sexta-feira, 8 de abril de 2016

Ministro chinês quer investigar escândalo Panama Papers





Greg Baker / Reuters
Wang Yi ministro das Relações Exteriores da China
Wang Yi: trata-se da primeira vez que o governo chinês se pronuncia sobre o escândalo, depois de vários dias sem nenhum comentário a respeito
 
Da EFE


Pequim - O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, se referiu nesta sexta-feira ao escândalo causado pelos documentos filtrados da firma panamenha Mossack Fonseca, que afetam nove líderes do país e até agora tinham sido ignorados por Pequim, e disse que "é preciso investigar primeiro o que ocorreu exatamente".

Wang, que fez essas declarações em entrevista coletiva junto a seu colega alemão, Franz-Walter Steinmeier, de visita em Pequim, acrescentou que o "Panamá também está fazendo investigações".
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Trata-se da primeira vez que o governo chinês se pronuncia sobre os "Panama Papers", depois que em dias prévios vários porta-vozes do Ministério das Relações Exteriores se limitaram a repetir ou dizer que não havia comentários a respeito, ou que as informações sobre o escândalo eram "infundadas".

O escândalo dos documentos da firma panamenha filtrados afetou desde o cunhado do presidente da China, Xi Jinping, o artífice da campanha em massa anticorrupção e contra o consumo feito pelas autoridades há três anos, até o neto político do fundador da República Popular, Mao Tsé-tung.

Gente próxima a outros sete líderes, entre eles Zhang Gaoli e Liu Yunshan, dois dos sete membros do órgão de mais poder chinês, o Comitê Permanente, também foram citados nas filtragens, passando por um ex-primeiro-ministro, um ex-vice-presidente e pelo ex-ministro Bo Xilai, assim como por um ex-secretário geral da formação ou que fora "número quatro" na hierarquia comunista até 2012.

Também pela primeira vez hoje, um dos envolvidos da elite chinesa, Hu Dehua, filho do ex-secretário geral do Partido Comunista nos anos 80 Hu Yaobang, se manifestou publicamente para admitir que era diretor e beneficiado da Fortalent International Holdings, nas Ilhas Virgens Britânicas, como dizem os documentos.

"Não há nada o que esconder", disse hoje Hu ao jornal "South China Morning Post", e acrescentou que "o registro foi feito com meu próprio passaporte e meu nome real".

Hu, o primeiro a falar entre os chineses envolvidos, indicou ao jornal que não sabia por que outros preferiram se calar. "Este é meu estilo de fazer as coisas".

Em todos os casos que afetam a China, familiares ou membros muito próximos destes líderes abriram companhias em paraísos fiscais, algo que a princípio não é ilegal, mas que sugere que poderiam ser empresas de fachada para lavagem de dinheiro e evasão de impostos.
 
Das 16,3 mil companhias internacionais para as quais o Mossack Fonseca trabalhou até 2015, 29% procedem da China e Hong.
 
 

Ambev quer comprar fábrica da Brasil Kirin no Rio





Thinkstock
Fábrica da Ambev
Fábrica da Ambev: empresa quer ampliar capacidade comprando fábrica da Brasil Kirin, dona de marcas como Schin e Devassa.
 
Da REUTERS


São Paulo - A Ambev pretende comprar a fábrica da Brasil Kirin, do grupo Kirin, para produção e envase de bebidas em Cachoeiras de Macacu, no Rio de Janeiro.

O negócio foi divulgado em publicação no Diário Oficial da União desta sexta-feira pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que deu publicidade à operação, ainda não aprovada pelo órgão antitruste.
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A fábrica produz cervejas, refrigerantes, sucos e água mineral. Segundo documento das empresas entregue ao Cade, o negócio ocorre conforme a Brasil Kirin busca redimensionar sua capacidade produtiva com a venda de uma unidade na região Sudeste.

"Especificamente no caso da Ambev, a busca por expansão de sua capacidade produtiva tem por objetivo atender a projeção de demanda nos próximos anos", segundo o documento do Cade.

Brasil cai no ranking global dos importadores em 2015




Justin Sullivan/Getty Images
Navios com contêineres de importação e exportação
Comércio exterior: importações físicas pelo mundo aumentaram em 4,5% em 2015, enquanto as do Brasil registraram queda de 15%.
 
Jamil Chade, do Estadão Conteúdo
correspondente, do Estadão Conteúdo


Genebra - A crise econômica no Brasil e o real desvalorizado levam o País a sofrer a segunda maior queda de importações entre as grandes economias do mundo. A queda, segundo a OMC, vai se intensificar em 2016 e pode até continuar em 2017.

Em 2015, a redução nas importações foi de 25,2%, colocando o País na 25.ª posição entre os principais mercados. No ano passado, o Brasil somou compras de US$ 179 bilhões, inferior às da Polônia ou Turquia.
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Não foi só em valores que a redução ocorreu. Enquanto as importações físicas pelo mundo aumentaram em 4,5% em 2015, as do Brasil registraram queda de 15%, até mesmo pior que as da Venezuela, com 13%.

Os dados foram apresentados na quinta-feira, 7, pela Organização Mundial do Comércio (OMC). "Quando a economia desacelera, um indicador é a redução de compras. No caso do Brasil, essa queda foi significativa", disse Roberto Azevedo, diretor da OMC.

A contração pode continuar em um ritmo ainda maior. Na América Latina, a queda da produção foi de 1% em 2015. Mas deve se aprofundar para uma retração de 1,7% em 2016. "Parte substancial disso vem do Brasil", disse Robert Koopman, economista chefe da OMC.

Nos três primeiros meses de 2016, os dados apontam para uma contração ainda maior que a de 2015. As compras do País registraram US$ 32 bilhões, 33,4% a menos que o mesmo período de 2015.

O resultado é o maior superávit dos últimos 28 anos, o que a OMC alerta que nem sempre pode ser um resultado positivo, por ocorrer graças a uma recessão interna.

A queda contrasta com a expansão registrada até 2012, com saltos de mais de 20% por ano nas importações. A tendência levou centenas de multinacionais a cobiçar o mercado brasileiro, investir e compensar suas fracas vendas na Europa com apostas no Brasil.

Hoje, entre as 30 maiores economias do mundo, apenas a Rússia registrou uma contração de compras superior à do Brasil, com queda de 37% em valores e em volume. Moscou, porém, vive ainda sob o embargo da União Europeia e dos EUA por causa dos conflitos na Ucrânia.

Em 2013 e 2014, o Brasil aparecia na 21.ª posição entre os maiores importadores. Com a queda de quatro lugares no ranking da OMC, o País já é ameaçado por Malásia e Arábia Saudita.

No lado das vendas ao exterior, o Brasil também teve uma das piores quedas, com contração de 15,1% em valores, colocando o País na 25.ª posição entre os exportadores. Hoje, os produtos nacionais representam apenas 1,2% do mercado mundial.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

STF acolhe mandado de segurança sobre dívida de SC


Rio Grande do Sul deve entrar com mesmo recurso que contesta União

Da Redação

redacao@amanha.com.br



O Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu nesta quinta-feira (7) o mandado de segurança impetrado pelo governo de Santa Catarina, contestando os critérios de cobrança da dívida da União. A Corte concedeu medida liminar por 9 votos a 2. Como o Supremo entendeu que o mandado de segurança é uma via adequada para discussão da matéria da dívida, o processo prosseguirá normalmente dentro do STF até o julgamento final. 

A decisão permite ao estado pagar parcelas menores do que as exigidas, sem sofrer as punições legais. Entre as sanções pelo não pagamento das parcelas da dívida com a União está, por exemplo, a suspensão dos repasses federais ao estado devedor. Em nota, o governador Raimundo Colombo comemorou: "Com a liminar, conseguimos suspender o pagamento que era injusto e abusivo".

A vitória catarinense incentivou o Rio Grande do Sul, através da Procuradoria Geral do Estado (PGE),  a entrar com um mandado de segurança para obter o mesmo benefício nesta sexta-feira (08).  Caso conseguisse o mesmo resultado, o débito da dívida gaúcha, que hoje é superior a R$ 50 bilhões, sofreria uma redução drástica. O governo estadual ainda vai tentar evitar, preventivamente, o bloqueio das contas na segunda-feira, já que ainda não pagou a parcela da dívida com a União do mês março de R$ 280 milhões.  

Enquanto os vizinhos do Sul lutam por um alívio para suas dívidas, o Paraná, junto com mais quatro estados (São Paulo, Alagoas, Goiás e Espírito Santo) defende a austeridade do Ministério da Fazenda na cobrança das contra-partidas para o alongamento da dívida, além das alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que tornam mais rígidas a contabilização da despesa de pessoal. 


Entenda o caso


O mandado de segurança com pedido de liminar foi negado pelo ministro Luiz Edson Fachin em 26 de fevereiro. O ministro, relator do processo, não analisou o mérito do pedido de Santa Catarina, considerando que, por envolver matéria complexa, a discussão deve ser feita por outro instrumento jurídico. No dia 2 de março, Santa Catarina entrou com recurso no STF contra a decisão do ministro Fachin, que acabou culminando na decisão promulgada nesta quinta. 

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STF acolhe mandado de segurança sobre dívida de SC

Rio Grande do Sul deve entrar com mesmo recurso que contesta União

Da Redação

redacao@amanha.com.br
O Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu nesta quinta-feira (7) o mandado de segurança impetrado pelo governo de Santa Catarina, contestando os critérios de cobrança da dívida da União. A Corte concedeu medida liminar por 9 votos a 2. Como o Supremo entendeu que o mandado de segurança é uma via adequada para discussão da matéria da dívida, o processo prosseguirá normalmente dentro do STF até o julgamento final. 
A decisão permite ao estado pagar parcelas menores do que as exigidas, sem sofrer as punições legais. Entre as sanções pelo não pagamento das parcelas da dívida com a União está, por exemplo, a suspensão dos repasses federais ao estado devedor. Em nota, o governador Raimundo Colombo comemorou: "Com a liminar, conseguimos suspender o pagamento que era injusto e abusivo".
A vitória catarinense incentivou o Rio Grande do Sul, através da Procuradoria Geral do Estado (PGE),  a entrar com um mandado de segurança para obter o mesmo benefício nesta sexta-feira (08).  Caso conseguisse o mesmo resultado, o débito da dívida gaúcha, que hoje é superior a R$ 50 bilhões, sofreria uma redução drástica. O governo estadual ainda vai tentar evitar, preventivamente, o bloqueio das contas na segunda-feira, já que ainda não pagou a parcela da dívida com a União do mês março de R$ 280 milhões.  
Enquanto os vizinhos do Sul lutam por um alívio para suas dívidas, o Paraná, junto com mais quatro estados (São Paulo, Alagoas, Goiás e Espírito Santo) defende a austeridade do Ministério da Fazenda na cobrança das contra-partidas para o alongamento da dívida, além das alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que tornam mais rígidas a contabilização da despesa de pessoal. 
Entenda o caso
O mandado de segurança com pedido de liminar foi negado pelo ministro Luiz Edson Fachin em 26 de fevereiro. O ministro, relator do processo, não analisou o mérito do pedido de Santa Catarina, considerando que, por envolver matéria complexa, a discussão deve ser feita por outro instrumento jurídico. No dia 2 de março, Santa Catarina entrou com recurso no STF contra a decisão do ministro Fachin, que acabou culminando na decisão promulgada nesta quinta. 

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Dilma lidera ranking dos lideres mais decepcionantes do mundo !


Levantamento online foi feito pela revista americana Fortune; presidente ficou com 374 mil votos, contra 17 mil do 2º colocado

A presidente, Dilma Rousseff
A presidente, Dilma Rousseff

SÃO PAULO -  Uma pesquisa realizada entre os leitores da revista americana Fortune apontou a presidente Dilma Rousseff como a líder  mais "decepcionante" do mundo. O levantamento online, aberto faz uma semana, foi divulgado pela publicação na quinta-feira, 7. A presidente brasileira recebeu 374 mil votos, muito a frente do segundo colocado, o governador do estado do Michigan, Rick Snyder, que recebeu 17 mil votos.

Na lista, Dilma também ficou a frente de nomes como Joseph Blatter e Michel Platini, ambos envolvido nos escândalos envolvendo a Fifa, e de Martin Winterkorn, ex-presidente da Volkswagen. Na avaliação da Fortune, a expectativa era que a presidente continuasse o trabalho do antecessor, Lula, mas, ao invés disso, ela ‘se tornou conhecida pela suposta má gestão das contas públicas e pela acusação de sua campanha saber de um os maiores esquemas de corrupção de todos os tempos’.

A Fortune relata ainda que, apesar de não haver provas do envolvimento de Dilma, o relacionamento próximo a Lula e seu cargo de chefe de conselho da Petrobrás durante os episódios de corrupção deixaram as pessoas ‘céticas em relação à sua negação de participação no esquema’.

Além de Dilma, do governador do Michigan e de Joseph Blatter e Michel Platini, o ranking ainda traz nomes como Martin Shkreli, fundador da Turing Pharmaceuticals - empresa que aumentou o preço de um remédio para Aids de US$ 13,50 para US$ 750 -, Chris Christie, governador de Nova Jérsei, e Marissa Mayer, CEO da Yahoo.

Outros rankings. No tradicional ranking das 50 pessoas mais poderosas do mundo, publicado pela revista norte-americana Forbes em novembro de 2015, a presidente Dilma caiu seis posições e apareceu em 37º lugar. O ranking é liderado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin; a chanceler da Alemanha, Angela Merkel; o presidente dos EUA, Barack Obama. No mesmo mês, a presidente apareceu na 30.ª posição na lista das 50 pessoas mais poderosas do mundo publicada pelo site de notícias econômicas e de tecnologia Business Insider.

Mais influentes. Em 24 de março, a revista Fortune publicou a lista anual dos 50 líderes mais influentes do mundo e o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, aparece em 13.º lugar. A primeira posição é ocupada pelo presidente da Amazon, Jeff Bezos, seguido pela chanceler alemã, Angela Merkel. O papa Francisco aparece no quarto lugar.

Justiça Federal proíbe MPT de requerer contratos de honorários


As informações relativas à contratação de advogados estão sob a proteção do sigilo profissional da categoria e só podem ser fornecidas por determinação do Poder Judiciário. Foi o que decidiu a 5ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro ao cancelar os requerimentos encaminhados pela Procuradoria do Ministério Público do Trabalho no estado a dezenas de empresas fluminenses para ter acesso aos contratos de honorários firmados com escritórios de advocacia.

A sentença, proferida no dia 29 de março e da qual ainda cabe recurso, confirma uma liminar concedida pela mesma 5ª Vara da Justiça Federal, em fevereiro. A medida atende a um pedido da seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil, feito em mandado de segurança ajuizado após a entidade receber denúncias de que um procurador do MPT tinha enviado requerimento às 30 empresas com mais processos no Tribunal de Justiça fluminense para que apresentassem os contratos de honorários dos escritórios que lhes representam em juízo.

No mandado de segurança, a entidade argumentou que a solicitação do MPT viola o artigo 7º do Estatuto da Advocacia, que estabelece como invioláveis o escritório ou local de trabalho do advogado, assim como dos seus instrumentos de trabalho, correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia. O pedido é assinado por Felipe Santa Cruz, presidente da OAB-RJ; Fábio Nogueira, procurador-geral; Luciano Bandeira Arantes, presidente da Comissão de Defesa, Assistência e Prerrogativas; e Thiago Gomes Morani, subprocurador-geral da entidade.

No pedido, a seccional também argumentou que o requerimento do MPT para quebrar do sigilo de dezenas de contratos estava ausente de fundamentação, o que é exigido de todos os atos da administração. Na ocasião, o juiz Firly Nascimento Filho, que está a frente da 5ª Vara da Justiça Federal, considerou que o periculum in mora estava presente, pois o atendimento às requisições poderia causar danos irreparáveis aos escritórios e advogados e, por isso, concedeu a liminar.

Ao analisar o mérito do mandado de segurança, agora, Nascimento Filho deu razão à OAB-RJ. Na avaliação dele, a questão “não se trata de mero ato procedimental a permitir a ausência de fundamentação, mas de ato com consequências na esfera individual das partes e, portanto, protegida pelo manto constitucional do artigo 5º, notadamente da norma do devido processo legal”.

Nesse sentido, ele destacou “as lições de Leonardo Greco, que podem ser aplicadas no presente caso”. Segundo o jurista, “todas as medidas preventivas, repressivas ou instrutórias que invadam a esfera privada ou impliquem em restrições ao exercício de direitos de quaisquer pessoas devem ser adotadas sob estrito controle judicial da sua legalidade, necessidade, proporcionalidade com a gravidade da infração e adequação”.

Nascimento Filho também criticou o fato de o MPT não ter motivado os requerimentos. E concluiu que “do referido aresto deflui que houve violação da norma do artigo 7º, da Lei 8.906/94 [Estatuto da Advocacia]”, já que “o sigilo somente poderia ser quebrado por ordem judicial”.


Processos contra escritórios

 
Felipe Santa Cruz explicou à ConJur que os requerimentos visam instruir os procedimentos do MPT para questionar a contratação de advogados pelas bancas da advocacia. Segundo o presidente da OAB-RJ, a tentativa exacerba a função do parquet.

“Isso é uma violência, fere o principio profissional. E se a OAB se calasse, esse seria o primeiro passo para que o MPT pautasse os honorários para os advogados. Fomos ao Judiciário e vamos seguir vigilantes de prerrogativas dos advogados”, afirmou.

O presidente da OAB-RJ disse ainda que a entidade não se nega a discutir a forma de contratação e que o tema está sendo tratado internamente, por meio de propostas para mudança do provimento da entidade que regula a formação das sociedades de advocacia. “Claro que temos que avançar na regulamentação dos contratos de escritórios, mas não será o MPT, com atos como esses, que fará isso.”

Para o procurador-geral da OAB-RJ, a sentença garante o sigilo profissional, que só pode ser quebrado por força de decisão judicial e em casos excepcionais. “A inviolabilidade só pode ser quebrada por força de decisão judicial. Havia [nos requerimentos] uma clara afronta ao princípio da reserva de jurisdição. Impetrássemos também o mandado de segurança porque esse ato do MPT não foi fundamentado e todos os atos precisam ser fundamentados. Por isso, esse ato é nulo. E os nossos fundamentos foram reconhecidos em sede de liminar e agora na sentença”, disse.

O procurador Rodrigo Carelli, autor dos requerimentos, informou à ConJur que o MPT ainda não foi notificado da decisão oficialmente, mas que tanto o parquet como a Advocacia-Geral da União, que representa a instituição, vão recorrer.

“E temos certeza de que a posição do Tribunal [Regional Federal da 2ª Região, onde cabe o recurso] será a mesma da decisão do desembargador Marcello Granado [que integra aquela corte], que derrubou a liminar original, colocando em dúvida, como também acreditamos, a legitimidade da OAB impugnar ato que beneficia os grandes escritórios em detrimento dos pequenos advogados”, afirmou.

O procurador explicou que o Ministério Público do Trabalho precisa dos contratos de honorários para saber quem são os escritórios que fazem contencioso de massa. "Pois são, segundo o sindicato dos advogados, aqueles que têm problemas de precarização do trabalho do advogado."

Sobre o sigilo dos dados, Carelli disse que eles não valem para o Ministério Público, cujo poder de requisição e a impossibilidade de oposição de sigilo tem resguardo na Constituição e na lei. “Importante dizer que, segundo o STF, não pode haver imunidade de ninguém, e qualquer sigilo é resguardado pela instituição que recebe dados sigilosos”, afirmou.


Clique aqui para ler a decisão.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Golpes contra as instituições






A democracia não é ameaçada por militares nem pelo povo, mas por quem jurou defendê-la

 (*) José Nêumanne Pinto

 jose_neumanne_18

 Esqueça comunismo, socialismo, bolivarianismo ou populismo. Tudo isso serve apenas de lorota retórica para engabelar o povo. O que o Partido dos Trabalhadores (PT) e aliados executaram em 13 anos e três meses no poder na República foi um crime comum planejado e executado com frieza e cálculo. E justificado com mantras ideológicos para manter vivo o fervor da militância. A Operação Carbono 14, 27.ª fase da Lava Jato, que completa dois anos de profícua existência, prova também que os casos Celso Daniel, mensalão e petrolão não foram isolados, mas um escândalo só: o maior assalto aos cofres públicos, como nunca antes havido na História deste país. Quiçá do mundo!

Há quem diga que as instituições do Estado Democrático de Direito estão funcionando normalmente no Brasil. Graças a Deus! Mas será que estão mesmo? Até este momento as aparências mostram que sim. Mas, como dizia o título de uma coluna do chargista Carlos Estêvão na extinta revista O Cruzeiro, “as aparências enganam”. É. Pode ser. Até agora, a força-tarefa, composta por agentes da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), tem produzido uma surpreendente devassa da compra de dirigentes políticos, empresários de peso e burocratas antes intocáveis e esta mostra o pleno funcionamento da Justiça. A confirmação das decisões do juiz federal paranaense Sergio Moro por tribunais superiores reforça tal impressão. Mas não será apenas uma impressão?

Os impropérios públicos contra a atuação independente dessa fração do Poder Judiciário proferidos pela presidente da República, pelo maior líder (e sua principal base política de sustentação) e por dirigentes, parlamentares e militantes do partido deles, contudo, ameaçam a continuidade e efetividade da operação. Já se comenta abertamente nos meios de comunicação a possibilidade da anulação de seus atos por impugnação de algum deslize do juiz, como ocorreu antes na Operação Castelo de Areia, por exemplo.

Ora, direis, isso são apenas conjecturas. Pois o povo na rua prestigia o desempenho de policiais, procuradores e do juiz, mantendo eventuais desafetos de seu trabalho sob pressão. Mas na República não vigora o lema de grevista segundo o qual “o povo unido jamais será vencido”. Ainda que o trabalho da “república de Curitiba” seja aplaudido e defendido por 90% da população, segundo o Instituto Ipsos, isso não bastará para mantê-lo. Ele precisa do suporte das instâncias superiores do Judiciário e, embora esteja sendo confirmado, já começa a receber alguns avisos bastante claros da mais alta delas, o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisões que podem significar “devagar com o andor, que o santo é de barro”.

De qualquer maneira, as últimas notícias não deixam dúvidas quanto à evidência de que o aparelhamento do Poder Executivo pelos partidos governistas, principalmente o da “chefa” do governo, não se limita mais à ocupação dos cargos nas repartições públicas e nas estatais, sem a qual o gigantesco assalto não teria sido possível. Agora atingiu o topo. Apoiada na máquina pública aparelhada e na vitória apertadíssima no pleito de 2014, a militante Dilma Vana Rousseff Linhares passou a ocupar a sede do poder republicano, o Palácio do Planalto, como se fosse um aparelho de seus tempos de guerrilheira Estela, reunindo massas fanáticas que berram palavras de ordem provocadoras como “não vai ter golpe”.

E pior, “vai ter sangue”! Fazendo coro a gritos de guerra puxados pela alterada ocupante temporária do próprio público, a militância agrediu e expulsou o deputado Major Olímpio (SD-SP) de uma posse de ministros. Os presidentes da CUT, Vagner de Freitas, e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, ameaçaram se armar para defender a permanência da chefe no governo. O secretário de Comunicação, Edinho Silva, falou em cadáver.

Para animar plateias que se dispõem a ouvir suas arengas a “presidenta” manda Montesquieu às favas agredindo o Legislativo e o Judiciário, como se estes tivessem a obrigação de concordar com ela, com a afirmação que afronta a lei “impeachment é golpe”, agora acrescentada da pretensa atenuante “sem provas”.

Dilma ainda vai além: o palácio que virou aparelho e, depois, auditório para resistência sindical está sendo usado como brechó de quinta categoria. Nele a adesão de parlamentares à manutenção a qualquer custo do resto de mandato de Dilma está sendo alugada com dinheiro do contribuinte. 

Primeiramente, ela fez ouvidos de mercador à crise ética, permitindo por omissão o assalto desmesurado ao patrimônio público, que levou ao empobrecimento da Petrobrás e à recessão. Isso tudo gerou a maior crise econômica da História. E, então, resolveu esvaziar o caixa para ficar com a chave dele.

O parágrafo anterior descreve a desmoralização do Poder Legislativo, que representa a base da democracia, por ser o poder do cidadão. Mas o crime impune descrito é apenas uma das demonstrações da ameaça à higidez dessa instituição basilar do Estado Democrático de Direito. Pois ainda salta aos olhos da multidão a degeneração das casas de leis presididas por parlamentares investigados em vários casos criminais.

A lerdeza torna-se sinônima de leniência do Judiciário, que o cidadão constata comparando dois números: 67 condenados em 17 processos na primeira instância e nenhum político com foro privilegiado punido na forma da lei na instância final. E o Supremo Tribunal tem também seu prestígio institucional arranhado pela corrida de seus membros rumo à luz dos holofotes e à proximidade dos microfones dos meios de comunicação.

Nem quartéis nem ruas ocupadas pelo povo ameaçam o funcionamento das instituições. Mas, sim, seus ditos guardiões que, em vez de fortalecê-las, as usam para se manter no topo e ficar à sombra e água fresca de paraísos fiscais.

(*) José Nêumanne Pinto é jornalista, poeta e escritor.