segunda-feira, 6 de maio de 2013

BC ressuscita resgate de bancos com dinheiro público


Não será por falta de compromisso (e nem de dinheiro) que uma nova lei para minimizar os danos provocados por bancos em dificuldade deixará de existir. Hoje, no Seminário Internacional sobre Regimes de Resolução no Sistema Financeiro Brasileiro, que acontece em Brasília, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um diagnóstico dos aspectos mais relevantes do anteprojeto do novo marco legal da resolução bancária no país e teve o apoio imediato do senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Lindbergh, presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, além de assegurar que o Congresso vai trabalhar para dar uma tramitação rápida da proposta do BC, informou que o presidente do Senado, Renan Calheiros, também se comprometeu em colocar a proposta em votação com a maior velocidade possível. 

O BC prioriza o uso de recursos da própria instituição, de seus acionistas ou grandes credores e grandes depositantes no socorro às instituições em dificuldades. Mas conseguiu ressuscitar a possibilidade de resgate das instituições problemáticas com dinheiro público, proibido desde 2001 pela Lei de Responsabilidade Fiscal . 

Um dos artigos da própria LRF abria a possibilidade da volta do uso de recursos públicos, desde que regulamentado por uma legislação especial. Com o anteprojeto da Lei do Regime de Resolução Sistema Financeiro Nacional é feita a regulamentação da LRF, reabrindo a possibilidade de uso de recursos públicos.

O anteprojeto do BC procura assegurar a continuidade dos serviços e da estrutura financeira necessária ao bom funcionamento da economia real em caso de problema de solvência em alguma instituição sistemicamente importante com o uso de novos mecanismos para lidar com a situação. Entre eles está o modelo atualmente em fase de intensa discussão internacional depois de sua adoção na reestruturação da dívida da Grécia e no resgate aos bancos do Chipre (“bail-in”). Com esse regime, a ideia é fazer com que um banco insolvente seja recapitalizado com recursos do seu próprio passivo, sem a necessidade de aportes do governo. É o oposto do “bail-out”, que esteve diariamente no noticiário da crise de 2008 e que levou o Tesouro de diversos países a situações críticas em função dos gigantescos recursos públicos injetados no sistema financeiro.

Outra possibilidade prevista no marco regulatório é a criação de “empresas ponte” para receber ativos e passivos da instituição em liquidação. Dessa forma, a autoridade consegue buscar uma solução do tipo “good bank” e “bad bank”, no qual os ativos bons são separados dos podres e vendidos. Mais uma ferramenta é o  “temporary stay”, no qual o BC suspende a exigibilidade de créditos contra a instituição que está sob intervenção.

O projeto também traz instrumentos da Lei de Falências para dentro do arcabouço legal do BC. Entre eles está a criação do Conselho de Credores, que avaliaria as propostas do liquidante, reduzindo, assim, questionamentos jurídicos posteriores sobre a venda de ativos. Ainda está prevista uma figura de “não sucessão” de ônus, ou seja, o comprador da chamada “parte boa” de uma instituição não sucede os passivos da “antiga instituição”.

Em tempo: o presidente da CAE, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), também pretende acelerar as discussões sobre o projeto substitutivo do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) pela autonomia formal do BC, estabelecendo mandato de seis anos para os diretores da autarquia e condicionando demissões e/ou substituições desses diretores pelo presidente da República à aprovação prévia pelo Senado. A proposta de Dornelles compõe o primeiro projeto de lei complementar que regulamenta a estrutura do Sistema Financeiro Nacional (STN). Esse projeto, se aprovado pelo Congresso, substituirá a Lei 4.595, de dezembro de 1964, que até hoje regula o funcionamento do sistema financeiro.S

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