domingo, 12 de maio de 2013

Brasil deve seguir a China, que investe pesado para manter economia aquecida
 
 
 
Em entrevista à Carta Maior, Mark Weisbrot (foto), co-diretor do Center for Economic and Policy Research, de Washington, fala sobre as perspectivas da economia brasileira no atual cenário internacional. Para Weisbrot, Brasil deveria seguir o exemplo da China que faz um gigantesco investimento para manter aquecida a atividade econômica no país.
Exatamente o oposto do que faz a União Europeia, que, na opinião do economista, segue mantendo uma "demente política de austeridade".

Por Marcelo Justo, de Londres.
É o terceiro ano em que a economia do Brasil tem um crescimento anêmico.
A que se deve isso?


Mark Weisbrot: Toda a América Latina está sofrendo o golpe da crise mundial. Essa é a realidade. Em seu último informe, o FMI reduziu as expectativas de crescimento para toda a região. O problema vem dos Estados Unidos, Europa e China. Cabe não esquecer que, até o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, ter indicado que faria tudo o que fosse necessário para salvar o euro, existia o perigo de uma crise financeira mundial como a de 2008. Este pânico foi controlado, mas a Europa segue em uma situação de recessão. Os Estados Unidos estão crescendo, mas vive ameaçado pela restrição fiscal que o congresso não conseguiu solucionar e que pode apresentar a conta este ano, o que gera muita incerteza. E a China está crescendo muito menos.

O governo tem buscado separar-se do monetarismo que dominou a política econômica brasileira desde os anos 90.
Com Dilma Rousseff, as taxas de juro caíram e há uma tentativa de estimular a indústria.
Mas, no momento, isso não tem dado resultado.


MW: É que essas políticas levam tempo para surtir efeito. Há mais de 20 anos de descuido da indústria para dar conta. O crescimento industrial per capita foi de 0,5 anual entre 1990 e 2003. Isso não se resolve da noite para o dia.
Mas acredito que a economia vai se recuperar. O investimento terminou em alta em 2012 e o governo tem reservas consideráveis que pode usar a qualquer momento para estimular sua economia.
É um debate que tem ocorrido nos Estados Unidos. Lamentavelmente, o governo de Barack Obama preferiu um estímulo moderado ao invés de implementar o que defendia Christina Romer no conselho de assessores econômicos do presidente.
Na crise de 2008 e na atual, a China fez um gigantesco investimento para manter a atividade econômica.
Exatamente o oposto do que faz a União Europeia que segue mantendo uma demente política de austeridade. Creio que o Brasil deveria seguir o exemplo chinês.


No Brasil está claro que, no momento, a magnitude do estímulo não tem sido suficiente para reverter o caminho da desindustrialização nacional que um professor da Universidade de Cambridge, José Gabriel Palma, denominou como um dos processos de desindustrialização mais extremos do século passado. Segundo Palma, hoje a indústria do Brasil é a metade do que era em 1980 em relação ao seu Produto Interno Bruto (PIB).

MW: Precisamente por isso mudar esta situação levará tempo. A desvalorização do real ajuda, mas não é suficiente.
Por um lado, porque esta depreciação também precisa de tempo para disseminar-se por toda a economia.
Por outro lado, porque também é preciso uma política industrial com estímulo de setores chave e estratégicos. Mas penso que na 2ª metade do ano este panorama  vai mudar.


Este discreto desempenho atual pode complicar as possibilidades de reeleição de Dilma Rousseff no próximo ano?

MW: Não. Cabe lembrar que tem havido uma enorme mudança na distribuição de renda, um aumento de cerca de 28% na renda per capita, desde que o PT está no poder, e uma forte queda no desemprego.
Por isso os índices de aprovação de Dilma Rousseff são tão altos apesar dos problemas econômicos.
E não esqueçamos que essa melhoria nos níveis de vida é tão importante quanto os outros fatores para o crescimento da economia. 


Vê algum sinal de recuperação na economia mundial daqui até às eleições?

MW: Não tenho bola de cristal. Ser tivesse seria milionário (risos...).
No momento, o que vem se observando a cada semana são indicadores diversos. Mas não creio que estejamos avançando para uma nova recessão mundial.
Na última, tivemos gigantescas bolhas especulativas que explodiram ao mesmo tempo. Não há nada parecido com isso no horizonte.
O que temos hoje é uma política fiscal incorreta em muitos países, em especial na Europa.
Mas isso pode ser corrigido e não tem o mesmo impacto.
É preciso aguardar para ver. Há muitos investidores que, estes sim, estão apostando que vem aí uma nova recessão mundial.

TraduçãoMarco Aurélio Weissheimer
 Foto: Center for Economic and Policy Research 

Top model brasileira amplia grife própria de moda de praia no mercado mundial

 
 
 
A top model e empresária brasileira Ana Gequelin, que assina uma grife de moda praia feminina de luxo com seu nome e criou sua última coleção inspirada no Marrocos, país árabe do Norte da África, continua expandindo sua empresa no comércio exterior.
A grife Ana Gequelin tem bastante apelo em pontos de praia badalados mundo afora, como Ibiza, na Espanha, e Punta del Este, no Uruguai, para onde as peças são exportadas. 

A marca foi criada em 2011 e as vendas para o Uruguai começaram no ano passado. 
As exportações para a Espanha iniciaram neste ano. 
Atualmente elas consomem 20% da produção, de acordo com a top model. 
Apesar de não divulgar volume de produção, Gequelin afirma que pretende fazer com que o mercado externo represente 50% da coleção em três anos. 
Ela já tem planos de vendas para a Califórnia e a Flórida, nos Estados Unidos.
“Sou apaixonada pela cultura árabe, em especial pela arte dos arabescos islâmicos. O Marrocos foi a minha inspiração para a coleção atual; estampas, cores e texturas milenares me encantaram e me aproximaram ainda mais deste país de pessoas tão especiais. Com certeza gostaria de estar com minha coleção lá”, afirmou Gequelin.
A modelo viajou para o Marrocos no mês passado. 
“Para comemorar meu aniversário e rever tudo o que me inspirou e que estudei durante meses para a criação da coleção”, afirmou Gequelin. Foi a primeira vez dela em um país árabe.
 “Mas sempre fui muito envolvida e apaixonada pela cultura, pessoas e arte. A música me encanta e acalma”, diz a empresária.
A marca, tem escritório principal em São Paulo e produção terceirizada. 
As peças são voltadas para a mulher contemporânea e sensual. 
São desde biquínis, maiôs e saídas de praia de seda até bolsas em couro e palhas. 
A criação é feita pela própria Gerquelin em conjunto com a estilista Giovanna Hamajji. 
Os materiais utilizados são 100% brasileiros, com tecidos e aviamentos sofisticados, uso de texturas, bordados e estampas com cartela de cores bem vibrante. 
Os produtos são vendidas para 20 lojas multimarcas de luxo no Brasil.
Apesar da carreira de modelo, Ana Gequelin mostrava aptidão para os negócios da moda desde cedo. 
Nascida em Campo Largo, interior paranaense, ainda criança ela fazia bonecas de seda e vendia para as amigas e familiares. 
“Desde criança eu gostava de criar peças artesanais, bordados. Sentia muito prazer em desenvolver trabalhos artísticos. A moda sempre foi uma paixão e acabei montando a loja que era um ponto de encontro das amigas, um lugar para se divertir e fazer shopping”, conta ela, que abiu uma loja aos 19 anos em Campo Largo.
A carreira de modelo, Gequelin começou na adolescência, após participar de concursos de beleza na sua cidade e ser escolhida no concurso Elite Model Look. 
A seleção abriu portar para sua carreira nas capitais internacionais da moda como Milão, Tokio, Paris e Nova York. Depois disso, a top só decolou e fez campanhas mundiais de grandes marcas como Gillette, Reef, Garnier Fructis, Yamamay, Colgate, Nexxus Seda, Lux e Tresemme. 
Ela foi modelo exclusiva da Triumph Internacional na Europa por quatro anos.

Site: www.anagequelin.comTelefone:  
 Fonte: Anba
 

Nordeste usa tecnologia de Israel, vence calor de 40°C e produz vinho

Produção de vinhos no Sertão

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A região do Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil, concentra várias vinícolas. Na imagem, a Ouro Verde, da Miolo, localizada no município de Casa Nova, na Bahia Divulgação
 
A Serra Gaúcha é referência quando se fala em produção de vinho nacional. A milhares de quilômetros de distância dali, no entanto, usando até tecnologia importada de Israel, outra região tem se destacado no setor: o Vale do São Francisco, no sertão nordestino, cenário marcado pelas altas temperaturas (27ºC em média, mas com picos de até 40°C) e pela pouca chuva.

Segundo dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), 48,6 milhões de litros de vinhos finos foram produzidos, em 2012, no Rio Grande do Sul, o único Estado que tem estatísticas oficiais sobre o assunto. Estima-se que o Estado seja responsável por cerca de 90% da produção nacional de vinhos finos, que seria, assim, de cerca de 54 milhões de litros.

Não existem estatísticas oficiais sobre a produção do Nordeste. Mas o consultor do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco e professor de enologia do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, Francisco Macedo de Amorim, estima que a produção da região já chegue a 10 milhões de litros. Há cerca de dois anos, eram cerca de 8 milhões.

"A região produz uma bebida adocicada, fresca e jovem que caiu no gosto do consumidor", diz Amorim.

Em vez de uma, duas safras por ano

As empresas que atuam na região conseguiram transformar o solo pobre do sertão e o clima semiárido em aliados e conseguem obter suas safras anuais. Em outros polos produtores, no Brasil e no exterior, o comum é apenas uma safra anual.

"As uvas brancas se adaptaram muito bem à região. Além disso, o consumo de espumantes tem crescido muito no Brasil, o que ajudou a dar destaque à região", diz Afrânio Moraes Filho, diretor de operações da Miolo. 

A Miolo mantém na cidade de Casa Nova, na Bahia, a Vinícola Ouro Verde, que já é responsável por um terço de sua produção (o restante está do Rio Grande do Sul).
Na Ouro Verde, a cada ano são produzidos cerca de 2 milhões de litros de vinhos e espumantes em 200 hectares. Até 2018, a estimativa é produzir 5 milhões de litros de vinhos e ampliar os vinhedos para 400 hectares.

Sistemas de irrigação suprem falta de chuva

"O maior desafio foi adequar as condições locais à parreira, uma vez que não faz frio, que é um aliado da produção no Sul. Isso fez com que tivéssemos de imitar a natureza por meio da tecnologia de sistemas de irrigação", diz Moraes Filho.

A maior parte da produção na empresa na região está focada em espumantes, especialmente aqueles elaborados com uvas moscatel. Ela é mais adocicada e usada tanto na produção de espumantes como na de vinho branco.

Vinhos tintos também são produzidos lá, como o Testardi Syrah 2010, vencedor da categoria tinto nacional em um concurso realizado na feira Expovinis, em São Paulo, em 2012.

Desde 2008, a fazenda faz parte do roteiro turístico Vapor do Vinho, criado em parceria com a Empresa de Turismo da Bahia (Bahiatursa). Os visitantes fazem uma viagem pelas águas do São Francisco e são convidados a visitar a sede da Ouro Verde, que tem cantina, loja, destilaria e sala de degustação.

Grupo português Dão usa tecnologia de Israel 

Há pouco mais de dez anos, a região atraiu também o grupo português Dão Sul, que instalou em Lagoa Grande, Pernambuco, a Vinícola Santa Maria. Numa área de 200 hectares, todos os pés de uva têm irrigação individualizada, feita com uma tecnologia israelense.

"O fato de a região ser seca ajuda a evitar a proliferação de pragas e o solo é propício para o cultivo. O Sul tem um inverno definido e rigoroso, o que faz com que as uvas parem de se desenvolver nessa época do ano. No Vale do São Francisco, a produção pode ser feita no ano todo", diz André Goldberg, consultor comercial da vinícola.

Goldberg diz que a grande variação de temperatura da região, que pode ser de 40ºC durante o dia e 20ºC durante a noite, é benéfica à produção.

Um dos destaques da empresa é o Paralelo 8, feito com uvas cabernet sauvignon e syrah, que foi eleito por um concurso do Ibravin o terceiro melhor vinho brasileiro em 2011.

Uva moscatel se adaptou ao clima semiárido

Para o diretor da Associação Brasileira de Sommeliers em São Paulo (ABS-SP) Arthur de Azevedo, a uva moscatel foi a que mais se adaptou ao clima semiárido do Vale do São Francisco. "Os espumantes moscatéis da região são extraordinários."

Ele diz que as duas safras registradas por ano na região, apesar de serem interessantes comercialmente para as empresas, fazem com que as parreiras não tenham tempo para acumular nutrientes suficientes, o que é um problema para outros tipos de uva.

"Para outros tipos de vinho, a melhor região produtora brasileira ainda é a Serra Gaúcha", afirma Azevedo.

Ataque de lagarta pode ser bioterrorismo, diz secretário

Ataque de lagarta pode ser bioterrorismo, diz secretário


  • Lagarta Helicoverpa Armigera ataca plantações de algodão e soja no Oeste baiano
O ataque da lagarta Helicoverpa Armigera que atinge plantações de algodão e soja em nove municípios do Oeste baiano e outros quatro estado pode ser resultado de bioterrorismo, de acordo com o secretário estadual da Agricultura (Seagri), o engenheiro agrônomo Eduardo Salles. Ele disse, por meio de nota, que a Polícia Federal (PF) e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) investigam a suspeita.

A praga já causou prejuízo de mais de R$ 1 bilhão e compromete 228 mil hectares de algodão apenas na Bahia. Também há registro do problema no Paraná, Goiás, Piauí e Mato Grosso. O secretário diz que há risco do problema atingir outras regiões do Brasil. A praga quarentenária A1 não existia no país.

O secretário se reuniu nesta sexta, 10, com promotores do Ministérios Públicos do Estado (MPE) e do Trabalho (MPT), com o diretor geral e do diretor de Defesa Vegetal da Adab, Paulo Emílio Torres e Armando Sá; produtores e secretários de Agricultura, de Saúde e do Meio Ambiente dos municípios de Barreiras, São Desidério, Luís Eduardo Magalhães, Baianópolis, Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves, Correntina, Jaborandi e Cocos. Eles discutiram as regras para aplicação do produto agroquímico Benzoato de Amamectina, que já foi usado em outros países no combate à lagarta Helicoverpa.

A previsão é que o produto chegue ao município de Luís Eduardo Magalhães, onde vai ficar armazenado, nesta quarta, 15. Inicialmente, será utilizado em 10 propriedades em fase de teste. Após análise do efeito, o material será usado todos as lavouras atingidas pela praga.

A Tarde

Novas exigências para crescimento da América Latina



 - O conjunto de fatores que, nos últimos anos, garantiram o crescimento médio de 4% ao ano das economias latino-americanas, preservando-as dos piores efeitos da crise mundial, está se esgotando e, se elas não forem capazes de fazer as mudanças necessárias, seu crescimento será menor, com efeitos sociais visíveis. Se esses países não aumentarem os investimentos, sobretudo em infraestrutura, e não alcançarem maior produtividade, terão grandes dificuldades para manter o crescimento acelerado. O alerta, feito pelo diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner, vale para todos os governos da região, para a qual a instituição projeta crescimento de 3,4% em 2013 e de 3,9% em 2014. Mas é particularmente relevante para o do Brasil, cuja economia já cresce a um ritmo bem menor do que o da média dos últimos anos, as perspectivas não são brilhantes e a inflação se acelera. Em entrevista concedida em Washington ao Broadcasty serviço em tempo real da Agência Estado, Werner disse que os países da região já estão utilizando quase toda sua capacidade de produção, as vantagens que obtiveram com a alta dos preços das commodities no mercado mundial não devem se manter daqui para a frente e os juros internos não devem continuar caindo. "Aliás, o mais provável é que voltem a subir", observou - e isso já ocorre no Brasil.
Nesse cenário, a manutenção do crescimento acelerado dos últimos anos exigirá dos países latino-americanos medidas que resultem em aumento de sua produtividade e de seus investimentos produtivos em velocidade maior do que a observada até agora. Em resumo, eles precisam aumentar a eficiência de seu setor produtivo, para produzir mais e a preços mais competitivos, e aumentar também sua capacidade de produção.
No caso do Brasil, essas necessidades estão se tornando agudas, em particular na indústria. A eficiência do setor agroindustrial tem assegurado o bom desempenho da economia brasileira e os saldos comerciais do País. Embora, como observou Werner, ao boom de commodities, que gerou um efeito renda importante para vários países", não deva se repetir nos próximos anos, a agroindústria certamente continuará a desempenhar papel decisivo na manutenção do ritmo de atividades da economia brasileira, graças aos notáveis ganhos de produtividade que obteve nas últimas décadas. Já a indústria, sobretudo a de transformação, vem perdendo espaço para a concorrência estrangeira não apenas no mercado externo, mas também no doméstico.

Em alguns segmentos, antigos produtores optaram por tornar-se importadores dos bens que antes produziam, pois não viam condições de competir com os importados. Há anos o governo do PT vem anunciando medidas de estímulo aos investimentos industriais, para modernização e ampliação da capacidade produtiva, mas a persistência de resultados negativos da produção industrial sugere que, se essas medidas são corretas, até agora não produziram os efeitos que delas se esperavam. Esse problema foi apontado pelo economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, em entrevista ao jornal Valor. Na sua avaliação, o fraco desempenho recente da economia brasileira tem forte relação com o comportamento frustrante dos investimentos. Sem apontar de maneira clara as razões do baixo nível de investimentos, Blanchard sugeriu os fatores que podem ter provocado isso.
"É provável que um número de distorções, assim como alguma incerteza sobre políticas, tenham um papel nisso", disse. De fato, as incertezas sobre a condução da política fiscal do governo do Partido dos Trabalhadores - cada vez mais frouxa -, os inquietantes sinais de aumento da intervenção do governo nas atividades tipicamente privadas e as dúvidas crescentes sobre a real autonomia do Banco Central para conduzir a política monetária de maneira adequada para conter a pressão sobre os preços inibem os empresários, levando-os a conter seus planos de expansão e modernização.

(Fonte: O Estado de S. Paulo)

sábado, 11 de maio de 2013

Lei das Domésticas incentiva empresa estrangeira expandir franquia no Brasil




 
Diante da alta no preço do serviço doméstico no Brasil, a multinacional americana Jan-Pro, especializada em limpeza comercial, vai começar a atender o segmento residencial para competir com diaristas e domésticas.

A intenção é usar o sistema de microfranquias, que custam R$ 7 mil ao empreendedor, sendo que o próprio empresário executará os serviços de limpeza até conseguir recursos suficientes para contratar seus próprios empregados.

Com a regulamentação dos direitos trabalhistas destes profissionais, a hora não poderia ser mais propícia, diz Renato Ticoulat, diretor de novos negócios da Jan-Pro no Brasil.
 
“Isso abriu uma brecha para entrarmos neste mercado”, afirma.
Para o cliente, a vantagem é não ter de lidar com burocracia nem controle de horas extras ou pagamento de FGTS, uma vez que o profissional é contratado pela Jan-Pro, e não pelo cliente final.
 
“Toda parte jurídica e legal é nossa”, afirma.

Até o momento, a empresa opera um projeto piloto na área residencial, com atendimento de 300 apartamentos em São Paulo. 

Para uma limpeza básica semanal, o custo é de R$ 250. 
Segundo o executivo, o preço é mais competitivo do que o valor de uma diarista, que sairia entre R$ 350 e R$ 400.

Outros serviços são pagos separadamente, como limpeza de eletrodomésticos, louça, vidros, carpetes e arrumação de armários.
 
Os clientes atuais da Jan-Pro no segmento residencial brasileiro pagam R$ 600 por mês, para duas limpezas semanais, incluindo itens extras.

No projeto piloto, o principal público consumidor é composto por moradores de edifícios sem quarto de empregada ou área de serviço, em que os familiares passam quase o dia todo fora de casa.
 
Quando o orçamento é solicitado por um condomínio, a empresa apresenta o projeto para todos os moradores, e oferece o pacote para um franqueado realizar a operação de 15 a 20 apartamentos.

Na avaliação de Ticoulat, que atua no ramo há 22 anos, o setor de limpeza está passando por uma importante transformação.
 
“Nunca entrei neste mercado antes porque eu sempre fui mais caro, portanto, menos competitivo que o serviço tradicional. Mas recentemente o preço da diarista encareceu, e hoje vale a pena disputar este mercado”, conta. 

Outro fator é o receio do patrão em contratarem empregadas domésticas com a nova lei.

Apesar do otimismo, o executivo revela que existe um longo caminho pela frente, pois a mudança cultural não acontece do dia para a noite.
Para estruturar a operação residencial, a Jan-Pro vai investir R$ 1,5 milhão nos próximos 12 meses.
 
Os investimentos prevêem a elaboração de um manual, a contratação e treinamento dos primeiros funcionários, marketing e comunicação da nova operação.

Um dos desafios será a seleção e treinamento dos franqueados, pois a exigência da limpeza de um lar é maior do que de um escritório.
 
“É preciso ter olho da dona de casa”, explica.
 
Segundo Ticoulat, o apego do cliente residencial a seus bens e objetos é maior do que o cliente corporativo, e demanda cuidados ainda maiores do franqueado. A exigência com a limpeza também é maior neste tipo de cliente.

Ticoulat não descarta a possibilidade de ex-empregadas domésticas serem uma parcela deste público empreendedor, pois isso ocorre em outros mercado que a empresa atua, como a Europa. 

Cuidadores de idosos e jardineiros também podem ser atraídos a este modelo.
 

Fonte: IG

Brasil "perde" US$ 6 bilhões em exportações para principais parceiros


O Brasil vem perdendo espaço em todos os seus principais mercados no exterior e a fatura dessa presença cada vez mais tímida tem sido alta para as contas do país: só neste ano, já deixou de ganhar pelo menos US$ 6 bilhões com exportações.

Mercado prevê piora das contas externas e pressão maior no câmbio
Investimento estrangeiro direto deverá encolher 16%

O valor corresponde ao que o país teria vendido para China, Estados Unidos, União Europeia e Argentina nos dois primeiros meses deste ano caso tivesse mantido a mesma participação nas importações totais desses blocos em 2012.

Os quatro mercados são destino de mais de metade dos produtos brasileiros que seguem para o exterior.

O cálculo feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) a pedido da Folha considera dados bimestrais diante da ausência de informações de todos os países estudados para o quadrimestre.

O montante apurado representaria um forte alívio à balança comercial (diferença entre importações e exportações), que até abril registra um resultado negativo histórico de US$ 6,2 bilhões.

A derrapada no desempenho se repete em todos os mercados. Na China, principal parceiro comercial do país, a fatia brasileira caiu de 2,4% no primeiro bimestre de 2012 para 1,9% do total neste ano, com redução das compras de petróleo, soja e ferros-ligas, entre outros. No total, o Brasil deixou de faturar US$ 3 bilhões.

A participação do país nas compras feitas pelos EUA encolheu de 1,6% para 1,2% do total, custando US$ 1,6 bilhão em exportações. Houve retração, por exemplo, nas vendas de motores, petróleo e café.

A União Europeia reduziu suas compras externas no período, mas o corte no consumo de produtos brasileiros foi mais intenso. Com isso, a fatia do país caiu de 1,93% para 1,71%, quase US$ 1 bilhão de vendas perdidas.

Já na Argentina, o espaço de produtos brasileiros regrediu de 27,1% das importações totais para 25,4%. No mesmo período, os chineses ampliaram sua fatia de 14,9% para 16,6%. A retração representou menos US$ 200 milhões em exportações para o Brasil.

Entre as razões para a derrocada brasileira no exterior, estão a baixa produção da Petrobras, o atraso de embarques devido a problemas logísticos e a baixa competitividade dos manufaturados.

Fabrizio Panzini, especialista da CNI, afirma que a pauta de exportações brasileira é pouco diversificada e muito dependente dos produtos básicos, cujas vendas, em queda, não têm conseguido compensar o fraco desempenho dos manufaturados. "Neste ano, temos os dois caindo. É o pior cenário possível."

Fonte: Folha de São Paulo.