quarta-feira, 14 de agosto de 2024

‘As pessoas precisam se sentir parte da organização’, diz Claudia Martinez, CEO do Grupo She

 


Para a executiva e empreendedora, as empresas não estão preparadas para o risco, ainda que cultivem uma narrativa de Governança

 

 

Claudia Martinez, da She Invest e Sizak: "A comunicação é o maior desafio e o que está mais gerando demanda nas empresas" (Crédito: Divulgação )

Claudia Martinez, da She Invest e Sizak: "A comunicação é o maior desafio e o que está mais gerando demanda nas empresas" (Crédito: Divulgação )

Nos últimos anos, a executiva e empreendedora Claudia Martinez se especializou, na prática, em lidar com grandes desafios do mundo corporativo. Ex-CEO do Banco Máxima e conselheira de empresas como Idea Maker, Companhia Vale do Amazonas e RKO Alimentos, além de ser representante do Rosbank na América Latina, já atuou na definição de estratégias em entidades de peso como a Fiesp e a Apas, a associação paulista de supermercados. Mas ganhou destaque na defesa do papel da mulher no mundo empresarial.

Hoje comanda também a plataforma She Invest — dedicada a democratizar e fomentar projetos liderados por mulheres em todo o País — e a Sisak, consultoria especializada em reputação. Acompanhe, a seguir, a entrevista:

Como foi a transição de carreira para comunicação, gestão de crise e riscos?

 Cheguei a ser CEO e fiz a transição do Banco Máxima, onde fui sócia. Saí em 2018 e, por causa de um non-compete, comecei a trabalhar com comunicação, gestão de crise e riscos na Sisak, porque eu não podia voltar ao mercado financeiro. Um dia eu pensei: o que eu sei fazer além do que fiz a vida inteira? Eu sempre resolvi problemas para empresas onde trabalhei. Decidi fazer disso minha profissão. Montei a Sisak em 2019 e comecei a atuar em crises. Hoje sou uma empreendedora. Trabalho no fomento do empreendedorismo feminino e atuo com o Grupo X, um complexo de empresas no setor financeiro, focado em grandes negociações.

Qual é a sua análise sobre a evolução das ações ligadas à compliance e gestão de risco?

Muitas empresas têm narrativas de governança fortes, mas poucas estão realmente preparadas para situações adversas, especialmente riscos não mapeados, como comunicação e ciberataques. Existem muitos riscos de comunicação com clientes, fornecedores e ciberataques, como o recente caso da CrowdStrike, que afetou companhias aéreas e bancos. Vejo que apesar da narrativa de governança, as empresas não estão preparadas para o risco.

Mas há riscos que são imprevisíveis e, ao mesmo tempo, difíceis de evitar…

Sim, mas quando se lida com riscos não mapeados no negócio, começamos a enxergar onde eles podem acontecer e, assim, preveni-los. Porque quando estamos dentro dos conselhos de administração temos mapas de risco para monitorar aquelas possibilidades de risco que são mapeadas. Mas hoje, no mundo em que a comunicação e a tecnologia são muito velozes, nem sempre, de fato, para-se para definir estratégias e se preparar para uma situação de risco não mapeado no negócio.

Como você acredita que a preparação de líderes pode ajudar na prevenção de problemas? 

Investir na saúde mental dos colaboradores e monitorar relações com stakeholders ajuda a evitar muitos problemas. Conhecer e interagir com o ambiente de negócio é crucial. Hoje há pouca integração entre líderes e funcionários. Em nome de uma hierarquia antiquada e uma cultura organizacional defasada, há pouca sintonia. Em geral, a gestão tradicional é focada em resultados e lucro, muitas vezes afastando a liderança do corpo de funcionários. É preciso integrar mais recursos humanos na gestão.

Como você lida com a diversidade e inclusão nos conselhos de administração?

A diversidade é fundamental, mas não pode ser excludente. Conselhos devem ser formados por pessoas complementares em suas competências, sem preconceitos ou imposições marqueteiras. A pandemia trouxe novos desafios com modelos de trabalho remoto e híbrido. Trouxe desafios significativos. A separação que havia antes entre vida pessoal e profissional se misturou, causando prejuízos em ambas as áreas. Cada empresa está encontrando seu caminho, mas é necessário diálogo. Impor o trabalho presencial é contraproducente e só vai causar descontentamento, pedidos de demissão e queda de produtividade. Por outro lado, há quem não goste do home office. Por isso, é essencial cautela e diálogo nessa fase de ajuste e adaptação na rotina das empresas.

Esse papel cabe mais às lideranças do que para os liderados, certo?

Sim, principalmente. A gente vive em um modelo de gestão muito engessado. Um modelo de gestão que está tentando evoluir, que está tentando mudar, mas segue preso a lideranças muito focadas em resultado, muito focadas e pressionadas por lucro, por estar ali no cerne da operação.

Mas todo líder precisa ter foco nos resultados…

Precisa, mas não só no resultado. É claro que para não deixar a operação cair, precisa existir a venda. E se não tem empresa, não há como manter as pessoas. Mas na minha visão, tão importante quanto isso hoje, é essa integração de relacionamento pessoal, de recursos humanos. As pessoas precisam se sentir parte da organização. E nem sempre as lideranças estão aptas a passar esse sentimento de pertencimento.

Existe tecnologia para ajudar a melhorar essa relação?

Muitas. Trabalho com ferramentas hoje que dão possibilidade de entender, inclusive, distorções das mais sutis possíveis. Por exemplo, o índice de suicídio aumentou muito na Europa após a pandemia. As empresas de lá usam algumas ferramentas de comunicação, aliadas com Inteligência Artificial, que conseguem fazer com que se tenha uma percepção de quando um funcionário está precisando de ajuda psicológica. Isso pode evitar uma perda significativa. E há caminhos para se fazer esse mapeamento de temas mais sutis, como a questão psicológica, sem ser invasivo na individualidade ou na privacidade do funcionário. Conheço algumas empresas brasileiras, inclusive lideradas por mulheres, que são precursoras de tecnologias que fazem esse amparo. Soube recentemente que o Banco do Brasil estava perdendo muito dinheiro por causa de burnout, cerca de R$ 65 milhões por ano em pessoas afastadas por questões psicológicas, problemas relacionados à saúde mental.

As mulheres têm sido mais afetadas por esse problema?

As mulheres são muito vítimas de estafa. A questão do burnout aumentou muito. Mas vejo que, além da questão do gênero, da mulher, há um efeito pós-pandêmico, que a sociedade ainda está digerindo. Existe um custo muito alto do que ficou de herança. Pessoas depressivas, situações também de saúde física, que estão começando a ficar mais latentes agora. Entre as crianças, por exemplo, piorou muito. Não devemos publicizar dados de suicídio, mas sabemos que são alarmantes e assustadores. Em crianças e adolescentes, há muita ansiedade.

O que as empresas mais buscam nos conselhos de administração hoje?

Comunicação, gestão de crise, inteligência e gestão de pessoas são os principais desafios. A pluralidade de vozes e competências nos conselhos é essencial. Mas, entre todos esses, a comunicação é o maior desafio e o que está mais gerando demanda nas empresas. Participo de vários conselhos. Entre eles estão Idea Maker, Vale do Amazonas, e da RKO, além de ter uma representação no Rosbank. Cada conselho tem desafios únicos e contribui para minha experiência multidisciplinar.

 

BRAZIL JOURNAL: Pipo recebe aporte de R$ 35 mi para ser ‘XP dos planos de saúde’

A Pipo – uma corretora digital de saúde e benefícios corporativos – acaba de receber um aporte de R$ 35 milhões.

O novo aporte – uma extensão da Série A de R$ 120 milhões em julho de 2021 – teve a participação de investidores que já eram acionistas da empresa (Thrive Capital, Monashees e Kaszek) e atraiu também a Enseada (o family office da família Larragoiti, fundadora do SulAmérica), a Scale Up Ventures e a FJ Labs, um fundo americano voltado para marketplaces.

Segundo a fundadora e CEO Manoela Mitchell, uma ex-analista de empresas de saúde em fundos como o Temasek e a Actis, a extensão de hoje atribui à Pipo um valuation maior do que a Série A.

Leia a reportagem completa no Brazil Journal.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Petz abre atacado em SP de olho em famílias com muitos animais

 


Loja será inaugurada no sábado, 17, em modelo piloto

 

 

O Grupo Petz anunciou nesta terça-feira, 13, a abertura, no próximo sábado, 17, de um atacado de produtos para animais de estimação em São Paulo.

A loja com 1.000m² é um projeto-piloto, e deve oferecer descontos de até 40%, dependendo do volume das compras, diz o comunicado do grupo.

Segundo a empresa, a nova unidade busca atender um perfil de cliente que hoje não está na base das lojas Petz, como os tutores com grande número de animais, principalmente cachorros e gatos, que precisam adquirir maior quantidades de ração, farmacológicos, produtos de higiene e limpeza, entre outros itens.

Outro público-alvo são clientes que buscam menores preços, por isso, o Atacado Pet também terá um outlet com venda de produtos que podem estar saindo de linha, e que serão oferecidos com descontos maiores.

A loja está localizada na Marginal Tietê (Rua Guarantã, 519 – Pari), mesmo local da primeira loja Petz Marginal, e funcionará todos os dias das 8h às 22h.

Natura afunda 13% após pedido de recuperação judicial de subsidiária nos EUA


Natura

Logo da Natura em loja de shopping

 

 

Por Paula Arend Laier

 

 

SÃO PAULO (Reuters) – As ações da Natura&Co aceleraram as perdas nesta terça-feira, chegando a cair mais de 13% no pior momento, com agentes financeiros avaliando os potenciais reflexos do pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos pela Avon Products (API), subsidiária não operacional da companhia,

O anúncio sobre o início do processo legal nos EUA, conhecido como “Chapter 11”, da API foi informado pela Natura&Co na segunda-feira, em paralelo à divulgação do balanço do segundo trimestre, no qual apurou um aumento no prejuízo ano a ano, para 859 milhões de reais, afetado pela decisão da subsidiária.

De acordo com a empresa, a “reestruturação voluntária da API, que torna improvável continuar a reconhecer os ganhos obtidos com a otimização da estrutura corporativa da Avon, originalmente contabilizados no segundo trimestre de 2021”, teve um impacto negativo de 725 milhões de reais no resultado.

A Natura&Co disse que pretende apoiar as atividades da Avon ao longo do processo de reestruturação, comprometendo-se a fornecer um financiamento de 43 milhões de dólares na modalidade DIP (debtor-in-possession) e fazer uma oferta de 125 milhões de dólares para adquirir as operações da Avon fora dos EUA.

Analistas do BTG Pactual liderados por Luiz Guanais observaram que a empresa não divulgou a posição de dívida da API, mas que de acordo com os últimos dados informados pela API ela tinha 2 bilhões de dólares em empréstimos entre empresas no primeiro trimestre de 2023.

Eles ressaltaram que a API tem dívidas e responsabilidades legais relacionadas a problemas de saúde causados pelo uso de talco, que são anteriores à aquisição pela Natura, citando que nos últimos anos houve uma onda de ações alegando que o talco estava contaminado com amianto e causava câncer

No segundo trimestre de 2024, segundo a equipe do BTG, havia 429 ações judiciais ativas contra a API — 79 novos casos foram iniciados e 22 foram indeferidos, encerrados ou resolvidos de outra forma nos seis meses encerrados em junho de 2024.

Com o pedido de abertura do Chapter 11, os estudos estratégicos da Natura&Co anunciados em fevereiro para uma possível cisão entre Avon e Natura foram suspensos até que o processo seja concluído.

Para os analistas do BTG Pactual, embora o pedido de abertura do Chapter 11 acrescente complexidade à tese da Natura, ele deverá, no final, simplificar sua estrutura e permitir que a Natura resolva as ações judiciais relativas ao talco nos EUA, conforme relatório a clientes nesta terça-feira.

Na teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre, de acordo com os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo, do Citi, a administração da Natura&Co pareceu confiante sobre o sucesso do processo de Chapter 11 e indicou que é “menos complexo” do que casos comparáveis ​​nos EUA.

“A administração, porém, ainda está hesitante em fornecer qualquer visibilidade sobre o cronograma do Chapter 11. Nós entendemos que o objetivo final do processo é liquidar potenciais responsabilidades nos EUA… e, finalmente, facilitar a cisão da Avon”, acrescentaram em relatório a clientes.

Às 14:38, os papéis da fabricante de cosméticos afundavam 11,66%, a 14,47 reais na B3, pior desempenho com folga do Ibovespa, que subia 0,94%. Se continuar nesse ritmo, irá fechar com a maior queda percentual desde março de 2023. Na mínima até o momento, as ações chegaram a 14,23 reais (-13,13%).

Para analistas do JPMorgan liderados por Joseph Giordano, o anúncio envolvendo a API é um movimento relevante em direção a uma solução para a drenagem de caixa por processos nos EUA.

“Ainda assim, embora acreditemos que seja possível resolver o problema do talco limitando uma saída de caixa de 43 milhões de dólares adicionais, achamos que um resultado final pode não ser tão simples assim e acreditamos que há muita água para correr debaixo da ponte”, acrescentaram.

Os analistas Pedro Pinto e João Andrade, do Bradesco BBI, endossaram o coro afirmando que, se aceito, o Chapter 11 pode limitar as responsabilidades legais da Avon Internacional.

Do ponto de vista operacional, a avaliação dos analistas foi positiva. O resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado cresceu 14,2%, para 803,5 milhões de reais, enquanto a margem nessa métrica passou de 10,1% para 10,9%. A receita líquida aumentou 5,4%, para 7,35 bilhões de reais.

O Bradesco BBI também avaliou que a Natura&Co teve um desempenho decente da receita bruta, impulsionado principalmente pelo bom e saudável crescimento na Natura Brasil, enquanto a Avon foi fraca, mas não muito longe das expectativas.

Mas acrescentou que “os resultados permanecem poluídos, sendo altamente ajustados, o que pode minar até certo ponto a confiança dos investidores nas tendências subjacentes.”

A equipe do Citi endossou a visão positiva sobre o desempenho da companhia no segundo trimestre, afirmando que o resultado mostrou a Avon Brasil e América Latina já à beira de uma inflexão.

 

Le Creuset inaugura novo centro de distribuição de olho em crescimento no Brasil

 


Le Creuset

Marca prevê ampliação do espaço em 2025 (Crédito: Divulgação/ Le Creuset)

A marca de artigos de cozinha Le Creuset inaugurou um novo centro de distribuição na cidade de Extrema, sul de Minas Gerais, para expandir a participação da companhia no Brasil. 

O espaço de 4 mil metros quadrados com capacidade para 3.600 paletes prevê suportar a operação até 2025, quando há expectativa de fazer uma nova expansão do espaço. Atualmente a marca francesa tem 13 lojas no Brasil, presente em 7 estados, além do Distrito Federal, atuando também com e-commerce próprio e venda para outras lojas.

“O novo centro de distribuição é mais um passo em direção à expansão da Le Creuset no Brasil. Entendemos que este era o momento certo de realizar essa mudança, visando realizar cada vez mais projetos de sucesso com a marca. Estamos orgulhosos do novo espaço e animados com o que vem pela frente”, afirma Alexandre Pinto, CEO Latam da companhia. 

A Volo Logística será responsável pelo recebimento e identificação dos mais de 50 mil produtos importados que chegam mensalmente das fábricas matriz, na França e Tailândia, além de realizar toda a organização de armazenamento e saída do CD para os canais de venda da Le Creuset.

A marca francesa é famosa pelo design único dos seus utensílios, como panelas, frigideiras, mantegueiras entre outros. Ela também é conhecida pela durabilidade de seus produtos, feitos de ferro fundido, cerâmica e aço esmaltado. Fundada em 1925, a marca está no Brasil desde 1999.

 

 

 https://istoedinheiro.com.br/le-creuset-inaugura-novo-centro-de-distribuicao-de-olho-em-ampliacao-no-brasil/

Agradecimento do governador do RS até agora não veio, afirma Mercadante

 Aloizio Mercadante citado como nome para BNDES ou Petrobras


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, respondeu nesta terça-feira, 13, ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que na semana passada criticou o tratamento que o governo tem dado ao Estado por causa das chuvas que arrasaram várias cidades gaúchas. Segundo Mercadante, “a polarização política está corroendo os valores republicanos”, e que, se houver algo a ser ajustado, o mais correto é que se peça uma audiência para chegar a um acordo.

“O servidor do BNDES está virando noites e finais de semana e o que a gente espera é pelo menos um elogio, um agradecimento, mas não é isso que a gente tem visto”, disse Mercadante durante coletiva para comentar os resultados do primeiro semestre do ano. “Você pode ter disputa política em outro patamar. Eu acho que os servidores do BNDES merecem um agradecimento das autoridades do Rio Grande do Sul, especialmente do governador, que até agora não veio”, acrescentou.

O programa emergencial do BNDES já aprovou R$ 6,3 bilhões de uma linha total de R$ 15 bilhões, ou 42,1% dos recursos disponíveis.

Já o crédito solidário, no qual o BNDES fornece apenas a garantia para empréstimos voltados para o Estado gaúcho, de outras instituições, realizou 2.046 operações, totalizando R$ 134,9 milhões.

Ele informou que o apoio do BNDES ao Rio Grande do Sul já soma R$ 9,7 bilhões. Somente em suspensão de parcelas de financiamentos são R$ 1,7 bilhão.

“Suspendemos todo o pagamento das dívidas sem acumular juros para todos os municípios do Estado”, informou ainda Mercadante.

Campos Neto: Copom tem sido unânime, tem mostrado que missão é convergir inflação

 

Banco Central e o superministro Campos Neto: a granada | Opinião

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) têm sido unânimes, inclusive no entendimento de que não há harmonia monetária sem fiscal: a ancoragem tem de ser dupla. A declaração foi realizada em audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

“Esse é o primeiro grande teste da autonomia, que tem se mostrado com grande eficiência. A gente vê, por exemplo, nas últimas reuniões do Copom que foram unânimes. Há quatro membros indicados pelo governo que têm votado de forma unânime, que têm entendido que a missão do Banco Central é fazer a inflação convergir para a meta, sempre com estabilidade financeira, atendo também ao mandato secundário de fomento ao emprego”, disse Campos Neto.

O presidente do Banco Central afirmou que os diretores que foram indicados pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também reiteram o compromisso com a condução da inflação para a meta.

“Nas últimas reuniões, o Copom foi unânime com a preocupação de mirar o centro da meta. Em relação à possibilidade de subir os juros, ontem, inclusive, teve duas falas de diretores, inclusive diretores que foram apontados por esse governo, dizendo, olha, nós vamos fazer o que tiver que fazer para atingir a inflação, para a inflação atingir a meta, e se tiver que subir os juros, e se foi necessário, vai ser feito”, disse Campos Neto.

Questionado sobre uma investigação sugerida pelo Ministério Público de Contas sobre o relatório Focus, Campos Neto disse não ver problemas em relação a isso e que o BC também faz uma outra pesquisa, a Firmus, para confrontar opiniões.

O presidente do BC também ponderou que a alta do crédito direcionado diminui a potência da política monetária.

Ele voltou a afirmar, também, que o BC nos últimos quatro anos foi o mais premiado do mundo.

Eventos e homenagens

O presidente do Banco Central disse que sempre comparecerá a eventos que reconheçam o trabalho da autoridade monetária, tentando rebater críticas de deputados sobre ter comparecido a um jantar organizado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em sua homenagem. “Eu queria mencionar que teve um evento igualzinho, antes do Tarcísio, feito pelo governador do Mato Grosso Mauro Mendes e ninguém falou nada sobre o assunto”, comentou. “Para mim, era mais um evento.”

Ele afirmou que já recebeu convites para participar de eventos por governadores que não apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “No final das contas, para o Banco Central, é importante o reconhecimento”, disse. “Toda vez que eu for chamado para ter algum reconhecimento representando o BC, eu vou aceitar.”

Campos Neto argumentou que tem de conversar com todos os governadores e disse que concede audiências para todos que o procuram no BC.

Vida após o BC

O presidente do Banco Central voltou a dizer que não tem interesse político para além do seu mandato no comando da autoridade monetária e que está tranquilo sobre a condução do seu trabalho e averiguação de patrimônio.

Campos Neto havia sido questionado sobre a evolução do seu patrimônio e inquirido sobre o montante que possuía antes de presidir o BC e quanto tem agora.

“Em relação às outras perguntas, perguntas do âmbito pessoal, honestamente, acho que a gente está aqui para fazer um debate mais construtivo. Tudo que eu tenho já foi examinado pelo Comitê de Ética, já foi apresentado. Todos os relatórios foram apresentados. Estou muito tranquilo. O Comitê de Ética, se quiser olhar de novo, olhe. Tudo que eu fiz ao longo do meu caminho aqui foi para o bem da sociedade, para o bem do governo, foi uma experiência interessante. Não tenho interesse político quando sair daqui, ao contrário do que muitos imaginam. O que é importante para mim é o que o Banco Central fez e quais são as entregas que eu participei”, afirmou Campos Neto.