Levantamento da Igreja Evangélica da Alemanha (EKD) revela que mais da metade dos alemães se dizem laicos ou desinteressados em religião, e alerta para a necessidade de reformas nas instituições religiosas.A dimensão da crise nas Igrejas cristãs alemãs é maior do que se pensava, segundo um levantamento divulgado nesta terça-feira (14/11) pela Igreja Evangélica da Alemanha (EKD).
O chamado Estudo sobre a Adesão às Igrejas, apresentado no Sínodo da Alemanha realizado na cidade de Ulm, revelou que 56% dos alemães se dizem laicos ou não interessados em religião.
Os autores do estudo alertam que o país se aproximará de um ponto de inflexão se a perda de fiéis não for evitada, embora a Igreja ainda seja vista como um fator social de grande importância no país.
A EKD realiza esse levantamento a cada dez anos desde 1972. Esta, porém, foi a primeira vez que o estudo refletiu as atitudes da população alemã como um todo, com mais de 5 mil entrevistados.
Participaram do estudo, considerado pela EKD como o mais compreensivo já realizado sobre o tema na Alemanha, católicos, protestantes e fiéis de outras religiões, além de pessoas sem determinação religiosa.
O levantamento concluiu que os laços religiosos diminuíram não somente entre os cristãos, mas de modo geral, com 56% dos alemães se dizendo seculares e desinteressados em religião.
Somente 13% se dizem fortemente religiosos, participando com frequência os serviços eclesiásticos.
Entre os muçulmanos, um quarto dos fiéis se diz bastante ativo em sua fé, com a mesma proporção de laicos. Em torno da metade dos muçulmanos são classificados como distantes de sua religião.
A grande maioria das pessoas sem denominação religiosa (73%) deseja que as Igrejas continuem trabalhando em prol dos refugiados, assim como pela aceitação dos mesmos. Esse percentual é de 77% entre os protestantes e de 80% entre os católicos.
Os centro de aconselhamento para pessoas com problemas sociais são bem vistos por 78% das pessoas não religiosas, 95% dos protestantes e 92% dos católicos.
Maioria defende reformas
No caso da Igreja Católica, o representante do grupo de estudos e aconselhamento da Conferência dos Bispos da Alemanha, Tobias Kladen, afirma que há uma queda dramática na confiança na instituição.
Ele destacou o fato de 96% dos católicos afirmarem ser a favor de reformas fundamentais na Igreja para que ela consiga sobreviver no futuro.
Por exemplo, 95% dos católicos alemães se dizem a favor de que seja permitido o casamento para os sacerdotes e 86% defendem as bençãos para os casais homossexuais – questões que a Igreja tem se recusado a aceitar.
O estudo conclui que dois terços dos protestantes e três quartos dos católicos não descartam deixar a Igreja, o que significa um grande contraste em relação aos levantamentos anteriores.
“Se todos esses fiéis de fato saírem nos próximos anos, a Igreja chegará a um ponto de inflexão organizacional”, diz o estudo. Isso representaria um risco à própria existência das Igrejas, ou ao menos das instituições que conhecemos nos dias atuais.
rc/le (AFP, KNA)
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