domingo, 12 de maio de 2013

O G7 avalia uma reforma bancária



 

Os ministros de Economia e presidentes de bancos centrais de Reino Unido, EUA, Japão, França, Alemanha, Itália e Canadá acordaram uma ‘ação coletiva’ para eliminar os paraísos fiscais, combater a evasão fiscal e avançar uma reforma bancária que evite uma ‘guerra de divisas’ e favoreça a estabilização do comércio internacional.


O encontro informal entre representantes dos sete países mais industrializados ocorreu nos arredores de Londres. Antes da reunião, houve forte crítica à política monetária do governo japonês e do Banco do Japão. A moeda japonesa ultrapassou na semana a marca psicológica de 100 ienes por dólar. Críticos acusam Tóquio de desvalorizar o iene para melhorar as exportações do país.


Após a reunião, o ministro britânico da Economia, George Osborn, reconheceu que "nós conversamos bastante o Japão" e "provavelmente vamos continuar falando sobre isso".

O novo secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew, emitiu um alerta na direção do Japão e disse temer uma espiral de desvalorização de moedas internacionais em resposta à política japonesa. "O mundo já deixou claro que as ferramentas nacionais existem para gerar crescimento no país e estão localizados dentro de suas fronteiras. Uma política que visa influenciar a taxa de câmbio não faz parte delas", disse ele.


Além disso, Osborne pediu uma luta contra a evasão fiscal em todo o mundo, especialmente em paraísos fiscais. "O que é devido deve ser pago", afirmou. Muitos paraísos fiscais estão trabalhando mais de perto com muitos outros países do mundo. "Mas queremos fazer mais", disse o britânico.


É que muitos dos paraísos fiscais são territórios britânicos ultramarinos ou propriedade da monarquia britânica, como as Ilhas Jersey e Guernsey, Ilhas Virgens Britânicas e as Ilhas Cayman, no Caribe.


O objetivo no futuro é que a troca de informações fiscais seja realizada automaticamente, não só para uma demanda específica, conforme acordado com a Suíça a partir de 2010.

"Porto inseguro".

 
 
 Por Mary Zaidan
 
Dilma Rousseff, Lula e o PT só pensam naquilo: reeleição, eleição, reeleição. Não necessariamente nessa ordem, já que depende da maré - leia-se, da economia - quem será o protagonista em 2014.

E de tanto pensar no calendário eleitoral, a presidente, que nunca foi lá muito jeitosa na arte da conversação, move-se trôpega na política. Ainda não a ponto de comprometer sua liderança suprema, mas já turvando o cenário que emoldura a ambição de poder eterno do PT.

A MP dos Portos é um exemplo acabado disso. Ninguém em sã consciência é contrário à modernização dos portos do País. Torce-se para que o Brasil consiga desatar os nós cada vez mais cegos pela corrupção, leniência pública e oportunismo privado que se imiscuem há anos nos portos brasileiros.

Mexer nesse vespeiro é um ato de coragem. Mas por que a prepotência? Por que não fazê-lo direito?

A resposta parece estar no fato de Dilma crer que tudo sabe. De seu governo ter aversão à política, diagnóstico expresso nas contundentes críticas que o líder do PMDB na Câmara Eduardo Cunha (RJ) fez em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Entre uma estocada e outra, o deputado disse que o governo “não articula e depois quer impor o que o tecnocrata decide”, e que quem escreveu a MP nunca teria visto um contêiner.

Cunha pode ser flor que não se cheire - é réu na Suprema Corte por falsificação de documentos. Mas sua fala traduz com precisão cartesiana o comportamento da presidente.

Especificamente na questão dos portos, Dilma abusou. Buscou apoio de empresários sem se dar conta de que cada um cuidaria de seus próprios interesses. Ganhou Paulo Skaf, presidente da Fiesp, de olho em um trampolim para disputar o governo de São Paulo, Jorge Gerdau e Eike Batista, ambos investidores diretos em portos, e que se digladiam.

Amansou trabalhadores que ameaçavam greve, mas só adiou o embate. E nem deu bola para o Congresso, segura de que a pressão sobre a gigantesca base, ainda que pelas práticas franciscanas do toma-lá-dá-cá, asseguraria a vitória.

Em um flanco, sumiram os votos do PSB do governador Eduardo Campos, que não admite a hipótese de perder poderes sobre o porto de Suape (PE). Em outro, não teve o apoio de parte do PDT de Paulinho da Força (SP) e do PSD de Gilberto Kassab. E o PMDB lhe puxou o tapete.

O governo que angariou a maior base de apoio já vista na história deste País está paralisado por essa mesma base. Por soberba, incompetência e inapetência da presidente. Até agora, uma combinação que só lhe impõe desconforto, mas que tende a se tornar explosiva.

Ainda que Dilma resista a crer, política não é só eleição.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

São Paulo ganhará quatro centrais de reciclagem de lixo


previsão é de que cada unidade tenha capacidade para processar 250 toneladas de lixo por dia

Tiago Dantas, do
Marcos Santos/USP Imagens
Lixeiras de coleta seletiva
Reciclagem: as novas centrais devem custar cerca de R$ 6 milhões, além de ter despesa mensal de manutenção de R$ 300 mil

São Paulo - Até junho do ano que vem, a Prefeitura pretende colocar em funcionamento duas megacentrais de triagem de material reciclável. Outras duas devem ficar prontas em 2016.

A previsão é de que cada equipamento tenha capacidade para processar 250 toneladas de lixo por dia. A quantidade é um pouco maior do que as 240 toneladas que são processadas diariamente nas 20 centrais espalhadas pela capital.

Para viabilizar o projeto, a Secretaria Municipal de Serviços firmou um acordo com as duas empresas que fazem a coleta de lixo. O contrato que a Loga e a Ecourbis têm com a Prefeitura já previa que elas construíssem mais 17 pequenas centrais.

A proposta do governo foi trocá-las por quatro unidades maiores. As primeiras duas unidades ficarão em Santo Amaro, na zona sul, e no Bom Retiro, no centro. As outras megacentrais ficarão em São Mateus, zona leste, e na Vila Guilherme, zona norte.

O secretário de Serviços, Simão Pedro, acredita que a mudança pode ajudar o governo a atingir a meta proposta pelo prefeito Fernando Haddad (PT) de aumentar de 1,8% para 10% a quantidade de lixo reciclado no Município.

"Para atingir a meta, vamos ter de ampliar o serviço e a velocidade da coleta", afirma o secretário. "Hoje, dos 96 distritos, só 72 têm coleta seletiva. Temos de levar a todo o Município."

Indústria brasileira é a que mais encolheu entre emergentes


Estudo divulgado pela Folha de S. Paulo aponta que a produção industrial encolheu mais no Brasil que em qualquer outro país emergente em 2012

REUTERS/Stringer
operários trabalham em indústria
A indústria brasileira perdeu a corrida para a de outros países latino-americanos e asiáticos

São Paulo – A produção industrial do Brasil caiu 2,6% em 2012, a maior retração entre os países emergentes. O número é de um estudo da consultoria britânica Economist Intelligence Unit (EIU) citado hoje numa reportagem da Folha de S. Paulo

Em 2011, o resultado da indústria brasileira já era um dos três piores no grupo dos emergentes. Em 2012, houve redução de 0,8% na participação da indústria no produto interno bruto (PIB) brasileiro. Foi a maior queda desse indicador nesse grupo de países.

O cenário externo parece ter contribuído um pouco para esse resultado ruim, já que, segundo a EIU, o comércio global de produtos manufaturados cresceu apenas 2,5% no ano passado, contra 6,3% em 2011.
Mas os especialistas apontam que, no caso do Brasil, os problemas domésticos prejudicaram mais a indústria do que a crise externa. O desempenho brasileiro foi inferior ao de outros países latino-americanos e ao dos emergentes da Europa.

Neste ano, há alguns sinais que apontam para uma possível mudança nesse cenário. Nesta semana, o banco HSBC divulgou um estudo que mostra que, em abril, os resultados econômicos do Brasil foram melhores que os de outros emergentes, que tiveram números bastante ruins no mês.

Além disso, números indicam que houve aumento do investimento produtivo no país no primeiro trimestre deste ano. É um indicador positivo, que mostra uma possível reversão da queda observada no ano passado.

É prematuro ver melhora no emprego industrial, diz IBGE


Por Alessandra Saraiva | Valor
Ty Wright/Bloomberg


RIO - A ligeira melhora do emprego industrial, que subiu 0,2% em março ante mês anterior, após mostrar estabilidade em fevereiro, não pode ser considerada primeiro sinal de retomada mais robusta na abertura de postos de trabalho no setor. O emprego não crescia na indústria desde dezembro do ano passado. “Seria prematuro considerar essa elevação como sinal de recuperação”, afirmou André Macedo, economista da coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Pesquisa Industrial Mensal – Emprego e Salários (Pimes), divulgada hoje pelo instituto, apontou que o nível de ocupação no setor seguiu estagnado – cenário observado desde meados do ano passado, observou Macedo. A atividade da indústria, na avaliação dele, ainda não apresentou condições para uma reação mais significativa na criação de vagas. Com exceção da alta ante fevereiro, o emprego industrial continuou a mostrar em março taxas negativas em todas as outras comparações.

Outro ponto destacado pelo especialista foi o comportamento das horas pagas, que funcionam como uma espécie de indicador antecedente e sinaliza possíveis recuperações no emprego industrial. Esse indicador mostra comportamento intermitente, oscilando entre taxas negativas e positivas na comparação de mês ante mês anterior. Em relação a igual mês do ano passado, as horas pagas na indústria tiveram em março a 19ª taxa negativa consecutiva, observou. “Elas funcionam como uma espécie de termômetro para a tendência no emprego industrial e não mostram sinais positivos até março”, avaliou.

Ao mesmo tempo, a folha de pagamento aumentou, mas provocada por pagamentos de bônus e participações de lucros, que ocorrem nessa época do ano, segundo Macedo. Além disso, o especialista explicou que a folha industrial do IBGE tem sido cada vez mais influenciada, ano a ano, por ganhos reais dos empregados, obtidos nas negociações salariais, mais do que por avanço no emprego.

Entre os destaques negativos do emprego industrial em março, Macedo citou o comportamento da indústria do Nordeste. Além de essa localidade ser intensiva em setores que sofrem com concorrência acirrada de importados, como calçados e vestuário - o que estimula recuo em atividade, e menor ritmo de contratações - houve, ainda, fortes retrações de emprego nas indústrias de refino e extrativa, que são setores expressivos na região, informou.

Brasil colhe resultados na conquista de espaços em organizações multilaterais

 
 
 
Por Paulo Kliass (foto),de Paris. Sim! Pode-se afirmar com relativo grau de segurança que os resultados da recente eleição para o cargo de diretor geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) são o reflexo de uma importante mudança que está em movimento no interior dessa instituição multilateral do sistema das Nações Unidas. 

Afinal, foi a primeira vez que um candidato de um país externo ao grupo apoiado pelos países europeus obteve a maioria de votos.

A performance da campanha em prol de Roberto Azevedo, embaixador brasileiro de carreira, com larga experiência de atuação no âmbito da própria OMC, tem um sabor especial de vitória para a diplomacia de nosso País. 

Afinal, ele terminou por receber os votos necessários para se eleger, ao longo do complexo processo de decisão daquela instituição. 

Na reta de chegada, disputou com outro candidato latino-americano e conseguiu a aprovação definitiva. Herminio Blanco, da diplomacia mexicana, apesar do apoio recebido dos Estados Unidos e dos países da União Européia, não obteve êxito contra o brasileiro. 

A identificação de Hermínio com o processo do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA, na sigla do inglês) e sua relação de subserviência à política externa norte-americana com toda certeza tornaram inviável qualquer tentativa de simulação de uma suposta independência de seus interesses.

Assim, esse evento vem se somar à indicação de outro brasileiro, José Graziano da Silva, ocorrida no ano passado, para comandar a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês). 

A estratégia encaminhada pelo Itamaraty parece estar colhendo alguns bons resultados para o Brasil na conquista de espaços estratégicos no seio das organizações multilaterais. 

A guinada estratégica de nossa política externa, operada a partir do primeiro mandato de Lula em 2003, rompeu com a lógica do alinhamento automático aos Estados Unidos, abrindo caminhos de consolidação do bloco regional (Mercosul e América Latina) e de busca de parcerias no chamada “eixo sul-sul” (África e Ásia).

Na verdade, na OMC ocorreu uma polarização entre o candidato apoiado pelos países mais ricos e aquele que se identificava como o preferido pelo conjunto de países que guardavam alguma diferença mais séria com o outro bloco.

No entanto, o jogo de alianças da geopolítica é muito mais complexo do que se pode imaginar à primeira vista. Os exemplos são muitos. A China apoiou o Brasil nessa eleição, mas temos com esse país um potencial futuro de muitas disputas no campo das trocas comerciais.

O Paraguai, apesar da identificação regional com o Mercosul, votou contra Azevedo em função da discordância do novo governo local quanto ao apoio de nossa diplomacia ao ex presidente deposto, Fernando Lugo.

O fato inquestionável é que o resultado final revela uma fotografia bastante adequada do processo de insatisfação da maioria dos 159 membros da organização quanto ao rumo que a direção da mesma vinha imprimindo à agenda multilateral do comércio internacional até o presente momento. 

Não é por acaso que dois representantes de países do mundo em desenvolvimento tenham chegado à disputa final. Ainda que o candidato derrotado contasse com o apoio explícito dos países mais ricos do planeta, não deixava de ser significativo que fosse natural, ele também, de uma nação da América Latina.

Porém, é importante que esse resultado não seja recebido com um otimismo ingênuo. Não há espaço para se trabalhar com a possibilidade de melhoria imediata da ação brasileira no domínio das relações econômicas internacionais. 

O “timing” do jogo e das articulações da diplomacia é completamente diferente do tempo da política interna dos países. As agendas em debate e de implementação pela OMC obedecem a um ritmo bastante lento, uma vez que os interesses econômicos e geopolíticos envolvidos são enormes. 

Desde os tempos de vigência apenas do Acordo Geral de Tarifas e Comércio em 1947 (GATT, da sigla em inglês) até a fase posterior à constituição formal da organização em 1995 (a partir da recomendação da Rodada Uruguai, ocorrida entre 1986 e 1994), os avanços foram bastante vagarosos. 
Aliás, o que é perfeitamente compreensível, em se tratando de movimentos complexos e contraditórios no jogo de interesses econômicos conflitantes no cenário internacional. 

Os grandes temas são lançados em processos de ampla consulta junto aos países membros, as chamadas rodadas. E como não há mecanismo de imposição possível, o que se busca sempre é o consenso mais amplo possível, quando não a unanimidade.

Por outro lado, não custa relembrar que Roberto Azevedo não foi indicado para defender os interesses brasileiros. E esse ponto precisa ficar bastante claro, ao contrário do que deixam transparecer alguns artigos nos grandes meios de comunicação. É óbvio que sua presença nos é mais conveniente do que qualquer outro secretário geral, mas não devem caber ilusões nesse jogo pesado das nações. 

A margem de manobra do ocupante do posto máximo é bastante exígua e o mesmo é obrigado a seguir de perto o sentido e as sutilezas da correlação de forças entre os países a cada instante. Assim, por exemplo, é impossível evitar que as conjunturas de crises de natureza econômica e financeira na esfera global – como a atual, por exemplo – contribuam para retrocessos em termos das pautas de liberalização comercial no campo dos países desenvolvidos. Ou, então por outro ângulo, é inevitável que as questões envolvendo as reclamações e os pleitos da maioria dos países contra as práticas comerciais agressivas patrocinadas pela China venham à tona no horizonte próximo.

As atribuições delegadas à OMC limitam-se à defesa de determinados princípios de prática de comércio internacional. Isso está na base da sua própria criação, uma vez que foi constatado que não bastava anunciar por todos os cantos a defesa da liberdade de exportar e importar. 

Ficou claro que os países sempre teriam algum mecanismo para burlar esse quadro e defender seus próprios interesses nacionais em primeiro lugar. 
Assim, caberia à ONU criar um sistema específico contra o protecionismo, com instrumentos de pressão e constrangimento aos países que não respeitem as regras previstas nos acordos. 

E aqui entram temas bastante delicados, tais como: 

i) barreiras fitossanitárias; ii) compras governamentais; iii) cotas para produtos importados; iv) subsídios implícitos ou explícitos à produção nacional; v) impostos sobre produtos importados; vi) prática de “dumping”, entre outros. Para uns, defesa legítima de interesses soberanos. Para outros, meras desculpas para justificar práticas protecionistas.

Como se pode imaginar, os procedimentos para averiguar e confirmar tais políticas consideradas como “protecionismo comercial” são muito sutis e demorados. Os processos formais são caros e as instâncias de deliberação no interior da OMC dependem de etapas protocolares, com espaço para acusação e defesa das partes envolvidas, levando a decisões que podem levar décadas até a sentença final. 

E que podem contar ou não com a concordância ou boa vontade por parte do país “condenado”. Foi o caso, por exemplo, das ações brasileiras contra as práticas protecionistas dos Estados Unidos no caso das nossas exportações de suco de laranja ou de algodão. Semelhante foi o processo contra as barreiras alfandegária da União Européia contra as nossas exportações de açúcar. 

Ou então do questionamento da maioria dos países do chamado Terceiro Mundo quanto aos mecanismos de subsídio concedidos pelos países europeus às respectivas atividades agrícolas.

A agenda da OMC está praticamente paralisada com a chamada Rodada de Doha (iniciada em 2001 e ainda não concluída), quando os países do mundo em desenvolvimento tentavam impor elementos de uma pauta de trocas internacionais que incorporasse também os aspectos das desigualdades e disparidades regionais. 

Os países ricos, por seu turno, propunham a ampliação da liberalização comercial também para o setor de serviços, estratégia que seria prejudicial para a maioria dos países mais pobres. Ou seja, trata-se de jogo de difícil solução e conclusão. Essa contradição estava na base dos poucos avanços obtidos desde o início. 

Além disso, à natural e compreensível resistência dos países desenvolvidos somou-se a emergência da crise econômica e financeira internacional. As portas se fecharam a qualquer tipo de diálogo, em razão dos problemas domésticos que se aprofundaram.

Destravar os impasses da negociação parece ser o grande desafio que se coloca para a OMC nos próximos tempos. À medida que começam a surgir os primeiros sinais de recuperação da atividade econômica nos países ricos, abre-se espaço para que os temas da Doha voltem à mesa de negociação. Em tese, esse deve ser um dos primeiros pontos com que Azevedo deverá se defrontar ao longo de sua gestão, como ele mesmo já adiantava em sua página de candidato na internet.

No entanto, apenas retomar a agenda atualmente bloqueada não é suficiente. A grande dificuldade continua sendo a busca dos pontos de consenso entre países com interesses tão díspares nas trocas internacionais. 

A começar pela própria China, que teve seu peso sensivelmente elevado no comércio mundial ao longo dos últimos anos e não deverá aceitar tão facilmente as propostas de revisão de suas práticas comerciais agressivas e lesivas à maior parte de seus parceiros, dentre eles o próprio Brasil.    

 Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

Azevêdo colocará a China, pela 1ª vez, em uma das 4 vice-diretorias da OMC

 
 
 
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, deve indicar a China para uma das quatro vice-diretorias da entidade. 

Esta será a primeira vez que Pequim ocupa um cargo no alto escalão da OMC.  

As outras vagas devem ficar com a África, de onde veio mais de um terço dos votos que elegeram Azevêdo, EUA e Europa, que não votaram nele, mas não o bloquearam.

O governo da China considera um triunfo para as economias emergentes a nomeação do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo como diretor-geral da OMC.

"A designação de Azevêdo é algo que merece ser celebrado por ser a primeira vez que um candidato dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) alcança o cargo máximo na OMC", afirma uma nota da agência estatal Xinhua.

"A nomeação demonstra mais uma vez o fato amplamente reconhecido de que as economias emergentes estão desempenhando um papel cada vez mais importante nas atividades econômicas globais", completa.
A agência chinesa destaca que o brasileiro enfrentará uma tarefa difícil ante o protecionismo generalizado para forjar consensos.

Embora tenha mantido mistério durante a campanha, a China tornou clara a preferência pelo brasileiro na rodada final da votação, quando a candidatura de Azevêdo ficou identificada com os países emergentes.

"O embaixador Azevêdo é a pessoa perfeita para avançar com a Rodada Doha e colocar o multilateralismo no centro das relações comerciais", disse Chai Xiaolin, chefe do departamento de OMC no ministério do Comércio chinês.

A ênfase dada à Rodada Doha, a negociação de um acordo de comércio global lançada em 2001, não impediu a China de se lançar em busca de acordos bilaterais de livre comércio.
A China tem acordos desse tipo com 16 países, o mais recente deles assinado com a Islândia, há três semanas.

A última tentativa de destravar a rodada fracassou em 2008, quando um desacordo sobre importações agrícolas contrapôs países desenvolvidos, com os EUA à frente, e em desenvolvimento, encabeçados por Índia e China.

A divisão voltou a se manifestar na seleção do novo diretor-geral da OMC, em que o brasileiro saiu vitorioso sem o apoio dos EUA e da União Europeia. 

Para a China, porém, Azevêdo é capaz de reduzir as diferenças.
"Ele tem todas as qualificações para servir como ponte entre todas as frentes. O avanço da Rodada Doha é um interesse comum a todos os países", disse Chia.
Fonte: redação com agências.