terça-feira, 4 de julho de 2023

Brasil, país do futebol: será que sua gente continua feliz ao desnudar a violência contra as mulheres?


A cultura machista e sexista em nosso país só será mitigada com grandes esforços do movimento das mulheres e da sociedade civil.

 

Brasil, país do futebol: será que sua gente continua feliz ao desnudar a violência contra as mulheres?

Brasil, país do futebol: será que sua gente continua feliz ao desnudar a violência contra as mulheres? (Crédito: Pexels)

O que ajuda na manutenção das desigualdades no Brasil? Os estudos de gênero reconhecem a existência não só de uma, mas de múltiplas masculinidades que variam de acordo com o modelo de sociedade na qual os homens estão inseridos. 

A perspectiva dos homens sobre si próprios, sobre outros homens e sobre as mulheres definem os tipos de masculinidades, sendo que esses padrões tratam basicamente de relações de poder entre os gêneros e outros marcadores sociais como classe e raça/etnia, geralmente assimétricas – compondo um tecido que mantém as desigualdades no Brasil.

O gênero é uma prática social que se refere constantemente aos corpos e ao que estes fazem, não é uma prática social que se reduza unicamente ao corpo. Com isso, entendemos que o gênero não se reduz ao sexo, que é biológico, mas aos corpos que interagem nas práticas com outros corpos e com as estruturas sociais – uma vez que o agir desses corpos se estrutura dentro de três dimensões: relações de poder, relações de produção e vínculos emocionais.

Assim, desde a infância meninos e meninas são condicionados inconscientemente pelo machismo a adotarem práticas de ditos papéis de gênero, o que determinaria o “tornar-se homem” e o “tornar-se mulher”, atualmente debatidos nas teorias das masculinidades e feminilidades.

No mundo do trabalho, por exemplo, enquanto a mulher brasileira geralmente é direcionada para atividades/profissões que não produzem riqueza, o homem, pelo contrário, é instigado a atividades altamente rentáveis e que denotam prestígio e poder – uma história que vem se alterando um pouco nas últimas décadas, mas é de fato muito antiga.

O mundo patriarcal desenvolveu-se, em nosso país, a partir do período colonial. As grandes extensões de terra eram administradas por um chefe de família, a quem se subordinavam todos que estivessem nos limites territoriais do seu domínio, escravos e livres.  Os patriarcas, grandes proprietários de terras, lideravam uma família estendida, composta desde parentes consanguíneos até apadrinhados, e cada clã funcionava de forma autossuficiente e independente dos outros. 

Nesse contexto a historiadora Nísia Floresta aponta que as mulheres eram privadas do acesso à educação e à cidadania política. Além disso eram extremamente reprimidas em sua sexualidade, consideradas irracionais e incapazes, controladas em tudo.

 

O processo de urbanização transformou e ressignificou a dominação doméstica:

 

  • até 1827, mulheres não podiam frequentar escolas básicas;
  • até 1879, mulheres não podiam ingressar no Ensino Superior;
  • até 1932, mulheres não podiam votar;
  • até 1962, mulheres casadas precisavam de autorização do marido para viajar, abrir conta bancária, ter estabelecimento comercial, trabalhar e receber herança;
  • até 1983, mulheres eram impedidas de praticar esportes considerados masculinos, como o futebol.

 

A ampliação mais abrangente de direitos das mulheres no Brasil ocorreu somente com a Constituição de 1988. A questão da violência doméstica passou a ser considerada de maneira mais consistente na esfera pública brasileira por meio da criação de conselhos, secretarias de governo, centros de defesa e políticas públicas específicas, já na década de 1980. 

A primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (DEAM) foi criada em 1985, em São Paulo, e a principal lei para prevenção e punição da violência doméstica é ainda mais recente, a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006.”

Para demonstrar como o problema da violência doméstica contra as mulheres permanece nocivo e preocupante, pesquisa do Atlas da Violência 2020, do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), nos relata que em 2018 uma mulher foi assassinada a cada duas horas no Brasil, totalizando 4.519 vítimas no referido ano, sendo 30,4% (1.355 mulheres) desse número foram relativos a casos de feminicídio (IPEA, 2020) – que ocorre “quando o crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher”.

A estrutura opressora do machismo no Brasil constrói o homem para dominar a mulher, devendo esta se submeter ao poder do macho, o qual se consolida com a violência legitimada por um suposto direito patriarcal.

A cultura machista e sexista em nosso país só será mitigada, portanto, com grandes esforços do movimento das mulheres e da sociedade civil que, por meio de práticas contra hegemônicas, possam contribuir para o processo de equalização dos direitos entre os gêneros, bem como constituir grupos de pressão perante as diversas instâncias de poder, com o objetivo de promover a mudança social, política e econômica.

 

 https://istoe.com.br/mulher/noticia/brasil-pais-do-futebol-sera-que-sua-gente-continua-feliz-ao-desnudar-a-violencia-contra-as-mulheres/

 

 

Volkswagen anuncia investimento de 1 bilhão de euros no Brasil para crescer 40% até 2027

Volkswagen deve apresentar oficialmente novo logo durante o Salão do  Automóvel de Frankfurt • B9


A Volkswagen anunciou nesta terça-feira (4) planos de investir 1 bilhão de euros no Brasil até 2026, como parte de uma estratégia de crescer 40% no país nos próximos anos. Em comunicado, a montadora alemã disse que o investimento incluirá o desenvolvimento local de motores de combustão movidos a etanol e a expansão de seu modelo de negócios de assinatura, voltado para o aluguel de carros.

A empresa também pretende lançar dois modelos totalmente elétricos no Brasil este ano. Até 2025, 15 novos veículos elétricos e híbridos deverão ser lançados no país. A meta da Volkswagen é crescer 40% no Brasil até 2027. Na América do Sul, a montadora espera que sua fatia de mercado expanda 11% anualmente até 2030.

 

Pirelli compra fornecedora brasileira de borracha Hevea-Tec por 21 milhões de euros

Logo Pirelli – Logos PNG

A gigante de pneus Pirelli informou, nesta terça-feira, que assinou acordo para adquirir 100% da empresa brasileira de processamento de borracha Hevea-Tec, pelo valor inicialmente estimado em 21 milhões de euros (cerca de US$ 22,9 milhões), sujeito a ajustes.

A previsão é de que a transação seja concluída ao fim deste ano, após procedimentos como a aprovação das autoridades antitruste, disse a Pirelli.

A empresa italiana afirmou que tem planos de elevar os volumes de produção da Hevea-Tec, e que a compra vai facilitar o lançamento de projetos inovadores de borracha natural que visam aumentar o uso de materiais não fósseis em pneus.

 

Generais russos desaparecem de vista após motim


Comandante e vice das operações de guerra na Ucrânia não foram mais vistos em público após rebelião do Grupo Wagner. Site diz que um deles, Serguei Surovikin, teria sido preso. Kremlin não comentaDois dos mais proeminentes generais russos no comando das operações de guerra na Ucrânia não aparecem em público desde o fim da rebelião do Grupo Wagner, no final da semana passada.

O site russo Moscow Times afirmou nesta quarta-feira (28/06) que um deles, o vice-comandante das operações, general Sergei Surovikin, foi detido sob a suspeita de estar vinculado à rebelião.

Uma pessoa ligada ao Ministério russo da Defesa declarou ao site: “Parece que ele [Surovikin] escolheu o lado [do Grupo Wagner] e não havia mais escolha”.

O primeiro a dar o alarme sobre a suposta detenção de Surovikin foi o blogueiro militar russo Vladimir Romanov, que afirmou que o general está preso desde domingo, o dia seguinte ao fracasso da rebelião.

De acordo com o jornalista russo Alexei Venediktov, da rádio independente Eco de Moscou, Surovikin não se comunica com sua família há três dias.

Surovikin foi visto pela última vez no sábado, quando apareceu em um vídeo apelando para que o Grupo Wagner interrompesse seu motim. No vídeo, Surovikin parecia exausto e não ficou claro se ele estava sendo coagido a falar – alguns analistas compararam as imagem a um vídeo de apelo de um refém.

“Especulações”

Já o Kremlin chamou de especulação o relato no jornal The New York Times de que Surovikin teria conhecimento dos planos de rebelião do líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.

Porém, o porta-voz do Kremlin não saiu em defesa de Prigozhin nem claramente o eximiu de qualquer envolvimento na rebelião.

Motivos para isso ele teria, pois, na sexta-feira passada, pouco depois do início do levante, Surovikin apelou aos combatentes do Grupo Wagner que interrompessem a rebelião. “É necessário obedecer à vontade e às ordens do presidente eleito da Rússia”, afirmou num vídeo difundido no Telegram por um jornalista da televisão estatal russa.

Nesta quinta-feira, o porta-voz do Kremlin também não respondeu se Surovikin teria sido detido. “Não, lamentavelmente não posso comentar. Recomendo-lhe que se dirija ao Ministério da Defesa, isso é prerrogativa dele.”

Apoio entre militares?

Prigozhin trabalhou com Surovikin durante a intervenção militar russa na Síria e já descreveu o general como o mais capaz das Forças Armadas da Rússia. Ao mesmo tempo, o líder do Grupo Wagner é um forte crítico do comandante das operações de guerra na Ucrânia e chefe do Estado Maior das Forças Armadas, general Valery Gerasimov, e do ministro da Defesa, Sergei Shoigu.

Os funcionários do governo americano avaliam que Prigozhin não teria iniciado sua rebelião se não esperasse contar com o apoio de outras pessoas em cargos de poder, escreveu o New York Times.

Os serviços secretos americanos ainda tentam determinar que grau de apoio Prigozhin tinha dentro da liderança militar russa. Analistas observam que o Grupo Wagner tomou facilmente o QG da campanha militar em Rostov.

Gerasimov “sumiu”, Shoigu não

Gerasimov também está sem aparecer em público. Ele não é mais visto desde sábado passado, segundo e último dia da rebelião. Gerasimov também não é mais mencionado em comunicados à imprensa dos militares russos desde 9 de junho.

Nas suas mensagens após a rebelião, Prigozhin disse que a revolta não procurava derrubar o governo do presidente Vladimir Putin, mas destituir Gerasimov e Shoigu, a quem acusou reiteradamente de incompetência na liderança da invasão da Ucrânia.

Depois do fim do levante, Shoigu foi o único dos dois generais a aparecer em público. Na segunda-feira, a televisão estatal russa transmitiu imagens dele inspecionando tropas na Ucrânia.

No mesmo dia ele participou de uma reunião com Putin, a qual, segundo as palavras do presidente, iria “discutir a situação” e na qual o líder russo agradeceu “pelo trabalho feito nos últimos dias”. Gerasimov, mesmo sendo o comandante das operações de guerra, não participou do encontro.

as (Reuters, Efe, Lusa)

Grandes bancos vão aderir ao programa Desenrola; confira


Serão contempladas as dívidas de famílias com renda de até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais

Serão contempladas as dívidas de famílias com renda de até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (Crédito: Marcello Casal Jr / Agência Brasil)

O Ministério da Fazenda lançou o “Desenrola Brasil”, programa voltado para a renegociação de dívidas que começa a funcionar a partir de julho.

Serão contempladas as dívidas de famílias com renda de até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou que estejam inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), no valor de até R$ 5 mil e que tenham sido contraídas pelos devedores até o fim de 2022.

+ Conheça as regras para participar do Desenrola Brasil

Entre as participações do programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, bancos como Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander reafirmaram que vão participar da iniciativa. Na lista dos bancos que estudam a participação, estão Banrisul, Nubank, Caixa Econômica Federal – que afirmou que “tem interesse em participar” e que avalia os impactos operacionais.

A divulgação das regras do programa foi feita na quarta-feira (28). Até agora, confirmaram que irão entrar no Desenrola:

Banco do Brasil,
Itaú,
Bradesco
Santander
Inter;
Pan;
C6

Como funciona o Desenrola
A expectativa do governo é que 70 milhões de pessoas sejam beneficiadas pelo programa, que está dividido em duas faixas.

A Faixa 1 é destinada a pessoas com renda de até dois salários mínimos ou inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico). Os devedores desta faixa poderão negociar dívidas de até R$ 5 mil, feitas entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022. Débitos com garantia real, dívidas de crédito rural, dívidas de financiamento imobiliário e operações com funding ou risco de terceiros não poderão ser negociados.

Para quitar as dívidas, a taxa de juros máxima será de 1,99%, a parcela mínima será de R$ 50, o pagamento poderá ser feito em até 60 vezes e o prazo de carência será de no mínimo 30 dias e de no máximo 59 dias.

Já na Faixa 2, entram pessoas com renda mensal de até R$ 20 mil. Elas poderão renegociar dívidas inscritas até 31 de dezembro de 2022 e que continuam ativas. Não são enquadradas no programa dívidas que sejam relativas a crédito rural, possuam garantia da União ou de entidade pública, não tenham o risco de crédito integralmente assumido pelos agentes financeiros, tenham qualquer tipo de previsão de aporte de recursos públicos, ou tenham qualquer equalização de taxa de juros por parte da União.
As negociações da Faixa 2 poderão ser feitas tanto no programa oficial do Desenrola quanto nos canais das próprias instituições financeiras.

Durante o mês de agosto, o governo fará um leilão para definir quais empresas participarão do Desenrola. Quem oferecer mais descontos em dívidas será contemplado.

Lula promete resposta sobre acordo UE-Mercosul e chama proposta de ‘inaceitável’


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Mercosul irá preparar uma contraproposta em reação à carta adicional da União Europeia para a formalização do acordo comercial com o Mercosul em prol de uma política de “ganha-ganha” aos blocos. O presidente classificou o documento do bloco europeu como “inaceitável”, mas renovou sua promessa de fechar o acordo ainda neste ano.

O documento europeu tornou-se o novo entrave para o tratado, ao tentar permitir sanções a membros do Mercosul por questões ambientais. O tema foi falado por Lula durante transmissão ao vivo nas redes sociais intitulada “Conversa com o presidente”, uma entrevista semanal da EBC com o chefe do Executivo, nesta terça-feira, 4.

“Eles (União Europeia) mandaram uma carta para nós impondo algumas condições e nós não aceitamos a carta, então estamos preparando uma outra resposta”, contou o presidente, na expectativa da formalização do acordo. “Queremos fazer uma política de ganha-ganha, não queremos fazer uma política que eles ganham e a gente perde”, destacou.

Um dos pontos de divergência reiterado por Lula é sobre as compras governamentais. Enquanto o petista não quer abrir mão de manter as compras do governo de empresas nacionais, os europeus querem vender ao Executivo brasileiro. “Se a gente abrir mão das empresas brasileiras para comprar de empresas estrangeiras, a gente simplesmente vai matar pequenas e médias empresas brasileiras”, justificou.

“Não queremos imposição para cima de nós, é um acordo de companheiros, parceiros estratégicos, então nada de um parceiro estratégico colocar espada na cabeça do outro”, disse. “Vamos sentar, tirar nossas diferenças”, acrescentou.

No tema, Lula disse que “ninguém no mundo tem autoridade moral” de discutir com o Brasil sobre energia limpa. “Acontece que os países ricos não cumprem nenhum dos acordos”, criticou, acrescentando que não vão cumprir o Acordo de Paris, que trata sobre mudanças climáticas.

O presidente pontuou que o País teve a “grosseria de um governo” que desrespeitava terras indígenas e reservas florestais, mas garantiu que “isso acabou” e reassumiu o compromisso de desmatamento zero em 2030. Apesar da fala, o presidente não citou nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Nós não queremos que a floresta seja transformada em um santuário da humanidade, o que queremos é explorar a riqueza da biodiversidade da floresta para ver o que se pode fazer na indústria de fármacos, cosméticos, para gerar emprego mais qualificado às pessoas que moram nessa região”, disse.

Nesta manhã, o Brasil irá assumir a presidência rotativa do Mercosul. O chefe do Executivo brasileiro disse que quer fazer uma gestão “exemplar”. Na agenda na Argentina, o presidente também irá anunciar a retomada das obras do campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).

 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Lula: país poderia ser 4ª economia global, mas caiu em mundo obscuro


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (3) que o Brasil seria, “na pior das hipóteses”, a quarta melhor economia do mundo se tivesse mantido o ritmo decrescimento que tinha ao fim de seu primeiro mandato presidencial, quando ocupava o sexto lugar no ranking.

“Nós éramos a sexta e recuamos para a 13ª economia, numa demonstração de que o país andou para trás. Nosso país caiu em um mundo obscuro e a gente perdeu noção da grandeza e do que esse país poderia fazer pelo seu povo”, destacou, durante a cerimônia de início das obras de um novo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste em Ilhéus (BA).

“Esse país foi tomado pelo ódio e foi tomado pela mentira. Nós, agora, estamos restabelecendo o país que nós precisamos. E é isso que eu quero conversar com os empresários. O que um governo pode oferecer para um conjunto de empresários brasileiros e estrangeiros que querem investir em um país como o Brasil?”

Em seu discurso, Lula citou a importância de se garantir estabilidade política, econômica, jurídica e social no país no intuito de ampliar investimentos. “Para isso, é preciso ter um presidente da República que tenha caráter, credibilidade, que não mintam que converse com o povo e com os empresários a realidade do seu país”, concluiu.