quinta-feira, 9 de maio de 2013

Lagarde faz apelo às mulheres: 'Venham para as finanças'


Para a diretora do FMI, maior presença feminina no mercado financeiro poderia trazer mais equilíbrio econômico e ajudar a sanar a crise

Ana Clara Costa, de St Gallen
Diretora do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, realiza uma coletiva de imprensa para discutir o FMI
A diretora do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde: apelo às mulheres (Gary Cameron/Reuters)
 
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, fez um apelo nesta quinta-feira para que as mulheres se envolvam mais no mercado financeiro. Para a diretora do Fundo, a participação feminina nos altos cargos das finanças poderia trazer mais equilíbrio para a economia mundial.

 “As mulheres têm uma relação diferente com a tomada de risco. E esse comportamento pode ser muito benéfico para os mercados”, disse Lagarde, que também foi ministra das Finanças da França durante parte do governo de Nicolas Sarkozy. Ela afirmou ainda que o Japão é um dos países que mais se beneficiará da entrada das mulheres em posições de liderança. “Elas são bem-educadas, preparadas e trabalhadoras. Não há razão para que não as deixem liderar”, disse.

A chefe do FMI participou, nesta quinta, do St Gallen Symposium, conhecido informalmente como uma espécie de "Fórum Econômico Mundial de Davos" para estudantes, que ocorre anualmente na Universidade de St Gallen, na Suíça. A diretora do Fundo defendeu a política de austeridade que vem sendo implementada em nações como a Grécia como forma de se alcançar o equilíbrio fiscal no território europeu. 

Contudo, ponderou que ajustes severos – ou consolidação fiscal, como ela prefere se referir ao tema - devem ser aplicados conforme a realidade de cada país. “No caso dos Estados Unidos, por exemplo, há situações em que a consolidação fiscal é mais severa do que deveria”, afirmou.

Lagarde voltou a defender a criação de uma única autoridade reguladora do sistema financeiro europeu como forma de detectar problemas bancários antes que se tornem insustentáveis. Ela citou o exemplo de Chipre afirmando que, caso houvesse um órgão regulador responsável por supervisionar os bancos do país, a crise não teria sido tão severa na ilha. “A zona do euro pode sobreviver na forma em que está? Eu digo que não. Pois nesse formato não há união bancária, menos ainda união fiscal. Então não só ela não pode sobreviver, como também não poderá prosperar”, disse.

Davos para jovens - Além de Lagarde, o evento contou com a presença de alguns dos principais nomes das finanças da Europa e dos Estados Unidos, como o vice-presidente do Goldman Sachs, Lord Griffith, o vice-premiê da Turquia, Ali Babacan, o ministro das Finanças da Irlanda, Michael Noonan e o CEO do fundo BlackRock, Larry Fink. 

O presidente suíço Ueli Maurer também esteve presente e defendeu, em seu discurso, a confidencialidade dos dados bancários dos clientes que possuem contas nas instituições do país. “Há os que se valem do artifício das denúncias de lavagem de dinheiro para tentar frear a liberdade do setor privado”, afirmou Murer.

Diante de um público composto por estudantes da universidade, economistas, executivos europeus e investidores de diversos países, os palestrantes discutiram os efeitos da crise na Europa e como estimular a coragem em indivíduos e setores econômicos para que os países da região voltem ao eixo do crescimento econômico – mesmo que fraco. “Na situação em que estamos hoje, os que têm coragem, estão dispostos a arriscar e têm iniciativa são os que conseguirão vencer. A ousadia e o trabalho duro movem as sociedades de sucesso”, disse Lord Griffith, durante o evento.

O St Gallen Symposium é organizado inteiramente pelos alunos da universidade – desde os convites aos palestrantes até a busca de patrocínio para o evento. Está em sua 43ª edição e recebe, anualmente, alguns dos principais líderes econômicos do mundo. Entre os brasileiros que já palestraram no evento está o bilionário Jorge Paulo Lemann, que vive na Suíça.

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