Sede do Banco Central, em Brasília
Analistas
consultados pelo Banco Central subiram novamente sua projeção para o
nível da Selic no próximo ano, em meio a expectativas mais altas para o
avanço do IPCA neste ano e nos próximos dois, elevando também as
previsões para as cotações do dólar, de acordo com a pesquisa Focus
divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento, que capta a
percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a mediana
das expectativas para a taxa básica de juros ao fim do próximo ano agora
é de 12,00%, de 11,50% na semana anterior.
Para
2024, a projeção para a Selic, atualmente em 11,25%, manteve-se em
11,75% pela sétima semana consecutiva. O BC volta a se reunir em
dezembro para a última decisão de política monetária do ano.
De
acordo com os dados do Focus, o BC deve voltar a elevar os juros nas
duas primeiras reuniões do ano, respectivamente em 0,50 e 0,25 ponto
percentual, a 12,50%. Só são esperados cortes então nos dois últimos
encontros do ano, ambos de 0,25 ponto.
A mudança na previsão
ocorre na esteira da divulgação da ata da mais recente reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom) na terça-feira. No documento, os membros
afirmaram que deterioração adicional das expectativas de mercado para a
inflação à frente pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto dos
juros básicos.
O
BC também reforçou a defesa da adoção de medidas fiscais pelo governo,
argumentando que ações nesse sentido podem induzir o crescimento
econômico. O Executivo tem prometido o anúncio de um pacote de medidas
de contenção de gastos a fim de garantir a sustentação do arcabouço
fiscal.
Neste mês, o Copom decidiu acelerar o ritmo de aperto nos
juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, em decisão
unânime de sua diretoria que não indicou os próximos passos da política
monetária.
A
pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda um
aumento na projeção para o IPCA neste ano pela sétima semana
consecutiva, agora com alta de 4,64% — acima do teto da meta perseguida
pelo BC –, ante 4,62% há uma semana. Em 2025, o avanço do índice deve
chegar a 4,12%, acima dos 4,10% projetados anteriormente, e em 2026 a
conta subiu a 3,70%, de 3,65%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3,00%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Houve
aumento ainda na expectativa para a cotação do dólar em 2024, agora em
5,60 reais, de 5,55 reais na semana anterior. No final do próximo ano, a
moeda norte-americana deve atingir 5,50 reais, segundo os analistas,
ante 5,48 reais há uma semana.
Sobre o PIB brasileiro, a previsão é
de que a economia do país cresça 3,10% neste ano, mesma expectativa da
semana anterior. Em 2025, a projeção é de que a expansão seja de 1,94%,
também repetindo o dado da pesquisa anterior.