não consegue atingir o ponto de equilíbrio financeiro na Europa e deve queimar caixa por anos para reformular a marca Alfa Romeo, pode enfrentar dificuldades para encontrar um parceiro.

Marchionne e a família Agnelli, fundadora da Fiat, estão mostrando interesse particular na General Motors, disseram várias fontes. O interesse decorre do fato que o mercado norte-americano vem sendo considerado principal para a FCA há anos.

Além disso, a GM é forte na Ásia, onde a FCA é fraca e a montadora norte-americana está ansiosa para se expandir na Europa depois que sua tentativa de aliança com a PSA Peugeot Citroën fracassou.

No entanto, um porta-voz da GM disse que a companhia está focada em executar sua própria estratégia, enquanto uma fonte em um banco norte-americano familiarizada com o assunto disse que a GM "realmente não está interessada" em algum negócio com a FCA.

"Marchionne claramente colocou o cartaz à venda'", disse um executivo do setor bancário próximo da Peugeot e da General Motors.

"Ele tem tateado em todos os cantos numa tentativa de criar opções, mas até agora ninguém mordeu a isca."

Marchionne, que tem dado pistas cada vez mais diretas de que ele deseja uma aliança para iniciar uma consolidação no setor que seja capaz de compartilhar custos de investimentos e financiar desenvolvimento de carros mais limpos e recursos como condução autônoma, disse no mês passado que uma aliança com a GM e a Ford seriam "tecnicamente realizáveis".

No entanto, o presidente-executivo de 62 anos da FCA disse que nada está sobre a mesa no momento.
Um porta-voz da FCA não quis comentar o assunto, mas uma fonte de fora da companhia que está familiarizada com a estratégia disse: "Os EUA são onde a FCA está se concentrando agora. Marchionne está trabalhando muito em seu último acordo e algo acontecerá antes de 2018."

Alguns executivos da indústria disseram que os recentes comentários de Marchionne podem ter sido uma tentativa de criar uma guerra de ofertas ao sugerir um interesse maior do que o que existiria de fato na empresa.

"O Sergio é um grande jogador de pôquer. Todo o barulho que eles está fazendo tem como objetivo esconder o fato que os anos dourados da FCA estão perto do fim", disse outro executivo de banco de investimento que trabalha próximo da indústria automotiva.

A FCA planeja investir 48 bilhões de euros para fabricar novos Jeeps e Maseratis e reformular a Alfa Romeo.

A maior parte dos analistas da indústria duvida que Marchionne vai alcançar a alta de 60 por cento nas vendas, para 7 milhões de carros, que vislumbra para 2018. 

A FCA vendeu 4,6 milhões de veículos no ano passado, uma alta de 6 por cento sobre 2013.