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São Paulo – Por que motivos alguém resolve criar seu próprio negócio? Para um grupo especial de empreendedores,
a resposta é inspiradora: "para ajudar outras pessoas". Esses
empreendedores possuem negócios que visam sim o lucro, mas cujo
propósito também é auxiliar a resolver problemas sociais.
A mais recente pesquisa
da Endeavor, entidade de apoio ao empreendedorismo, focou-se em
entender como funcionam esses negócios sociais no Brasil, em especial em
São Paulo. De acordo com o estudo, o empreendedorismo social tem
crescido em todo o mundo. “Investidores de impacto focados no âmbito
social estão gerindo 60 bilhões de dólares em ativos do mundo todo,
representando um aumento anual de 7%”, diz o relatório.
E como isso se reflete por aqui? De acordo com a Endeavor, a capital
paulista tem um ecossistema fértil em empresas sociais, mas que ainda é
muito jovem e formado por micro e pequenos negócios em sua maioria, o
que diminui o alcance dessas empresas.
“A eficácia do ecossistema empreendedor local é limitada devido ao baixo
número de empresas que estão conseguindo crescer para tornarem-se
empresas maiores. A ausência dessas empresas também está reduzindo a
habilidade do setor de se sustentar no longo prazo”, alerta o estudo.
A boa notícia é que esses empreendedores tendem a se ajudar.
“Curiosamente, empreendedores de empresas sociais locais não estão
apenas apoiando empreendedores que trabalham na mesma indústria, mas
também aqueles que atuam em indústrias completamente diferentes”,
destaca o relatório. Veja no mapa como essas empresas se relacionam
entre si, num ambiente marcado por relações de mentoria e inspiração.
Mapa de negócios sociais em São Paulo
Um dos destaques do estudo é a startup Geekie, que influencia de alguma
forma outros três negócios sociais (veja abaixo). “Ajudar outros
empreendedores faz parte do que a gente acredita na empresa”, afirma
Claudio Sassaki, um dos fundadores. A empresa tem como foco o setor de
educação, com uma plataforma online de estudos que ajuda alunos a
melhorarem seu desempenho no Enem.
Desafios
Um dos maiores desafios dessas empresas sociais, segundo o estudo, é
manter seu propósito sem descuidar dos resultados financeiros. “O
empreendedor precisa sair de sua zona de conforto. No terceiro setor,
muitas vezes há uma rejeição ao resultado, um cacoete do monopólio do
bem, que vê o resultado como algo ‘do mal’. Mas, se você não gera
resultado, você não é protagonista de sua própria história. Sem
resultado, o negócio vai morrer”, afirmou Leo Figueiredo, fundador do
Instituto Quintessa, uma aceleradora para negócios sociais, durante o
lançamento do estudo.
Outro desafio para esses empreendedores é a falta de regulamentação
oficial. Diferente de outros países, no Brasil não há uma designação
legal para esse tipo de empresa. Segundo o estudo, uma ferramenta que
pode ajudar neste ponto é o selo B Corp, fornecido pelo Sistema B, uma
rede global que incentiva empresas a medirem seus resultados não apenas
pelos lucros, mas também por métricas socioambientais. Em 2014, a Natura
se tornou a maior empresa do mundo a receber o selo, o que ajuda a dar
relevância ao modelo.