ÉRICA FRAGA
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO
O desempenho da indústria brasileira em 2012 foi o pior entre 25 nações emergentes e importantes economias da América Latina.
A queda de 2,6% na produção industrial do país foi, de longe, a mais
acentuada do grupo. O Egito, segundo pior colocado, registrou contração
de 1,9%.
A indústria brasileira como componente do PIB (Produto Interno Bruto)
--que, além da produção de manufaturados, inclui setores como construção
civil e energia elétrica-- também amargou a maior contração no mundo
emergente. A queda desse indicador foi de 0,8%.
Os dados são da consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit) e
mostram que o retrato de crise no setor é renitente. Em 2011, o
resultado da produção industrial brasileira já figurava entre os três
piores do grupo analisado.
Segundo especialistas, os números confirmam que problemas domésticos têm
exercido maior influência sobre a trajetória da indústria do que a
crise externa.
"Esses dados causam muita preocupação. A crise externa existe e afetou
todos, mas fomos piores do que os demais", afirma Flávio Castelo Branco,
gerente de política econômica da CNI (Confederação Nacional da
Indústria).
DESACELERAÇÃO GLOBAL
Robert Wood, analista da EIU, diz que a expansão do comércio global de
produtos manufaturados desacelerou de 6,3%, em 2011, para 2,5% no ano
passado.
Michelle Müller -13.jul.12/Folhapress | ||
Linha de montagem de veículos no Brasil; indústria brasileira sofre com falta de competitividade |
Esse movimento, afirma Wood, levou a uma perda de fôlego da indústria
mundial. "Em um cenário de oferta excedente de produtos manufaturados,
países com competitividade baixa, como o Brasil, sofreram mais."
O encolhimento da indústria brasileira em 2012 contrasta com a expansão
robusta do setor em alguns países asiáticos. O desempenho também foi
inferior ao dos principais mercados latino-americanos e até ao de países
emergentes da Europa, região que está no epicentro da crise
internacional.
Em 2013, a indústria deve ter melhor desempenho, de acordo com
economistas. Mas os dados já divulgados apontam uma recuperação ainda
frágil.
Segundo Castelo Branco, da CNI, a confiança dos empresários brasileiros,
que ensaiou uma retomada no início deste ano, já mostra sinais de
arrefecimento.
"Este ano será melhor, mas é uma recuperação fraca, considerando o resultado muito ruim de 2012."
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