segunda-feira, 3 de abril de 2017

O governo Trump já acabou?


Com divergências crescentes entre os republicanos, o presidente americano enfrentará cada vez mais dificuldade para fazer a "América grande novamente"

 





Entre ataques à imprensa e loas a Vladimir Putin, Donald Trump tinha um plano de voo quando assumiu a presidência dos Estados Unidos, em janeiro. Porém, 70 dias depois, a fuselagem da nave Trump está em frangalhos. A mais fragorosa derrota foi no dia 24 de março, quando o presidente falhou em conquistar votos republicanos para o projeto que substituiria o programa de acesso à saúde Obamacare.

A aprovação do novo projeto era fundamental para os planos de Trump. A troca faria a União reduzir o déficit orçamentário em 337 bilhões de dólares no período entre 2017 e 2026. Os desembolsos seriam reduzidos em 1,2 trilhão de dólares no período, segundo dados da Comissão Orçamentária do Congresso.

Essa redução daria ao governo uma gordura financeira para continuar com o restante do plano: passar um orçamento austero, com fundos de emergência alocados para a construção do muro na fronteira sul com o México; depois, aprovar uma reforma tributária, que cortaria taxas principalmente para empresas, de 35% para 15%; e promover uma repatriação de divisas a custos baixos.

De acordo com análises feitas pelo Comitê para um Orçamento Federal Responsável, a reforma tributária adicionaria incríveis 5 trilhões de dólares à dívida americana em 10 anos — principalmente porque o presidente planeja cortar as taxas para os mais ricos e mudaria as alíquotas básicas de incidência dos impostos. Por esse motivo, era necessário ter aquela gordura, que viria, além do corte de custos com o Obamacare, com a imposição de tarifas alfandegárias para produtos fabricados fora dos Estados Unidos e a repatriação de divisas — temas primordiais na consolidação do plano de Trump.

O ponto alto seria o prometido investimento de 1 trilhão de dólares em infraestrutura. Este projeto, em que Trump esperava contar com o apoio de democratas, previa a construção de uma comissão bipartidária para um plano de infraestrutura criado em comum acordo e que resolveria um problema criticado pelos dois lados do espectro político: a estrutura logística do país, que está defasada frente às economias mais agressivas do planeta.

Este era o arcabouço básico do governo: retirar tarifas como forma de incentivos para o bom funcionamento das empresas nacionais, impor severas taxas sobre produtos importados para aumentar a demanda interna e investir em infraestrutura para que a cadeia local pudesse suprir a demanda.

De acordo com a visão de Stephen Bannon, ex-presidente do site de notícias conservador Breitbart e um dos principais conselheiros de campanha e de governo do presidente, este seria o terreno fértil de um “nacionalismo econômico”, apoiado por outros membros do governo, como Wilbur Ross, secretário de Comércio, e Peter Navarro, diretor do Conselho Nacional de Comércio.

Além dos incentivos fiscais e investimentos estruturais, o cancelamento de acordos de comércio, a desregulamentação ambiental e a restrição à entrada de imigrantes seriam todos pontos que favoreceriam a vida daqueles que Trump chamou de “os americanos esquecidos”.

O problema, como vai ficando claro a cada dia, é que o plano infalível de Trump é amadorístico. Encontra, de um lado, oposição da Justiça, que vem considerando suas políticas de imigração ilegais; de outro, do Congresso, que não embarcou em suas frágeis ideias para um futuro dourado. Desta forma, uma pergunta vem ganhando força entre os analistas americanos: o governo Trump já acabou?


A queda


A coisa começou a complicar no último dia 24 de março: divergências entre os republicanos de diferentes facções, principalmente os mais moderados e os mais conservadores, mostraram que havia sido precipitada a decisão de Trump e do presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Paul Ryan, de levar o projeto de substituição do Obamacare ao plenário da Casa sem maiores discussões internas. Os moderados ficaram preocupados que o plano tiraria a cobertura de saúde de cerca de 24 milhões de habitantes e os conservadores preferiram abandonar qualquer proposta de mudança a aprovar uma que não era radicalmente diferente daquela do ex-presidente Barack Obama.


Pior: a derrota deixou claro que Republicanos estão descrentes da capacidade de Ryan como líder político. A Casa Branca, segundo a imprensa americana, passa por brigas internas e tem um ambiente “tóxico e distraído”, com diversos centros de poder conflitantes culpando uns aos outros por uma série de reveses crescentes. Os conselheiros mais altos brigam entre si sobre como lidar com uma série de reportagens negativas; o partido enfrenta julgamento de seus membros sobre as prioridades legislativas do governo; e até doadores de campanha estão descontentes com os caminhos da gestão.

A essa altura de sua administração, o presidente Obama já havia aprovado o pacote de 787 bilhões de dólares em estímulos para a economia, que acabava de vir do crash imobiliário de 2008, e se reunia com membros do legislativo para trabalhar nas primeiras ideias do que viria a ser o Obamacare.

A resposta aos problemas veio bem ao estilo Trump. Ele afirma que os relatos de discussões em sua equipe são “fake news” e, esta semana, ameaçou republicanos conservadores, bem como democratas, afirmando que o governo federal os enfrentaria nas eleições legislativas que acontecem no ano que vem, quando um terço do Congresso será trocado. “Os conservadores irão arruinar toda a agenda política republicana se eles não entrarem no time. E rápido. Temos que lutar contra eles e os democratas em 2018”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter.

O grupo já deixou claro que está disposto a se opor às propostas mais frágeis do presidente. E há pouca margem para Trump negociar com os conservadores sem perder apoio entre republicanos moderados. Os conservadores republicanos ocupam somente 32 das 435 cadeiras na Câmara, o que não é uma margem preocupante, já que republicanos têm 241 cadeiras, ante 194 dos democratas, uma diferença de 47 votos. O real problema está no Senado: os republicanos têm 52 senadores, ante 48 democratas. Uma diferença de apenas 4 votos em que o apoio de conservadores pode salvar projetos que já passaram pela Câmara.

“Trump até poderia influenciar seus eleitores contra esses políticos, mas eles vêm de distritos eleitorais igualmente conservadores e homogêneos. Ronald Reagan era muito bom em exercer esse tipo de pressão. Mas poderia Trump fazer isso de maneira efetiva?”, questiona Richard Hall, cientista político da Universidade de Michigan especialista no Congresso americano.



Há solução?


“Os republicanos não têm plano B. Não conseguiram aprovar a lei que substituiria o Obamacare, e agora o partido precisa aprovar uma reforma tributária que venha acompanhada de um forte imposto alfandegário para equilibrar as contas”, afirma a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson de Economia Internacional e colunista de EXAME Hoje. Trocar a legislação tributária do país é consenso entre os republicanos, mas a imposição de uma forte tarifa sobre produtos importados não é. Esse novo impasse do partido pode significar uma nova derrota na tentativa de aprovação da lei, o que poria, de fato, fim ao plano inicial de Trump.

Essa incerteza, claro, já foi lida pelos mercados, que foram afetadas pela falta de coesão do governo nos últimos 10 dias. Quem mais perdeu foram as ações dos bancos, grandes beneficiados por um possível corte de taxas — o Goldman Sachs perdeu 7,42% do valor de mercado em março.

Para Monica de Bolle, Trump deve, no máximo, conseguir aprovar um corte nos impostos como foi feito durante a Era Bush, focando em alívios fiscais e deduções. Mas uma grande reforma do sistema tributário é prevista para continuar na gaveta. Se isso acontecer, as principais propostas do governo estarão acabadas: não haverá cortes de taxas significativos, nem substituição do Obamacare, um plano massivo de investimento em infraestrutura será alvo de forte escrutínio e não há sinal de que a justiça acatará os decretos anti-imigração.

Para a sorte de Trump, as mentiras que ele contou sobre a economia durante a campanha era realmente mentiras. O desemprego está em apenas 4,7%, menor taxa desde a época pré-crise de 2008. A economia expandiu 1,6% em 2016, após um aumento de 2,1% no último trimestre do ano, impulsionada por uma alta de 3,5% nos gastos dos consumidores, que contam como dois terços do PIB.

A economia, portanto, está nos trilhos — não graças a Trump, como ele insiste em dizer — o que tem evitado níveis de aprovação cataclísmicos. A média das pesquisas do site RealClearPolitics mostra que 52,6% desaprovam o governo Trump. São 11,5 pontos percentuais a mais do no início do governo, mas ainda assim é muito perto da média de oposição histórica a Trump. 

Como político em campanha, Trump agia como se as regras de Washington não se aplicassem a ele. E foi beneficiado por isso. Como presidente, Trump se depara com uma máquina pública que envolve muito mais interesses individuais do que aqueles encontrados na iniciativa privada. Ele se vê enjaulado pelas mesmas regras políticas que desdenhou durante todo o ano passado, e tem sofrido por ter montado um time de empresários e banqueiros sem experiência em articulação política.

Trump prometeu o mundo em 100 dias, mas 70 já se passaram e o mundo parece um gigantesco ponto de interrogação.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Aloysio Nunes participará de reunião do Mercosul sobre Venezuela


O ministro das Relações Exteriores do Brasil discutirá, como definiu a Argentina, a "grave situação institucional" da Venezuela,

 





Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, participará neste sábado em Buenos Aires de uma reunião de chanceleres convocada pelo Mercosul para discutir a situação venezuelana, informaram nesta sexta-feira à Agência Efe fontes oficiais.

A reunião foi convocada com caráter de urgência pela Argentina, que exerce durante este semestre a presidência rotativa do bloco, para discutir o que qualificou de “grave situação institucional” da Venezuela.

A crise venezuelana se agravou na última quarta-feira, quando a Corte Suprema de Justiça (TSJ) decidiu assumir as competências da Assembleia Nacional (AN, parlamento), de maioria opositora, devido à persistência do “desacato”, um status que o Poder Judiciário impôs à câmara pelo descumprimento de várias sentenças.

A Venezuela era membro pleno do Mercosul até dezembro do ano passado, quando foi suspensa por Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, os membros fundadores do bloco, pois após quatro anos nessa condição ainda não tinha se adaptado à legislação interna.

O governo brasileiro reagiu com rigor frente à decisão do TSJ e, em comunicado divulgado na quinta-feira, expressou seu “repúdio” à “clara ruptura da ordem constitucional”.

No comunicado, o governo acrescentou que “o pleno respeito ao princípio da independência dos poderes é essencial para a democracia” e que as decisões do tribunal venezuelano “violam esse princípio e alimentam a radicalização política do país”.


China e UE reafirmam acordo climático após recuo de Trump


Presidente dos Estados Unidos começou a reverter as medidas adotadas por Barack Obama para cortar as emissões de gases de efeito estufa nos EUA





Pequim / Oslo – Nações lideradas pela China e pela União Europeia fizeram coro a favor de um plano global para conter a mudança climática nesta quarta-feira, um dia após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começar a reverter as medidas adotadas por seu antecessor, Barack Obama, para cortar profundamente as emissões de gases de efeito estufa nos EUA.

O decreto assinado por Trump na terça-feira, cumprindo uma promessa de campanha para fortalecer a indústria carvoeira norte-americana, atinge o coração do Acordo de Paris de 2015, um pacto internacional concebido para conter o aumento das temperaturas no mundo, que em 2016 bateram recordes pelo terceiro ano seguido.

Muitos países reagiram ao plano de Trump com desânimo e um tom desafiador, dizendo que a grande mudança nos investimentos – dos combustíveis fósseis a formas de energia limpa, como a eólica e a solar – está em andamento, com benefícios que vão da poluição ambiental menor a mais empregos.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, cujo governo trabalhou de perto com a gestão Obama na questão da mudança climática, disse que todos os países deveriam “andar de acordo com os tempos”.

“Não importa quais sejam as políticas de outros países para a mudança climática, como país em desenvolvimento grande e responsável a determinação, as metas e as ações políticas da China não irão mudar quanto ao tratamento da mudança climática.”

O Comissário Europeu para o Clima, Miguel Arias Canete, disse: “Vemos o Acordo de Paris e a transição para uma economia mais moderna, mais inovadora, como o motor do crescimento do emprego, das oportunidades de investimento e da prosperidade econômica”.

O alvo principal de Trump é o Plano de Energia Limpa de Obama, que exige que os Estados norte-americanos reduzam as emissões de carbono das usinas de energia.

Esse um um ponto chave no compromisso assumido pelos EUA no pacto parisiense: reduzir as emissões entre 26 a 28 por cento abaixo dos níveis de 2005 até 2025.

Trump não disse se vai retirar seu país do Acordo de Paris, firmado por quase 200 nações visando um rompimento com os combustíveis fósseis ainda neste século como cerne dos esforços para limitar as ondas de calor, as inundações, as secas e a elevação do nível dos mares.

O temor é que menos ações dos EUA – o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, só atrás da China – levem outras nações a reduzir suas metas. Até agora o pacto só foi ratificado por 141 delas, de Estados-ilhas do Oceano Pacífico a produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O Acordo de Paris permite que cada país estabeleça suas próprias metas para conter os gases de efeito estufa e não prevê sanções aos transgressores. Trump chegou a classificar o aquecimento global como uma farsa, mas também disse ter a mente aberta a respeito do pacto acertado na capital francesa.

Ainda assim, sua guinada deve minar um dos pilares do acordo, o de que todos os planos nacionais, que devem ser apresentados a cada cinco anos neste século, têm que ser ainda mais robustos e refletir “a maior ambição possível”.

China chama EUA de “esgoísta” por querer reviver carvão


Decisão de Donald Trump de retroceder nas regulações ambientais do governo Obama corroem os compromissos de redução de emissões de gases efeito estufa






São Paulo – A China está absolutamente perplexa com a decisão do governo americano de reverter os regulamentos ambientais da era Obama e resolver investir novamente nas poluentes usinas a carvão.

As medidas de Donald Trump para retroceder no Plano de Energia Limpa corroem os compromissos de redução de emissões de gases efeito estufa assumidos no histórico Acordo de Paris, após anos de negociações climáticas.

Em um editorial altamente crítico à reviravolta nas intenções americanas, o tabloide chinês The Global Times afirma que o que os EUA estão fazendo prejudica os esforços de outros países no combate às mudanças climáticas e crava: “a opinião ocidental deve continuar a pressionar a administração de Trump. O egoísmo político de Washington deve ser desencorajado”.

O carvão sempre foi central no desenvolvimento da China, mas, nos últimos anos, o país tem feito grandes avanços na adoção de energia renovável e no sentido de fechar sua minas de carvão, responsáveis pela péssima qualidade do ar na região.

Enquanto isso, Trump caminha na direção oposta, e tem elogiado o retorno de carvão, apesar de toda a evidência do crescimento das energias renováveis e até mesmo a realidade da mudança climática.

O editorial também destaca que Pequim se sente desconfortável com a perspectiva de assumir a liderança da luta contra a mudança climática global e não poderia preencher o vácuo deixado pelos EUA.

“A China continuará a ser o maior país em desenvolvimento do mundo por um longo tempo. Como se pode esperar que o país sacrifique seu próprio espaço de desenvolvimento para as potências desenvolvidas do ocidente?”

De fato, a negligência de Trump com o acordo de Paris prejudica a reputação dos EUA, ao passo que cria uma oportunidade para a China preencher a vaga deixada e assumir um papel de liderança maior na luta contra as mudanças climáticas e envolver-se mais na cooperação bilateral e na governança global.

Porém, como observa o jornal britânico The Guardian, a retórica de Pequim muitas vezes supera seus compromissos de reduzir as emissões e, não se pode esquecer que o país também consome mais carvão do que o resto do mundo combinado, embora esse uso tenha se estabilizado nos últimos anos.

“A China não é o tipo de líder em termos de mudanças climáticas que atrairá outros países”, disse ao jornal Lauri Myllyvirta, do Greenpeace, com sede em Pequim. “O governo chinês só vai se comprometer com metas que é muito confortável entregar e ele precisa trabalhar com outros grandes países. A China não vai atacar por conta própria.”


4 pontos do julgamento no TSE que pode cassar chapa Dilma-Temer


Entenda o processo que questiona o resultado das eleições de 2014 e pode tirar o presidente Temer do poder





O presidente Michel Temer enfrentará na próxima semana um julgamento ante o Supremo Tribunal Eleitoral (TSE) que questiona o resultado das eleições de 2014 e poderá tirá-lo do poder, com eventuais recursos prévios.

 

O que é julgado?


Nas eleições de 2014, Dilma Rousseff (PT) e seu vice-presidente, Michel Temer (PMDB) foram reeleitos para o mandato 2015-2018.

O PSDB, derrotado na corrida, denunciou que a campanha de Dilma utilizou recursos desviados da Petrobras, fez gastos acima do valor informado e usou recursos da máquina estatal – como espaços publicitários e edifícios públicos – para fins proselitistas.

Tudo isso constituiu “abuso de poder econômico, político e fraude, revelando-se ilegítimo o mandato” de Dilma e Temer, afirma o PSDB em sua acusação.

Por que o processo é impulsionado por um partido aliado do governo?

 

A ação foi ajuizada pelo PSDB em 18 de dezembro de 2014, logo após a eleição. Nesse momento, Dilma e Temer eram aliados e o PSDB exercia o papel da oposição.

Mas logo após a reeleição, o mosaico político mudou: o PMDB de Temer e outros partidos retiraram o apoio ao governo de Dilma e somaram suas forças no Congresso, incluindo o PSDB, para empurrar o impeachment.

Dilma foi afastada do cargo em maio de 2016 e, finalmente, destituída em 31 de agosto sob a acusação de manipulação de contas públicas.

Temer assumiu o comando do país, com o apoio do PSDB, que ganhou posições ministeriais importantes como Fazenda e Relações Exteriores.

A ação judicial continuou a avançar no TSE, mas perdeu o interesse político para o PSDB, que nas alegações finais apresentadas recentemente pediu para eximir Temer de qualquer responsabilidade.

O que pode acontecer?

 

Se o TSE cassar o mandato, Temer seria afastado do cargo.

A Constituição estabelece que, nesse caso, o Congresso elege um novo presidente para terminar o mandato iniciado por Dilma e continuado por Temer.

No entanto, alguns constitucionalistas interpretam que eleições diretas devem ser convocadas se a saída do presidente ocorrer antes dos últimos seis meses do seu mandato.

Outra possibilidade é que o TSE considere que não houve abuso de poder na eleição e deixe Temer completar o mandato de Dilma.

A defesa do presidente procurou separar suas contas daquelas da ex-chefe de Estado, observando que Temer não teve relação com a parte financeira. Mas há pouca expectativa de que esta moção seja aceita.

Quando o resultado será anunciado?

 

O julgamento começa na terça-feira e estão previstos pelo menos quatro sessões em que a acusação, a defesa e o Ministério Público vão apresentar seus argumentos. Em seguida, cada um dos sete juízes do tribunal apresentará seu voto, que vai definir o resultado.

Em teoria, o processo poderia terminar na quinta-feira da mesma semana. Mas qualquer um dos juízes pode solicitar uma suspensão para aprofundar o estudo do relatório final, de mais de mil páginas.

Os advogados dos acusados também podem solicitar uma extensão de suas defesas.
 
“Eu não ficaria surpreso se um pedido desse tipo for usado como ferramenta para parar o processo, porque há muito interesse político por trás” do caso, considera Michael Mohallem, professor de Direito da Fundação Getulio Vargas.
 

Fiz um desabafo, não imaginava a repercussão, diz CEO da Bayer


Theo van der Loo falou com EXAME.com depois que uma publicação sua no LinkedIn com denúncia de racismo em seleção de emprego viralizou

 





São Paulo – Depois de uma publicação sua no LinkedIn denunciando racismo em seleção de emprego viralizar nas redes, o presidente da Bayer do Brasil, Theo van der Loo, não para de receber mensagens.

“Ainda não consegui nem ler todos os comentários”, diz.

Embaixo da postagem de van der Loo sobre um executivo amigo seu que ouviu do recrutador: “não entrevisto negros”, e não quis fazer a denúncia, muitas pessoas destacam a importância de o debate chegar à mesa dos presidentes de empresa. E ele, no comando da Bayer desde 2011, está convencido que o caminho também é por aí. Por telefone, van der Loo conversou com EXAME.com sobre racismo, preconceito velado e também sobre o papel dos presidentes de empresa na promoção da diversidade no trabalho.

Ganhadora, em 2015, pela Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial (SMPIR) e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) do 1º Prêmio São Paulo Diverso, a Bayer possui um comitê de diversidade que promove debates e ações nas questões: LGBT, racial e de gênero. Mas , seu presidente quer fazer mais e contou alguns dos seus planos. Confira:

EXAME.com: Esperava que a publicação teria a repercussão que teve?
Theo van der Loo: jamais imaginava, foi mais um desabafo mesmo. Eu vejo a frustração das pessoas que estão procurando emprego, a gente tenta ajudar.Eu liguei para esse amigo para saber da entrevista e ele me contou isso. O que acontece é que ele tem medo que o nome dele seja divulgado, porque ele está procurando emprego e tem medo de ser discriminado na entrevista de emprego.

EXAME.com: Recebeu muitas mensagens depois disso?
Theo van der Loo: Recebi. A postagem teve 320 mil visualizações, mais de 900 comentários. nem consegui ler todos ainda. Mas pelos comentários, você vê que muita gente passou pela mesma coisa.

EXAME.com: e sem denunciar?
Theo van der Loo: O que eu ouvi é que, numa denúncia fica o dito pelo não dito, e, nesse caso quem perde é o agredido. Embora exista uma lei contra a discriminação, o preconceito pode ser inconsciente. As vezes as pessoas não gostam e não sabem por quê.

EXAME.com: nesse caso, esse entrevistador sabia muito bem o porquê, não é?
Theo van der Loo: nesse caso, sim. A discriminação é ilegal. Mas você também tem o problema do preconceito velado que afeta igualmente as pessoas na carreira delas.

O que eu queria chamar a atenção é que quem discrimina são brancos. O que as pessoas não estão habituadas é que, se um negro colocasse esse post, talvez não haveria tanta repercussão. Sou brasileiro nato (embora tenha sobrenome estrangeiro) e estou convencido de que se a gente não superar essa situação, o nosso país nunca vai para a frente. Os negros ficam limitados ao esporte, à música, à arte, ao teatro. Na hora que fala de outras carreiras, eles ficam fora da jogada. Você não vê muita gente.

EXAME.com: Qual que seria o caminho para vencer essa situação?
Theo van der Loo: comecei a conversar com os negros na Bayer, há uns três anos, para saber como eles se sentiam. Eles não estão reclamando, o que eles sentem, às vezes, é que eles têm que se esforçar muito mais para serem promovidos, para obterem reconhecimento. Esse comentário eu vi depois na mídia social. Várias pessoas falando a mesma coisa.

EXAME.com:Como é a política de diversidade da Bayer?
Theo van der Loo: Diversidade é um tema geral. As multinacionais têm uma política global de diversidade. Você tem projetos com mulheres em todos os países. Você tem LGBT, a Bayer tem um projeto que chama Blend. Mas, agora, a inclusão social e racial é uma iniciativa nossa aqui, porque nós no Brasil temos essa necessidade, na Alemanha não tem. Se a gente não fizer nada pelo Brasil, não vai acontecer nada.

Então, por isso, a gente assumiu como um dos pilares da diversidade. Um dos pilares é a integração étnica, há os índios também. Você tem também a inclusão dos PCDs, que são as pessoas com deficiência. Existe uma lei e as empresas precisam cumprir uma cota. Na Alemanha também existe uma lei, mas é um pouco diferente.Esses dois grupos – os afrodescendentes e as pessoas com deficiência – têm uma situação que é parecida.

EXAME.com: Qual?
Theo van der Loo: Para as pessoas com deficiência, as empresas têm que preencher a cota, mas, quando você conversa com as pessoas, elas querem fazer carreira, não querem sentir que: ” ah você está aqui pela cota e se não tivesse cota você não estaria aqui”. Normalmente focamos o programa de carreira nas pessoas com mais talento, e isso varia de caso a caso. Temos programas de desenvolvimento para diversos níveis dentro da empresa. Inclusive jovem aprendizes.

É a mesma coisa para os negros. Não é só para ver pela empresa. O que eu escuto muito dos negros, e uma conclusão que eu tirei, é que eles não querem favores, querem oportunidade. Seria um erro colocar uma pessoa em um cargo para o qual ela não está qualificada. Você vai queimar essa pessoa e vai queimar até a causa. Tem que ter um certo cuidado. Se você é uma pessoa que tem potencial, que tem talento, talvez tenhamos que ser mais pacientes e investir um pouco mais nisso também. É um debate que tem que ter na sociedade e também no meu nível, no nível de CEO.

EXAME.com: Qual o papel do CEO?
Theo van der Loo: Muitas empresas delegam isso à área de RH, que é a principal coordenadora de tudo isso, porque RH contrata as pessoas, desenvolve as pessoas. Mas, o CEO tem que estar visivelmente envolvido para que os empregados da empresa também notem que o CEO está atrás disso e quer gerar uma mudança.

Agora, eu confesso para você, a Bayer não é imagem de perfeição, isso aqui é um processo. Eu acho que temos bastante negros na Bayer, fizemos um censo(dos 4 mil funcionários no Brasil, 14% são negros, segundo um censo interno feito em 2014). Mas em cargos altos tem poucos. tem mais do que antes, mas tem poucos. Nós temos, inclusive, dois funcionários negros que estão fora do Brasil, tem um na Alemanha e um nos Estados Unidos. Mas, eu dependo muito dos gestores.

EXAME.com: Por quê?
Theo van der Loo: Por que eu pessoalmente não contrato gente todos os dias, o fluxo é pequeno, eu contrato os diretores, eles não saem muito, a rotatividade é baixa. Eu dependo muito dos gestores que contratam mais pessoas para que eles se sensibilizem e sigam em frente.

O que comento com o RH é o seguinte: se nós continuarmos a fazer tudo do jeito que a gente fazia antes não vai mudar nada. Tem que ter uma certa pro atividade, um empurrão.

EXAME.com: Que tipo de iniciativa?
Theo van der Loo: Temos que pedir para os headhunters que eles forneçam candidatos afrodescendentes. Essa pressão que acho que tem que existir na sociedade.É óbvio que hoje, até pela História, tem mais brancos com uma boa formação do que negros. Mas isso não significa que não tenha negros, ou seja, se uma pessoa falar “não. não tem gente para participar” eu acho um equívoco.

O que acontece é que é mais difícil de achar negros qualificados. Mas, hoje em dia, com as cotas nas universidade, o que é algo muito positivo, você acaba tendo mais gente com qualificação para conseguir emprego.

Agora, refletindo sobre isso que está acontecendo, a gente pode até tentar começar com os estagiários. De repente a gente colocar uma meta: dos estagiários, determinado percentual, no mínimo, tem que ser afrodescendente.

EXAME.com: Essa é uma ideia que você gostaria de desenvolver na Bayer do Brasil?
Theo van der Loo: Sim, nós temos algumas, mas eu quero fazer mais. Muitos CEOS, como eu, muitos concordam que têm que fazer alguma coisa. Mas não sabem como começar. Eu nem sabia como falar, se falava afrodescendente, se falava negro. E conversando com os negros e até pessoas de fora da Bayer, e dizem: “Theo, não é como você chama a gente, falar sobre o assunto já ajuda muito. Seja você mesmo, fale as coisas como você sente e, se você cometer algum erro, você pede desculpas, as pessoas entendem, elas ficam felizes de haver mais interesse.
  
 
 

Reprovação ao governo Temer sobe para 55%, diz CNI/Ibope


Ainda segundo a pesquisa divulgada hoje, 73 por cento dos brasileiros desaprovam a maneira de governar do presidente

 




Brasília – A reprovação ao governo do presidente Michel Temer subiu para 55 por cento em março ante 46 por cento em dezembro do ano passado, de acordo com pesquisa CNI/Ibope divulgada nesta sexta-feira, que apontou ainda desaprovação de 73 por cento à maneira de governar de Temer, contra 64 por cento no levantamento passado.

A aprovação ao governo ficou em 10 por cento, ante 13 por cento em dezembro, enquanto aqueles que consideram o governo regular somaram 31 por cento, contra 35 por cento, segundo o levantamento.

O número daqueles que disseram aprovar a forma de governar de Temer também recuou, para 20 por cento, ante 26 por cento no fim de 2016. Assim como caiu o percentual das pessoas que afirmaram confiar no presidente: 17 por cento agora ante 23 por cento em março. Os que não confiam em Temer passaram de 72 por cento para 79 por cento.

Entre as áreas de atuação do governo, 85 por cento disseram desaprovar as ações e políticas adotadas em relação aos impostos, e 72 por cento não aprovam as ações de combate à inflação.

A pesquisa também questionou os entrevistados a respeito de comparação do governo Temer com a gestão anterior, de Dilma Rousseff, e 41 por cento disseram considerar a atual administração pior que a da petista.

Para 18 por cento o atual governo é melhor que o passado, enquanto 38 por cento disseram considerar ambos iguais.

Entre as notícias mais lembradas pela população, segundo o levantamento, a primeira posição ficou com as discussões sobre a reforma da Previdência, sendo citada por 26 por cento dos entrevistados, à frente de notícias relacionadas à Lava Jato e investigações de corrupção na Petrobras (9 por cento).

A pesquisa ouviu 2.000 pessoas em 126 municípios entre 16 e 19 de março. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.