quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Itaú BBA amplia expectativa de lucro do BTG Pactual em 30% para o ano


Analista destaca que fluxo de receita da instituição está mais diversificado e sinérgico



Depois do resultado recorde anunciado ontem, o Itaú BBA elevou as projeções para o banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) e, com isso, o preço-justo para as ações (units) subiu de R$ 32 para R$ 33.  Esse valor equivale a um potencial de valorização da ordem de 30%, ante as cotações em bolsa, em torno de R$ 25. A recomendação já era de compra das ações.

O analista Pedro Leduc comenta que as ações estão sendo negociadas por uma relação entre preço e lucro de 13 vezes, atualmente, em comparação a 20 vezes, no ano passado — também um indicador de perspectiva de ganho com os papéis. Ele acredita que gradualmente haverá um ‘rerating’ da instituição e essa relação deve passar a 17 vezes.

“Os resultados indicam que o BTG está entrando no cenário da desaceleração da economia com fluxo de receita muito mais diversificado e sinérgico do que no passado. A administração também continua equilibrando a rentabilidade com investimentos em crescimento e ganhos de market share nas unidades de varejo digital do banco”, escreve Leduc em relatório.

No resultado de 2015, por exemplo, a receita de sales and trading representou 43% do consolidado. No ano passado, da receita total de R$ 13,9 bilhões, essa área de negócios participou com 30%, mesmo após uma expansão de quase 39%. Isso porque a receita consolidação teve um aumento de 50%, com outras frentes da operação ganhando cada vez mais relevância, como crédito e gestão de recursos (asset e wealth management) , além do forte desempenho do investment banking dada à grande atividade no mercado de capitais no ano passado.

O analista do Itaú BBA ampliou em 7% a projeção de crescimento de receita para este ano. Segundo o relatório, isso deve contribuir para uma maior diluição de custos e despesas. A expectativa de lucro para 2022 subiu de R$ 6,3 bilhões para R$ 7,4 bilhões — um aumento de quase 17,5% nos cálculos. Pelas contas de Leduc, o retorno sobre capital esperado para 2022 está em torno de 19%. O analista chama atenção para o fato de o banco ter indicado cerca de 20%. Mas afirma que prefere deixar esse cenário mais otimista como um potencial extra de valorização para os investidores.

 

 https://exame.com/exame-in/itau-bba-amplia-expectativa-de-lucro-do-btg-pactual-em-30-para-22/

Diversidade Étnico-Racial nas Empresas

 Diversidade Étnico-Racial nas Empresas





EmpregueAfro Planeja Atender 50% das Maiores Empresas do Brasil

 

 

 O Brasil melhorou seu desempenho em termos de inclusão social e econômica ao longo dos últimos dez anos. Porém, o desafio ainda é enorme. Segundo o Instituto Ethos, caso o ritmo se mantenha, a igualdade racial no ambiente de trabalho será alcançada em 150 anos e a de gênero em 80 anos. Na tentativa de encurtar essa missão, existem iniciativas como a consultoria de recursos humanos EmpregueAfro, que, desde 2005, foca em atender a demanda reativa de mercado de incluir a diversidade étnico-racial. Em entrevista exclusiva ao Jornal Giro News, Patrícia Santos, CEO da EmpregueAfro, sustenta que parte da equidade projetada pelo Instituto será observada entre 20 anos e 40 anos com os trabalhos feitos na consultoria: "Este é um norte, mas para isso vamos ter que dobrar o time, o número de vagas e, em curto prazo, atender 50% das 500 maiores empresas do país".


O Processo de Inclusão
 

  A EmpregueAfro recoloca, em média, cerca de 100 pessoas negras por ano no mercado de trabalho e, das vagas oferecidas pelos clientes, a taxa de contratação de profissionais negros que passam pela consultoria é de 90%. O processo possui quatro frentes: treinamento, recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoas. Segundo a empresa, há conversas com especialistas, psicólogos e a identificação de marcadores sociais que levam em conta o impacto da interseccionalidade. Em paralelo, são oferecidos programas de treinamento e conscientização de pessoas brancas que integram as empresas, como o projeto Goma, desenvolvido em parceria com o Facebook, para fornecer esse suporte por meio da plataforma. "Após a recolocação, acompanhamos e fazemos o acolhimento por um ano, porque envolve outros aspectos da negritude".

Por um Mercado Igualitário


  Em 2021, houve um salto no número de profissionais negros recolocados no mercado, com 230, e, desde 2020, a empresa cresceu 200%. "As multinacionais começaram a entender a importância da diversidade e muito, também, por uma pressão da sociedade", explica. Segundo a fundadora da consultoria, as empresas estão cientes que os indicadores de diversidade impactam em práticas ESG e que até estão ligados ao capital aberto, a permanência ou não na Bolsa de Valores. "A nova economia traz a valorização das pessoas e a mudança do modelo mental para trabalho, todos esses aspectos contribuem para a diversidade. Será um movimento natural, vão ter mais negros ocupando cargos de liderança, estes vão puxar outros e, no momento em que existir a equidade, talvez já não seja necessário esse formato que temos hoje", projeta Patrícia.

 

 https://www.gironews.com/negocios/diversidade-etnico-racial-nas-empresas-67188/

Democracia brasileira é barulhenta, mas resultados do governo são “revolução silenciosa”, diz Guedes ao G20


Democracia brasileira é barulhenta, mas resultados do governo são “revolução silenciosa”, diz Guedes ao G20

Ministro da Economia, Paulo Guedes, fala com a imprensa durante evento no Palácio do Planalto

 

BRASÍLIA (Reuters) – Em apresentação durante reunião do G20, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira que os resultados econômicos obtidos pelo atual governo são uma “revolução silenciosa”, voltando a ponderar que a democracia brasileira é “barulhenta”.

O encontro de ministros de Finanças e chefes de bancos centrais acontece em Jacarta, na Indonésia. O ministro, que permanece em Brasília, gravou um vídeo para ser exibido na reunião.

“A democracia brasileira é barulhenta, todos nós devemos concordar, mas este governo alcançou resultados que, dada a pandemia global, não são nada menos que uma revolução silenciosa”, disse.

Guedes destacou indicadores econômicos do país. Segundo ele, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 foi menor do que as estimativas de organismos internacionais e a recuperação da atividade em 2021 colocou o Brasil entre os oito países do G20 que conseguiram recuperar o nível observado antes da pandemia.

O ministro ressaltou que o país gerou três milhões de empregos formais e seis milhões de vagas informais em 2021, também atingindo nível de desemprego mais baixo do que no início da pandemia. Ele ainda mencionou a redução dos gastos do governo e do déficit fiscal.

De acordo com Guedes, o país manteve a agenda de reformas, aprovando a independência do Banco Central, um novo marco de start-ups e a nova lei de falências, além de medidas regulatórias nas áreas de saneamento e telecomunicações.

“O investimento privado será a fonte de crescimento sustentável”, disse.

Guedes ainda afirmou que o Brasil mantém compromissos firmados no acordo de Paris e na Cop-26, além de lançar um programa de crescimento verde.

(Por Bernardo Caram)



Impress investe R$ 100 milhões em fábrica de Araucária

 


Empresa abastece América Latina com superfícies decorativas 
 
Do começo das operações até agora, o número de colaboradores cresceu quatro vezes – dos iniciais 50 funcionários, hoje há 200 pessoas atuando na planta brasileira, em Araucária

A Impress Decor Brasil está investindo cerca de R$ 100 milhões na planta industrial para expandir sua linha de impressão de papéis decorativos. O investimento situa a empresa entre as líderes do setor na América Latina. Localizada em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, a empresa é referência no desenvolvimento e produção de superfícies decorativas para a indústria de painéis, móveis e pisos, tem 200 colaboradores no município.

"Hoje conseguimos atender com bastante eficiência o mercado latino-americano, trabalhando com capacidade tomada em quatro turnos. No entanto, acompanhando o crescimento contínuo da demanda, optamos por nos antecipar aos rumos do consumo na região, fortalecendo a indústria e a economia local", ressalta João Martinez, CEO e Managing Director da Impress Decor Brasil.

Na produção, o destaque é a popularização do uso de revestimentos melamínicos de Baixa Pressão, o BP, responsável por 80% da produção da unidade brasileira, sendo a superfície mais utilizada pela indústria moveleira em todo o globo. Apesar da pandemia, o setor moveleiro segue com bons resultados, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel). Os números de 2021 foram menos aquecidos, mas distribuídos de maneira estável.

A produção de móveis, em volume, foi de 36,4 milhões de peças em novembro de 2021, segundo dados do último relatório Conjuntura de Móveis. Nas vendas, em relação ao volume de peças, houve aumento no comparativo com o mês anterior (10,2%). No acumulado do ano, o indicador registrou uma variação negativa, na ordem de 0,3%. Em valores, as vendas tiveram aumento no comparativo como mês anterior (11,5%), e crescimento no acumulado do ano (+8,4%), em relação ao mesmo período do ano anterior.

Foi no início dos anos 2000 que a empresa inaugurou sua fábrica na cidade. "Antes disso, todos os produtos comercializados na América Latina eram importados da unidade espanhola", lembra Martinez. "A unidade brasileira proporcionou que as empresas latinas – da Argentina ao México – tivessem suas demandas atendidas de maneira mais personalizada", completa.

Do começo das operações até agora, o número de colaboradores cresceu quatro vezes – dos iniciais 50 funcionários, hoje há 200 pessoas atuando na planta brasileira, em Araucária. A cidade, segundo a pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Estatística (IBGE), é a quinta no Estado em PIB per capita, perdendo apenas para a capital, e para São José dos Pinhais, Londrina e Maringá.

 

 https://amanha.com.br/categoria/empresa/impress-investe-r-100-milhoes-em-fabrica-de-araucaria?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Impress+investe+R%24+100+milh%C3%B5es+em+f%C3%A1brica+de+Arauc%C3%A1ria+-+Grupo+Amanh%C3%A3+%282%29&utm_medium=email&utm_source=EmailMarketing&utm_term=News+Amanh%C3%A3+17_02_2022

 

Quem tem medo da recuperação extrajudicial?


Mesmo oferecendo conceitos mais claros, as vantagens da nova lei ainda são desconhecidas entre empresários 
 
 
Empresas costumam demorar para tomar a decisão de pedir ajuda, o que compromete o timing para a solução adequada

Falar em recuperação judicial ainda causa arrepios em certos empresários. Apesar de ser um mecanismo correto e legal para superar crises, o instrumento é, lamentavelmente, visto de forma negativa por alguns setores. Nada mais equivocado: é justamente o reconhecimento das dificuldades e a disposição para enfrentá-las.

Mas para aqueles que preferem a opção mais discreta — ou, ainda, não comportam os custos de uma reestruturação judicial —, a legislação oferece outras possibilidades. É o caso da recuperação extrajudicial. Disponível aos empresários há mais de 15 anos, com a Lei 11.101/05, passou a chamar atenção a partir da vigência da Lei 14.112/20, que atualizou a antiga norma. Com a reforma, o instrumento, que permite que credores e devedores negociem acordos sem interferência do Judiciário, foi beneficiado por uma série de modificações que estimulam a conversação direta, tornando o processo ainda mais ágil e menos oneroso.

Além da discrição, ela é indicada para situações em que uma empresa, apesar de acometida por uma crise, pode buscar soluções cirúrgicas e mais pontuais — por exemplo, no que se refere a débitos trabalhistas, que eram excluídos dos efeitos da recuperação extrajudicial pela legislação anterior. A nova lei também reduz de 60% para mais de 50% o percentual mínimo de adesão de credores ao plano, admitindo o ingresso do pedido de homologação na Justiça com 33% de quórum, a fim de construir negociação até atingir mais da metade. Mesmo oferecendo conceitos mais claros, técnicas para solução de conflitos mais maduras e ferramentas melhor empregadas, as vantagens da nova lei ainda são desconhecidas entre empresários e operadores do Direito.

O número de solicitações dessa modalidade continua reduzido. Segundo levantamento inédito do Observatório Brasileiro de Recuperação Extrajudicial (Obre), mantido pela Biolchi Empresarial, foram 13 pedidos, no Brasil, em 2021 — pouco mais de um por mês. Número muito abaixo dos pedidos de Recuperação Judicial, que somaram 891, segundo dados do Serasa/Experian. Qual é a razão de tão tímida adesão ao mecanismo? Responder a essa pergunta é fundamental para compreender o momento vivido pela atividade produtiva em nosso país e planejar o futuro. E, nesse sentido, entendo que a recuperação extrajudicial enfrenta três desafios para se popularizar: estrutural, cultural e ambiental.

Sob o ponto de vista da cultura, temos, no país, a preferência pelo litígio, em detrimento da negociabilidade. Estruturalmente, empresas costumam demorar para tomar a decisão de pedir ajuda, o que compromete o timing para a solução adequada. Por fim, há o desafio ambiental, conformado pelo próprio Judiciário, repleto de cartórios assoberbados, que não oferece a quantidade necessária de varas especializadas e que entrega uma tramitação processual mais lenta do que a velocidade do mercado.

Mesmo a melhor legislação acaba tendo seus efeitos comprometidos quando as pessoas, o ambiente e o sistema econômico não estão adequadamente calibrados. Por isso, é preciso desmistificar o caminho fora da Corte, ter a consciência de que cada caso é único e que o foco de todos os envolvidos deve ser comum: o interesse compartilhado de salvar atividades viáveis. Feita com correção e responsabilidade, não há o que temer com a recuperação extrajudicial. Só a ganhar.

*Advogada e sócia da Biolchi Empresarial

 

 https://amanha.com.br/categoria/justica/quem-tem-medo-da-recuperacao-extrajudicial?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Quem+tem+medo+da+recupera%C3%A7%C3%A3o+extrajudicial%3F+-+Grupo+Amanh%C3%A3+%283%29&utm_medium=email&utm_source=EmailMarketing&utm_term=News+Amanh%C3%A3+17_02_2022

 

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Sai o edital do concurso público para 34 vagas de diplomata; veja detalhes


O cargo exige nível superior de escolaridade em qualquer área. O salário é de R$ 19.199,96.

Por g1


Palácio Itamaraty, em Brasília  — Foto: Joelson Maia/TV Globo
Palácio Itamaraty, em Brasília — Foto: Joelson Maia/TV Globo

O Instituto Rio Branco, ligado ao Ministério das Relações Exteriores, divulgou o edital do concurso público para 34 vagas de diplomata. O cargo exige nível superior de escolaridade em qualquer área. O salário é de R$ 19.199,96.

São 25 vagas para ampla concorrência, 7 para candidatos negros e 2 para pessoas com deficiência.

As inscrições devem ser feitas no endereço eletrônico http://www.iades.com.br, entre as 8h de 25 de fevereiro e as 22h de 20 de março. O valor da taxa é de R$ 224.

O concurso será realizado em três fases:

  • Prova objetiva, com questões do tipo certo e errado de língua portuguesa, língua inglesa, história do Brasil, história mundial, política internacional, geografia, economia e direito, de caráter eliminatório, e que habilitará os candidatos a se submeterem à fase seguinte.
  • Provas escritas de língua portuguesa e língua inglesa, de caráter eliminatório e classificatório.
  • Provas escritas de história do Brasil, geografia, política internacional, economia, direito e língua espanhola e língua francesa, de caráter eliminatório e classificatório.

A primeira fase será realizada nas capitais dos 26 estados da Federação e no Distrito Federal, na data provável de 17 de abril, em dois períodos: o primeiro, iniciando-se às 9h30, com duração de 3 horas; e o segundo, iniciando-se às 15h, com duração de 3 horas.

A prova escrita de língua portuguesa será na data provável de 30 de abril e terá duração de 5 horas, com início às 14h. A prova escrita de língua inglesa será aplicada na data provável de 1º de maio e terá duração de 5 horas, com início às 14h.

As provas escritas de história do Brasil, geografia, política internacional, economia, direito e língua espanhola e língua francesa terão duração de 4 horas cada e serão aplicadas nas datas prováveis de:

  • 27 de maio de 2022: Prova de história do Brasil, iniciando-se às 9h;
  • 27 de maio de 2022: Prova de geografia, iniciando-se às 15h;
  • 28 de maio de 2022: Prova de política internacional, iniciando-se às 9h;
  • 28 de maio de 2022: Prova de economia, iniciando-se às 15h;
  • 29 de maio de 2022: Prova de direito, iniciando-se às 9h;
  • 29 de maio de 2022: Prova de língua espanhola e língua francesa, iniciando-se às 15h

A segunda e terceira fases serão realizadas nas capitais onde houver candidatos aprovados na fase anterior.

O resultado final no concurso será publicado no Diário Oficial da União e divulgado no endereço eletrônico http://www.iades.com.br na data provável de 24 de junho.

Último concurso

O Instituto Rio Branco realiza quase todos os anos concurso para diplomata. Em 2020, foram abertas 25 vagas. O concurso também foi organizado pelo Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades).

Fundado em 1946, o Instituto Rio Branco é responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas brasileiros, que trabalharão no Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. Desde aquele ano, é realizada seleção para o cargo.

O concurso é bastante disputado devido ao alto salário pago, pelo status do cargo e pelo fato de o aprovado ter a possibilidade de morar em vários países, além de aceitar candidatos com nível superior em qualquer área.

 

Os pingos nos 'is': Dono da Amil, UHG não quer sair do Brasil


Grupo americano pode considerar fusão, mas não a venda - Dasa e Rede D'Or já pegaram senha

 

Ao contrário do que tem sido recorrentemente repetido, o United Health Group (UHG), o maior grupo de saúde do mundo, avaliado em US$ 460 bilhões na Nyse e dono da Amil, não quer sair do Brasil. E suas operações de hospitais e planos de saúde verticalizados não estão à venda. Mas o UHG já entendeu que o nome do jogo é escala. Aliás, pelo seu tamanho, é algo que sempre soube.

A diferença é que desde que investiu R$ 11 bilhões na compra da Amil, uma década atrás, o mercado brasileiro se consolidou — e continua se consolidando — de forma brutal, enquanto seu negócio encolheu.

Por isso, qualquer possível transação com seus ativos aqui passa por uma fusão, de forma que o UHG continue mostrando aos seus investidores que tem um pé no terceiro maior mercado mundial de saúde privada, o Brasil. Mas isso não quer dizer que conversas já não estejam ocorrendo e que um movimento rápido não seja possível. Depende de todo mundo querer e colocar foco nisso.

Contudo, o tempo para essa discussão de forma mais aprofundada só deve vir depois de solucionada a questão da venda da carteira de planos individuais abertos, que conta com 330 mil vidas.

Esse portfólio foi adquirido pelo fundo Fiord Capital, constituído pelo ex-Starbord Nikola Lukic, mais a Seferin & Coelho, especializada em administrar hospitais, e ainda o ex-executivo do setor Henning von Koss, que construiu sua carreira na Medial/Amil e ainda passou também pela Hapvida. O acordo foi assinado no fim do ano passado, mas ainda depende de aval da Agência Nacional de Saúde (ANS) em meio às polêmicas sobre a capacidade do grupo de gerir o ativo. A Fiord como estrutura pode ser uma novata, mas quem vai conduzir a operação tem cabelos brancos conquistados com anos de experiência no setor.

As últimas informações que faltavam foram enviadas ontem pelo UHG à agência, de acordo com fontes próximas ao grupo. Mas não estão descartados novos pedidos de dados.

O futuro do UHG

O Brasil, de forma geral, não é operado pelo UHG com olho de dono necessário, pois é uma diminuta fração do todo. Não é de se admirar, portanto, que as operações da Amil tenham encolhido desde que o grupo americano comprou o ativo da Dasa.

E é também pelo fato de o mercado saber disso que o assédio ao UHG para compra do negócio é relevante e recorrente. Mas o grupo já disse ‘não’ para propostas de aquisição pura e simples mais de uma vez. Mostrar o Brasil no mapa continua sendo algo desejado.

Nesses dez anos, dois grupos que acabam de se unir se tornaram muito relevantes. A Hapvida Intermédica será um negócio, tão logo unificado totalmente, com receita líquida anual da ordem de R$ 20 bilhões e 15 milhões de vidas atendidas, entre planos de saúde e odontológicos. Quando as ações de ambos forem combinadas, a companhia resultante valerá mais de R$ 85 bilhões.

Na B3, também apareceu outro gigante: a Rede D’Or de hospitais, fundada pela família Moll, avaliada em aproximadamente R$ 100 bilhões e com quase 70 hospitais. Para completar, a Dasa voltou ao pregão da bolsa, disposta a retomar com força o crescimento – vale hoje perto de R$ 15 bilhões.

Os candidatos

Aliás, Dasa e Rede D’Or são as favoritas para abrir um diálogo com o UHG. Ambas estão próximas e interessadas nesse próximo possível movimento do grupo. No entanto, como não há um mandato formal para negociação, o que se poderia chamar de propostas e interesses de ambas não são comparáveis. No passado, SulAmerica e Bradesco Seguros estiveram também bastante engajados em desenvolver uma negociação.

O negócio do grupo UHG soma 36 hospitais, entre as bandeiras Amil, SOBAM, Americas, Santa Helena e Ana Costa e um total de 3 milhões de vidas, já excluídas as individuais abertas vendidas. Apesar de ter decidido vender a carteira de planos individuais, que totalizava quase 546 mil vidas, os verticalizados foram mantidos na carteira.

Mas, em termos de valor, praticamente não houve atualização desde a aquisição. A estimativa de fontes do setor é que valha hoje entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões, no cenário mais otimista e benevolente com os problemas atuais, uma vez que a operação ficou menor. O valor está justamente no que pode fazer um novo dono.

Os bastidores

Os planos individuais abertos vendidos à Fiord Capital, ou seja, que são atendidos também fora da rede Amil, nunca foram do interesse da UHG e respondem na matriz por menos de 2% da operação consolidada. Por isso, não é a primeira vez que o ativo é oferecido ao mercado. Em dezembro de 2020, um acordo estava para ser assinado, quando o grupo americano desistiu da transação, pois teria de reconhecer uma perda (o dinheiro aportado na operação mais a reserva legal) e não queria esse ajuste no balanço daquele ano, contou um dos interessados que participou de ambos os processos de venda.

Tanto na concorrência de 2021 quando na de 2020, apareceram 5 propostas vinculantes na etapa final, de 8 diferentes interessados, entre operadores do setor e fundos de investimentos. Se tem um segmento pujante em novidades é o de saúde. As mudanças vão além das fusões e aquisições e da formação de gigantes. Há o nascimento de novos modelos de negócios, com as aceleradas healthtechs.

Depois de passar uma década paralisado em 45 milhões de vidas atendidas, o segmento de planos de saúde voltou a crescer e, especialmente, nos individuais. Estruturas como das novatas Alice e QSaúde, essa do veterano do setor José Seripieri Filho, com a operação otimizada por todo avanço pós-pandemia em telemedicina e as facilidades dos canais digitais, têm mostrado sucesso.

O motivo de ter atraído tantos interessados é o formato do acordo e a escala que pode proporcionar. O UHG fez de tudo para tornar o ativo interessante. O negócio foi transferido com as reservas legais atendidas, cerca de R$ 1,5 bilhão, e mais capital (outro R$ 1,5 bilhão) para fazer a operação crescer. Além de um contrato comercial que garante atendimento na rede Amil por cinco anos, um período de transição de um ano e quatro hospitais (ativo ouro no setor hoje) juntos.

A pergunta que fica é por que o UHG não faz esse negócio crescer? Porque o atendimento de rede aberta está distante de ser simples. Exige acompanhamento próximo da carteira de clientes, para que a saúde gere renda e não custo. Demanda um canal diferente do atendimento verticalizado. Trocando em miúdos: só que tem foco nisso consegue fazer dar dinheiro.

Para completar, o UHG não vende planos individuais abertos no Brasil desde 2013. Ou seja, essa é uma carteira que não se renova (pecado mortal no universo de seguros), embora fontes próximas ao grupo garantam que ainda tenha margem bruta positiva e um preço de contratos com clientes bastante atrativo.

Se nem o negócio verticalizado cresceu no Brasil, que é a expertise do UHG, o que dirá aquilo que ficou de fora. De forma simplificada, para ficar no país, o grupo pode ter interesse sim em algo que lhe renda ao mesmo tempo escala, gestão eficiente e footprint.