domingo, 6 de agosto de 2023

Baterias elétricas: Brasil entra na corrida do lítio


O Vale do Jequitinhonha (MG) está se consolidando como um protagonista na indústria global de energia limpa ao atrair companhias interessadas na exploração desse mineral, que é vital para baterias elétricas e componentes eletrônicos

 

Reserva Grota do Cirilo, da Canadense Sigma Lithium: líder em extração de lítio no Brasil (Crédito:Washington Alves)

O Brasil tem uma das matrizes energéticas menos poluentes do mundo, mas ainda engatinha na fabricação de baterias elétricas, que vão compor as frotas do futuro. A produção ainda é pequena, assim como a exploração de minerais essenciais à transição para a energia verde. Isso, no entanto, começa a mudar, e numa das regiões mais carentes do País: o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A área vem se destacando como uma área promissora para a produção de lítio, concentrando 85% do metal já identificado no País. A região tem atraído investimentos e recebeu a instalação de grandes mineradoras internacionais, como a canadense Sigma Lithium, a americana Atlas, a australiana Latin Resoucers, a canadense Lithium Ionic e a australiana Si6 Metals.

Apenas em 2023, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a extração de lítio em Minas Gerais atingiu o valor de comercialização de R$ 1,4 bilhão. Isso significa que toda a produção registrada em 2022 deve ser ultrapassada em breve.

O setor cresceu 436,16% entre 2021 e 2022. “O Brasil e Minas Gerais oferecem um atraente ambiente de negócios, com destaque para a energia renovável. Além disso, o estado propicia uma estrutura estabelecida em mineração”, ressalta Mauro Lopes, Country Manager da Latin Resoucers, que em 2017 adquiriu suas primeiras licenças na região.

Até 2030 o Brasil deve receber R$ 15 Bi de investimento para a produção de lítio e derivados

O lítio – ou “ouro branco”, como é conhecido – tem se tornado um protagonista na indústria global de energia limpa. Apesar de concentrar cerca de 60% das reservas globais, a América Latina não refina nem um terço do mineral.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de produção, extraindo cerca de 300 toneladas de lítio por ano. A Austrália é a líder com 42 mil toneladas por ano.

Itinga, no Vale do Jequitinhonha (MG): região atrai investimentos (Crédito:Andre Penner)

A corrida do lítio promete impactar o Jequitinhonha. Os municípios de Araçuaí e Itinga são os primeiros a extrair o mineral em larga escala e estão se beneficiando financeiramente com a exportação.

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Com a primeira remessa de 30 mil toneladas de lítio para a China, destinadas à produção de baterias para carros elétricos e componentes eletrônicos, os municípios envolvidos devem receber até R$ 86,2 milhões em três meses.

“É notável o marco alcançado com o início da produção da Sigma Lithium, que realizou um embarque histórico no mês de julho”, diz Eduardo Miguel Lobo da Gama, engenheiro de minas e CEO da Minery, marketplace que conecta mineradores a compradores.

Sediada no Canadá, a Sigma Lithium é proprietária da mina Grota do Cirilo, onde está hoje a maior reserva de lítio do Brasil. O governo mineiro estima que a extração desse mineral pela empresa gere R$ 115 milhões em royalties apenas em 2023.

Com a expansão da unidade da companhia, a previsão é que esse valor chegue a R$ 305 milhões por ano. “Com o volume de interesse internacional no País se mantendo estável, como indicam os índices atuais, acredita-se que possamos conquistar um lugar no Top 3 global em alguns anos”, avalia engenheiro de minas.

Vale do Jequitinhonha concentra 85% do lítio do Brasil

Desafios

Como essa perspectiva positiva, o Vale do Jequitinhonha já é chamado de “vale do lítio” e está se consolidando como um protagonista na indústria global de energia limpa.

Os investimentos no setor são estimados em cerca de R$ 15 bilhões até 2030. Mas ainda existem desafios para essa expansão. Entre eles está o financiamento.

“É preocupante observar que temos menos empresas de mineração brasileiras listadas na B3 em comparação com a Toronto Stock Exchange, no Canadá.”
Eduardo Miguel Lobo da Gama, engenheiro de minas e CEO da Minery

Com isso, há a necessidade de atrair capital estrangeiro para viabilizar o desenvolvimento de novos projetos minerais.

Outro ponto importante destacado pelo especialista é a rigorosa legislação ambiental do Brasil, que pode intimidar potenciais investidores interessados no lítio.

“A falta de clareza nas regras e a reputação internacional de um licenciamento ambiental demorado, obscuro e moroso aumentam as incertezas e dificultam o planejamento”, diz Gama.

À medida que o Brasil busca se posicionar na guerra do lítio, é evidente que a batalha não será apenas por recursos naturais, mas também por uma modernização na burocracia e por uma visão mais competitiva, que torne o País um player global na energia renovável.

 

Tarcísio banca secretário e diz que Educação em SP será ‘ao gosto do freguês’


Tarcísio surge como nova liderança para tomar espaço de Bolsonaro (Crédito:Amanda Perobelli) 

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descartou substituir o secretário de Educação, Renato Feder, que está no centro de uma polêmica após recusar dez milhões de livros didáticos que seriam entregues pelo Ministério da Educação e dizer que, a partir de agora, os alunos irão copiar slides projetados pelos professores em sala de aula.

O Estadão revelou nesta sexta-feira que Feder é investigado por conflito de interesses por sua empresa vender notebooks para a secretaria que ele comanda. Ele detém parte da Multilaser, que mantém contratos com a Secretaria de Educação de mais de R$ 75 milhões. Ao todo são três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual.

Em conversa com o Estadão, Tarcísio classificou o secretário de “preparadíssimo, estudioso, entusiasmado e idealista”. E acrescentou que Feder “tem sua admiração e respeito” e que “a chance” de ser substituído é “zero”.

O governador defendeu a posição do secretário sobre os livros didáticos. “Não é uma decisão desarrazoada. Só foi mal comunicada. Ela faz muito sentido. Tem uma lógica que eles não souberam explicar”, disse. E antecipou que os alunos terão um livro didático impresso com o material dos slides aprofundado.

“Vamos imprimir centralizadamente e distribuir esse material para as escolas. Então, o aluno vai ter o tablet e o material impresso disponíveis. Vai no gosto do freguês”, afirmou o governador. Pelo livro didático, o governo de São Paulo não pagaria nada, já que é comprado e entregue pelo Ministério da Educação (MEC). O Ministério Público Estadual abriu inquérito para investigar o custo e a qualidade do material que o governo Tarcísio quer usar.

Hoje nas escolas estaduais ainda não há tablets, segundo o secretário disse ao Estadão, as aulas tem “uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios”.


 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Abertura de Cingapura para proteína processada deve incrementar exportações do Brasil, diz ABPA

ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considera que a abertura do mercado de Cingapura para a carne suína processada do Brasil, anunciada nesta sexta-feira, 4, pelo Ministério da Agricultura, “deverá proporcionar significativo incremento nas exportações de carne suína do Brasil”. Segundo nota da associação divulgada nesta sexta, “Cingapura é um país com elevados níveis de consumo per capita de carne suína”.

“Há uma notável demanda por produtos de maior valor agregado, o que deverá gerar resultados diretos na receita das exportações para o destino”, disse, na nota, o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Cingapura, uma cidade-Estado localizada na ponta-sul da Península Malaia, possui uma população total de 5,6 milhões de habitantes e uma das mais elevadas rendas per capita anuais do planeta, com US$ 82,8 mil, conforme dados do Banco Mundial.

Atualmente, Cingapura já importa carne suína in natura do Brasil e tem incrementado a demanda pelo produto brasileiro.

É o quinto principal destino das exportações, com 34,7 mil toneladas importadas no primeiro semestre deste ano, número 9,2% superior aos embarques registrados em 2022, destaca a ABPA, na nota.Os embarques para o país asiático geraram US$ 91,7 milhões no período.

 

Lucro da Klabin avança 21% entre janeiro e junho


Vendas tiveram queda de 4% no período 
 
A Klabin é a oitava maior empresa da região e também a quarta maior do Paraná, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC

 

A Klabin obteve receita líquida de R$ 9,1 bilhões no primeiro semestre deste ano, valor 4% inferior ao mesmo período de 2022. De acordo com a companhia, as vendas foram um pouco menores devido volume inferior comercializado com as paradas programadas e pela redução nos preços de kraftliner e celulose. Já o lucro líquido avançou 21% entre janeiro e junho, para R$ 2,2 bilhões (veja os principais indicadores da companhia na tabela ao final desta reportagem). A Klabin ressalta em seu relatório que o trimestre foi marcado pelo início das operações da segunda fase do Projeto Puma II, com a partida da máquina de papel-cartão, a MP28. A nova máquina conta com 460 mil toneladas anuais de capacidade de produção. O equipamento foi projetado para desenvolver cartões com mais resistência e qualidade, direcionados, principalmente, para os segmentos de alimentos e bebidas, como embalagens longa vida, cerveja em lata e garrafa, industrializados (cereal, chocolate, pizza, entre outros) e para o crescente setor de food service (copos e bandejas). Com investimento total de R$ 12,9 bilhões, o Projeto Puma II é o maior investimento da história da Klabin e consistiu na construção de duas novas máquinas de papel (MP27 e MP28) na Unidade de Ortigueira, no Paraná.

"Nos mercados de celulose da América Latina, Europa e Estados Unidos, os segmentos de imprimir e escrever e especialidades seguiram desaquecidos. Por outro lado, o segmento de tissue continuou a operar com boas taxas de ocupação de máquina, mantendo o consumo regular dos volumes contratados para o período. No mercado chinês, no qual a Klabin mantém menor exposição, a demanda permaneceu relativamente estável, porém com aumento de consumo de celulose pelos produtores integrados, que reduziram a produção própria de fibras de alto custo", explica a companhia. "No mercado de papel-cartão a demanda deu sinais de acomodação, entretanto continua sendo impulsionada pela tendência de consumo de embalagens sustentáveis, com a substituição do plástico de uso único por soluções recicláveis, biodegradáveis e advindas de fontes renováveis. Na Klabin, a alta exposição a segmentos de produtos de primeira necessidade, em especial alimentos e bebidas, contribui para uma maior resiliência. No mercado brasileiro, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), as vendas aumentaram 6,6% no período acumulado de janeiro a maio de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior. Na Klabin, o segmento de cartões se mostrou resiliente, com 20% de aumento de receita no segundo trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano anterior", detalha a empresa. A Klabin é a oitava maior empresa da região e também a quarta maior do Paraná, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

 

Está mantido não trabalhar com caixa inferior a US$ 8 bi, diz diretor da Petrobras

Ficheiro:Petrobras horizontal logo.svg – Wikipédia, a enciclopédia livre

O diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Sergio Caetano Leite, foi categórico ao dizer que a companhia descarta trabalhar com um caixa inferior a US$ 8 bilhões. Ele falava a investidores e analistas, em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre na manhã desta sexta-feira, 4.

Minutos depois, ao ser novamente questionado sobre o caixa da empresa, o executivo disse que “não há no horizonte nenhuma perspectiva de mudança radical na gestão do caixa da Petrobras”.Ainda assim, ele admitiu que excessos de caixa poderão ser usados para o pagamento de dividendos adicionais. “Isso vai acontecer se a administração entender que essa é a melhor destinação para o capital”, disse.

Sobre a possibilidade de novas reservas estatutárias para pagamento adicional de dividendos, Caetano Leite disse que isso teria de ser aprovado em assembleia de acionistas.

O plano global da Vtex

O plano global da VtexCom valor de US$ 1 bilhão na bolsa americana e atuação em 38 países, plataforma nascida no Brasil oferece solução completa de digital commerce a empresas com aposta na omnicanalidade

Principal executiva da Vtex no País, Rafaela Rezende enfrenta o desafio de mudar a mentalidade das empresas em relação aos processos (Crédito: João Castellano )

Principal executiva da Vtex no País, Rafaela Rezende enfrenta o desafio de mudar a mentalidade das empresas em relação aos processos (Crédito: João Castellano )

 

Be Bold. Seja corajoso, na tradução para o português. Mentalidade que, independentemente do idioma, move o dia a dia da Vtex, plataforma global nascida no Brasil que busca oferecer uma solução completa de digital commerce com base numa experiência omnicanal para o cliente. Fundada em 2000, a empresa tem apostado em soluções para expandir as operações no País e pelo mundo, projeção que a levou a abrir capital na bolsa de valores de Nova York, em 2021, na qual está avaliada em US$ 1 bilhão. “Foi [o IPO] muito importante para nos posicionarmos como marca global, que é o que somos hoje”, afirmou à DINHEIRO a general manager, Rafaela Rezende. “E muito importante para ganharmos visibilidade, para ganharmos notoriedade, para passarmos a confiança de que a gente precisava.”

A Vtex prevê crescimento de 15% a 19% na receita este ano, após faturar US$ 157,6 milhões em 2022, além de transacionar US$ 12,7 bilhões em volume bruto de mercadorias em sua plataforma de e-commerce, o que representa um crescimento anual de 31,3%.

Segundo Rafaela Rezende, que assumiu o posto há quase dois meses, após liderar a área de Vendas e Atendimento ao cliente, 45% da receita já é proveniente da operação internacional, composta por 19 escritórios em 38 países. “O Brasil ainda é o nosso mercado majoritário, mas não somos mais uma empresa puramente local. Somos uma empresa global”, disse a carioca, há três anos na companhia.

Foco em vários mercados

Como parte do processo de internacionalização, a Vtex visa ampliar a atuação pelos EUA e Europa. “A expansão começa agora. Estamos germinando as primeiras sementes. Queremos muito mais”, afirmou a executiva.

A investida da empresa ao exterior começou em 2013, na Argentina, e já cruzou o planeta. “Recentemente, o Casino [grupo francês de varejo] tornou-se nosso cliente, o que nos dá maior visibilidade internacional.”

Apesar da busca por mercados globais, a Vtex tem concentrado os investimentos em inovação no Brasil. Em 2022, foram R$ 260 milhões.

Para este ano, entre os projetos em desenvolvimento está o que envolve a utilização da inteligência artificial como facilitador na jornada de compra.

“Imagina você pegar uma lista de supermercado e jogá-la no WhatsApp. Aí, por meio da inteligência artificial, eu monto um carrinho para o cliente, que poderá finalizar a compra em menos de dois minutos.”
Rafaela Rezende, general manager da Vtex

A estratégia de negócios da empresa é voltada ao digital commerce, mais abrangente do que o e-commerce. “Vai muito além de uma tela de computador ou de um celular”, afirmou, ao destacar que a Vtex quer ser o backbone do digital commerce, com capacidade de interligar tudo da loja.

A empresa conecta todo o estoque dos clientes em diferentes canais de venda, seja WhatsApp, loja física ou live shopping. Segundo ela, ao possibilitar uma experiência omnicanal para o cliente, o vendedor também desempenha papel fundamental, como um personal shopper. E se torna chave na jornada.

Por exemplo, para melhorar a conversão, ou permitir acesso a produtos para aqueles que não conseguem comprá-los exclusivamente pelo comércio eletrônico.

O crescimento da Vtex durante os 23 anos de atuação fica evidente no potencial dos clientes da plataforma. São mais de 2,6 mil B2C, B2B e B2B2C, tendo mais de 3,8 mil lojas on-line ativas pelo mundo.

O trabalho da plataforma é baseado em soluções e produtos. Cinco deles foram apresentados no Vtex Day, evento de varejo, negócios e inovação digital realizado anualmente pela bandeira e que reúne pessoas e empresas interessadas em tecnologia, negócios e empreendedorismo. Na última edição, a principal palestrante foi a top model Gisele Bündchen.

Desafios

Apesar do crescimento anual, a Vtex está suscetível às adversidades globais, principalmente econômicas. E a escassez de caixa é vista como um dos principais desafios na atualidade.

Diante da situação, que resultou em um processo de reestruturação da empresa desde o ano passado, inclusive com corte de pessoal — hoje são 1,3 mil pelo mundo (eram pouco mais de 1,7 mil) —, Rezende disse que é hora de fazer bem o básico.

“Dinheiro é um desafio. É preciso usá-lo da forma mais inteligente”, afirmou. “Não só olhando o custo da solução, mas todo o custo de se operar uma solução.”

Na visão da executiva, as empresas precisam vencer a vaidade e o medo apresentado principalmente em relação à tecnologia. Muitas organizações, segundo ela, ainda acreditam que ter poder é sinônimo de ter tudo na mão, de possuir times grandes. “O mundo está mudando. Não adianta você ter um time de 2 mil pessoas e no fim a sua empresa quebrar”, disse. “Poder é longevidade.”

A estratégia de negócios da plataforma é vista com bons olhos por Eduardo Tomiya, fundador da TM20 Branding. O especialista aprova o processo de internacionalização da companhia, mas cobra atenção pelo ritmo de crescimento.

“Além da necessidade de capital forte, a empresa precisa ter atendimento”, afirmou. E, apesar do risco natural de toda investida, Tomiya acredita que o plano da Vtex está alinhado às tendências de longo prazo, a um novo tipo de consumidor.

“Eles [da Vtex] têm de fazer com que seja uma estratégia que chamamos de ‘glocal’ – internacional, mas com um ponto local muito forte”, afirmou. “Mas é fato que a receita proveniente do exterior já é bastante relevante.”

 

 https://istoedinheiro.com.br/o-plano-global-da-vtex/

 

 

Setor privado investe na descarbonização das frotas


Empresas apostam na aquisição de veículos de carga elétricos para reduzir as emissões de GEE na atmosfera

 

Setor privado investe na descarbonização das frotas


A necessidade de reduzir a emissão de gases de efeito esfufa (GEE) tem feito as empresas buscarem estratégias em sua operação para conseguir esse feito em um espaço menor de tempo. Além da adoção de uma tecnologia mais limpa na produção, a indústria em geral está buscando substituir a sua frota de veículos por unidades menos poluentes, como alternativa para contornar os efeitos da queima de combustíveis fósseis em grande escala. Nesse sentido, os elétricos têm ganhado cada vez mais espaço nos pátios dessas companhias.

Esse movimento atende a uma tendência global, na qual a sociedade segue cada vez mais exigente para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o período de 2022 fechou com 49.245 veículos elétricos e híbridos, somando uma frota circulante de 126.504.

No mundo, esse movimento já deixou de ser uma tendência e ganhou corpo. De acordo com dados da consultoria Bright Consulting, especializada na indústria automobilística, as vendas globais de veículos elétricos ficaram próximas de 8,3 milhões de unidades.

Os benefícios oferecidos pelos veículos elétricos são diversos, envolvendo desde a baixa emissão de poluentes, melhor aproveitamento energético, baixo custo de operação e pouca manutenção. Além disso, não geram calor ou promovem barulho excessivo.

Operações mais limpas

Uma das empresas que vem despontando nessa tendência é a JBS, maior empresa de alimentos do mundo. Ela lançou a No Carbon, companhia especializada em locação de caminhões 100% elétricos. Inicialmente, o foco de atuação do novo braço sustentável da indústria é atender às operações logísticas da indústria, abrangendo a distribuição de produtos das marcas Friboi, Seara e Swift.

Segundo Maria Paula Bibar, gerente de sustentabilidade da JBS Brasil, a iniciativa vai ao encontro do compromisso Net Zero da companhia de zerar o balanço líquido das emissões de GEE até 2040 em toda a sua cadeia de valor. “Com a No Carbon, a JBS cria um negócio que irá trazer escala à utilização de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil, um país com elevada dependência do modal rodoviário na área logística. Além disso, a nova frente representa a abertura de um campo com grande potencial de crescimento e colabora com o objetivo da empresa de trabalhar de maneira cada vez mais sustentável.”

Os caminhões da No Carbon possuem 170 quilômetros de autonomia, capacidade de até 4 toneladas de carga e são equipados com baús frigoríficos, armazenando, simultaneamente, produtos resfriados e congelados.

Na prática

A eletrificação da frota das marcas Friboi e Seara já começou a ganhar corpo com a locação de veículos da No Carbon. A Friboi, líder no segmento de carne bovina, ampliou a sua frota de caminhões 100% elétricos refrigerados de 10 para 53 veículos. Para fazer essa inclusão em suas operações logísticas, a marca está instalando sistemas de carregamento de veículos elétricos em seus Centros de Distribuição no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco e Bahia.

A ampliação da frota de veículos elétricos permitirá que a Friboi deixe de emitir uma quantidade considerável de toneladas de CO2 por ano na atmosfera.

Já a Seara, reconhecida pela inovação e liderança em diversas categorias do mercado de alimentos, ampliou sua frota de 19 para 200 caminhões elétricos refrigerados. A marca é pioneira na adoção desses veículos, que realizam a distribuição de produtos em Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Distrito Federal.

Com a chegada dos novos veículos na frota de transporte, a Seara projeta reduzir significativamente as suas emissões indiretas de CO2, o que deve equivaler ao plantio de 45 mil árvores.

Desde o fim do primeiro trimestre de 2023, a JBS opera uma frota de mais de 300 veículos elétricos nas operações logísticas de seus negócios, avançando nos esforços para se tornar Net Zero em 2040.