quinta-feira, 21 de março de 2024

BNDES aprova financiamento de R$ 141,5 milhões à farmacêutica Althaia

 


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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou nesta quinta-feira, 21, ter aprovado um financiamento no valor de R$ 141,5 milhões à indústria farmacêutica Althaia S.A. Os recursos serão destinados a investimentos em pesquisa e inovação para o desenvolvimento de novos medicamentos a serem produzidos e comercializados no País.

A concessão do financiamento se deu no âmbito do programa BNDES Mais Inovação. Os recursos integram o plano de inovação da indústria farmacêutica em Atibaia, São Paulo, no período de 2024 a 2027. Segundo o banco de fomento, a farmacêutica produzirá dois medicamentos inéditos e 16 genéricos com os recursos.

“Dentro do grupo de produtos a serem desenvolvidos, a empresa contempla medicamentos inovadores, ou seja, produtos que ainda não existem no mercado brasileiro e que serão importantes para facilitar o acesso e aderência ao tratamento de algumas doenças crônicas”, afirmou o banco de fomento. “A Althaia investirá também no desenvolvimento de 16 medicamentos genéricos, todos inéditos no país, para cuidado de pacientes de diferentes classes terapêuticas (antipsicóticos, antidepressivos, analgésicos e antivirais, dentre outras).”

O BNDES lembrou ainda ter aprovado neste ano um financiamento de R$ 70 milhões para a Althaia construir um novo centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação em Atibaia.

Os investimentos integram o plano de governo Nova Indústria Brasil, de promoção do Complexo Econômico e Industrial da Saúde, que busca fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar acesso à saúde, justificou o banco.

Com dívida de mais de R$ 1 bi, rede Dia pede recuperação judicial no Brasil

Nesta quinta-feira, 21, a rede espanhola de supermercados Dia anunciou que decidiu fazer um pedido de recuperação judicial no Brasil diante do que chamou de “persistentes resultados negativos”. No pedido protocolado na Justiça de São Paulo, o grupo declarou uma dívida de R$ 1,081 bilhão a ser reestruturada.

A decisão veio uma semana depois que a companhia anunciou que vai fechar 343 supermercados e 3 centros de distribuição no Brasil, permanecendo apenas em São Paulo, após cerca de 23 anos de presença no país.

O Dia afirmou sem dar detalhes que o pedido de recuperação tem como objetivo “tentar superar sua atual situação econômica e financeira”.

Fechamento de lojas

Na quinta-feira passada, 14, o Dia decidiu fechar a maior parte de suas lojas em funcionamento no Brasil. De um total de 587 lojas ativas, 343 serão fechadas, concentrando a operação apenas em São Paulo.

A Distribuidora Internacional de Alimentos, presente no país há 23 anos, afirmou que são “lojas de baixo desempenho”.

Dia

Em nota, a companhia afirma que o pedido de recuperação judicial se limita exclusivamente ao Dia Brasil, “não impactando a situação financeira na Espanha e na Argentina, onde atualmente o Grupo Dia atingiu uma posição relevante com a estratégia focada na distribuição alimentar de proximidade”.

 

https://istoedinheiro.com.br/dia-vai-pedir-recuperacao-judicial-no-brasil/

quarta-feira, 20 de março de 2024

BC faz sexto corte seguido na taxa de juros, que cai para 10,75% ao ano

 


Selic

Novo corte já era esperado pelo mercado (Crédito: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil)

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerrou no início da noite desta quarta-feira, 20, mais uma reunião em que manteve a sequência de cortes da Selic em 0,50% pelo sexto mês seguido. A taxa básica de juros agora é de 10,75% ao ano. 

O anúncio já era esperado pelo mercado. Nem mesmo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro fechando em 0,83%, acima das previsões, foi o suficiente para que o BC diminuísse o ritmo dos cortes, que vem acontecendo desde agosto do ano passado. 

Mesmo com o novo corte, o Brasil se mantém na 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, abaixo somente do México, segundo levantamento da Infinity Asset Management com os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial.

 

 https://istoedinheiro.com.br/bc-faz-sexto-corte-seguido-na-taxa-de-juros-que-cai-para-1075-ao-ano/

 

 

Intel receberá quase 100 bilhões de reais (US$ 19,5 bi) do governo americano para construir fábricas de chips

 


O Departamento de Comércio dos EUA anunciou na quarta-feira que a gigante da tecnologia Intel receberia US$ 19,5 bilhões (R$ 97,5 bilhões) para construir e modernizar suas fábricas de semicondutores em quatro estados dos EUA, representando o maior investimento já feito na fabricação de chips americanos. O acordo de vários bilhões de dólares fornecerá US$ […]



 
 

O Departamento de Comércio dos EUA anunciou na quarta-feira que a gigante da tecnologia Intel receberia US$ 19,5 bilhões (R$ 97,5 bilhões) para construir e modernizar suas fábricas de semicondutores em quatro estados dos EUA, representando o maior investimento já feito na fabricação de chips americanos.

O acordo de vários bilhões de dólares fornecerá US$ 8,5 bilhões (R$ 42,5 bilhões) em financiamento direto e até US$ 11 bilhões (R$ 55 bilhões) em empréstimos para promover o desenvolvimento de chips lógicos de última geração, essenciais para tecnologias avançadas como inteligência artificial e sistemas militares.

O presidente dos EUA, Joe Biden, visitará o campus da Intel no Arizona na quarta-feira para fazer um anúncio oficial e destacar a importância de “fortalecer as cadeias de suprimentos dos EUA e proteger a segurança nacional”, disse a Casa Branca.

Os EUA produzem menos de 10% dos chips do mundo e nenhum dos mais avançados. Em 2022, Biden assinou a Lei de Chips e Ciência de US$ 50 bilhões (R$ 250 bilhões) com o objetivo de restaurar a produção doméstica dos minúsculos cérebros que alimentam os gadgets modernos. A iniciativa ocorre à medida que Pequim expande seus esforços para reduzir sua dependência de chips importados.

No Arizona, a Intel está construindo duas novas fábricas de chips e expandindo uma já existente. Até 2025, a empresa pretende implantar sua mais recente tecnologia de produção de chips, conhecida como 18A. Também espera investir mais de US$ 100 bilhões (R$ 500 bilhões) nos próximos cinco anos para aumentar a capacidade de produção no Arizona, Novo México, Ohio e Oregon, criando quase 10.000 empregos na manufatura.

A secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, descreveu o financiamento para a Intel como “um passo maciço para garantir a liderança da América na fabricação para o século 21”.

A empresa sediada em Taipei, Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), concorrente da Intel, também está construindo duas instalações nos EUA com investimentos de US$ 40 bilhões (R$ 200 bilhões). Ela também espera receber financiamento de Washington.

Pat Gelsinger, CEO da Intel, disse na quarta-feira que o apoio federal garantiria que “a Intel e os EUA permaneçam na vanguarda da era da IA enquanto construímos uma cadeia de suprimentos de semicondutores resiliente e sustentável para alimentar o futuro de nossa nação”.

 

 https://www.ocafezinho.com/2024/03/20/intel-recebera-quase-100-bilhoes-de-reais-us-195-bi-do-governo-americano-para-construir-fabricas-de-chips/

Kaufman sobre a volta ao comando: ‘A Vivara vai continuar a mesma, com mais velocidade’

 

Em entrevista exclusiva, fundador diz que nunca tirou o olho do negócio – e detalha ambição de expansão internacional da rede de joalheiras

Vivara: fundador, Nelson Kaufman, não estava mais à frente da gestão executiva há mais de 10 anos
Vivara: fundador, Nelson Kaufman, não estava mais à frente da gestão executiva há mais de 10 anos

Num movimento que pegou o mercado de surpresa, Nelson Kaufman anunciou na sexta-feira à noite sua volta ao comando da Vivara, após 13 anos fora do dia a dia da rede de joalheiras.

Diferentemente de outras companhias, em que o fundador volta para consertar a rota, o retorno de Kaufman acontece num momento em que a Vivara cresce a taxas de dois dígitos, com rentabilidade – na contramão de anos desafiadores para o varejo, especialmente com a ressaca do consumo no pós-pandemia.

“A Vivara vai continuar a mesma, com mais velocidade”, disse Kaufman em entrevista exclusiva em INSIGHT.  “Uma coisa é uma empresa que está navegando bem a 20 km por hora. Outra é uma empresa que acelera até atingir uma velocidade de 50 por hora. Com o meu conhecimento, consigo apressar esse crescimento.”

Sua estratégia é colocar a Vivara num plano de expansão internacional  – uma agenda que não constava nos planos da empresa sob o comando do sobrinho Paulo Kruglensky, que assumiu como CEO em fevereiro de 2021, no lugar do filho do fundador Marcio Kaufman.

“Eu sou um homem que respira joia. Quando vejo uma mulher, a primeira coisa que eu olho é o brinco, o anel”, afirma. “E quando parei de trabalhar, passei a estudar muito processo de joalheira e acho que tem tecnologias inovadoras e produtores inovadores que podem fazer com que a Vivara se torne um player internacional relevante.”

De acordo com Nelson, ainda não há um plano concreto de internacionalização, que deve ser desenhado daqui para a frente. “Acho que a nossa empresa hoje está apta pra nos próximos três, quatro anos a virar um player internacional de qualidade – não vai ser uma coisa rápida. É isso que motivou a minha volta”.

Segundo ele, não houve atrito com o sobrinho e a troca no comando foi feita de forma acordada. “Paulo é muito competente”, afirma.

“Foi uma transição que aconteceu pouquinho antes, bem pouco. Foi um processo em que eu senti que era bom para a empresa inteira eu voltar para acelerar esses processos de novas invenções de joias”, respondeu, quando questionado se a mudança pegou o conselho que se reuniu na sexta-feira de surpresa.

A aprovação do novo CEO dividiu o board, formado em sua maioria por membros independentes: duas conselheiras, Tarsila Ursini e Anna Chaia, votaram contra a recondução, apurou o INSIGHT. O chairman João Cox e Fabio Coelho, presidente do Google, votaram a favor, bem como a filha de Kaufman, Marina.

O retorno de Kaufman surpreendeu os investidores, em boa parte porque eles celebravam os resultados entregues por Kruglensky, mas também porque Kaufman nunca teve cargos na companhia. Hoje, os papéis caem 9%.

Desde a abertura de capital, o fundador, hoje com 71 anos, não teve posição nem no board, deixando sempre o comando a cargo de membros da família e a membros independentes.

Segundo Nelson, no entanto, apesar de longe do dia a dia da empresa, ele nunca tirou o olho do negócio. “Sempre estava em contato, olhando muito o rumo da empresa, seja via telefone ou meios eletrônicos mesmo quando estava longe”, afirmou.

Da Galeria Florença – agora para o mundo

Foi nas suas viagens ao longo dos últimos anos que ele viu a possibilidade de internacionalizar a marca que nasceu como uma lojinha de ourives no centro de São Paulo, fundada por seu pai, um imigrante romeno que chegou ao Brasil em 1928.

“Meu pai era um joalheiro muito talentoso, mas com pouco tino para o negócio. Com isso, eu tive uma infância bastante instável: numa hora morava numa casa de 500 metros quadrados na frente do clube Hebraica [nos Jardins, área nobre de São Paulo] e em outra, vivia num apartamento de zelador”, relembra.

Depois de formado em engenharia e de ter passado por uma construtora, ele assumiu uma das duas lojas do pai na Galeria Florença – o patriarca ficou com a unidade de pouco mais de 20 metros quadrados, enquanto Nelson assumiu a menor, uma portinha de 3 metros por 2 metros quadrados.

Foi a semente da Vivara, que no ano passado chegou a 352 lojas, entre as marcas Vivara e a Life, de joias mais acessíveis. “Só consegui prosperar mesmo depois do falecimento do meu pai, é como se eu não pudesse ultrapassá-lo nos negócios”, confidencia.

Ele ainda não tem um roadmap dos países que pretende atacar. Mas dá pistas. “Quero começar humilde, com países menores, para depois, na medida que a nossa tecnologia for implantada nos próximos 1, 2, 3 anos, a gente tenha condições de entrar em mercados mais difíceis, mais competitivos.”

Ele diz, sem citar nomes específicos, que há países na Europa que não tem uma ‘joalheira condizente’ com o mercado.

Questionado sobre o fato de se tornar CEO de uma empresa de capital aberto após anos longe do comando, ele diz que se sente preparado.

“Eu nunca tive esse contato, mas tenho pessoas que me assessoram. Eu tenho muita confiança e não vejo dificuldade. Sou uma pessoa que não gosta de mentir, gosto sempre de ser verdadeiro”, diz.

 

 https://exame.com/insight/kaufman-sobre-a-volta-ao-comando-a-vivara-vai-continuar-a-mesma-com-mais-velocidade/p

Como a crise da Gol se mistura à da Boeing – e o plano de voo da brasileira para sair dela

 

 

Spoiler: Um M&A não está descartado, mas não deve acontecer tão cedo, dizem fontes 

 

 

Gol: expectativa é de acordo definitivo com arrendadores em até três meses

Foto: Germano Luders/ EXAME
Gol: expectativa é de acordo definitivo com arrendadores em até três meses Foto: Germano Luders/ EXAME

Na recuperação judicial da Gol, a crise da Boeing não é mero detalhe – e é ponto fundamental para o avanço nas negociações com os arrendadores de aeronaves, principal fonte de pressão financeira da companhia.

Pessoas próximas às negociações ouvidas pelo INSIGHT afirmam que a Gol e os arrendadores devem apresentar à Justiça dos Estados Unidos acordos preliminares em até duas semanas.  

As conversas estão mais avançadas justamente com um de seus maiores arrendadores, a AirCap, que chegou a estender o ‘stay period’ para não entrar com nenhum pedido de execução de garantia na corte americana.

 “As negociações estão muito produtivas e bem-sucedidas com os 23 arrendadores e já há um número muito significativo de aeronaves envolvidos nesses acordos preliminares, considerando termos e condições para manter essas aeronaves”, diz uma pessoa com conhecimento das conversas.

A Boeing deixou de entregar para a companhia aérea 25 MAX, com 50 motores novos, nos últimos cinco anos. O ponto mais crítico foi em 2023, quando 15 aeronaves e 30 motores deixaram de ser entregues. Entre as três maiores companhias do mercado brasileiro, a Gol é a mais exposta à Boeing. A Latam também opera aeronaves da fabricante americana, mas tem parte da frota composta por Airbus, e a Azul tem a frota composta pelos modelos da francesa e da Embraer

Os problemas da Boeing vêm desde 2018, quando o modelo 737 MAX da Lion Air sofreu um acidente. Pouco depois, em 2019, mais uma aeronave do modelo, dessa vez da Ethiopian Airlines caiu, sinalizando falhas no sistema de segurança de voo. Os dois acidentes aumentaram o escrutínio das autoridades e afetaram a empresa, que vive, agora, uma nova crise com sequelas da pandemia e um novo acidente: um MAX 9 da Alaska Airlines perdeu uma porta em pleno voo.

Esses atrasos aumentaram a idade da frota de 7 para 13 anos e deixaram um passivo de mais de US$ 500 milhões, por causa de 25 aeronaves 737 Next Generation e 50 motores velhos que estão no chão precisando de manutenção — um processo que pode levar cerca de seis meses e custar US$ 10 milhões por equipamento.

 A situação se somou aos cerca de US$ 10 bilhões de perdas em 2021 e 2022, ainda com sequelas da Covid-19, e terminou de dragar a liquidez da companhia. A dívida total da empresa soma R$ 20 bilhões.

A expectativa é de que os acordos definitivos com os lessores (jargão usado no setor para os arrendadores de aeronaves) sejam apresentados entre dois e três meses. Uma das tentativas da Gol, desde antes de entrar no Chapter 11, é aprovar com os lessores US$ 1 bilhão para a manutenção desses equipamentos, com pagamento entre três e cinco anos.  

A partir daí a companhia aérea avançaria nos acordos com os arrendadores e traçaria um plano para os próximos cinco anos de operação, o que deve começar a ser desenhado em abril. O passo seguinte seria levantar um financiamento para dar fôlego operacional e sair processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.

Um dos caminhos a ser seguido pelos assessores financeiros, Seabury e Skywork, e a empresa pode, sim, ser a busca de um novo sócio para o negócio, controlado pela Abra, holding que também controla a Avianca Colômbia.

Nos últimos dias, rumores de mercado apontaram interesse da Azul em comprar a concorrente, repetindo um movimento de 2021, quando a empresa de David Neeleman declarou o interesse em levar a Latam, que também estava em Chapter 11.

A Azul contratou o Citigroup e a gestora Guggenheim Partners para avaliar uma oferta pela Gol.   

Em nota, a Azul não negou o interesse, embora afirme que não há transição aprovada ou alguma negociação. “A Azul está sempre atenta às dinâmicas estratégicas do setor aéreo e a possíveis oportunidades de parcerias, podendo como prática regular contratar consultores para apoiar a empresa nesses esforços. Até o momento, a Azul não negociou nem aprovou nenhuma transação específica.” 

Fontes próximas a Gol afirmam não há um processo ativo para fusão com a Azul. Outra pessoa próxima aos credores diz que nenhuma conversa com arrendadores aconteceu ainda. Há, no entanto, outros interessados em se associar com a Gol, "players estratégicos", o que inclui companhias aéreas estrangeiras.

A previsão é que esse tipo de negociação só comece a avançar na fase de estruturação da saída da Gol do Chapter 11 – o que, em tudo caminhando como o esperado, deve começar a acontecer entre julho e agosto.

A expectativa da Gol e seus assessores é de que o processo de Chapter 11 acabe em 15 meses.  

No fim de fevereiro, a Gol chegou a um acordo com os detentores dos bonds com vencimento em 2026, o que evitou uma disputa de propostas entre credores no financiamento com quitação prioritária (DIP), usados para empresas em recuperação judicial.

O empréstimo passou de US$ 950 milhões para US$ 1 bilhão, trazendo um pouco mais de alívio para a empresa no período inicial de negociação com os credores. 

 

 https://exame.com/insight/especial-como-a-crise-da-gol-se-mistura-a-da-boeing-e-o-plano-de-voo-da-brasileira-para-sair-dela/p

AES Brasil vira moeda de troca em acordo entre Eletrobras e Votorantim

 

Em acordo referente a empréstimo compulsório, Eletrobras transferiu participação de 4% na AES – hoje em processo de venda – para o grupo dono da Auren

Parque eólico da AES Brasil, na Bahia: Empresa foi colocada à venda pela controladora americana neste ano (Foto: Divulgação)
Parque eólico da AES Brasil, na Bahia: Empresa foi colocada à venda pela controladora americana neste ano (Foto: Divulgação)

Discretamente, a Votorantim se tornou acionista da AES Brasil: desde o fim do ano passado, o grupo tem uma fatia de 4% na geradora de energia renovável.

A participação – equivalente a pouco mais de R$ 300 milhões a valores da época – foi transferida pela Eletrobras, como parte de um acordo envolvendo o chamado “empréstimo compulsório”, uma dívida que a estatal tem com as grandes consumidoras de energia no país envolvendo encargos pagos entre as décadas de 70 e 90.

Dados das demonstrações financeiras mostram que a fatia da Eletrobras na AES caiu de 4,6% para 0,53% do capital entre o fim do terceiro e do quarto trimestre.

Além de ações da AES Brasil, a Votorantim recebeu também cerca de R$ 100 milhões em ações da Auren, equivalentes a uma participação de 1% que a Eletrobras herdou na companhia desde quando ela era ainda a antiga Cesp.

A Votorantim é uma das controladoras da Auren, com uma fatia de 38,7%, ao lado do fundo de pensão canadense CPP, que tem outros 32%.

O acordo sugere que o grupo Votorantim vê valor na AES Brasil, dona de parques eólicos e usinas hidrelétricas.

A negociação com a Eletrobras aconteceu ao longo do ano passado, antes de a AES Brasil ser colocada à venda pela controladora americana. Informalmente, a companhia já vinha sondando o mercado desde meados de 2023, quando contratou o Itaú BBA para sondar alternativas estratégicas para o ativo,  mas o processo oficial teve início deste ano.

A Auren é uma das principais interessadas. Segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT, a geradora de energia controlada pela Votorantim foi a única até o momento a apresentar uma proposta vinculante – com um valor que não agradou aos americanos. A expectativa é que outros players que mostraram interesse ao longo das negociações, como a CTG e a Brookfield, apresentem ofertas melhores.

O acordo com a Votorantim se assemelha a outro fechado com a CSN no fim de 2022, quando a Eletrobras transferiu para a siderúrgica uma fatia de 32,6% na geradora de energia gaúcha CEEE, equivalente a R$ 367 milhões, para quitar dívida referentes ao empréstimo compulsório. A CSN tinha arrematado a CEEE num leilão realizado em julho daquele ano.

As dívidas referentes aos encargos cobrados dos grandes consumidores entre 1977 e 1993 são hoje um dos principais passivos da Eletrobras.

Diversas ações na Justiça questionam a atualização monetária sobre os valores devidos e a companhia vem num esforço ativo nos últimos anos para quitar os valores por meio de acordos.

Ao fim de 2023, a Eletrobras tinha R$ 17 bilhões provisionados referentes aos empréstimos compulsórios – R$ 6 bilhões a menos do que no mesmo período de 2022, por conta da quitação de passivos e de acordos que resultaram em perdas menores que o esperado para a companhia.

Procuradas, Votorantim e Eletrobras não retornaram até o momento. A AES Brasil disse que não iria comentar.