Lançado nesta segunda-feira (22), o programa Nova Indústria Brasil vem sendo avaliado pelas entidades do setor da região Sul. De maneira geral, os representantes de diversos segmentos da indústria classificaram o plano como moderno e positivo, num momento em que diversas economias desenvolvidas retomam as políticas industriais. O programa tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. Entre os setores que receberão atenção estão agroindústria, saúde, infraestrutura urbana, tecnologia da informação, bioeconomia e defesa. A maior parte dos recursos virá de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os financiamentos do BNDES relacionados à inovação e digitalização serão corrigidos pela Taxa Referencial (TR), que é mais baixa que a Taxa de Longo Prazo (TLP).
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, "o programa fortalece o setor no país, sobretudo em Santa Catarina, que é um estado industrializado e tem na indústria seu grande vetor de desenvolvimento." Ainda segundo ele, o aporte de R$ 300 bilhões em recursos (entre reembolsáveis e não-reembolsáveis) são fundamentais e vão estimular os investimentos em tecnologia e inovação, com foco na neoindustrialização. O economista-chefe da FIESC, Pablo Bittencourt, explica que a nova política adotada pelo Brasil está em linha com as melhores práticas internacionais. "As empresas catarinenses podem encontrar diversas possibilidades, mas sempre é preciso ter em perspectiva que a política trata do desenvolvimento de tecnologias voltadas ao novo paradigma, como novos materiais, especialmente em áreas como biotecnologia, nanotecnologia e ciência de dados, que encontram, em Santa Catarina, um conjunto de empresas especializadas", disse.
Já para a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), o novo plano industrial é importante por colocar o setor no centro do crescimento. "É importante que as autoridades máximas do País tenham reconhecido o papel da indústria como o setor básico para o desenvolvimento nacional", destaca o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry. "A agricultura de precisão, por exemplo, se consolidou através de máquinas e equipamentos fabricados pelo setor, assim como não existiria o comércio virtual sem a indústria da tecnologia de informação. Portanto, estamos na base de qualquer processo de desenvolvimento efetivo e bem planejado", reforçou.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) também elogia a medida, mas mantém-se mais cautelosa em relação aos avanços. "Precisamos que essas e outras medidas tão necessárias para nossa competitividade não fiquem apenas no campo do discurso, mas estimulem de fato uma modernização para que a indústria seja a verdadeira indutora do desenvolvimento do país", ressaltou o presidente da instituição, Edson Vasconcelos. "Na maioria dessas áreas, o Paraná já está muito avançado e é referência no país. No caso da agroindústria, por exemplo, nossas cooperativas já industrializam cerca de 48% de sua produção agrícola, em um processo que segue evoluindo com novos investimentos a cada ano. O Paraná também já possui uma matriz energética limpa e é referência na área de biocombustíveis, mas pode avançar ainda mais nos processos de descarbonização", afirmou.
Outro aspecto positivo, na opinião de Vasconcelos, é a prioridade que o programa dá ao uso de compras governamentais e subvenções para incentivar alguns setores. O presidente da Fiep afirma ser importante, também, um olhar atento a segmentos estratégicos na geração de empregos e renda que, atualmente, sofrem com a concorrência desleal de produtos importados, como é o caso da indústria do vestuário. "Nesse caso, é essencial que o governo federal haja imediatamente para não causar danos profundos nessas cadeias produtivas", completou Vasconcelos.
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