sábado, 17 de agosto de 2024

O que fazer para o Brasil crescer mais? Veja 7 pontos que podem elevar o PIB

 


A economia reage, o empresariádo investe, a roda gira. Então, por que o país não consegue sustentar o crescimento? A resposta está mais na falta de capacidade de condução da política pública do que na escassez de dinheiro

 

 

Educação, tamanho do estado, exportações mais bem negociadas e o mercado financeiro são alguns dos fatores levantados pelos economistas consultados pela Dinheiro para alavancar as riquezas do país (Crédito: Ricardo Stuckert)

Entender o desenvolvimento econômico não é tarefa fácil. Talvez nem o mais notório dos economistas do século XX, Celso Furtado, tenha sido capaz de prever o que estava por vir. Na base de sua teoria econômica, o Estado não deveria ser apenas um carimbador de cheques em branco, mas sim um agente de promoção, de impulsão e de criação de condições para o desenvolvimento saudável e duradouro de uma nação.

+ Economia cresce acima do esperado e avança 1,1% no 2º tri, mostra ‘prévia do PIB’ do BC

Ainda que a história econômica do Brasil carregue, em parte, uma adaptação mambembe do liberalismo europeu, há muito o que se pode observar e se inspirar nos modelos do velho continente quando pensamos em desenvolvimento.

Também devemos olhar para a Ásia, onde países como China e Coreia do Sul obtiveram bons resultados adotando caminhos diferentes, mas que foram absorvidos como parte de um projeto de país, não de governo. Por aqui, os desafios são imensos, mas há formas de chegar lá. Nesta reportagem, elencamos sete pontos centrais para o desenvolvimento brasileiro, apontando como cada um deles poderia contribuir para a expansão do PIB.

Por trás das indicações, estão Lant Pritchett (economista de desenvolvimento da Universidade de Oxford), Marcus Pestana (diretor-executivo do Instituto Fiscal Independente), Roberto Giannetti da Fonseca (economista e ex-secretário-executivo da Camex), Felipe Salto (economista-chefe da Warren), Zeina Latif (ex-secretária de Desenvolvimento Econômico de SP e sócia-diretora da Gibraltar Consulting), Alberto Ramos (diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs) e o ex-ministro Sérgio Rezende.

Uma receita completa que, se aplicada, tem o potencial de elevar o PIB em até 3,8 pontos percentuais ao ano, segundo o Ipea, o equivalente a R$ 675 bilhões em riquezas para o País. Vamos a eles.

Presidente Lula em evento no mês de junho no Palácio do Planalto. Pensar em políticas públicas de longo prazo é o desafio para o terceiro mandato (Crédito:Marcelo Camargo/Agência Brasil)

1. Educação: +0,3 p. p.

Entender a educação como parte do processo de desenvolvimento de uma nação é uma retórica que parece óbvia, mas não é. Lant Pritchett, economista de desenvolvimento da Universidade de Oxford, explica que, além de cada real investido em educação triplicar em retorno para o PIB, a musculatura que o país ganha ao fortalecer a base do ensino altera a estrutura econômica. “Até aqui, o Brasil só focou em quantidade, não em qualidade.” Um estudo de Oxford para países subdesenvolvidos estima que, em média, três anos de uma educação construtiva, inclusiva e agregadora têm a capacidade de elevar em 1,8 ponto percentual o PIB per capita de um país.

Segundo o IPEA, em uma análise superficial sobre o currículo escolar brasileiro, é possível concluir que, se os alunos aprendessem o que está pré-definido na grade, o ganho no PIB seria de 0,3 ponto percentual ao ano, sem grandes esforços.

“O Brasil ainda peca no feijão com arroz. Os alunos saem da escola sabendo ler? Sabendo fazer contas? Sabendo projetar o futuro? Se a resposta for não, o caminho está errado”, disse Pritchett.

E para quem acha que a solução está em mais investimento público, um alerta: não falta dinheiro, falta capacidade administrativa.

O Fundeb, que escoa recursos da União para estados e municípios, tem, só em 2024, 172 denúncias abertas de possíveis corrupções. Há ainda uma desproporção orçamentária nas prefeituras que, por exigência da Constituição, são obrigadas a investir um determinado percentual em educação, mas disfarçam essa verba para aplicá-la em outras áreas.

É o caso clássico da Ronda Escolar, recurso de segurança pública muitas vezes custeado com verba da educação. Como resolver isso? Para Pritchett, a solução é ampliação do papel do Estado.

“Não adianta apenas definir a grade e obrigar o investimento. O governo central precisa cobrar resultados, mensurar dados, avaliar o desempenho macro. Foi assim na China e na Coreia do Sul recentemente”, disse.

Na Inglaterra, um processo similar, que oferecia bônus orçamentários para cidades que atingissem níveis de escolaridade funcional na metade do século passado, foi determinante para a disseminação da educação.

2. Reforma Administrativa: +0,85 p. p.

Entre as mudanças mais relevantes para destravar a economia, reavaliar o tamanho do Estado se torna imperativo. A ideia central, muito além de revisar cargos, salários e privilégios, precisa ser a reavaliação da necessidade do número atual de cidades, descentralizando micropoderes em municípios que não possuem capacidade de se financiar e dependem, quase integralmente, de repasses da União

. Segundo Marcus Pestana, diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente), as medidas podem reduzir os gastos em R$ 128 bilhões em 10 anos. Ele afirma que as medidas poderiam desafogar as contas públicas do governo federal, melhorando a capacidade de investimento da União.

Segundo o IPEA, a redução do Estado colocaria recursos na economia ativa e teria um impacto no PIB de quase um ponto percentual ao ano. Para entender o efeito das mudanças, basta olhar para o passado. Entre 1950 e 1970, período considerado de maior crescimento médio da economia brasileira, os gastos públicos representavam 25,5% do PIB.

Em 2023, essa fatia estava em 43,4%; as despesas correntes, antes 20%, hoje batem 40%. Para equilibrar as despesas, o investimento nacional caiu de 5,5% do PIB para 1,5% em 2022. Não há, neste momento, qualquer disposição do governo Lula em avançar com este tema.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem afirmado que, pelo entendimento da equipe econômica, o foco neste momento é começar a reforma mirando “o andar de cima”. Ele cita privilégios em cargos dos Três Poderes. A ministra de Gestão e Inovação, Esther Dweck, confirmou à DINHEIRO que a reforma em curso no Congresso, a PEC 32/2020, nos termos atuais, não terá apoio do governo por ser “essencialmente punitivista e com foco na base da pirâmide do serviço público”.

Avaliar a demanda do mercado externo é crucial para o Brasil firmar acordos comerciais mais eficientes para alavancar exportações (Crédito:Divulgação)

3. Comércio exterior: +0,35 p. p.

Depender de commodities tem sido uma muleta para a economia brasileira. O bom desempenho da balança comercial, apoiado basicamente no agronegócio, é pouco para o potencial brasileiro. Para Roberto Giannetti da Fonseca, economista, ex-secretário-executivo da Camex e ex-diretor da Fiesp, falta um projeto claro de país e uma rota mais definida para aumentar as exportações e abrir mais o Brasil para o comércio exterior.

“Para um país ser competitivo, não basta produzir. É preciso saber vender bem, vender valor agregado, marca. Infelizmente, a cultura exportadora brasileira ainda é muito incipiente”, disse.

Segundo o economista, nenhum país da atualidade se desenvolveu sem o que ele definiu como “surto de exportação”. Entre os exemplos, ele cita Alemanha, Coreia do Sul, China e Japão, países que cresceram agregando a demanda externa à sua capacidade de oferta, aumentando o emprego e a renda com a possibilidade de atingir mercados externos.

“É a maneira mais lógica e mais óbvia de um país crescer e trazer competitividade para dentro, o que envolve qualidade, preço e marketing.” Nesse sentido, apesar de o governo estar trabalhando na diplomacia para firmar novos acordos comerciais, ainda é preciso garantir condições de igualdade competitiva para a cadeia produtiva brasileira.

A matriz industrial brasileira, desde a indústria extrativista até a de transformação, possui uma base anacrônica, antiquada e custosa. Com a virada do século, enquanto países como a China já começavam a mirar os negócios do futuro, a indústria brasileira ainda possuía uma estrutura fordista usada na segunda metade do século XX.

O ponto de inflexão para que o Brasil use melhor os novos acordos comerciais, vislumbrando até uma troca mais pujante com a União Europeia, é dar aos empresários condições de adaptar seu pátio fabril, assim como acontece no agronegócio, por meio do Plano Safra.

R$ 128 bilhões
é o potencial de redução dos gastos públicos em dez anos, caso a Reforma Administrativa saia do papel

4. Desindexação do orçamento: +1,02 p. p.

Assunto sensível e com capacidade de aflorar os ânimos da população, a desindexação de parte do Orçamento federal também pode ser um motor para a economia. Hoje, muitos dos gastos públicos são obrigados pela Constituição a terem reajuste com base na inflação passada, uma forma de tentar garantir a mesma capacidade de investimento ano após ano.

Para Felipe Salto, economista-chefe da Warren, esse pensamento é falacioso, já que nem tudo depende do volume de recursos alocados, mas da inteligência na aplicação.

“Temos de debater um novo sistema para os gastos com saúde e educação, sem essa correção automática”, disse.

Outro benefício de tal mudança, segundo ele, seria deixar o orçamento livre para investimentos menos engessados. Atualmente, segundo estimativa do Tribunal de Contas da União, o governo federal poderia ter disponível para investimento R$ 131 bilhões ao longo de dez anos com a medida.

“Garantir gastos permanentemente não quer dizer que você esteja melhorando as políticas públicas”, afirmou.

Quando ampliada a discussão para desindexar benefícios previdenciários, seja aposentadoria ou auxílios esporádicos, a cifra pode superar os R$ 200 bilhões em uma década. Dentro da cúpula do governo federal, o tema chegou a ser debatido e foi encabeçado pelo Ministério do Planejamento, com Simone Tebet à frente do estudo de viabilidade, mas ainda não avançou. Segundo Fernando Haddad, este não é o momento para discutir o assunto.

R$ 200 bilhões
Podem ter novos destinos em uma década se o governo não usar a inflação nas correções obrigatórias

5. Reforma Tributária: +0,25 p. p.

Em vias de finalização, a reforma tributária também tem a capacidade de estimular o PIB, mas apenas se for simples o bastante para atrair investimento estrangeiro, assertiva o suficiente para não abrir brechas para privilégios e constante para garantir estabilidade jurídica.

Para Zeina Latif, ex-economista-chefe da XP Investimentos e ex-secretária de Desenvolvimento Econômico do estado de São Paulo, atualmente sócia-diretora da Gibraltar Consulting, o nó envolvendo a reforma tributária tem sido tão grande que alguns conceitos se perderam.

“O argumento de que a menor taxação implicará em preços mais baixos é frágil.”

Isso porque, explica ela, o benefício pode se transformar em aumento da margem de lucro, e não em redução do preço.

Movimento similar ao que aconteceu com a desoneração da folha. Era para gerar mais empregos, mas, na prática, apenas deu um fôlego para os empresários nos encargos trabalhistas. Há ainda o impacto direto na alíquota padrão para compensar as desonerações. “No orçamento das pessoas de baixa renda, o aumento da tarifa média é uma notícia ruim”, disse.

Na prática, um estudo de 2023 do IPEA revelou que a base da pirâmide social paga, em média, entre 21% e 28% da própria renda mensal em impostos. Tal fatia cai para entre 15% e 19% entre os mais ricos.

O resultado, segundo o IPEA, é que o dinheiro não gasto pelos ricos é direcionado a investimentos, enquanto, no orçamento dos mais pobres, é recolocado na economia real, o que ajuda a desenvolver a economia.

6. Mercado financeiro: +0,15 p. p.

Entre os setores mais estruturados do Brasil, o mercado financeiro tenta acompanhar o ritmo mundial dos investimentos, mas escorrega na falta de estabilidade. Prova disto são as baixas e altas históricas vividas em 2024 no Ibovespa.

Para Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica do Goldman Sachs, ainda há algum nível de incerteza do investidor estrangeiro em relação a operações no Brasil, principalmente devido à complexidade dos processos legais e à instabilidade fiscal do país.

Além disso, os juros elevados nos EUA reduzem o apetite pelo mercado brasileiro, que precisaria ganhar novos contornos para voltar ao jogo. Até julho, os estrangeiros retiraram R$ 42,4 bilhões do Brasil, a maior cifra desde 2020.

O motivo, segundo Ramos, é que, apesar das vantagens que o Brasil possui, como não estar em guerra, ter energia limpa e barata e boas atividades no agronegócio, ainda falta um melhor posicionamento diante do mundo.

“O investidor que sai da China ou da Rússia vai para a Índia, para a Indonésia, para a Tailândia, para o México”, disse.

A reversão deste cenário e o retorno do capital estrangeiro podem ocorrer com medidas simples. A promoção de condições mais atraentes para negócios que envolvam ativação econômica, como energia limpa, construção ou economia criativa, além de uma sinalização mais forte de controle das contas públicas, reduziria o risco no investimento e garantiria recursos a serem utilizados no país.

7. Ciência & Tecnologia: +0,90 p. p.

Se o plano é pensar no futuro, o movimento precisa ser já. O investimento em ciência e tecnologia no Brasil precisa disparar para tentar competir com o mundo. E quem afirma isso é o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.

“Um país que honra o pagamento de uma dívida trilhardária não é pobre”, disse.

De acordo com dados do Portal da Transparência, o Brasil investiu no último ano o equivalente a 1,3% do PIB em desenvolvimento tecnológico e científico, um número considerado muito baixo.

“Muitas pessoas me perguntam por que o Brasil nunca ganhou um prêmio Nobel, e a resposta é clara: não há investimento”, disse.

Com a atenção do mundo voltada para soluções sustentáveis e respostas que andem lado a lado com os recursos naturais, o Brasil deve investir no desenvolvimento de soluções utilizando a própria cultura como porta de entrada para ampliar consideravelmente os ganhos.

“Não adianta ter o queijo na mão, se a faca não corta.” A reconstrução da estrutura científica brasileira, que foi lateralizada por anos, envolve acordos de cooperação internacional, atração de mão de obra estrangeira e capacitação dos pesquisadores, facilitação do crédito para estudos e criação de produtos, além de políticas públicas nacionais para estimular novas descobertas.

Com soluções possíveis e relativamente simples, a solução para o Brasil está, parafraseando Celso Furtado, nas mãos de quem se compromete a fazer a mudança.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Coamo inaugura indústria de rações e prepara unidade de etanol de milho

 


São Paulo, 16 – A Coamo Agroindustrial Cooperativa inaugura nesta sexta-feira, 16, uma indústria de rações e lança a pedra fundamental da indústria de etanol de milho em Campo Mourão (PR). Em nota, a cooperativa diz que o investimento na indústria de rações foi de R$ 178 milhões e na de etanol a previsão é de R$ 1,67 bilhão.

A indústria de ração tem 6 mil metros quadrados de área construída e capacidade produtiva de 200 mil toneladas de rações por ano. “A indústria de rações já opera com 100% da capacidade produtiva. O plano para expansão dessa produção já está em andamento”, disse a Coamo na nota.

Com 12 indústrias nos parques industriais em Campo Mourão e Paranaguá, no Paraná, e em Dourados (MS), a Coamo se prepara para inaugurar a 13ª unidade: uma usina de etanol de milho. Será a primeira do Paraná dedicada exclusivamente a essa produção.

“A previsão é que no segundo semestre de 2026 possamos inaugurar essa nova planta”, disse o diretor industrial Divaldo Correa.

Segundo ele, o milho, que até recentemente não tinha um processo completo de industrialização na Coamo, passou a ser mais consumido dentro da nova indústria de rações, representando 2% de tudo o que a cooperativa recebe. Com a usina de etanol, esse porcentual deve saltar para 20%.

A nova planta terá capacidade para produzir 765 m³ de etanol hidratado por dia, 510 toneladas de DDGS (farelo de milho) e cerca de 37,4 toneladas de óleo diariamente. A usina termelétrica também produzirá 30 MW de energia elétrica, suficiente para tornar o parque industrial da Coamo em Campo Mourão energeticamente autossustentável.

Petz e Cobasi chegam a acordo para criar maior petshop do Brasil

 


Petz e Cobasi

As redes de varejo de produtos e serviços para animais de estimação Petz e Cobasi anunciaram nesta sexta-feira que assinaram acordo para uma combinação de suas operações, que criará a maior empresa no setor no país, unindo as duas companhias que já lideram o segmento.

O acordo prevê que a Petz será uma subsidiária integral da Cobasi, empresa que criou o conceito de megalojas de produtos para animais de estimação no país na década de 1980. Além disso, os acionistas da Petz terão 52,6% da empresa combinada. A relação de troca é ligeiramente diferente dos 50%-50% que constavam em memorando de entendimento assinado em abril, quando as empresas anunciaram intenção de unirem operações.

O presidente-executivo e acionista de referência da Petz, com 30,57% da empresa, Sergio Zimerman, afirmou em conferência com analistas e investidores que a mudança na relação de troca decorreu de “um processo de ajuste para gerar conforto para ambas as companhias”.

O conselho de administração do grupo combinado, que será listado no Novo Mercado, terá nove membros, sendo cinco indicados pelos controladores da Cobasi, os irmãos Nassar e o fundo Kinea, e o restante por Zimerman.

As duas redes anunciaram em abril memorando de entendimento não vinculante para combinação dos negócios de olho em um mercado formado por mais de 139 milhões de animais de estimação, o segundo maior do mundo, de acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. Segundo Cruz, a cada 100 famílias brasileiras, 44 possuem um animal de estimação, enquanto apenas 36 têm crianças em casa.

Pelo acordo, os acionistas da Petz receberão 400 milhões de reais, quantia equivalente a entre 0,85 e 0,90 real por ação, afirmou Zimerman na conferência. Anteriormente, a parcela em dinheiro do negócio seria de 450 milhões de reais.

Desse valor, 130 milhões de reais serão distribuídos em dividendos pela Petz antes do fechamento da operação com recursos oriundos de lucros acumulados da empresa. O restante será pago “pro rata” de acordo com a participação dos acionistas no capital da companhia. Esta parcela restante de 270 milhões de reais será paga em até 15 dias úteis do fechamento da transação por meio de resgate de ações da nova empresa.

A união de Petz e Cobasi, que vai precisar de aprovação de órgãos de defesa da concorrência, algo previsto para ocorrer em 2025, vai criar uma companhia com receita bruta ao redor de 7 bilhões de reais, com cerca de 11% de participação de mercado, 494 lojas em mais de 140 cidades e 20 marcas próprias de produtos.

Na ótica de Zimerman, a combinação das duas maiores empresas do setor no país será boa para o consumidor. Segundo ele, a chamada “racionalização” de abertura de lojas das duas redes terá um impacto “muito relevante e uma parte será repassada para o preço para a gente deixar o mundo físico mais competitivo e a outra parte recompor rentabilidade que tem sido pressionada pelo digital”.

Na visão do executivo, a empresa combinada não vai “jogar no colo do fornecedor” e seguirá sendo pressionada por rivais que atuam no comércio eletrônico.

“Aumentar preço (para o consumidor) seria o fim das companhias…É fazer alguma bobagem em precificação e imediatamente os players do online vão abocanhar nossos clientes…O marketplace regula o mercado”, disse o executivo.

Nos cálculos da Petz, o resultado operacional medido pelo Ebitda das duas empresas somou no ano passado 464 milhões de reais e a expectativa é que a união gere um valor incremental de 220 milhões a 330 milhões de reais por ano na forma de sinergias.

A vice-presidente financeira da Petz, Aline Penna Peli, afirmou que 85% das sinergias esperadas devem ser capturadas pela nova empresa em até três anos.

A companhia combinada nascerá com dívida líquida de 194 milhões de reais, tendo Zimerman como presidente do conselho de administração e Paulo Nassar, da Cobasi, como presidente-executivo.

Na véspera, as ações da Petz fecharam a 3,45 reais, dando à companhia um valor de mercado de 1,6 bilhão de reais. Em 2024, os papéis acumulam queda de 12,6%. No IPO, em 2020, as ações saíram a 13,75 reais.

Nesta sexta-feira, por volta de 13h, as ações da Petz disparavam quase 20%, cotadas a 4,13 reais, liderando os ganhos do Ibovespa, que rondava a estabilidade. Segundo Peli, “a ideia é continuarmos (grupo combinado) no Ibovespa”.

Segundo a Petz, a assinatura do acordo é baseada na premissa de que a incorporação de ações não vai gerar Imposto de Renda sobre ganho de capital. Caso o entendimento da Receita Federal seja diferente, e o acionista resolva abrir ação judicial, a empresa combinada vai conceder empréstimo no valor do imposto devido que está sendo questionado judicialmente, segundo fato relevante.

RESULTADOS

A Petz divulgou resultados de segundo trimestre na noite de quarta-feira, que mostrou crescimento do indicador de vendas mesmas lojas em 0,9%, que reverteu tendência negativa dos três trimestres anteriores.

Segundo Zimerman, apesar do crescimento ser pequeno, ele é positivo em termos de tendência para o terceiro trimestre, considerando ainda os dados de vendas da primeira metade do período.

“Os números foram fracos na foto, mas extremamente animadores no filme e a gente deve conferir isso no terceiro trimestre”, disse o executivo.

“Se depender da primeira metade do terceiro trimestre, vão se confirmar as tendências” de recuperação das vendas, afirmou.

Mais valiosa que alguns bancos: fintech britânica Revolut é avaliada em US$ 45 bilhões

 


Logo da Revolut

 

A britânica Revolut foi avaliada em US$ 45 bilhões por meio de uma venda secundária de ações para investidores novos e existentes, informou a empresa de tecnologia financeira nesta sexta-feira, 16, o que a torna mais valiosa do que alguns dos maiores bancos da Europa.

A venda de ações, que permite que os funcionários atuais resgatem algumas de suas ações, está sendo liderada pela Coatue e D1 Capital Partners, e pelo investidor Tiger Global, disse a Revolut.

A avaliação consolida a posição da Revolut como uma das fintechs mais valiosas da Europa.

Com a avaliação de 45 bilhões de dólares, ela vale mais do que o dobro do banco francês Société Générale, que tem uma capitalização de mercado de 19 bilhões de dólares, de acordo com dados da LSEG, e do britânico Barclays, atualmente avaliado em 43 bilhões de dólares.

Os bancos europeus tradicionais, entretanto, foram prejudicados por anos de baixa lucratividade e novas regulamentações, o que prejudicou suas avaliações. O Barclays, por exemplo, viu suas ações se recuperarem apenas até o mesmo nível de uma década atrás.

Os investidores na Revolut estão apostando que a empresa de nove anos tem perspectivas de crescimento muito melhores do que os credores tradicionais.

Ela vem crescendo rapidamente, reportando um lucro recorde antes dos impostos de 438 milhões de libras (564,36 milhões de dólares) em 2023 e diz que agora tem 45 milhões de clientes em todo o mundo. Os investidores acreditam que uma licença bancária no Reino Unido, concedida no mês passado, permitirá que a empresa atraia clientes que desejam serviços bancários baseados em aplicativos para longe dos bancos de rua e sem a base de custos de manter uma rede de agências.

Fundada pelo presidente-executivo, Nikolay Storonsky, em 2015, a Revolut é um dos poucos aplicativos de serviços financeiros, ou “fintechs”, que surgiram no Reino Unido na última década. Ela oferece serviços financeiros por meio de um aplicativo, em vez de ter agências físicas, e foi avaliada pela última vez em 33 bilhões de dólares em uma captação de recursos em 2021.

No mês passado, a empresa disse que finalmente havia conseguido uma licença bancária no Reino Unido, encerrando uma espera de três anos depois de ter enfrentado dificuldades após o escrutínio de sua contabilidade interna.

Um porta-voz da Revolut se recusou a comentar se algum investidor atual da empresa reduziu sua posição e se Storonsky havia trocado parte de sua participação. O porta-voz também não quis comentar sobre o valor da venda.

Integração regional pode ter mesmo impacto da reforma tributária no PIB, diz Tebet

 Saiba quem é a nova ministra do Planejamento, Simone Tebet


A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta sexta-feira, 16, que o projeto das cinco rotas de integração sul-americana pode trazer um impulso à economia parecido com o estimado na reforma tributária. “Da mesma forma como tenho a expectativa de que a partir de 2030 a reforma tributária vai fazer o Brasil crescer 1 ponto porcentual a mais por ano, temos quase uma reforma tributária ou uma reforma tributária inteira com a integração regional”, comentou, ao participar de reunião com os conselhos de Economia, Comércio Exterior, Infraestrutura e Indústria da Construção da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O projeto contempla 190 projetos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento – entre rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos, redes digitais e linhas de transmissão de energia – que vão interligar o Brasil a países vizinhos.

A ministra destacou que, ao permitir a saída das exportações pelo Pacífico, a integração regional permitirá reduzir em 10 mil quilômetros – ou o equivalente a três semanas a menos de transporte – a distância dos produtos brasileiros à Ásia. Com isso, emendou, as exportações brasileiras ganharão competitividade. “Estamos falando em mudança no PIB brasileiro.”

Mais uma vez, a ministra observou que todas as obras necessárias já estão no orçamento do PAC, sem representar, assim, um impacto fiscal adicional. Os projetos de integração contam com US$ 10 bilhões de um fundo gerido por bancos de fomento, do qual a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é de US$ 3 bilhões.

Tebet voltou a assegurar que os recursos do BNDES serão direcionados apenas a obras no Brasil, “da porteira para dentro”. A ministra pontuou que os frutos das rotas de integração mapeadas poderão ser colhidos a partir de 2026. Também defendeu que as rotas representam um projeto necessário de país, e não de governo.

“Temos que parar de falar que é projeto ideológico. Não sou de esquerda ou de direita, sou do centro democrático e estou defendendo com brilho nos olhos essas rotas”, declarou a ministra.

Lula volta a criticar Campos Neto: ‘Ele não me desagradou. Ele desagradou ao país’

 


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 16, que o Banco Central “deve ao povo brasileiro”, e que o próximo dirigente da autoridade monetária deve ter coragem para baixar ou aumentar os juros quando necessário – o petista também indicou que, nesse momento, julga ser preciso baixar a Selic. Lula deu as declarações em entrevista à Rádio Gaúcha.

O petista já fez diversas críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi indicado ao cargo no governo de Jair Bolsonaro. Ele tem mandato à frente da autoridade monetária até o fim do ano. Mas o governo vê uma espécie de brecha para indicar o próximo presidente já nas próximas duas semanas, apesar de a nova gestão começar só em 2025. O mais cotado é Gabriel Galípolo.

“A pessoa que eu vou indicar tem que ter muito caráter, muita seriedade e muita responsabilidade. A pessoa que eu indicar não deve favor ao presidente da República. A pessoa que eu vou indicar é uma pessoa que vai ter compromisso com o povo brasileiro. Na hora que precisar reduzir a taxa de juros, ele vai ter que ter coragem de dizer que vai reduzir. Na hora que vai aumentar, ele vai ter que ter a mesma coragem de dizer que vai aumentar”, afirmou Lula.

O petista, porém, disse que não há explicação para a Selic estar em seu patamar atual, em 10,50% ao ano. “Nós, obviamente, levamos em conta a necessidade de autonomia do Banco Central, mas é importante lembrar que o Banco Central deve ao povo brasileiro”, enfatizou. Ele afirmou que tem a expectativa de que a Selic comece a cair, e mencionou a possibilidade de uma redução nos juros dos Estados Unidos.

Indicação de novo presidente do BC

O presidente da República disse que quer conversar com o Senado antes de indicar o novo presidente do Banco Central. O escolhido precisa ser aprovado em votação pela Casa Alta antes de assumir o cargo. O chefe do governo repetiu não saber se será Gabriel Galípolo o indicado.

“Antes de indicar eu quero conversar com o presidente do Senado, quero conversar com o presidente da comissão, para que as pessoas, ao serem indicadas, sejam votadas logo. Para que as pessoas não fiquem sofrendo desgaste, especulação política durante meses”, declarou Lula.

O petista também negou que tenha algum problema pessoal com o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. “O problema não é pessoal, ele não me desagradou. Ele desagradou ao País, desagradou ao setor produtivo”, declarou Lula.

O presidente também disse que sempre que alguém tenta “inventar” na economia o resultado é ruim. “Todo momento em que alguém tentou inventar na economia, ou todo momento em que o presidente da República se meteu a ser economista, não deu certo esse País”, declarou ele.

Campos Neto diz que Banco Central elevará taxa de juros se for necessário

 


Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

 

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta sexta-feira, 16, que os dirigentes da instituição não estão dando nenhuma orientação sobre as próximas decisões de política monetária, mas que subirão juros se for necessário.

Durante participação no evento Barclays Day, promovido pelo Banco Barclays, em São Paulo, Campos Neto também destacou que os dirigentes do BC têm tomado decisões de forma unânime.

“Todos os diretores estão adotando nosso discurso oficial. Estamos reforçando que não estamos dando nenhum guidance, mas que faremos o que for necessário para levar a inflação à meta”, disse Campos Neto. “Elevaremos a taxa de juros se for necessário.”

Expectativa de alta

Os comentários de Campos Neto sobre a possibilidade de lata dos juros vieram em linha com fala do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, na segunda-feira, e acontecem em um momento em que a curva a termo brasileira precifica mais de 70% de probabilidade de o Copom elevar a taxa básica Selic, hoje em 10,50% ao ano, em 25 pontos-base em setembro.

Durante o evento, Campos Neto reconheceu que atualmente o Brasil é um dos poucos países em que a curva precifica alta de juros — e não corte. O presidente do BC ponderou, no entanto, que as “histórias” dos emergentes são diferentes e lembrou que o Brasil também foi o primeiro a iniciar o movimento de baixa de juros, sendo seguido depois por outros países.

Campos Neto reforçou ainda a mensagem de que o BC está “muito incomodado” com a desancoragem de expectativas, que não retornaram para a meta de inflação de 3%. Segundo ele, os dirigentes da autarquia estão observando a questão de perto.

A meta contínua de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. No relatório de mercado Focus, a mediana das projeções de mercado para a inflação para 2024 está em 4,20% e para 2025 em 3,97% — em ambos os casos bem acima do centro da meta.

Inflação

Durante sua participação no evento, Campos Neto evitou responder se estava entre os diretores do BC que acreditam que o balanço de riscos para a inflação está assimétrico, com peso maior para fatores inflacionários.

Em suas comunicações mais recentes, o Copom citou três riscos altistas para a inflação (desancoragem de expectativas, inflação de serviços e câmbio), mas apenas dois riscos baixistas (desaceleração global e aperto monetário global).

Em evento na última segunda-feira, Galípolo, disse que ele vê o balanço assimétrico, pontuando que isso decorre não apenas da diferença do número de itens, mas da visão de que há chance de um custo maior de um processo de desinflação. “A alta (de juros) está na mesa, sim, do Copom, e a gente quer ver como isso vai se desdobrar”, disse Galípolo na ocasião, reforçando que o BC está dependente de dados.

Em sua fala no evento desta sexta-feira, Campos Neto afirmou apenas que a instituição está se esforçando para reduzir o prêmio de risco relacionado a incertezas na política monetária.

Questionado a respeito da pressão mais recente no mercado de câmbio, quando o dólar à vista chegou a ser cotado acima dos 5,85 reais, Campos Neto afirmou que a instituição decidiu não intervir nos negócios por avaliar que grande parte da volatilidade se devia a prêmios de risco.

Em eventos públicos, autoridades do BC têm repetido que intervenções no câmbio serão feitas apenas em momentos de disfuncionalidade do mercado