Estar conduzindo um veículo produzido no Brasil ou a versão feita na Europa do mesmo automóvel pode ser a diferença entre a "vida e morte", diz reportagem da Associated Press
Crash tests da Latin NCAP: versão brasileira do mesmo carro vendido na
Europa vai mal em colisões frontais, enquanto no velho continente
desempenho é bom
São Paulo – A diferença entre os carros
produzidos no Brasil e os mesmos modelos ou similares europeus podem
ser a diferença entre a “vida e a morte” em casos de acidentes, aponta
uma reportagem da agência Associated Press republicada em veículos de todo o mundo.
Segundo a matéria, a qualidade dos veículos do quarto maior mercado consumidor global – com uma nova classe média ávida pelo seu próprio veículo - está se tornando uma tragédia nacional, com a taxa de mortes em acidentes sendo quatro vezes maior no Brasil que nos Estados Unidos, onde os veículos são mais seguros.
Segundo a matéria, a qualidade dos veículos do quarto maior mercado consumidor global – com uma nova classe média ávida pelo seu próprio veículo - está se tornando uma tragédia nacional, com a taxa de mortes em acidentes sendo quatro vezes maior no Brasil que nos Estados Unidos, onde os veículos são mais seguros.
A matéria foi republicada em sites de grande audiência internacional, como The New York Times, Washington Post e Huffington Post.
“Os culpados são os próprios carros, produzida com soldas mais fracas,
itens de segurança escassos e materiais de qualidade inferior em
comparação a modelos similares fabricados para os consumidores
americanos e europeus. Quatro dos cinco carros mais vendidos do Brasil
não conseguiu passar em testes de colisão independentes”, afirma o
texto.
A Associated Press menciona os resultados do Latin NCAP,
instituto independente que recentemente passou a fazer testes de
veículos vendidos na América Latina e apontou, na última edição, a
incongruência entre os resultados dos mesmos veículos que, em tese,
deveriam ser iguais, independentemente de onde são vendidos. Mas não
são.
A reportagem dispensa ataques à indústria, alegando que se beneficiam
de consumidores menos exigentes com segurança para, além de tudo, obter
margens maiores que em mercados desenvolvidos. Nos EUA, são 3%; no
Brasil, 10%, segunda a consultoria IHS.
De acordo com um especialista ouvido pela Associated Press, a diferença
na prática, no momento de uma acidente, pode ser a vida ou a morte.
"A diferença que você está falando é de alguém morto no veículo ou
morrendo muito rapidamente, ou então alguém sendo capaz de sair do
veículo sozinho", disse David Ward, diretor-geral da FIA, em Londres.
Mais do que airbags
Nem a presença de airbags e ABS, que se tornarão obrigatórios no Brasil
apenas em 2014, com décadas de atraso aos mercados desenvolvidos, são
suficientes, já que, muitas vezes, o problema é estrutural.
“A versão brasileira tem a mesma aparência do lado de fora, mas está
faltando peças. Em uma versão eles incluem o reforço (à estrutura), na
outra não ", disse à agência um engenheiro da indústria automotiva que
não quis se identificar.
A matéria fala ainda em falta de zonas de deformação, frágeis colunas de direção.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores não confirmou se vai se pronunciar sobre o teor da reportagem. À agência internacional, montadoras brasileiras deram respostas individuais sobre o desempenho de seus veículos citados.
A reportagem da AP sinaliza que uma mudança neste comportamento só
ocorrerá se houver reação dos brasileiros, como ocorreu nos Estados
Unidos na década de 60, quando as mortes em acidentes chegaram a números
estratosféricos.
Além dos fatores veiculares, é preciso lembrar que estradas mal
conservadas é outro item no ingrediente das mortes de trânsito no
Brasil, como aponta a própria AP.
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