terça-feira, 14 de maio de 2013

MÉDICOS ESTRANGEIROS: SEM TABUS NEM DEMAGOGIA

Médico estrangeiro poderá ficar até três anos no Brasil, afirma Mercadante. A importação de médicos não pode ser tabu.

O ministro Aloizio Mercadante (Educação) informou nesta terça-feira (14/05/2013), em audiência pública no Congresso, que o ingresso de médicos formados no exterior –em países como Cuba, Portugal e Espanha, por exemplo– será uma política temporária e os profissionais selecionados poderão atuar no Brasil por um prazo de até três anos.

Segundo o ministro, há uma “política estruturante” para o aumento do número dos profissionais no Brasil, que será feita com abertura de novas escolas de medicina em regiões onde hoje há carência de médicos e estrutura para recebê-los. Isso será feito por meio de editais do MEC (Ministério da Educação), que deverão ser publicados ainda neste semestre.

Ao mesmo tempo, disse o ministro, haverá uma “política de transição”. Médicos com registro em seu país virão para o Brasil e trabalharão com registro provisório em regiões onde hoje faltam esses profissionais. A atividade receberá tutoria das universidades federais.

Esses médicos não poderão atuar na rede privada e não receberão um registro definitivo no país, disse o ministro.
Durante a audiência, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) criticou a impossibilidade desses profissionais atuarem em consultórios particulares. “Quem é que vai controlar isso? Ninguém vai dar conta de controlar o mercado. Por que essa reserva de mercado?”, questionou.

Revalida

Mercadante disse ainda que o governo realiza estudos para “calibrar” o Revalida, prova de revalidação de diplomas de medicina obtidos no exterior. O ministro, entretanto, negou que isso signifique facilitar o conteúdo cobrado na prova.

“Não vamos flexibilizar o Revalida. Estamos pré-testando para ter uma régua [de avaliação]. (…) O MEC não vai resolver essa questão baixando o sarrafo para que todos possam virar médicos no Brasil”, disse.
Durante a audiência, Mercadante sugeriu debate sobre proposta do médico Adib Jatene de que, ao terminar o curso, o médico fique dois anos trabalhando no SUS (Sistema Único de Saúde).

Prioridade é para médicos de Espanha e Portugal

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, [por sua vez], disse ontem (13/05/2013) que a importação de médicos estrangeiros não pode ser um “tabu” e que a prioridade do governo será atrair profissionais de Espanha e Portugal para suprir a defasagem existente no interior do país e na periferia de grandes cidades.
A declaração do ministro vem depois da polêmica com organizações médicas que protestaram contra um possível acordo entre os governos do Brasil e de Cuba, encabeçado pelo Ministério das Relações Exteriores, para trazer 6.000 médicos ao país.

Durante evento em São Paulo, Padilha evitou falar diretamente sobre a importação de médicos cubanos.
Afirmou que seu “grande foco” será fazer intercâmbios com os dois países europeus, que possuem grande quantidade de profissionais qualificados e desempregados em razão da crise econômica.

O governo vai enviar hoje à Espanha um representante para visitar universidades de medicina daquele país.
A AMB (Associação Médica Brasileira) pretende acionar a Justiça e levar a classe para as ruas caso a gestão Dilma Rousseff (PT) importe médicos de outros países sem que eles passem por “rígidos testes de conhecimento, habilidade e atitude”.

O presidente da associação, Floriano Cardoso, afirmou que o governo será o “responsável direto por erros, complicações e mortes que poderão ocorrer caso médicos incompetentes passem a atender a população”.
“A real intenção com essa história é trazer brasileiros que fizeram cursos de medicina no exterior, em faculdades de baixíssima qualidade, para atender a população mais pobre. As fronteiras estão abertas, desde que esses profissionais provem que são competentes”, criticou.

Flávia Foreque / Jairo Marques / Ana Krepp
(Folha de SP – 14/05/2013)

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