quinta-feira, 27 de abril de 2023

Mais vendas de milho dos EUA à China são canceladas com proximidade de safra do Brasil


Mais vendas de milho dos EUA à China são canceladas com proximidade de safra do Brasil

Escoamento de milho em Tiskilwa, Illinois

Por Karl Plume

 

CHICAGO (Reuters) – Os importadores chineses cancelaram mais compras de milho dos Estados Unidos, confirmou o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) nesta quinta-feira, o mais recente de uma série de cancelamentos, enquanto o maior comprador de grãos para ração aguarda a segunda safra do Brasil.

O USDA anunciou que vendas de 233.000 toneladas de milho destinado à exportação para a China, no ano comercial de 2022/23, foram canceladas.

A notícia alimentou preocupações com a erosão constante da demanda por milho para a principal safra comercial dos EUA, enviando os futuros de referência na bolsa de Chicago para uma mínima de quase nove meses.

A agência dos EUA havia relatado cancelamentos de 327.000 toneladas na segunda-feira, e os dados semanais de vendas de exportação divulgados na quinta-feira mostraram que 64.300 toneladas também foram canceladas na semana encerrada em 20 de abril.

Os cancelamentos ocorrem apenas algumas semanas após uma enxurrada de compras de milho dos EUA pela China e cerca de um mês antes da colheita da segunda safra recorde de milho no Brasil.

Os exportadores de milho dos EUA têm lutado para competir com os suprimentos brasileiros mais baratos, e o ritmo das vendas dos EUA na safra mais recente é cerca de 33% menor do que no mesmo período do ano passado.

Atualmente, o USDA projeta uma queda de apenas 25% nas vendas nesta temporada.

As vendas de milho dos EUA estão desacelerando antes da safra brasileira, que deve inundar o mercado global em junho e julho.

As vendas líquidas de milho dos EUA para embarque nos anos de comercialização atuais e futuros caíram para 400.000 toneladas, o menor nível em 15 semanas, na semana encerrada em 20 de abril, mostraram dados do USDA.

(Reportagem de Karl Plume em Chicago)

 

Simone Tebet diz que decisões do Banco Central têm consequências políticas

Simone Tebet em 2022 - 25/05/2022 - Politica - Fotografia - Folha de S.Paulo


A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), disse nesta quinta-feira, 27, em audiência no Senado, que as decisões do Banco Central têm consequências políticas. Ela, porém, afirmou que a autonomia do órgão é importante para a estabilidade econômica e que o governo não interfere nas decisões técnicas.

“Juros, inflação e crescimento são 3 coisas que precisam andar juntas, não podem estar isoladas”, declarou ela. “O crescimento não pode ficar no meio do caminho”, disse Simone Tebet.

Ela afirmou que governo e Banco Central têm debatido muito o assunto, cada um com sua visão. “O governo faz uma relação muito forte entre crescimento e taxa de juros. O Banco Central, entre taxa de juros e inflação”, declarou.

Segundo a ministra, essas formas de ver o tema não são antagônicas.


 

China libera importação de estoques de carne bovina do Brasil antes de mal da vaca louca

Países de bandeira do brasil e china | Foto Premium

 

 

Brasília e São Paulo, 27 – A China liberou as importações estoques de carne bovina brasileira produzidos antes de 21 de fevereiro, quando o Brasil confirmou um caso de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), doença popularmente conhecida como mal da vaca louca, cujos resultados indicaram ser um caso atípico. No dia 23 de fevereiro, o Brasil suspendeu os embarques da proteína à China, como prevê o protocolo entre os dois países.

A autorização foi feita pelo Departamento de Alfândegas da China (Gacc) e comunicada pelo Ministério da Agricultura.

O aval vale para a carne produzida antes desta data e embarcada após 23 de março, quando o país asiático retirou o embargo sobre a proteína brasileira.

Ainda não podem ser exportados os produtos produzidos nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro.

A China também não autorizou o recebimento das cargas embarcadas após o dia 23 de fevereiro.

 

Desaceleração da economia devido a juro alto levará a problemas fiscais, diz Haddad


Desaceleração da economia devido a juro alto levará a problemas fiscais, diz Haddad

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que uma desaceleração da economia relacionada à condução da política monetária levaria a problemas fiscais, e voltou a pedir “harmonização” da ala monetária com a trajetória das contas públicas.

Haddad falou em debate no Senado sobre juros, inflação e crescimento, em que estava acompanhando do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Este tem sido alvo de críticas de alguns membros e aliados do governo pelo patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%, nível elevado que tende a restringir a atividade econômica.

Haddad disse nesta quinta-feira que é necessário recuperar a capacidade do Brasil de investir, pediu cortes de gastos e voltou a mirar o que chamou de “renúncias fiscais” como um fator a ser combatido de forma a aumentar a captação de recursos pela União.

O ministro afirmou que os conflitos distributivos do Brasil são “severos” e só se equacionam com crescimento econômico.

Haddad também voltou a destacar “vitória importante” com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu ganho parcial ao governo em julgamento de conjunto de ações sobre descontos do ICMS, que, pelas contas da equipe econômica, têm impacto potencial de até 90 bilhões de reais por ano para os cofres federais.

(Por Bernardo Caram)

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Bolsonaro diz à PF que estava sob efeito de remédio ao postar vídeo contra resultado da eleição


Crédito: Agência Brasil

Bolsonaro disse que estaria se recuperando de um "tratamento com morfina" (Crédito: Agência Brasil)

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou nesta quarta-feira, 26, em depoimento à Polícia Federal (PF) que o compartilhamento de um vídeo com informações falsas e questionamentos quanto à lisura do resultado das eleições de 2022 foi feito de “forma equivocada”. Segundo relato do ex-secretário de comunicação social da Presidência e atual assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, o ex-presidente disse à PF que estava sob efeito de medicamentos quando fez postagem. Bolsonaro estaria se recuperando de um “tratamento com morfina”.

A publicação realizada apenas dois dias após os ataques golpistas às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro foi alvo de denúncia do Ministério Público (MP) ao Supremo Tribunal Federal (STF), que acabou por ordenar a inclusão de Bolsonaro na investigação da tentativa de golpe no início do ano.

O depoimento do ex-presidente durou 3 horas. Encerrada a oitiva, Fábio Wajngarten afirmou que a versão dada aos agentes federais foi de que a publicação havia sido um erro e que o ex-presidente repudia os atos golpistas de 8 de janeiro. Está foi a segunda vez que Bolsonaro depôs à PF. Na primeira declaração dada aos policiais no início deste mês, Bolsonaro teve que explicar o motivo de ter pressionado e deslocado ministros de seu governo para ter acesso a joias ilegais retidas pela Receita Federal.

“Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para o seu arquivo de WhatsApp para assisti-lo posteriormente. Por acaso, justamente, neste período o presidente estava internado em um hospital em Orlando”, afirmou. “Justamente no período entre o dia 8 e o dia 10 ele teve uma crise de obstrução intestinal, foi internado, submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10. Essa postagem foi feita de forma equivocada tanto que duas horas depois ele foi advertido e retirou a postagem”, disse Wajngarten.


 

MP aciona AngloGold Ashanti na Justiça e diz que empresa omitiu dados de barragem


MP aciona AngloGold Ashanti na Justiça e diz que empresa omitiu dados de barragem

Logotipo da mineradora AngloGold Ashanti

Por Marta Nogueira

 

RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Ministério Público de Minas Gerais moveu ação contra a AngloGold Ashanti com pedido de indenização de 50 milhões de reais após a mineradora de ouro supostamente ter ocultado de autoridades pareceres técnicos que indicavam ausência de estabilidade em uma de suas barragens em Nova Lima, segundo documento visto pela Reuters.

Na ação, o MP mineiro também pede diversas medidas adicionais de segurança e relata que “por duas vezes no ano de 2022 a ré teve em mãos estudos técnicos robustos, elaborados por consultoria especializada por ela própria contratada, que indicavam a ausência de estabilidade na barragem” de Cocuruto, na Planta do Queiroz, e que teria optado por não publicá-los.

“(A AngloGold Ashanti) simplesmente omitiu que existiam e, após tentar convencer a consultoria a mudar de opinião sobre a estabilidade da barragem, resolveu trocar a equipe responsável pelo serviço”, disse a ação, vista pela Reuters.

O MP pontuou na ação que houve falta de transparência sobre a segurança de barragens de mineração, mesmo após o Brasil ter passado na história recente por dois grandes colapsos de estruturas de mineração, que pertenciam à Samarco e Vale, com centenas de mortes e grandes impactos ambientais e em comunidades. Em ambos os casos, as mineradoras foram acusadas de omitir informações de segurança.

Procurada, a AngloGold Ashanti disse que permanece sem lançar efluentes e rejeitos nas barragens do Queiroz desde dezembro de 2022.

Disse também que a produção das plantas da unidade está paralisada desde aquela data, mas não detalhou as razões de ter parado de lançar os rejeitos.

A mineradora afirmou ainda que, “por governança, não comenta publicamente assuntos que estão em trâmite judicial”.

Mas ressaltou em nota à Reuters que “sempre atua de forma ética e transparente, mantendo diálogo com todas as autoridades competentes”.

“Aproveitamos para reforçar que todas as barragens localizadas na Planta Queiroz, em Nova Lima, estão seguras e estáveis. Nenhuma das estruturas se encontra em níveis de emergência (1, 2 ou 3).”

Segundo a mineradora, as estruturas “receberam, inclusive, recentemente, no final de março, as novas Declarações de Condição de Estabilidade (DCE), emitidas por auditoria externa, em plena conformidade com a legislação”.

Segundo informações da ANM citadas na ação do MP, a barragem de Cocuruto tem 41 metros de altura e volume atual de 4,17 milhões de m³, construído pelo método de alteamento a jusante. Seu Dano Potencial Associado (DPA) é tido como “Alto”, com existência de comunidades ocupando permanentemente a área a jusante da barragem, com até 5 mil pessoas possivelmente afetadas em caso de um rompimento.

A unidade é parte do complexo de mineração chamado Cuiabá, com operações em Sabará, Nova Lima e Caeté, todas cidades de Minas Gerais. A operação inclui as minas subterrâneas de Cuiabá e Lamego, além de usinas de processamento do ouro.

A capacidade de produção no local não ficou imediatamente clara e se companhia mantém parte da produção por outro método de extração.

Consultado, o MP confirmou o ajuizamento da ação por meio do coordenador ambiental, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, mas informou que somente irá se pronunciar após a análise dos pedidos liminares pelo poder judiciário.

“Em pleno ano de 2022, no Estado de Minas Gerais, enlutado por desastres ambientais e humanos sem precedentes, uma empresa de mineração responsável por colossais barragens de rejeitos com alto potencial de dano associado ainda privilegia a atividade minerária em detrimento da tutela da vida e do meio ambiente. Prefere a produção à prevenção e precaução”, afirma o MP na ação. “Prioriza a ocultação de dados em face da transparência. Opta por embaraçar a atuação dos órgãos públicos de controle, ao invés de com eles cooperar”, disse a ação do MP.

SUSPENSÃO

Ainda que a empresa tenha dito que a unidade Queiroz está paralisada, no documento o MP pede à Justiça que a AngloGold Ashanti suspenda imediatamente as atividades no local, até que diversas medidas de segurança sejam tomadas, incluindo a apresentação de um plano de ação que garanta a total estabilidade e segurança da barragem Cocuruto e das demais barragens da Planta.

Na ação, o MP pontuou que as supostas omissões apenas vieram à tona após a reguladora do setor de mineração ANM e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) terem estranhado uma mudança de consultor externo para apenas uma das barragens integrantes do portfólio da AngloGold.

A omissão de informações pela AngloGold, segundo o MP, teria ocorrido em março e setembro de 2022. Todo ano nesses meses as mineradoras responsáveis por barragens devem enviar aos órgãos de controle o relatório de inspeção de segurança regular de cada uma de suas estruturas, acompanhado da declaração de condição de estabilidade (DCE).

No primeiro semestre do ano passado, o MP afirmou que após receber de consultoria externa uma DCE negativa para sua barragem Cocuruto, o que acarretaria o imediato embargo administrativo da estrutura, a AngloGold optou por “enviar aos órgãos uma DCE positiva subscrita apenas por seus próprios funcionários, omitindo a existência do relatório negativo” dos órgãos de controle e da sociedade.

Posteriormente, uma consultoria externa concluiu novamente no segundo semestre pela instabilidade da estrutura, segundo o MP.

Procurada, a reguladora ANM não comentou o assunto imediatamente.

(Por Marta Nogueira)

 

STJ julga benefício tributário de R$88 bi que pode definir ajuste fiscal de Haddad


STJ julga benefício tributário de R$88 bi que pode definir ajuste fiscal de Haddad

Notas de 200 reais

Por Bernardo Caram e Ricardo Brito

 

BRASÍLIA (Reuters) – Em discussão que pode definir os rumos do ajuste fiscal prometido pelo governo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) retoma na tarde desta quarta-feira julgamento de caso envolvendo benefícios tributários que, pelas contas da equipe econômica, geram custo de 88 bilhões de reais por ano aos cofres federais.

A Corte avalia se descontos na cobrança do ICMS, concedidos por Estados a empresas, fazem parte ou devem ser excluídos da base de cálculo do Imposto de Renda das empresas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

O governo sustenta que companhias têm promovido uma extensão irregular dos descontos na hora do pagamento dos tributos federais. Por outro lado, escritórios da área tributária e setores empresariais argumentam que o benefício amplo é legal e que sua restrição contraria o pacto federativo.

Em 2017, o STJ decidiu que a base de cálculo do IRPJ e da CSLL deveria ser reduzida nos casos de empresas com créditos presumidos do ICMS –que permitem à companhia, na hora do pagamento do imposto, compensar valores já tributados anteriormente. Com a redução da base de cálculo dos tributos federais, a empresa paga um valor menor dos impostos, o que reduz os ganhos para o Tesouro.

A discussão agora é se essa mesma tese pode ser aplicada a outros benefícios fiscais relacionados ao ICMS, como redução de alíquota, isenção, diferimento e aplicação de imunidade tributária, entre outras modalidades –como na prática tem sido feito desde 2017.

Esses benefícios são usufruídos por empresas que pagam tributos pelo regime de lucro real, que considera o resultado financeiro efetivo e é adotado predominantemente por companhias de maior porte.

O Ministério da Fazenda trabalha para que essa extensão do benefício seja barrada pelo STJ, argumentando que a ampliação se baseia em interpretação equivocada da legislação.

“A grande maioria dos empresários pagam seus tributos, só que eles também recebem uma enxurrada de teses jurídicas no sentido de ‘olha, não pague, vamos apostar nisso ou naquilo’, é uma situação muito preocupante”, disse à Reuters a procuradora-geral adjunta de Representação Judicial da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Lana Borges Câmara.

Segundo ela, o crédito presumido gera impacto no balanço da empresa, o que justificaria a redução dos tributos federais. Por outro lado, os outros benefícios, que reduzem diretamente o pagamento do imposto estadual, “não transitam pela estrutura contábil da companhia”, não fazendo sentido haver abatimento do tributo federal sobre algo que não foi pago, afirmou.

EROSÃO FISCAL

Na avaliação da Fazenda, o benefício ampliado indevidamente ainda fere o pacto federativo ao prejudicar o repasse de recursos a municípios.

“A erosão da base de cálculo do IRPJ prejudica o pequeno município, aquele que depende do repasse do Fundo de Participação dos Municípios, que é retirado da receita tributária do Imposto de Renda”, afirmou a procuradora.

De acordo com a sócia da área tributária do escritório Mattos Filho, Ariane Costa Guimarães, o governo vem usando o argumento de que o benefício no caso do crédito presumido se refere a investimentos efetivos das empresas, enquanto os outros incentivos fiscais atingem o custeio e, por isso, não podem ganhar subvenções.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem afirmado que trabalhará para separar custeio de investimento na concessão de benefícios, alegando não conhecer outro país que dê esse incentivo ampliado. Ele aguarda a decisão do STJ para avaliar a edição de uma medida que discipline o tema.

Sob o argumento de que o novo arcabouço fiscal apenas será sustentável se a base arrecadatória do governo for recomposta, Haddad anunciou neste mês medidas para gerar ganho superior a 100 bilhões de reais por ano. O pacote contava com fim da isenção de 50 dólares para encomendas internacionais, medida que acabou descartada após pressão, a tributação de apostas online, que ainda não foi publicada, e o benefício do IRPJ e CSLL, que responde pelo maior impacto fiscal, estimado em 88 bilhões de reais.

A equipe de Haddad tem afirmado que eventuais frustrações de medidas já apresentadas levarão o governo a anunciar novas rodadas de propostas de ajuste fiscal.

Segundo a advogada do Mattos Filho, precedentes do STJ estabelecem em geral que a União não pode tributar o resultado decorrente de uma dispensa de pagamento de tributo nos Estados. Isso porque a União estaria ferindo o pacto federativo ao atuar para mitigar o efeito do incentivo estadual.

Para ela, o argumento do governo não se sustenta porque os benefícios não geram acréscimo patrimonial nas empresas e não haveria motivo para tributação sobre renda e lucro.

“É quase um contexto oportunista, porque o objetivo é arrecadar, não é mudar o arranjo de concessão de benefícios. Se quiser alterar o arranjo, pode estabelecer regras mais objetivas, contrapartidas mais claras no texto legal, fazer o que o governo está propondo, que é apoiar a reforma tributária”, disse Guimarães.

O advogado tributarista Alberto Medeiros, que fará sustentação oral no julgamento pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), afirmou à Reuters que uma vitória do governo aumentará o custo das empresas, além de desestruturar cadeias de produção já moldadas com base nos benefícios fiscais.

“A preocupação aqui é de um claro risco de aumento do preço de diversas mercadorias e uma pressão inflacionária, justamente em um momento no qual o governo está buscando reduzir a inflação para garantir a redução dos juros”, disse ele, que é sócio tributarista de TozziniFreire Advogados.

FenaSaúde: cenário da saúde suplementar é crítico e impacta reajuste dos planos de saúde



Crédito: Agência Brasil

Operadoras de planos de saúde: relação entre receitas e despesas do setor vive grande desequilíbrio (Crédito: Agência Brasil)

 

 

Com prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões e resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,5 milhões, segundo dados divulgados na segunda-feira, 24, pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos de saúde médico-hospitalares tiveram em 2022 o pior resultado desde o início da série histórica feita pela agência, em 2001. Apesar de o quarto trimestre ter apresentado prejuízo operacional menor em relação aos três anteriores do ano passado – 1º tri (-R$ 1,1 bilhão), 2º tri (-R$ 4,4 bilhões) e 3º tri (-R$ 5,5 bilhões) -, o setor já acumula 7 trimestres negativos seguidos.

Entre 2021 e 2022, as receitas tiveram variação positiva de 5,6%, enquanto as despesas das operadoras aumentaram na ordem de 11,1%. “A relação entre receitas e despesas do setor vive um grande desequilíbrio”, avalia a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa 13 grupos de operadoras de planos e seguros privados de assistência à saúde.

Diante dos resultados, a federação considera o cenário crítico e alerta para o impacto nos reajustes dos planos de saúde. A divulgação do índice de reajuste dos planos individuais e familiares deve ocorrer em maio.

Outro destaque negativo de 2022, na visão da FenaSaúde, é a sinistralidade dos planos médico-hospitalares. Um dos principais indicadores do setor, o índice foi de 89,21% no quarto trimestre. O porcentual indica que a cada R$ 100 da receita das operadoras de planos saúde no trimestre, R$ 89,21 foram destinados ao pagamento de despesas assistenciais com consultas, exames, internações, cirurgias, entre outros. No terceiro trimestre o índice chegou a 93,2%.De acordo com a entidade, entre os fatores que impactam esses resultados estão o crescimento da frequência de uso dos planos de saúde; o fim da limitação de consultas e sessões de terapias ambulatoriais com fonoaudiólogos, psicólogos, entre outros; o aumento do preço de insumos médicos; a obrigatoriedade de oferta de tratamentos cada vez mais caros, com doses a cifras milionárias; a ocorrência de fraudes; e a judicialização.

“A saúde suplementar sofre efeitos diretos do descompasso entre receitas e despesas e do aumento dos custos dos tratamentos de saúde, medicamentos, procedimentos hospitalares e terapias. Essa escalada deve impactar diretamente no índice de reajustes dos planos. O cenário coloca em risco o equilíbrio do sistema, o que pode levar à saída de milhares de beneficiários, sobrecarregando ainda mais o SUS”, avalia a diretora-executiva da FenaSaúde, Vera Valente.

A executiva pontua que tal cenário tende a se agravar com a alteração do caráter taxativo do rol, promulgada em setembro de 2022, que criou, segundo Valente, “condicionantes frágeis e subjetivas de cobertura”.

“Precisamos buscar soluções que visem o uso racional dos recursos dos planos de saúde e promovam a eficiência operacional da saúde suplementar. E isso só será possível a partir da soma de esforços de todos os agentes da cadeia de serviços em saúde, como as operadoras, os prestadores de serviço e os fornecedores, com o apoio da própria sociedade, que é a principal beneficiada por um sistema que ajuda a desafogar o sistema público de saúde, oferecendo assistência médica a 50,4 milhões de pessoas”, finaliza a diretora-executiva da FenaSaúde.

 

terça-feira, 25 de abril de 2023

Portugal deveria se desculpar e confrontar seu passado na escravidão, diz presidente


Portugal deveria se desculpar e confrontar seu passado na escravidão, diz presidente

Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa

Por Catarina Demony

 

LISBOA (Reuters) – O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse nesta terça-feira que seu país deveria se desculpar e assumir a responsabilidade por seu papel no comércio transatlântico de escravos, na primeira vez que um líder português sugere tal pedido de desculpas.

Do século 15 ao 19, 6 milhões de africanos foram sequestrados e transportados à força através do Oceano Atlântico por navios portugueses e vendidos como escravos, principalmente para o Brasil.

Mas até agora Portugal raramente comentou sobre seu passado e pouco é ensinado sobre seu papel na escravidão nas escolas.

Em vez disso, a era colonial do país, que viu países como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste, bem como partes da Índia sujeitas ao domínio português, é frequentemente vista como uma fonte de orgulho pela maioria dos portugueses.

Falando na comemoração anual em Portugal da revolução dos “cravos” de 1974, que derrubou a ditadura do país, Rebelo de Sousa disse que o país deveria ir além de apenas um pedido de desculpas, embora não tenha oferecido nenhum detalhe.

“Pedir desculpas às vezes é a coisa mais fácil de fazer: você pede desculpas, vira as costas e o trabalho está feito”, disse ele, acrescentando que o país deve “assumir a responsabilidade” por seu passado para construir um futuro melhor.

Rebelo de Sousa fez as declarações depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve em Portugal em sua primeira visita à Europa desde que assumiu o cargo, se dirigiu ao Parlamento português.

O presidente português disse que a colonização do Brasil também teve fatores positivos, como a difusão da língua e da cultura portuguesa.

“(Mas) do lado ruim, a exploração dos povos indígenas… escravidão, o sacrifício dos interesses do Brasil e dos brasileiros”, disse ele.

O principal grupo de direitos humanos da Europa disse anteriormente que Portugal tinha que fazer mais para enfrentar seu passado colonial e seu papel no comércio transatlântico de escravos, a fim de ajudar a combater o racismo e a discriminação hoje.

(Reportagem de Catarina Demony)

 

Neoenergia tem alta de 14% no Ebitda no 1º tri com novos projetos de geração

Neoenergia apresenta nova identidade visual – CanalEnergia

 

SÃO PAULO (Reuters) – A Neoenergia encerrou o primeiro trimestre deste ano com um lucro líquido de 1,2 bilhão de reais, estável em relação à cifra apurada em igual período do ano passado, segundo balanço divulgado nesta terça-feira.

A companhia elétrica controlada pela espanhola Iberdrola também registrou uma alta de 14% no Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), alcançando 3,6 bilhões de reais no trimestre.

Segundo a Neoenergia, o resultado do período foi influenciado positivamente pela entrega de projetos de geração renovável, como a entrada em operação total do complexo solar Luzia, na Paraíba, seu primeiro empreendimento de geração fotovoltaica centralizada.

A elétrica possui hoje 42 parques eólicos em operação, com capacidade instalada de 1.389 megawatts (MW), e dois parques solares, com mais 149,2 MWp. No total, a geração de energia eólica e solar pela Neoenergia atingiu 943 GWh no primeiro trimestre, 84,71% acima do mesmo período do ano passado.

Em distribuição de energia, as cinco concessionárias do grupo somaram 19.510 gigawatts-hora (GWh) de energia injetada no primeiro trimestre, crescimento de 0,2% no comparativo anual.

Conforme a empresa, o desempenho trimestral refletiu uma melhora do consumo em mercados na Bahia e em Brasília, mas que foi compensada por impactos de temperaturas mais baixas e da geração distribuída nas demais concessões.

Em termos de investimentos, o Capex executado pela companhia alcançou 2,1 bilhões de reais entre janeiro e março deste ano. Os aportes foram concentrados principalmente no negócio de redes (1,9 bilhão de reais, variação positiva de 21% na comparação anual), para melhoria e ampliação dos serviços de distribuição e construção de empreendimentos de transmissão.

 

(Por Letícia Fucuchima)

 

Indicações para o BC serão encaminhadas ao Congresso assim que Lula voltar ao Brasil, diz Haddad


Indicações para o BC serão encaminhadas ao Congresso assim que Lula voltar ao Brasil, diz Haddad

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que os nomes dos indicados à diretoria do Banco Central serão encaminhados ao Congresso Nacional assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar de sua viagem à Europa.

Lula precisará indicar nomes para as diretorias de Política Monetária e de Fiscalização do BC. O presidente está na Espanha, e a previsão é que retorne ao país na noite de quarta-feira.

 

 

(Por Victor Borges)

 

Calote da dívida dos EUA desencadearia uma “catástrofe econômica”, diz Yellen


Calote da dívida dos EUA desencadearia uma “catástrofe econômica”, diz Yellen

Secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, durante reunião em Washington

Por Andrea Shalal

 

WASHINGTON (Reuters) – A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, alertou nesta terça-feira que o fracasso do Congresso norte-americano em aumentar o teto da dívida do governo, o que resultaria em um calote, desencadearia uma “catástrofe econômica” que elevaria os juros nos próximos anos.

Yellen, em comentários preparados para um evento em Washington com executivos de empresas da Califórnia, disse que um calote na dívida dos EUA resultaria em perda de empregos, ao mesmo tempo em que aumentaria os custos das famílias com hipotecas, empréstimos para automóveis e cartões de crédito.

Ela disse que é uma “responsabilidade básica” do Congresso aumentar ou suspender o limite de empréstimos de 31,4 trilhões de dólares, alertando que um calote ameaçaria o progresso econômico que os Estados Unidos fizeram desde a pandemia da Covid-19.

“Um calote em nossa dívida produziria uma catástrofe econômica e financeira”, disse Yellen aos membros da Câmara Metropolitana de Comércio de Sacramento. “Uma inadimplência aumentaria o custo dos empréstimos para a perpetuidade. Os investimentos futuros se tornariam substancialmente mais caros.”

Se o teto da dívida não for aumentado, as empresas norte-americanas enfrentarão a deterioração dos mercados de crédito, e o governo provavelmente não conseguirá cobrir pagamentos a famílias de militares e idosos que dependem da Seguridade Social, disse ela.

“O Congresso deve votar para aumentar ou suspender o limite da dívida. Deve fazê-lo sem condições. E não deve esperar até o último minuto.”

Yellen disse aos parlamentares em janeiro que o governo só poderia pagar suas contas até o início de junho sem aumentar o limite, que o governo atingiu em janeiro.

Kevin McCarthy, líder da Câmara dos Deputados controlada pelos republicanos, apresentou na semana passada um plano que combinaria 4,5 trilhões de dólares em cortes de gastos com um aumento de 1,5 trilhão de dólares no teto da dívida, chamando-o de uma base para as negociações nas próximas semanas.

(Por Andrea Shalal)

 

Campos Neto diz que BC não é culpado pelas mazelas do país e defende nível de juros


Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli

Em audiência no Senado, ele disse que as expectativas dos agentes para a inflação são muito importantes e é preciso ter certeza de que elas estão ancoradas (Crédito: REUTERS/Amanda Perobelli)

Por Bernardo Caram

 

BRASÍLIA (Reuters) – Em meio a críticas do governo à atuação do Banco Central, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que a autarquia não é culpada pelas mazelas do país e argumentou que o combate à inflação é o maior instrumento social que existe.

Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, ele defendeu o atual nível de juros no país e disse não saber quando a Selic cairá, apesar de o enfrentamento à alta de preços estar “no caminho certo”.

“O presidente tem direito de falar sobre juros, em nenhum momento reclamei sobre isso, minha função é explicar de forma técnica como o Banco Central enxerga isso, o BC não é culpado pelas mazelas que o país passa, o BC é ator e está no mesmo barco que o governo sempre, tem que trabalhar de forma harmônica com o governo”, disse.

Campos Neto afirmou que a autarquia faz trabalho técnico com quadro altamente capacitado e busca cumprir sua tarefa com o menor custo possível para a sociedade.

“A gente tem um trabalho grande para fazer de reversão de expectativas para que a gente tenha condições de fazer o juro cair de forma saudável”, disse.

Ao negar que o BC faça atuação política, Campos Neto afirmou que “nunca na história deste país” a autarquia fez um movimento tão forte de alta de juros como no período eleitoral de 2022. Se essa atuação não tivesse sido feita, segundo ele, a inflação em 2023 teria ficado próxima a 10%, não em 5,8%, o que exigiria níveis ainda mais altos de juros hoje.

O convite para comparecimento de Campos Neto ao Senado para dar explicações sobre o atual patamar da taxa básica de juros no país, inalterado em 13,75% ao ano desde setembro, foi aprovado em março, em meio a ataques do governo à condução da política monetária.

Nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma série de críticas ao BC, sob o argumento de que o elevado nível de juros no país contrai excessivamente a atividade e pode resultar em uma crise de crédito. Ele também questionou o sistema de metas para a inflação.

Na apresentação, o presidente do BC afirmou que a taxa real de juros (diferença entre a Selic e o nível de inflação) no Brasil é alta, mas é menor do que a observada no passado. Acrescentou ainda que se o BC não tiver credibilidade, cortes na Selic podem gerar restrição de crédito e alta no juro para períodos mais longos.

JURO COMPATÍVEL

O presidente do BC disse que o núcleo de inflação (que elimina elementos voláteis) está rodando em 7,8% em 12 meses, patamar “bastante alto”, apesar de ponderar que o Brasil tem hoje uma inflação mais baixa do que a média de outros países.

“A gente está com juro que é compatível com esse tipo de problema, entendemos que está funcionando e está caindo a inflação. Ter atuado antes funcionou e a agente precisa esperar para ver os próximos números e acontecimentos para ver qual é o curso de ação”, afirmou.

“Eu não tenho capacidade de dizer quando isso (queda de juros) vai acontecer porque eu sou um voto de nove, mas eu acho que a gente tem explicado que é um processo técnico que tem seu tempo e as coisas têm caminhado no caminho certo”, acrescentou.

Campos Neto argumentou que o BC suaviza os efeitos da política monetária na economia ao alongar seu horizonte de atuação para controlar a inflação com o menor custo possível, mas ponderou que esse alongamento precisa ser feito com credibilidade.

Em meio a discussões no governo sobre ampliação da atuação do BNDES e mudanças na forma de remuneração dos financiamentos do banco de fomento, Campos Neto disse que níveis elevados de crédito subsidiado tendem a aumentar a taxa neutra de juros –aquela que não estimula nem contrai a atividade.

O presidente do BC acrescentou que o nível de crédito direcionado, linhas que são reguladas pelo governo, é alto no Brasil, o que diminui a potência da política monetária e exige mais juros em momentos de alta da inflação.

Campos Neto ressaltou, ainda, que as expectativas de inflação estão piorando no país há 14 semanas. O mais recente boletim Focus do BC, que capta projeções de mercado, aponta para inflação de 6,04% neste ano, 4,18% em 2024 e 4,00% em 2025.

A meta da inflação para 2023 é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Para 2024 e 2025, o patamar estabelecido é de 3%, com a mesma margem. Em março, o IPCA registrou alta acumulada em 12 meses de 4,65%, mas analistas de mercado esperam que o índice volte a acelerar até o fim do ano.

Campos Neto afirmou que o BC persegue a meta de inflação, que não é definida pela autarquia. A meta é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC.

Na apresentação, Campos Neto disse que o arcabouço fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai na direção certa e remove risco de uma piora grande na trajetória da dívida pública.

“Não tem mágica no fiscal, infelizmente não tem bala de prata, se a gente não tiver as contas em dia, não tiver uma perspectiva, a gente não consegue melhorar”, afirmou.

Haddad tem argumentado que o esforço do governo para mostrar responsabilidade fiscal oferece ao BC uma abertura para cortar os juros.

 

Inflação e demanda lenta ainda são principais temores de varejistas em todo o mundo, mostra pesquisa


Inflação e demanda lenta ainda são principais temores de varejistas em todo o mundo, mostra pesquisa

Loja em Londres

BARCELONA (Reuters) – Apesar dos sinais iniciais de que os aumentos de preços estão desacelerando, os varejistas em todo o mundo ainda estão preocupados com a redução dos gastos do consumidor por conta da inflação, de acordo com uma pesquisa com membros do setor realizada pelo Boston Consulting Group.

Na Europa, os varejistas estão lutando contra a desaceleração das vendas, já que os consumidores, pressionados pelas altas contas de energia, gastam menos com roupas e compram alimentos mais baratos.

No geral, o aumento do custo dos produtos, a queda nos gastos do consumidor e as cadeias de suprimentos imprevisíveis foram as principais preocupações dos 561 executivos, diretores e gerentes de varejo globais entrevistados pelo BCG para um relatório publicado nesta terça-feira, no início da conferência do Congresso Mundial de Varejo.

É provável que a transferência de custos mais altos para os compradores se torne mais difícil: 72% dos entrevistados disseram esperar que os consumidores sejam mais sensíveis ao preço este ano.

“Isso limita as opções que os varejistas têm para recuperar e combater os altos custos de insumos e cria novas dificuldades que os varejistas devem combater, como mudar o comportamento do consumidor para produtos e segmentos de clientes específicos”, disse o BCG no relatório.

Além de aumentar os preços e renegociar com os fornecedores, os varejistas precisam ser criativos para os compradores retornarem, com muitos investindo em programas de fidelidade, promoções de preços e melhorias na experiência do cliente online, constatou a pesquisa.

Os autores do relatório disseram que os varejistas devem investir em inteligência artificial para aprimorar suas estratégias de preços e marketing usando algoritmos e aprendizado de máquina.

A Ásia foi um ponto positivo em termos de expectativas dos varejistas, com 76% dos entrevistados esperando que a economia da região cresça este ano após a reabertura da China após os longos bloqueios pela Covid-19.

Os varejistas estavam mais otimistas em relação à América do Norte do que à Europa, com 68% prevendo crescimento na primeira e 54% na segunda.

(Por Helen Reid)


segunda-feira, 24 de abril de 2023

Ativistas climáticos picham escritórios de bancos dos EUA na véspera de reuniões anuais


Ativistas climáticos picham escritórios de bancos dos EUA na véspera de reuniões anuais

Fachada do Citibank pichada por ativistas em Nova York

Por Tatiana Bautzer

 

NOVA YORK (Reuters) – Ativistas climáticos picharam mensagens nos escritórios do Citigroup Inc C.N e do Bank of America Corp. BAC.N no Bryant Park de Nova York nesta segunda-feira, acusando os bancos de serem “criminosos climáticos”, um dia antes das instituições realizarem suas reuniões anuais de acionistas.

“Os maiores bancos do mundo investem centenas de bilhões de dólares em novas infraestruturas de combustível fóssil”, disse Jim Gordon, um dos manifestantes no lado de fora do escritório do Citigroup, no centro de Manhattan. “Não sou geralmente uma pessoa que gosta de ir às ruas e fazer coisas assim, mas eu tenho netos e estou apavorado pelo futuro deles”, afirmou Gordon.

Atrás de Gordon, um funcionário do Citigroup limpava a pichação nas janelas – em vermelho, com mensagens como “Criminoso climático” e “Salve a Amazônia”.

O Bank of America se recusou a comentar. O Citi não respondeu ao pedido por comentário em um primeiro momento.

Seis pessoas haviam sido presas durante os atos em Nova York, segundo uma porta-voz dos manifestantes. O Departamento de Polícia de Nova York disse que os protestos estavam em andamento e não havia um número final de pessoas presas.

Os manifestantes representam grupos como Climate Organizing Hub, Extinction Rebellion, Green Faith, Oil and Gas Network e Stop the Money Pipeline, disseram eles, em um comunicado.

Os maiores bancos dos EUA forneceram 1 trilhão de dólares para projetos de combustível fóssil desde 2016, disseram os manifestantes. Eles também pretendem realizar atos na reunião anual do banco JPMorgan Chase & Co.

 

Após polêmicas com taxação, Shein abre escritório em São Paulo


Crédito: Divulgação / Shein

Localizado na avenida Brigadeiro Faria Lima, o escritório ocupa uma área de mais de 1600 m² do edifício Vera Cruz Plaza (Crédito: Divulgação / Shein)

 

 

A Shein, varejista global de moda, beleza e lifestyle, acaba de inaugurar seu primeiro escritório no Brasil a fim de consolidar sua operação local e reforçar atuação no mercado nacional. Após polêmicas trazidas pelo governo brasileiro sobre taxas no envio de compras internacionais, a marca também anunciou investimento e criação de empregos no país.

Localizado na avenida Brigadeiro Faria Lima, o escritório ocupa uma área de mais de 1600 m² do edifício Vera Cruz Plaza.


“Ter um endereço para chamar de nosso é algo muito simbólico para uma marca global que vem trabalhando ativamente para consolidar sua operação localmente. Estabelecer um escritório que possa abrigar nosso time é mais um passo dentro da nossa estratégia que busca fortalecer e cada vez mais ampliar nossa atuação no país”, destaca Felipe Feistler, General Manager da Shein no Brasil.

 

A marca de fast fashion também anunciou, na última quinta-feira (20), investimento de R$750 milhões no Brasil nos próximos três anos para aumentar a competitividade de fabricantes têxteis brasileiras, por meio de tecnologias e treinamento.

Segundo a empresa, o objetivo é que as fábricas possam modernizar seus modelos de produção.

A Shein ganhou maior repercussão após o governo brasileiro passar a exigir a taxação de compras de até US$ 50 de pessoas físicas, sob argumento de que varejistas chinesas estariam usando esse recurso para deixar de pagar taxas de câmbio.

“Tudo o que pedimos foi: regras claras e igualdade de condições para que possamos competir de forma justa, e acho que todos estão felizes do jeito que está indo”, disse o presidente do conselho da empresa para a América Latina, Marcelo Claure.

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/apos-polemicas-com-taxacao-shein-abre-escritorio-em-sao-paulo/

 

Indústria é setor que mais ganha com reforma tributária, mas todos ganham, diz secretário



Indústria é setor que mais ganha com reforma tributária, mas todos ganham, diz secretário

Secretário extraordinário de reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad



BRASÍLIA (Reuters) -A indústria é o setor que mais será beneficiado pela reforma da tributação sobre o consumo, disse nesta segunda-feira o secretário extraordinário de reforma tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, ponderando que todas as áreas da economia sairão ganhando com a mudança das regras defendida pelo governo.

Em evento promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Appy argumentou que a indústria sofre mais atualmente do que outros setores com distorções do sistema.

“As pessoas dizem ‘essa é uma reforma para beneficiar a indústria’. Não, não é uma reforma para beneficiar a indústria, é uma reforma para corrigir distorções. O setor mais prejudicado pelas distorções atuais é a indústria”, disse, citando a cumulatividade do sistema, o custo dos investimentos e a burocracia.

“Significa que os outros setores não vão ser beneficiados? Vão, vão ser beneficiados, todos os setores da economia brasileira são beneficiados pela reforma tributária, mesmo na hipótese conservadora de impacto sobre crescimento”, acrescentou.

Na apresentação, o secretário reafirmou que a reforma em articulação pelo governo, fruto de debates em torno de propostas que já tramitam no Congresso, terá modelo desenhado para manter a carga tributária do país inalterada.

 

(Por Bernardo CaramEdição de Luana Maria Benedito e Alexandre Caverni)



O que é a memecoin PEPE e por que ela está em alta


Crédito: Reprodução/Twitter

Ativos deste tipo são extremamente voláteis e arriscados, alertam especialistas (Crédito: Reprodução/Twitter)

 

 

O PEPE é uma nova “memecoin” (criptomoeda criada a partir de memes) que está chamando a atenção dos investidores de criptoativos. Inspirada no personagem “Pepe the Frog” que viralizou na internet, a moeda foi lançada em meados de abril e já teve valorização de mais de 21.000% nos últimos dias, gerando altos lucros para quem investiu cedo nela.

Os criadores do ativo afirmam que a cripto seria “a maior memecoin de todas” e que ela irá substituir as memecoins mais conhecidas do mercado, como o Dogecoin e a Shiba Inu, ambas ligadas ao meme Doge, um cachorro da raça Shiba Inu. No momento, a PEPE é um token negociável apenas na exchange descentralizada Uniswap, através do par PEPE/ETH.

O que é o PEPE?

“A PEPE é uma “memecoin” (criptoativo baseado em memes) e como tal, na grande maioria dos casos, não possui um roadmap claro para seu desenvolvimento futuro e pouca (ou nenhuma) funcionalidade específica em seu projeto”, afirma Bruno Diniz, sócio da Spiralem Innovation Consulting e professor de inovação financeira nos cursos de MBA da USP ESALQ.

Por que ela está em alta?

Há diversos fatores que explicam a alta de uma criptomoeda, mas geralmente as pessoas gostam de embarcar em brincadeiras, como as memecoins, o que explica o seu sucesso e popularidade. No caso da PEPE ela é explicada por ser um meme conhecido há muitos anos, porém é impossível prever até quando ela irá se sustentar.

“O mercado de cripto é recheado de modismos e contrassensos. Quando o impacto da moeda é significativamente alto faz com que uma parcela relevante do mercado adquira esse ativo e seu preço suba. Não significa que seu preço se sustente no patamar que outrora tenha atingido ou que efetivamente tenha algum valor real de mercado uma vez que, quando o mercado se dá conta que se trata de um ativo sem uma utilidade direta ou valor real algum, seu preço cai drasticamente (estourando a bolha)”, afirma Lucas Sharau, especialista em mercados financeiros e assessor na iHUB Investimentos.

Segundo Diniz, é comum ver grandes comunidades de entusiastas de memes adquirindo o ativo sem nenhum objetivo específico inicial a não ser apoiá-lo. “Contudo, é comum vermos articulações dos chamados esquemas de ‘pump-and-dump’, onde um grupo infla artificialmente o preço de um ativo para aumentar sua demanda e depois vendem suas posições, derrubando o preço”, alerta.

“Ativos deste tipo são extremamente voláteis e arriscados, pois como não há fundamento, os compradores podem estar sendo vítimas de um movimento orquestrado por grupos que realizam manipulação de mercado em um ambiente onde há baixa regulamentação no sentido de prevenir tais ações. Vimos isso em outros momentos recentes com memecoins como a Shiba Inu”, analisa o sócio da Spiralem Innovation Consulting.

Cuidados ao investir em cripto

Por serem ativos muito voláteis e sujeitos à especulação extrema, ao avaliar criptos é importante que o investidor busque informações sobre a proposta da criptomoeda e sua função esperada (elementos conhecidos como “tokenomics”), bem como o histórico dos criadores e o plano de longo prazo desenvolvido para esses ativos.

“Esse procedimento não garante o sucesso, mas já mitiga os casos mais óbvios de fraudes e tokens puramente especulativos. A PEPE, desde seu lançamento, já se assumiu como um token que não se leva a sério. Algumas pessoas surfaram uma onda recente de alta valorização, mas a sustentabilidade disso se perpetuar no longo prazo é baixíssima dadas as características mencionadas”, afirma Diniz.

A falta de liquidez da moeda também pode ser um problema. “A liquidez se refere à capacidade de comprar e vender um ativo rapidamente sem afetar significativamente seu preço. Se uma criptomoeda tem baixa liquidez, pode ser mais difícil para os investidores encontrar compradores dispostos a comprar suas moedas e, como resultado, pode ser difícil vender a criptomoeda a um preço justo. Isso pode levar a flutuações de preço significativas e até mesmo a perdas significativas para os investidores”, avalia Eric Magnin Chammas, COO da KRYP.TOOLS, plataforma americana SaaS (Software as a Service) para quem investe em criptoativos.

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/o-que-e-a-memecoin-pepe-e-por-que-ela-esta-em-alta/

 


quinta-feira, 20 de abril de 2023

Haddad sobre e-commerce: governo seguirá países desenvolvidos, com imposto digital à empresa

 

Quem é Fernando Haddad, ministro da Fazenda de Lula?

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 20, que o governo pretende solucionar a questão da taxação do e-commerce seguindo o exemplo de países desenvolvidos, com um imposto digital. O ministro também disse que a alternativa atende a sinalização do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu uma solução administrativa negociada com o comércio eletrônico.

“Quando o consumidor comprar, ele estará desonerado de qualquer recolhimento de tributo. Será feito pela empresa sem repassar nenhum custo adicional”, declarou. Questionado sobre a garantia de que não haverá repasse, Haddad afirmou que é “compromisso deles”, em referência às empresas que aderiram ao plano de conformidade.

A declaração foi dada após reunião do ministro com representantes da varejista chinesa Shein, em São Paulo.

De acordo com o ministro, a Shopee já havia endereçado uma carta ao governo afirmando que iria aderir ao plano, sinalização também feita pela AliExpress, que fez uma reunião com o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo.

O ministro ponderou que ainda há etapas a cumprir e que, se necessário, podem ocorrer gradações das medidas para incorporar essas transações para dentro da ordem legal tributária brasileira. Ele reiterou, porém, que o princípio do plano já está estabelecido: o jogo justo.

À tarde, Haddad se reúne com representantes do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). “O que as redes brasileiras pleiteavam é o que foi oferecido hoje em contrapartida, condições justas”, pontuou o ministro.

Na próxima semana, segundo Haddad, a pauta também será discutida com governadores em uma reunião que está pré-agendada.

BuzzFeed fechará divisão de notícias e demitirá 15% da equipe



BuzzFeed fechará divisão de notícias e demitirá 15% da equipe

Logo do Buzzfeed

(Reuters) – O BuzzFeed disse na quinta-feira que fechará sua divisão de notícias e reduzirá sua força de trabalho em 15%, fazendo com que as ações da empresa de mídia digital caíssem 10%.

As demissões em massa afetarão 180 funcionários, incluindo equipes de negócios, conteúdo, tecnologia e administração, disse o presidente-executivo Jonah Peretti em um e-mail à equipe.

A negociação das ações da empresa foram interrompidas depois que o título despencou 26%.

(Por Yuvraj Malik)


Os criadores da realidade


Endemol Shine Brasil, responsável pelos principais reality shows da TV brasileira, aposta na diversificação de formatos e plataformas.

Crédito: Divulgação

SE QUERER É PODER Allan Lico, vice-presidente de criação, Adriane (Nani) Freitas, CEO e Renato Martinez, vice-presidente de venda de conteúdo e aquisições comandam a Endemol Shine Brasil. (Crédito: Divulgação)

 

 
 

Pode ser que você não conheça a Endemol Shine, mas com certeza já viu alguma de suas criações, como os reality shows Big Brother, MasterChef ou No Limite. Desde 2020 a empresa faz parte do Grupo francês Banijay, considerada uma das principais produtoras independentes de TV do mundo, com faturamento de 3,2 bilhões de euros no último ano. A divisão brasileira entrou na casa das pessoas através dos reality shows e parceria com as emissoras de TV aberta, mas com a evolução do mercado, entrada de serviços de streaming e a revolução no consumo de conteúdo que as redes sociais causaram, hoje está presente em diversos tamanhos de telas e em diversas frentes, como criação de formatos, produção de programas ou licenciamento de produtos. Em 2022, a Endemol Shine Brasil realizou mais de 20 projetos de conteúdo e cresceu 10% seu faturamento. A expectativa para esse ano é crescer 20%. Para isso, a aposta está em novos modelos e na exportação. “A gente está muito focado em criar formatos nacionais que possam viajar e que possam atender o mercado, se posicionando como casa produtora criativa”, disse a CEO da Endemol Shine Brasil, Adriane (Nani) Freitas.

O crescimento da companhia está diretamente relacionado ao desenvolvimento do setor audiovisual – beneficiado com a lei que obriga parte da grade de programação da TV por assinatura ser nacional e de produtora independente – e mais recentemente pelo sucesso dos serviços de streaming. Com isso, em vez de apenas licenciar formatos desenvolvidos no exterior, a divisão brasileira passou a produzir programas próprios e de terceiros, como Casamento às Cegas Brasil, da Netflix, ou De Férias com o Ex, da MTV.

Com as novas plataformas, veio também mais exposição, já que nos streamings muitos conteúdos são globais e a divulgação pelas redes sociais não encontra fronteiras. Essa abertura fez com que os programas brasileiros ganhassem escala e se internacionalizassem. Segundo o vice-presidente de venda de conteúdo e aquisições da Endemol Shine Brasil, Renato Martinez, antes do advento dos streamings os formatos não viajavam. “A gente consumia muita coisa, principalmente americana, mas hoje a gente consome do mundo inteiro”, disse. “A TV virou global.”

Um dos formatos que a Endemol Shine Brasil exportou foi o projeto Cabelo Pantene, que faz parte de outra vertical do grupo, responsável pela criação de conteúdos de marca. Essa frente se fortaleceu com as redes sociais e garante produtos exclusivos para os parceiros. Outro case de branded content é o reality Ilhados com Beats, criado para a Ambev em 2021. O programa foi transmitido em episódios pelo Instagram da marca e tinha Anitta como grande estrela. Em 12 horas no ar, o primeiro episódio chegou a 2 milhões de visualizações e em três dias o perfil da marca ganhou 1,3 milhão de seguidores.

Parte do sucesso da ação com a Beats é o engajamento do brasileiro com as redes sociais, o que torna a atenção com plataformas digitais fundamental para a estratégia de crescimento. Em uma verdadeira via de mão dupla, os usuários garantem resposta simultânea ao que está sendo transmitido, ao mesmo tempo que são alimentados com conteúdo exclusivo, o que garante um relacionamento mais longo com o programa, além de seu período na TV. Esses conteúdos não se limitam à reprodução ou cortes do que foi apresentado, mas procuram trazer algo novo. Segundo o vice-presidente de criação da produtora, Allan Lico, isso é uma forma de “respeito à linguagem, ao público daquela plataforma e à propriedade intelectual e a alguns elementos do formato”.

Seguindo o plano de testar novos formatos, a Endemol Shine Brasil também olha para outros gêneros – além dos reality que a consagraram – como documentários, programas de esportes e sitcoms. Já em uma estratégia de desenvolvimento de marca e de criação de legado das produções, a empresa tem uma forte atuação em licenciamento de produtos, que faz com que as marcas que possui cheguem em diversas frentes. Como a coleção de roupas de Peaky Blinders em parceria com a Reserva, ou o vinho MasterChef. Em termos de reality, a Endemol dá show.

 

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