quarta-feira, 15 de julho de 2015

Gerdau aumentará participação em controlada



Paulo Fridman/Bloomberg News
Gerdau Aços Longos
São Paulo - A Gerdau afirmou que irá adquirir participações minoritárias em empresas controladas por ela, por 1,986 bilhão de reais. A decisão foi anunciada como parte do Projeto Gerdau 2022, plano de reestruturação da companhia.

As participações variam de 2,39% a 4,90% na Gerdau Aços Especiais, Gerdau Açominas, Gerdau Aços Longos e Gerdau América Latina Participações.

Analistas ouvidos pelo Valor Econômico ressaltaram que o preço pelas ações é caro demais para a siderúrgica, em um momento em que o mercado está passando por dificuldades. O preço é quase 20% do valor de mercado da companhia.
Além disso, o jornal também ressaltou que o valor é superior ao que essas fatias geram, de fato, de lucro para a companhia. 
 
Na divulgação do plano de reestruturação, a empresa também anunciou que haverá uma redistribuição das operações em três divisões, América do Norte, América do Sul e Brasil.

Putin comanda o Levante dos BRICS





Putin comanda o Levante dos BRICS. 22521.jpeg
Houve blecaute quase total de notícias sobre a 7ª reunião de cúpula dos BRICS, dessa vez em Ufa, Rússia. Nenhuma das grandes organizações comerciais da imprensa-empresa está cobrindo as reuniões ou fazendo qualquer esforço para explicar o que se passa. Resultado disso, o povo norte-americano [e do povo brasileiro, então, NEM SE FALA!] continua praticamente em total ignorância sobre uma poderosa coalizão de países que estão implantando um sistema alternativo que reduzirá muito a influência dos EUA no mundo e porá fim à atual era do domínio da superpotência.
Vamos ao que interessa: Presidentes dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) dão-se conta de que a segurança global não pode ficar entregue a um país que vê a guerra como meio aceitável para alcançar seus objetivos geopolíticos. Dão-se conta também de que não podem alcançar estabilidade financeira enquanto Washington ditar as regras, emitir a moeda "internacional" de facto e controla as principais alavancas do poder financeiro global. 
Essa é a razão pela qual os países BRICS decidiram adotar outro curso, libertar-se gradualmente do ainda existente sistema de Bretton Woods, e criar sistema paralelo que atenda melhor os seus próprios interesses. 
Logicamente, se focaram nos blocos básicos sobre os quais se apoia o atual sistema liderado pelos EUA, vale dizer, as instituições das quais os EUA derivam seu extraordinário poder: o dólar, o mercado do Tesouro dos EUA e o FMI. Substitua esses blocos básicos, prossegue o raciocínio, e a "nação indispensável" converte-se em simples mais um país lutando para manter-se à tona. Eis o que se lê no Asia Times:
"Líderes dos BRICS... lançaram o Novo Banco do Desenvolvimento, que exigiu três anos de negociações até ser constituído e começar a operar. Com capital inicial de cerca de $50 bilhões, espera-se que o banco comece, no próximo ano, a emitir empréstimos para financiar projetos de infraestrutura. Também lançaram um fundo $100 bilhões para câmbio de moeda estrangeira." 
As duas iniciativas são confirmação de que os cinco maiores mercados emergentes estão ambos de olhos uns nos outros e procurando a mão uns dos outros, simultaneamente, afastando-se das instituições ocidentais de financiamento do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Os Estados BRICS têm planos para usar ativamente seus recursos próprios e internos para o desenvolvimento" - disse Putin, segundo a Reuters. - "O Novo Banco de Desenvolvimento ajudará a financiar projetos conjuntos, de grande escala em transporte e infraestrutura de energia, desenvolvimento industrial." (...) Dar a partida para as duas iniciativas na Rússia, sempre foi das mais altas prioridades de Putin" ("Russia's Putin scores points at Ufa BRICS summit", Asia Times). 

Fácil ver o que está acontecendo. Já viram? Putin localizou as fragilidades do Império e está saltando para chegar à jugular. Putin está dizendo é os BRICS vão emitir dívida própria, vão comandar o próprio sistema, vão financiar os próprios projetos, e tudo isso, "nós o faremos em nossa própria moeda". Cabuuuuum! A única coisa que sobrará para os outros fazerem será gerenciar o rápido declínio econômico deles mesmos. "E passem muito bem!" Não é um muito preciso resumo do que Putin está dizendo?

Assim você pode ver, caro leitor, por que nada disso está sendo noticiado nem por jornais nem pelas redes de televisão nos EUA. Washington prefere que ninguém saiba o quanto os EUA estão estragando tudo, alienando os países que mais crescem no mundo.

A Conferência de Ufa foi um divisor de água. E enquanto o Pentágono só sabe mandar tropas e equipamento militar para junto das fronteiras da Rússia, com falastrão após falastrão lá sempre, nas telinhas e nos jornais, a estertorar sobre "a ameaça russa".

Mas os BRICS ainda nem saíram completamente da órbita de Washington. Ainda seguem a liderança de homens e mulheres que - dito bem francamente - agem exatamente como os líderes norte-americanos agiam quando os EUA estavam por cima. São gente que "pensa grande", que quer conectar continentes por estradas de ferro para trens de alta velocidade, elevar os padrões de vida até que ultrapassem qualquer moderação racional, e transformar os seus próprios países em dínamos manufatureiros. O que os líderes norte-americanos sonham fazer? Guerra de milhões de drones? Equilibrar o orçamento? Proibir a bandeira dos Confederados?

É piada. Ninguém em Washington tem qualquer tipo de plano para o futuro. Tudo é só pose e falsidade e oportunismo politiqueiro. Veja o que diz The Hindu:
"China e Rússia descreveram os BRICS, a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e a União Econômica Eurasiana (UEE) como o núcleo duro de uma nova ordem internacional (...)

O presidente Vladimir Putin da Rússia disse que "Não há dúvidas - temos todas as premissas necessárias para expandir os horizontes de cooperação mutuamente benéfica, para reunir nossas fontes de matérias primas, nosso capital humano e gigantescos mercados consumidores para uma poderosa avançada econômica."

A agência russa de notícias Tass também citou o presidente Putin, quando disse que o continente eurasiano tem vasto potencial para trânsito. Putin destacou "a construção de novas e eficientes cadeias de logística e de transporte, em particular a implementação da iniciativa do cinturão econômico da Rota da Seda e o desenvolvimento dos transportes na parte leste da Rússia e Sibéria. Assim se podem aproximar os crescentes mercados nas economias da Ásia e da Europa, maduras e ricas em realizações industriais e tecnológicas. Ao mesmo tempo, nossos países poderão tornar-se comercialmente mais viáveis na concorrência por investimentos, para criar mais empregos, para empreendimentos avançados" - disse o presidente russo." (...).

A reunião também reconheceu "o potencial para expandir o uso de nossas moedas nacionais em transações entre os países BRICS." ("BRICS, SCO, EAEU can define new world order: China, Russia", The Hindu)
O dólar danou-se. O FMI danou-se. O mercado para papéis da dívida dos EUA danou-se. As instituições que dão suporte ao poder dos EUA estão desabando, bem aí diante dos nossos olhos. Os BRICS cansaram-se; cansaram-se de guerras, cansaram-se de Wall Street, cansaram-se de intromissões e hipocrisias e de arrocho e de lições sobre o que fazer e o que não fazer. O que vem dos BRICS é um aceno de despedida. Claro que levará tempo, mas Ufa, Rússia, marca uma mudança fundamental no pensamento, uma mudança fundamental na abordagem e uma mudança fundamental na orientação estratégica.

Os BRICS não voltarão atrás, estão de partida para sempre, assim como o "pivô para a Ásia" dos EUA acabou para sempre. Há resistência demais. Washington superestimou a própria mão. Esgotou a boa vontade dos outros. As pessoas estão fartas de nós. Quem pode culpá-las? *****
10/7/2017, Mike Whitney, Counterpunch 

- See more at: http://port.pravda.ru/russa/12-07-2015/39040-putin_brics-0/#sthash.K9G3CdkQ.dpuf

Putin comanda o Levante dos BRICS

12.07.2015
Putin comanda o Levante dos BRICS. 22521.jpeg
Houve blecaute quase total de notícias sobre a 7ª reunião de cúpula dos BRICS, dessa vez em Ufa, Rússia. Nenhuma das grandes organizações comerciais da imprensa-empresa está cobrindo as reuniões ou fazendo qualquer esforço para explicar o que se passa. Resultado disso, o povo norte-americano [e do povo brasileiro, então, NEM SE FALA!] continua praticamente em total ignorância sobre uma poderosa coalizão de países que estão implantando um sistema alternativo que reduzirá muito a influência dos EUA no mundo e porá fim à atual era do domínio da superpotência.
Vamos ao que interessa: Presidentes dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) dão-se conta de que a segurança global não pode ficar entregue a um país que vê a guerra como meio aceitável para alcançar seus objetivos geopolíticos. Dão-se conta também de que não podem alcançar estabilidade financeira enquanto Washington ditar as regras, emitir a moeda "internacional" de facto e controla as principais alavancas do poder financeiro global. 
Essa é a razão pela qual os países BRICS decidiram adotar outro curso, libertar-se gradualmente do ainda existente sistema de Bretton Woods, e criar sistema paralelo que atenda melhor os seus próprios interesses.

Logicamente, se focaram nos blocos básicos sobre os quais se apoia o atual sistema liderado pelos EUA, vale dizer, as instituições das quais os EUA derivam seu extraordinário poder: o dólar, o mercado do Tesouro dos EUA e o FMI. Substitua esses blocos básicos, prossegue o raciocínio, e a "nação indispensável" converte-se em simples mais um país lutando para manter-se à tona. Eis o que se lê no Asia Times:
"Líderes dos BRICS... lançaram o Novo Banco do Desenvolvimento, que exigiu três anos de negociações até ser constituído e começar a operar. Com capital inicial de cerca de $50 bilhões, espera-se que o banco comece, no próximo ano, a emitir empréstimos para financiar projetos de infraestrutura. Também lançaram um fundo $100 bilhões para câmbio de moeda estrangeira."

As duas iniciativas são confirmação de que os cinco maiores mercados emergentes estão ambos de olhos uns nos outros e procurando a mão uns dos outros, simultaneamente, afastando-se das instituições ocidentais de financiamento do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Os Estados BRICS têm planos para usar ativamente seus recursos próprios e internos para o desenvolvimento" - disse Putin, segundo a Reuters. - "O Novo Banco de Desenvolvimento ajudará a financiar projetos conjuntos, de grande escala em transporte e infraestrutura de energia, desenvolvimento industrial." (...) Dar a partida para as duas iniciativas na Rússia, sempre foi das mais altas prioridades de Putin" ("Russia's Putin scores points at Ufa BRICS summit", Asia Times).
 

Fácil ver o que está acontecendo. Já viram? Putin localizou as fragilidades do Império e está saltando para chegar à jugular. Putin está dizendo é os BRICS vão emitir dívida própria, vão comandar o próprio sistema, vão financiar os próprios projetos, e tudo isso, "nós o faremos em nossa própria moeda". Cabuuuuum! A única coisa que sobrará para os outros fazerem será gerenciar o rápido declínio econômico deles mesmos. "E passem muito bem!" Não é um muito preciso resumo do que Putin está dizendo?

Assim você pode ver, caro leitor, por que nada disso está sendo noticiado nem por jornais nem pelas redes de televisão nos EUA. Washington prefere que ninguém saiba o quanto os EUA estão estragando tudo, alienando os países que mais crescem no mundo.

A Conferência de Ufa foi um divisor de água. E enquanto o Pentágono só sabe mandar tropas e equipamento militar para junto das fronteiras da Rússia, com falastrão após falastrão lá sempre, nas telinhas e nos jornais, a estertorar sobre "a ameaça russa".

Mas os BRICS ainda nem saíram completamente da órbita de Washington. Ainda seguem a liderança de homens e mulheres que - dito bem francamente - agem exatamente como os líderes norte-americanos agiam quando os EUA estavam por cima. São gente que "pensa grande", que quer conectar continentes por estradas de ferro para trens de alta velocidade, elevar os padrões de vida até que ultrapassem qualquer moderação racional, e transformar os seus próprios países em dínamos manufatureiros. O que os líderes norte-americanos sonham fazer? Guerra de milhões de drones? Equilibrar o orçamento? Proibir a bandeira dos Confederados?

É piada. Ninguém em Washington tem qualquer tipo de plano para o futuro. Tudo é só pose e falsidade e oportunismo politiqueiro. Veja o que diz The Hindu:
"China e Rússia descreveram os BRICS, a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e a União Econômica Eurasiana (UEE) como o núcleo duro de uma nova ordem internacional (...)

O presidente Vladimir Putin da Rússia disse que "Não há dúvidas - temos todas as premissas necessárias para expandir os horizontes de cooperação mutuamente benéfica, para reunir nossas fontes de matérias primas, nosso capital humano e gigantescos mercados consumidores para uma poderosa avançada econômica."

A agência russa de notícias Tass também citou o presidente Putin, quando disse que o continente eurasiano tem vasto potencial para trânsito. Putin destacou "a construção de novas e eficientes cadeias de logística e de transporte, em particular a implementação da iniciativa do cinturão econômico da Rota da Seda e o desenvolvimento dos transportes na parte leste da Rússia e Sibéria. Assim se podem aproximar os crescentes mercados nas economias da Ásia e da Europa, maduras e ricas em realizações industriais e tecnológicas. Ao mesmo tempo, nossos países poderão tornar-se comercialmente mais viáveis na concorrência por investimentos, para criar mais empregos, para empreendimentos avançados" - disse o presidente russo." (...).

A reunião também reconheceu "o potencial para expandir o uso de nossas moedas nacionais em transações entre os países BRICS." ("BRICS, SCO, EAEU can define new world order: China, Russia", The Hindu)
O dólar danou-se. O FMI danou-se. O mercado para papéis da dívida dos EUA danou-se. As instituições que dão suporte ao poder dos EUA estão desabando, bem aí diante dos nossos olhos. Os BRICS cansaram-se; cansaram-se de guerras, cansaram-se de Wall Street, cansaram-se de intromissões e hipocrisias e de arrocho e de lições sobre o que fazer e o que não fazer. O que vem dos BRICS é um aceno de despedida. Claro que levará tempo, mas Ufa, Rússia, marca uma mudança fundamental no pensamento, uma mudança fundamental na abordagem e uma mudança fundamental na orientação estratégica.

Os BRICS não voltarão atrás, estão de partida para sempre, assim como o "pivô para a Ásia" dos EUA acabou para sempre. Há resistência demais. Washington superestimou a própria mão. Esgotou a boa vontade dos outros. As pessoas estão fartas de nós. Quem pode culpá-las? *****
10/7/2017, Mike Whitney, Counterpunch 
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Putin comanda o Levante dos BRICS

12.07.2015
Putin comanda o Levante dos BRICS. 22521.jpeg
Houve blecaute quase total de notícias sobre a 7ª reunião de cúpula dos BRICS, dessa vez em Ufa, Rússia. Nenhuma das grandes organizações comerciais da imprensa-empresa está cobrindo as reuniões ou fazendo qualquer esforço para explicar o que se passa. Resultado disso, o povo norte-americano [e do povo brasileiro, então, NEM SE FALA!] continua praticamente em total ignorância sobre uma poderosa coalizão de países que estão implantando um sistema alternativo que reduzirá muito a influência dos EUA no mundo e porá fim à atual era do domínio da superpotência.
Vamos ao que interessa: Presidentes dos países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) dão-se conta de que a segurança global não pode ficar entregue a um país que vê a guerra como meio aceitável para alcançar seus objetivos geopolíticos. Dão-se conta também de que não podem alcançar estabilidade financeira enquanto Washington ditar as regras, emitir a moeda "internacional" de facto e controla as principais alavancas do poder financeiro global. 
Essa é a razão pela qual os países BRICS decidiram adotar outro curso, libertar-se gradualmente do ainda existente sistema de Bretton Woods, e criar sistema paralelo que atenda melhor os seus próprios interesses.

Logicamente, se focaram nos blocos básicos sobre os quais se apoia o atual sistema liderado pelos EUA, vale dizer, as instituições das quais os EUA derivam seu extraordinário poder: o dólar, o mercado do Tesouro dos EUA e o FMI. Substitua esses blocos básicos, prossegue o raciocínio, e a "nação indispensável" converte-se em simples mais um país lutando para manter-se à tona. Eis o que se lê no Asia Times:
"Líderes dos BRICS... lançaram o Novo Banco do Desenvolvimento, que exigiu três anos de negociações até ser constituído e começar a operar. Com capital inicial de cerca de $50 bilhões, espera-se que o banco comece, no próximo ano, a emitir empréstimos para financiar projetos de infraestrutura. Também lançaram um fundo $100 bilhões para câmbio de moeda estrangeira."

As duas iniciativas são confirmação de que os cinco maiores mercados emergentes estão ambos de olhos uns nos outros e procurando a mão uns dos outros, simultaneamente, afastando-se das instituições ocidentais de financiamento do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"Os Estados BRICS têm planos para usar ativamente seus recursos próprios e internos para o desenvolvimento" - disse Putin, segundo a Reuters. - "O Novo Banco de Desenvolvimento ajudará a financiar projetos conjuntos, de grande escala em transporte e infraestrutura de energia, desenvolvimento industrial." (...) Dar a partida para as duas iniciativas na Rússia, sempre foi das mais altas prioridades de Putin" ("Russia's Putin scores points at Ufa BRICS summit", Asia Times).
 

Fácil ver o que está acontecendo. Já viram? Putin localizou as fragilidades do Império e está saltando para chegar à jugular. Putin está dizendo é os BRICS vão emitir dívida própria, vão comandar o próprio sistema, vão financiar os próprios projetos, e tudo isso, "nós o faremos em nossa própria moeda". Cabuuuuum! A única coisa que sobrará para os outros fazerem será gerenciar o rápido declínio econômico deles mesmos. "E passem muito bem!" Não é um muito preciso resumo do que Putin está dizendo?

Assim você pode ver, caro leitor, por que nada disso está sendo noticiado nem por jornais nem pelas redes de televisão nos EUA. Washington prefere que ninguém saiba o quanto os EUA estão estragando tudo, alienando os países que mais crescem no mundo.

A Conferência de Ufa foi um divisor de água. E enquanto o Pentágono só sabe mandar tropas e equipamento militar para junto das fronteiras da Rússia, com falastrão após falastrão lá sempre, nas telinhas e nos jornais, a estertorar sobre "a ameaça russa".

Mas os BRICS ainda nem saíram completamente da órbita de Washington. Ainda seguem a liderança de homens e mulheres que - dito bem francamente - agem exatamente como os líderes norte-americanos agiam quando os EUA estavam por cima. São gente que "pensa grande", que quer conectar continentes por estradas de ferro para trens de alta velocidade, elevar os padrões de vida até que ultrapassem qualquer moderação racional, e transformar os seus próprios países em dínamos manufatureiros. O que os líderes norte-americanos sonham fazer? Guerra de milhões de drones? Equilibrar o orçamento? Proibir a bandeira dos Confederados?

É piada. Ninguém em Washington tem qualquer tipo de plano para o futuro. Tudo é só pose e falsidade e oportunismo politiqueiro. Veja o que diz The Hindu:
"China e Rússia descreveram os BRICS, a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e a União Econômica Eurasiana (UEE) como o núcleo duro de uma nova ordem internacional (...)

O presidente Vladimir Putin da Rússia disse que "Não há dúvidas - temos todas as premissas necessárias para expandir os horizontes de cooperação mutuamente benéfica, para reunir nossas fontes de matérias primas, nosso capital humano e gigantescos mercados consumidores para uma poderosa avançada econômica."

A agência russa de notícias Tass também citou o presidente Putin, quando disse que o continente eurasiano tem vasto potencial para trânsito. Putin destacou "a construção de novas e eficientes cadeias de logística e de transporte, em particular a implementação da iniciativa do cinturão econômico da Rota da Seda e o desenvolvimento dos transportes na parte leste da Rússia e Sibéria. Assim se podem aproximar os crescentes mercados nas economias da Ásia e da Europa, maduras e ricas em realizações industriais e tecnológicas. Ao mesmo tempo, nossos países poderão tornar-se comercialmente mais viáveis na concorrência por investimentos, para criar mais empregos, para empreendimentos avançados" - disse o presidente russo." (...).

A reunião também reconheceu "o potencial para expandir o uso de nossas moedas nacionais em transações entre os países BRICS." ("BRICS, SCO, EAEU can define new world order: China, Russia", The Hindu)
O dólar danou-se. O FMI danou-se. O mercado para papéis da dívida dos EUA danou-se. As instituições que dão suporte ao poder dos EUA estão desabando, bem aí diante dos nossos olhos. Os BRICS cansaram-se; cansaram-se de guerras, cansaram-se de Wall Street, cansaram-se de intromissões e hipocrisias e de arrocho e de lições sobre o que fazer e o que não fazer. O que vem dos BRICS é um aceno de despedida. Claro que levará tempo, mas Ufa, Rússia, marca uma mudança fundamental no pensamento, uma mudança fundamental na abordagem e uma mudança fundamental na orientação estratégica.

Os BRICS não voltarão atrás, estão de partida para sempre, assim como o "pivô para a Ásia" dos EUA acabou para sempre. Há resistência demais. Washington superestimou a própria mão. Esgotou a boa vontade dos outros. As pessoas estão fartas de nós. Quem pode culpá-las? *****
10/7/2017, Mike Whitney, Counterpunch 
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Lula e Lulinha vão ao Supremo contra parlamentares da oposição – É juridicamente possível a ação?





Publicado por Leonardo Sarmento 


 

25
De início, lembramos que o Brasil é signatário da CIDH e à ela deve obediência. Lembramos tratar-se de ordenamento supralegal, que caso desrespeitado o Brasil poderá sofrer sanções internacionais. O artigo é preciso ser lido despido de partidarismos, perfaz-se uma análise constitucional e convencional da questão.


O filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com pedido de queixa-crime contra o deputado federal Domingos Sávio (PSDB-MG). A defesa de Lulinha pede a condenação do tucano pelos crimes de "calúnia, injúria e difamação". A ação foi encaminhada à Suprema Corte e tem como base declarações que teriam sido feitas por Sávio em entrevista realizada no último mês de fevereiro a uma rádio de Minas Gerais.


No documento, a defesa de Lulinha destaca o seguinte trecho da entrevista do tucano. "Essa roubalheira na Petrobras começou lá no governo Lula e o Lulinha, filho dele, é um dos homens mais ricos do Brasil hoje. É uma bandalheira. O homem tá comprando fazendas de milhares e milhares de hectares, é toda semana. É um dos homens mais ricos do Brasil e ficou rico do dia para a noite, assim como num passe de mágica, rico, fruto de roubalheira que virou este país".

Advogados de Lulinha rebatem as acusações de Domingos Sávio e dizem que ele "jamais" foi sócio ou manteve negócios relacionados à agroindústria, assim como "nunca" foi proprietário de fazendas ou propriedades rurais.

"As ofensivas proferidas pelo querelado contra o querelante são repugnantes, irrogadas e mentirosas e atribuem ao mesmo cometimento de crimes com associação criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de influência, dentre outros, tudo o exclusivo objetivo de denegrir sua imagem, reputação e dignidade", diz trecho da ação.

A apresentação da queixa-crime contra o deputado ocorre após a ministra do Supremo, Rosa Weber, determinar no último mês de maio o arquivamento de uma primeira "interpelação" encaminhada ao STF.

"O processo de interpelação judicial é uma medida preparatória para a ação penal, de modo que não cabe ao STF qualquer juízo de valor, mas apenas franquear ao possível autor do delito a oportunidade de manifestação para fins de retratação ou esclarecimento", alega a defesa de Lulinha no documento.

No mesmo dia, Lula tomou a mesma iniciativa em face de Ronaldo Caiado (DEM), pois Caiado teria chamado Lula de bandido no Twitter, quando para o seu patrocinador na ação Caiado haveria extrapolado sua imunidade parlamentar a partir da ofensa ao ex-presidente da republica. Será?

Temos que ação encaminhada ao STF é juridicamente impossível, tendo em vista que, em face do que apregoa o art. , inc. II da CRFB e art. (do ADCT), os Organismos Internacionais de Direitos Humanos não mais admitem a tramitação de supostos crimes envolvendo a honra de funcionários públicos no exercício da função na esfera penal, e sim na esfera cível com pedido de retratação do sujeito ativo e indenização por danos morais.

A questão de fundo está no interesse da ação penal envolvendo um sujeito (passivo) que não é funcionário público diante de um sujeito (ativo) que é funcionário público, contudo a imunidade parlamentar e de autoridades judiciárias devem sofrer modulação diante da proteção objetiva do art. da CRFB "c/c" com o art. 107, inc. VI e art. 143 do Código Penal que não sofre na sua literalidade constitucional nenhuma abstração.

RELATÓRIO DA CIDH: COMISSÃO INTERAMERICANA DOS DIREITOS HUMANOS:

Dos delitos de calúnia, injúria e difamação (âmbito criminal):


17. A Relatoria para a Liberdade de Expressão ressaltou, nos Relatórios anuais anteriormente citados, que a opinião da CIDH em relação com o tipo penal de desacato também apresenta certas implicações em matéria de reforma das leis sobre difamação, injúria e calúnia. O reconhecimento do fato de que os funcionários públicos estão sujeitos a um menor, e não a um maior, grau de proteção frente às críticas e ao controle popular significa que a distinção entre as pessoas públicas e privadas deve-se efetuar, também, nas leis ordinárias sobre difamação, injúria e calúnia. A possibilidade de abuso de tais leis, por parte dos funcionários públicos, para silenciar as opiniões críticas é tão grande no caso destas leis como no das leis de desacato.

A CIDH manifestou: A arena político, em particular, o limiar para a intervenção do Estado a respeito da liberdade de expressão é necessariamente mais alto devido à função crítica do diálogo político em uma sociedade democrática.

A Convenção requer que este limiar se incremente, mais ainda, quando o Estado impuser o poder coativo do sistema da justiça penal para restringir a liberdade de expressão. Por isso, caso consideremos as consequências das sanções penais e o efeito inevitavelmente inibidor que têm sobre a liberdade de expressão, a punição de qualquer tipo de expressão só pode ser aplicada em circunstâncias excepcionais nas quais exista uma ameaça evidente e direta de violência anárquica.

A Comissão considera que a obrigação do Estado de proteger os direitos dos demais se cumpre estabelecendo uma proteção estatutária contra os ataques intencionais à honra e à reputação, mediante ações civis e promulgando leis que garantam o direito de retificação ou resposta.

Neste sentido, o Estado garante a proteção da vida privada de todos os indivíduos sem fazer um uso abusivo de seus poderes de coação para reprimir a liberdade individual de se formar opinião e expressá-la.

18. Para assegurar uma adequada defesa da liberdade de expressão, os Estados devem ajustar suas leis sobre difamação, injúria e calúnia de forma tal que só possam ser aplicadas sanções civis no caso de ofensas a funcionários públicos. Nestes casos, a responsabilidade, por ofensas contra funcionários públicos, só deveria incidir em casos de “má fé”. A doutrina da “má fé” significa que o autor da informação em questão era consciente de que a mesma era falsa ou atuou com temerária despreocupação sobre a verdade ou a falsidade de esta informação. Estas ideias foram recolhidas pela CIDH ao aprovar os princípios sobre Liberdade de Expressão, especificamente o Princípio 10. Este propõe a necessidade de revisar as leis que têm como objetivo proteger a honra das pessoas (comumente conhecidas como calúnia e injúria). O tipo de debate político, ao que dá lugar o direito à liberdade de expressão e informação, gerará, indubitavelmente, certos discursos críticos ou inclusive ofensivos para quem ocupa cargos públicos ou que está intimamente vinculado à formulação da política pública. As leis de calúnia e injúria são, em muitas ocasiões leis que, em lugar de proteger a honra das pessoas, são utilizadas para atacar ou silenciar o discurso que se considera crítico da administração pública.

26. Finalmente, outro argumento que é bastante comum afirma que uma cláusula, como a que se propõe, significa, apenas, que certas pessoas não têm honra. Esta argumentação é equivocada: os funcionários ou figuras públicas têm honra, mas sua possível lesão cede lugar a outro bem que o corpo social, nesse caso, lhe outorga preponderância. Este outro bem é a liberdade de expressão, em suas duas dimensões, tanto social como individual. Um exemplo, longe deste conflito, permite dar uma luz ao problema: se no momento de começar um incêndio, um indivíduo pega fogo e a única maneira de apagá-lo é utilizando uma valiosa manta para cobrir-lo, ninguém dirá que a manta chamuscada depois da operação não tinha valor para seu dono. Ao contrário: sem dúvida, foi lesado o direito de propriedade do dono da manta, mas isso cede lugar a outro bem que ao ser ponderado deve prevalecer.

Esta tentativa de se amesquinhar a liberdade de expressão por meio de coação através de ações judiciais devem ser repelidos. Não se pode em uma democracia, em um um Estado Democrático de Direito inserir o temor da expressão com a maior liberdade possível, sob pena de se conceber uma censura previa erga omnes. O debate social resta essencial ao aperfeiçoamento da democracia. Nestes termos bem agiu o TSE ao rejeitar pedido de Dilma para censurar reportagem do site da VEJA que através do Google divulgava a piora dos indicadores econômicos do país, falta de transparência que vinha sendo prática comezinha da Gestão PT até a reeleição de Dilma Rousseff. Não há democracia sem transparência e sem liberdade de expressão, apenas os excessos crassos, desarrazoados e despropositados, praticados em nítido excesso de direito deve ser, cum granus salis, compensado. A tentativa de censura prévia com o fito de sonegar informação relevante e de interesse público não há que ser admitida.



Professor constitucionalista
Professor constitucionalista, consultor jurídico, palestrante, parecerista, colunista do jornal Brasil 247 e de diversas revistas e portais jurídicos. Pós graduado em Direito Público, Direito Processual Civil, Direito Empresarial e com MBA em Direito e Processo do Trabalho pela FGV. Autor de algumas...

Especialistas projetam cenários de possível Reforma Tributária

 

 



O tema deve entrar na pauta da Câmara em agosto, após o recesso parlamentar de meio de ano. Especialistas em Direito Tributário, as professoras Nara Takeda Taga e Tathiane Piscitelli, da Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito SP), avaliam que é fundamental repensar a carga tributária que incide sobre o consumo.
Se as discussões no Congresso Nacional nos primeiros seis meses do ano foram acaloradas por conta da reforma política, o segundo semestre promete elevar a temperatura dos debates sobre a reforma tributária. O tema deve entrar na pauta da Câmara em agosto, após o recesso parlamentar de meio de ano.
Especialistas em Direito Tributário, as professoras Nara Takeda Taga e Tathiane Piscitelli, da Escola de Direito de São Paulo (FGV Direito SP), avaliam que é fundamental repensar a carga tributária que incide sobre o consumo.  “Do ponto de vista estrutural, partindo-se da premissa de que nosso sistema não é justo, já que os pobres são muito mais pesadamente tributados que os ricos, seria fundamental repensar a carga tributária que incide sobre o consumo, cuja natureza é necessariamente regressiva. O ICMS, nesse sentido, é um ótimo exemplo: para além das questões relativas à guerra fiscal, que precisam ser urgentemente trabalhadas, sua incidência ‘por dentro’ é danosa à transparência nas relações tributárias e prejudicial à cidadania fiscal”, explica Nara.


Outro ponto-chave para a reforma é o sistema não cumulativo do PIS e da COFINS, que agrega ainda mais complexidade e litigiosidade ao sistema brasileiro. Segundo as especialistas, a falta de definição precisa sobre os créditos passíveis de apropriação aumenta a insegurança jurídica e a instabilidade nas relações com o Fisco. Há, ainda, a questão que envolve a tributação da renda em bases mais progressivas.


“Esse ponto toca em questões estruturais sobre a tributação da renda em bases mais progressivas do que aquelas que possuímos hoje. Nesse sentido, sequer seria possível dizer que atualmente há progressividade do Imposto de Renda para pessoas jurídicas. Maior progressividade poderia representar uma distribuição mais justa da carga tributária e eventual desoneração daqueles que possuem menor capacidade contributiva”, frisa Tathiane.


Para a especialista, as reflexões que têm sido levantadas sobre tributação da propriedade, como o maior ônus na tributação das heranças, também é bastante saudável à luz da maior justiça distributiva que se agregaria ao sistema.


Apesar do Brasil ser um dos países com maior carga tributária do mundo, ambas as especialistas concordam que dificilmente haverá redução no peso dos impostos para o contribuinte, uma vez que as receitas tributárias são fundamentais para a manutenção do Estado e para assegurar a prestação efetiva dos serviços públicos. “Considerando o tamanho do nosso Estado, não parece que possamos abrir mão de receitas dessa natureza. Porém, essa constatação não afasta a necessária reflexão sobre a melhor forma de se tributar e, nem sequer, da premência de se fomentar um debate efetivo sobre o controle das contas públicas e eficiência dos gastos”, ressalta Nara.

Essa reflexão sobre o que se pretende alcançar com o sistema tributário, segundo Tathiane, é essencial para que haja equilíbrio entre o que é arrecadado pelo Estado e sobre o peso dos impostos para o contribuinte. 

“Partindo-se da premissa de que um Estado Democrático e Social de Direito como o nosso deve privilegiar a justiça distributiva, seria fundamental que o sistema tributário fosse pensado em termos mais gerais, a partir das bases possíveis de tributação. Com isso, seríamos capazes de refletir sobre como realizar a distribuição dos ônus entre tais bases, garantindo-se tanto o nível de receitas necessário para o Estado quanto uma tributação mais racional do ponto de vista distributivo”, esclarece.

Apesar das expectativas, assim como a reforma política que segue em discussão sem promover mudanças significativas, os debates sobre uma reforma tributária real não entusiasmam as professoras da FGV Direito SP. Para as especialistas em direito tributário, apesar de o tema ter passado por reformulações mais estruturais do sistema tributário, a complexidade do assunto e das discussões deve promover apenas mudanças pontuais.

“Tendo em vista que a reforma do sistema é muito mais complexa do que a simples majoração ou criação de algumas exceções, dificilmente o resultado será diferente das vezes anteriores. O que se vê são reformas isoladas, focadas em tributos, as quais, por essa exata razão, não são resultantes de um processo de reflexão sobre o melhor sistema tributário possível, sobre o sistema que desejamos”, explica a professora Nara.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Construção civil vive crise sem precedentes no Brasil


Germano Lüders / EXAME
Vista de São Paulo
Vista de São Paulo: anos de euforia levaram a um excesso de oferta dos imóveis comerciais e residenciais. Agora a recuperação vai ficar para 2017
São Paulo - Cerca de 600 000 demissões em 12 meses. Recuo de 5,6% nas vendas em 2014. Queda de 98% do lucro para as empresas abertas no primeiro trimestre. Perda de 12 bilhões de reais de valor de mercado na bolsa nos últimos 12 meses. Executivos das maiores empreiteiras do Brasil presos. Duas gigantes do setor, a OAS e a Galvão Engenharia, em processo de recuperação judicial.

O mercado brasileiro de construção civil vive uma crise sem precedentes. Segundo levantamento de MELHORES E MAIORES, a rentabilidade do setor caiu de 11,2% em 2013 para 2,3% em 2014. Apenas três das 23 empresas de construção classificadas entre as 500 maiores do país conseguiram crescer no último ano. A Odebrecht, a maior delas, teve queda de 32% nas vendas.

Se não fosse má notícia suficiente, especialistas e executivos do setor ouvidos por EXAME são unânimes em afirmar que a recuperação da crise será lenta e deverá começar apenas em 2017. “Muitas empresas ficarão pelo caminho. Mas mesmo as outras companhias terão até cinco anos difíceis pela frente”, diz Claudio Porto, presidente da consultoria Macroplan.

O mercado de construção civil, obviamente, não é o único que sofre com a retração econômica do país. Outros setores, como a autoindústria, tiveram um 2014 ainda pior, com retração de 15% nas vendas. As fabricantes de eletroeletrônicos encolheram 9%. Todos eles sofrem de uma nefasta combinação de inflação perigosamente alta, desemprego crescente, aumento dos juros, restrição no crédito, falta de confiança no governo.

Mas o mercado de construção tem peculiaridades que tornam sua situação particularmente complexa. O próprio setor contribuiu para sua derrocada, tanto no caso das construtoras de imóveis quanto no caso das empreiteiras. No primeiro grupo, anos de euforia levaram a um excesso de ofertas em algumas grandes cidades — e, em consequência disso, uma paradeira geral nos lançamentos.

No segundo, o problema, como bem se sabe, é o estouro do escândalo de corrupção flagrado pela Operação Lava-Jato. Mas o lado mais particular — e perverso — da crise da construção é o potencial que ela tem de piorar ainda mais a economia brasileira. A começar pelo seu tamanho — o setor é responsável por cerca de 6,5% do produto interno bruto do país e emprega, diretamente, mais de 3 milhões de pessoas.

Uma crise, portanto, provoca um efeito dominó em toda a economia. A prisão dos executivos das maiores empreiteiras do país, por exemplo, levanta uma dúvida sobre o andamento das principais obras de infraestrutura e até da Olimpíada de 2016. Novos leilões de infraestrutura estão em xeque.

As dívidas das empreiteiras — que passam de 100 bilhões de reais — também podem levar os principais bancos do país a perdas que, por sua vez, restrinjam ainda mais a concessão de crédito. Apenas a Odebrecht, cujo presidente, Marcelo Odebrecht, foi preso em 19 de junho, tem 63 bilhões de reais em dívidas.

Para entender a lentidão na recuperação, é preciso analisar separadamente a situação das empreiteiras e a do mercado imobiliário. No segmento de imóveis comerciais e residenciais, o maior problema é o excesso de estoque das companhias. Incorporadoras como Even, Gafisa e PDG têm imóveis prontos ou em construção que equivalem a quase dois anos de vendas. Na Rossi, o estoque é de 50 meses.

Até 2016, pelo menos, a principal missão dessas empresas será se livrar de todos esses apartamentos. Para isso, elas estão dando descontos de até 50% no preço dos imóveis. A ordem é colocar dinheiro em caixa o mais rápido possível para pagar as dívidas e parar de perder dinheiro.

A volta dos lançamentos ainda não está no radar. No primeiro trimestre, as incorporadoras de capital aberto cortaram 68% dos lançamentos na comparação com o início de 2014. Seis das 13 incorporadoras de capital aberto, como Tecnisa e Brookfield, não lançaram um único empreendimento neste ano.

O problema é que, quanto mais agressivas as promoções, maior o número de clientes que desistem de pagar apartamentos comprados nos últimos anos e que estão sendo entregues agora — valendo menos do que na hora da compra. Os distratos, como são chamadas as devoluções, deverão somar 7 bilhões de reais no ano, segundo a agência de risco Moody’s.

“Enquanto não se livrarem dos estoques atuais, as empresas não têm como pensar no futuro. Dificilmente o cenário melhorará antes de 2017”, diz Lucas Gregolin Dias, analista do Banco Fator. Tentar recuperar o valor de mercado perdido é uma tarefa de prazo ainda mais longo. Desde o pico, em 2010, as incorporadoras listadas perderam 41 bilhões de reais de valor de mercado (veja quadro ao lado).

No mercado de imóveis comerciais, cujo preço do aluguel chegou a cair 40% nos últimos dois anos em cidades como São Paulo, a recuperação pode ser ainda mais lenta. Segundo cálculos de João da Rocha Lima Jr., coordenador do núcleo de mercado imobiliário da Universidade de São Paulo, virá apenas em 2022.

O percentual de escritórios vazios em São Paulo passou de 30%, em 2003, para 5%, em 2008, e agora já está perto dos 20%. “A demanda por escritórios é totalmente dependente do crescimento da economia. Atualmente, há excesso de oferta e total falta de demanda por mais espaço nas grandes cidades”, diz Lima Jr.

Entre as empreiteiras, estimar o ritmo de recuperação é impossível enquanto a Operação Lava-Jato não for concluída. Por enquanto, o governo não deu sinais de que pode suspender contratos públicos com essas companhias durante as investigações. Mas, caso sejam punidas, as empreiteiras podem encontrar restrições legais para entrar em licitações.

Antes mesmo que isso aconteça, podem enfrentar problemas de liquidez e atrasos de pagamentos para obras em andamento, como as hidrelétricas de Belo Monte ou o porto do Rio de Janeiro, que estão sendo tocados pela Odebrecht, ou a Vila Olímpica do Rio de Janeiro, a cargo da Camargo Corrêa.

Mas há uma certeza no caminho das empreiteiras. A oportunidade de negócios está em queda. Apesar do novo pacote de infraestrutura, anunciado em junho pelo governo, os investimentos em obras públicas deverão cair 19% neste ano, algo como 25 bilhões de reais, segundo a consultoria InterB.

A Petrobras, principal cliente das empreiteiras investigadas na Lava-Jato, prevê cortar cerca de 30% dos investimentos até 2019 — apenas em 2015, o corte previsto é de 15 bilhões de dólares. Com o governo segurando as despesas, essas companhias também terão dificuldades de receber aditivos de obras em andamento.

A Andrade Gutierrez, cujo presidente, Otavio Azevedo, também foi preso em 19 de junho, precisou captar no fim de 2014 um empréstimo de 400 milhões de reais por causa do atraso de uma série de pagamentos. Sem caixa e sem novos contratos, o último recurso dessas companhias é entrar com recuperação judicial para renegociar as dívidas, como já fizeram a OAS e a Galvão Engenharia. O desenrolar das investigações pode forçar outras companhias a seguir esse caminho.

A velocidade com que o setor de construção sairá da crise depende, claro, do humor da economia como um todo e do insondável futuro da Lava-Jato. Mas o governo também pode ajudar. No caso das empreiteiras, fatiar novos pacotes de concessões em pedaços menores poderia trazer novas construtoras, menores e possivelmente estrangeiras, para o jogo.

Para o mercado imobiliário, o jeito seria facilitar o crédito, hoje em queda livre, liberando uma parcela maior do depósito compulsório dos bancos. Mas, em ambos os casos, seriam medidas essencialmente paliativas. 

Não foi fácil criar uma crise do tamanho atual. Sair dela não há de ser.

Afinal, quem ganha com a política de exportação do BNDES?




Germa
Fábrica da Embraer
Fábrica da Embraer: os financiamentos do BNDES às exportações ajudaram a empresa a ser uma das cinco maiores montadoras de aviões
São Paulo - O governo do Brasil e o de Cuba fizeram em 2009 um acordo para reformar o porto de Mariel, a 60 quilômetros de Havana. O projeto incluía a construção de 11 quilômetros de estradas e ferrovias e de um terminal com capacidade para despachar 1 milhão de contêineres por ano. Executada pela construtora Norberto Odebrecht, a obra foi inaugurada em janeiro de 2014.

O negócio foi bom para a empreiteira e para os cubanos, que agora dispõem de um porto moderno. Para o contribuinte brasileiro, sobrou parte da conta. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social financiou 682 milhões de dólares para as obras — mais de dois terços do total investido.

Um cálculo feito por pesquisadores da escola de negócios Insper, de São Paulo, mostra que essa operação vai custar ao país quase 1,2 bilhão de dólares nos próximos 25 anos, prazo que os cubanos têm para pagar o empréstimo. O prejuízo ocorre porque os juros pagos pelo governo brasileiro na captação de dinheiro são mais altos do que as taxas que o BNDES cobra nos financiamentos.
A origem dos recursos emprestados pelo BNDES é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), constituído com os recursos arrecadados das empresas em favor de seus empregados. O fundo é deficitário, e seus rombos são cobertos pelo Tesouro Nacional, aumentando a dívida pública. Faz sentido entrar num negócio assim?

Antes de mais nada, um esclarecimento: não há novidade nenhuma nesse tipo de empréstimo. Uma corrente entre os formuladores de políticas públicas defende que se financiem as exportações de bens e serviços com recursos públicos — e a juros mais baixos do que os cobrados no mercado — para ajudar as empresas a se desenvolver e gerar empregos.

Mesmo países mais liberais, onde o Estado interfere menos na economia, gastam bilhões de dólares por ano com isso. Um estudo feito pelo Exim Bank americano — banco de fomento ao comércio exterior do governo dos Estados Unidos — mostra que nesse quesito ninguém supera os chineses.

A China bancou no ano passado 58 bilhões de dólares em empréstimos para as exportações. Os Estados Unidos destinaram 12 bilhões de dólares para financiar as vendas de empresas americanas a outros países. 

Os financiamentos do BNDES chegaram a 2 bilhões de dólares em 2014. Numa lista de 19 países, só Canadá, Espanha, Rússia e Áustria gastaram menos do que o Brasil.

O assunto é controverso. Nos Estados Unidos, os parlamentares travam há meses uma disputa em torno do Exim Bank americano. Uma autorização precisava ser aprovada pelo Congresso até 30 de junho para que a instituição recebesse recursos do orçamento federal e não tivesse de paralisar as atividades por falta de fundos.

O Partido Republicano defende que bancos privados financiem as exportações. Para o rival Democrata, do presidente Barack Obama, o fim do banco público prejudicaria pequenas e médias empresas, beneficiárias de 90% dos empréstimos. Até o fechamento desta edição, em 25 de junho, não havia saído uma decisão.

Há alguns aspectos que tornam a discussão mais complicada no Brasil. Aqui, 80% dos 14,5 bilhões de dólares em créditos para exportação concedidos pelo BNDES de 2009 até o primeiro trimestre de 2015 foram para apenas duas empresas: a fabricante de aviões Embraer e a construtora Norberto Odebrecht. Além disso, não estão claros os benefícios resultantes dos incentivos.

É possível ter uma estimativa de seus custos. Um estudo do Insper avaliou 539 contratos de financiamento a exportações de bens e serviços firmados de 2007 a 2015. Os pesquisadores concluíram que cobrir a diferença entre os juros pagos na captação e os cobrados pelos créditos nesse conjunto de operações custou ao Tesouro 352 milhões de dólares nesse período.

Não é a única conta a pagar. O Insper calculou quanto esses recursos renderiam ao FAT se fossem aplicados em títulos remunerados à taxa Selic. Nesse caso, o investimento renderia quase 1 bilhão de dólares a mais por ano do que o fundo ganha com o dinheiro aplicado pelo BNDES.

“Os altos juros no Brasil tornam a operação bem menos vantajosa aqui do que seria em outros países”, diz o economista Sérgio Lazzarini, um dos autores do estudo. O BNDES contesta os dados e afirma que os financiamentos a exportações de bens e serviços de engenharia geraram um retorno de 2,4 bilhões de reais para o FAT no intervalo de 2007 a 2014, acima do que seria obtido se os recursos tivessem sido direcionados para títulos públicos.

“É preciso considerar que os financiamentos às exportações geram renda, empregos e melhoram o resultado da balança comercial”, diz Luciene Machado, superintendente de exportação do BNDES.

É verdade que esses empréstimos são fundamentais para certas empresas. Um caso notório é o da Embraer, uma das cinco maiores do mundo num setor em que precisa competir com gigantes como a americana Boeing e a canadense Bombardier. De 2009 a 2014, a Embraer recebeu 6 bilhões de dólares em financiamentos do ­BNDES.

Os benefícios obtidos são distribuídos à economia do país ou se concentram nas companhias incentivadas? Um estudo da consultoria LCA mostra que, desde 2009, as quatro maiores construtoras brasileiras — Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez — levaram 7 bilhões de dólares em créditos para exportação. As vendas externas representam 45% das receitas dessas empresas.

De acordo com a LCA, cada 100 milhões de dólares exportados ajudariam a manter 19 200 empregos. Para alguns especialistas, isso ainda não basta para justificar os custos das operações. “Por essa lógica, todos os negócios que geram empregos merecem subsídios”, diz o economista Vinícius Carrasco, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

É fato que aumentar as exportações é algo salutar, ainda mais num momento em que a economia brasileira está caindo numa recessão. Nossa fatia no comércio global é de apenas 1,2% — o Brasil é o 25o exportador do planeta. Mas pode haver maneiras mais eficientes de ampliar a participação.

No fim de junho, o governo anunciou um pacote para estimular as vendas externas. O plano prevê subsídios, medidas para promover os produtos brasileiros no exterior e poda na burocracia, um dos principais obstáculos aos negócios.

Uma das metas é cortar de 13 para oito dias, até 2017, os prazos dos trâmites necessários para exportar. “Melhorar a competitividade do país pode ser a saída para que as empresas dependam menos de subsídios”, afirma Maurício Canedo, pesquisador da Fundação Getulio Vargas. E, além disso, sairia bem mais barato.