Diante
da alta no preço do serviço doméstico no Brasil, a multinacional americana
Jan-Pro, especializada em limpeza comercial, vai começar a atender o
segmento residencial para competir com diaristas e domésticas.
A intenção é usar o sistema de microfranquias, que custam R$ 7 mil ao empreendedor, sendo que o próprio empresário executará os serviços de limpeza até conseguir recursos suficientes para contratar seus próprios empregados.
Com a regulamentação dos direitos trabalhistas destes profissionais, a hora não poderia ser mais propícia, diz Renato Ticoulat, diretor de novos negócios da Jan-Pro no Brasil.
“Isso abriu uma brecha para entrarmos neste mercado”, afirma.
Para o cliente, a vantagem é não ter de lidar com burocracia nem controle de horas extras ou pagamento de FGTS, uma vez que o profissional é contratado pela Jan-Pro, e não pelo cliente final.
“Toda parte jurídica e legal é nossa”, afirma.
Até o momento, a empresa opera um projeto piloto na área residencial, com atendimento de 300 apartamentos em São Paulo.
Para uma limpeza básica semanal, o custo é de R$ 250.
Segundo o executivo, o preço é mais competitivo do que o valor de uma diarista, que sairia entre R$ 350 e R$ 400.
Outros serviços são pagos separadamente, como limpeza de eletrodomésticos, louça, vidros, carpetes e arrumação de armários.
Os clientes atuais da Jan-Pro no segmento residencial brasileiro pagam R$ 600 por mês, para duas limpezas semanais, incluindo itens extras.
No projeto piloto, o principal público consumidor é composto por moradores de edifícios sem quarto de empregada ou área de serviço, em que os familiares passam quase o dia todo fora de casa.
Quando o orçamento é solicitado por um condomínio, a empresa apresenta o projeto para todos os moradores, e oferece o pacote para um franqueado realizar a operação de 15 a 20 apartamentos.
Na avaliação de Ticoulat, que atua no ramo há 22 anos, o setor de limpeza está passando por uma importante transformação.
“Nunca entrei neste mercado antes porque eu sempre fui mais caro, portanto, menos competitivo que o serviço tradicional. Mas recentemente o preço da diarista encareceu, e hoje vale a pena disputar este mercado”, conta.
Outro fator é o receio do patrão em contratarem empregadas domésticas com a nova lei.
Apesar do otimismo, o executivo revela que existe um longo caminho pela frente, pois a mudança cultural não acontece do dia para a noite.
Para estruturar a operação residencial, a Jan-Pro vai investir R$ 1,5 milhão nos próximos 12 meses.
Os investimentos prevêem a elaboração de um manual, a contratação e treinamento dos primeiros funcionários, marketing e comunicação da nova operação.
Um dos desafios será a seleção e treinamento dos franqueados, pois a exigência da limpeza de um lar é maior do que de um escritório.
“É preciso ter olho da dona de casa”, explica.
Segundo Ticoulat, o apego do cliente residencial a seus bens e objetos é maior do que o cliente corporativo, e demanda cuidados ainda maiores do franqueado. A exigência com a limpeza também é maior neste tipo de cliente.
Ticoulat não descarta a possibilidade de ex-empregadas domésticas serem uma parcela deste público empreendedor, pois isso ocorre em outros mercado que a empresa atua, como a Europa.
Cuidadores de idosos e jardineiros também podem ser atraídos a este modelo.
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