O governo do México
vai voltar a isentar viajantes brasileiros da exigência de visto. O
ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, deu a informação nesta
quarta-feira, dia 24, durante audiência pública na Câmara dos Deputados.
O México será o segundo país, depois do Japão, a liberar turistas
brasileiros do visto.
Mauro Vieira afirmou que conversou pessoalmente com os
chanceleres do México e do Japão sobre o fim a exigência. A decisão dos
países é favorável aos brasileiros, segundo o ministro. Os viajantes dos
dois países terão isenção garantida, como contrapartida.
“Estive no México há coisa de um mês, negociei com o ministro
Marcelo Ebrard e pedi que examinasse a questão da renovação de nosso
acordo anterior, senão teríamos que impor também vistos aos mexicanos. A
reação foi muito positiva. Estamos em plena negociação. Vão ser
suspensos também, sempre provocado pela exigência de reciprocidade, os
vistos dos brasileiros que viajam ao México”, afirmou Mauro Vieira.
No ano passado, o México decidiu unilateralmente cobrar os
vistos de brasileiros que viajam a turismo ou negócios no país. Além de
destino direto, brasileiros usam o país como rota para conexões
internacionais na América do Norte, Central e Europa e relatavam
problemas.
A cobrança de visto está em vigor desde de 18 de agosto de
2022, com necessidade de obter o documento em papel. O ministro não
informou a data quem que a cobrança será dispensada pelo México.
Parlamentares mexicanos pediam ao governo Andrés Manuel Lopez
Obrador que o visto passasse a ser eletrônico e diziam que a cobrança do
documento físico impactará o turismo na região do Caribe, com redução
da ordem de 60% no fluxo de brasileiros.
Pressionado a controlar o fluxo migratório para os Estados
Unidos, o governo mexicano começou a exigir documentos em 2021, com a
cobrança de uma autorização eletrônica de viagem. Depois, ampliou para o
visto físico, justificando a medida como forma de combater o tráfico
internacional de pessoas, que usam o país como plataforma para chegar
aos EUA.
No fim de semana, o governo do Japão anunciou um acordo com o
Brasil para dispensa de vistos de turistas com viagens de curta duração.
A negociação foi concretizada durante visita do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a Hiroshima, para a cúpula do G-7, e oficializada após um
encontro bilateral com o primeiro-ministro Fumio Kishida.
Na Câmara, parlamentares questionaram o ministro sobre a
decisão do governo Lula de revogar a isenção de vistos para turistas dos
Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália. O benefício havia sido
concedido, sem contrapartida, pelo governo Jair Bolsonaro.
O ministro defendeu que a política de vistos deve ser feita na
base da reciprocidade. Segundo Vieira, não houve ainda avanços em
relação aos demais países, embora os vistos cobrados pelo Brasil tenham
processos mais simplificados, baratos e velozes.
“Lutar pela reciprocidade é muito importante”, disse o
chanceler de Lula. “A reciprocidade tem a ver com a dignidade dos
brasileiros que viajam. Há países em que esperam um ano e se paga U$
200”.
O ministro ponderou que a isenção de visto não resultou em
aumento significativo do fluxo de turistas ao País. O deputado Marcel
Van Hatten (Novo-RS) rebateu e disse que teve acesso a números
“robustos”. Ele afirmou que a decisão de cobrar o visto preocupa o setor
do turismo nacional. Os dados não foram citados pelo ministro, tampouco
pelo parlamentar.
“Nosso visto não impacta em nada a vinda de turistas
estrangeiros, os dados que tive acesso não indicam aumento considerável
de vinda de turistas estrangeiros. O nosso visto é muito simples, é
feito online, um formulário que os candidatos preenchem, com comprovante
de passagem de ide e volta, documentos básicos. O visto é concedido
entre 24 horas e 48 horas no máximo, e custa U$ 80”, afirmou o ministro
Mauro Vieira.