quinta-feira, 11 de julho de 2013

INDÚSTRIA ‘HALAL’ EMPREGA REFUGIADOS MUÇULMANOS





O perfume de especiarias preenche o ambiente. Ayeda Lotfi Qodiseh cozinha. Os filhos e o marido acompanham o futebol pela televisão. De um cômodo a outro da casa de madeira, Ali, o filho do meio, anda e conversa aos berros com a mãe enquanto coloca os pratos na mesa. Samir, o marido, sentado no sofá, pede o isqueiro para Ammar, o primogênito, que lhe entrega, sem tirar os olhos da tela. Doha, a caçula, sai do quarto. A família tem visitas. Sarmad e Yamen, jovens de 20 e poucos anos, vieram para ver o jogo. Vão ficar para o jantar.

A cena poderia ser um retrato do cotidiano nos subúrbios de Bagdá. Mas as araucárias que se veem pela janela e, é claro, o exaltado locutor brasileiro da partida entre Palmeiras e Internacional denunciam que estamos no Brasil.

Um Brasil de sotaque árabe, onde, todos os dias, em média, 570 mil aves são abatidas em nome de Alá. Com pouco mais de 35 mil habitantes, Dois Vizinhos, no Paraná, já ganhou fama como a capital nacional do frango. Sua economia, baseada na avicultura, é a consolidação de um processo econômico de 30 anos, que trouxe, aos poucos, novos ingredientes à já plural formação cultural da cidade. Gaúchos descendentes de italianos que subiam para colonizar o oeste paranaense foram os primeiros a se fixar ali. Em seguida vieram os alemães, de Santa Catarina, os poloneses, oriundos de colônias mais ao sul, e os japoneses, que desciam do norte do estado.

O aumento na demanda de importação de carne de frango pelos países árabes nos anos 1980 gerou uma oportunidade para o setor. Assim como outros frigoríficos espalhados no Brasil, a empresa alimentícia sediada em Dois Vizinhos adaptou sua planta à exportação ao Oriente Médio. Para que o negócio seja efetivado, as aves devem ser sacrificadas de acordo com um conjunto de regras islâmicas que categoriza o alimento como halal, “ou seja, lícitos, liberados”, me explica o moçambicano Cubilas Juma Ibraim, o xeque da mussala de Dois Vizinhos, uma sala de orações que faz as vezes de mesquita. “As aves têm de estar viradas para Meca, e a pessoa que realiza o abate deve ser um homem muçulmano, que pronuncia a palavra bismillah [‘em nome de Deus’] toda a vez que sua faca tira a vida de um animal”, completa Imad Ismail, supervisor, em Dois Vizinhos, do Departamento de Halal do Centro de Divulgação do Islã na América Latina, que presta consultoria para o frigorífico.

A necessidade de homens muçulmanos para o halal trouxe os primeiros islamitas à cidade. Hoje, por volta de 50 estrangeiros, vindos de Palestina, Iraque, Jordânia, Líbano, Síria, Egito ou de países da África subsaariana, como Sudão, Costa do Marfim, Burkina Faso, Congo, Guiné e Senegal, estão contratados. Há também um número pequeno do Paquistão, de Bangladesh e, claro, do Brasil – alguns deles convertidos há pouco tempo. A maioria está em Dois Vizinhos como imigrante. Muitos, porém, tiveram a condição de refugiados reconhecida. Eles comprovaram que as razões para deixar os países de origem foram perseguição política, religiosa ou conflitos armados. Segundo o Ministério da Justiça, existem no Brasil, hoje, 4 500 refugiados.

A família Qodiseh está nessa lista, e viveu uma odisseia para chegar a Dois Vizinhos. Sentados na sala, enquanto tomamos café, servido em pequenas xícaras sem alça, Ali ajuda o pai, Samir, servindo-lhe de intérprete.

Filho de um palestino refugiado em Bagdá, Samir nasceu em 1953. Em 2003, a guerra no país colocou a família de novo em movimento. Assim como outros conterrâneos no Iraque após a queda do regime de Saddam Hussein, os Qodiseh corriam riscos com a onda de violência sectária por parte de milícias iraquianas. Ele e a esposa venderam tudo e partiram de Najaf, onde viviam, no interior, em direção à Jordânia. Ainda como refugiados palestinos – mesmo que fossem nascidos dentro de seu território, o Iraque não concedia cidadania aos palestinos –, os Qodiseh cruzaram a fronteira e se estabeleceram no campo jordaniano de Ruwaished, a 70 quilômetros do Iraque, sob a tutela das Nações Unidas.

Khaled Qodiseh, irmão de Samir, fez o mesmo em Bagdá, onde morava com a esposa, Ikhlas, e seus quatro filhos. Ao cruzar a fronteira entre o Iraque e a Jordânia, o primeiro grande problema apareceu. Por ser iraquiana, Ikhlas não podia ser aceita no campo. Durante seis meses, a família foi obrigada a ficar em outro acampamento, da Cruz Vermelha. Dois anos se passaram até que Khaled conseguisse se juntar ao irmão.
À espera de um destino, as famílias viveram todo esse tempo em barracas de lona. As temperaturas atingiam os 50ºC durante o dia. À noite, o frio imperava. Tempestades de areia e infestações de escorpião eram problemas cotidianos. Aos poucos, o campo de Ruwaished foi sendo evacuado até sua extinção, em dezembro de 2007. Ali Qodiseh, hoje com 20 anos, tinha 15. Sua prima Farah, filha de Khaled, tinha 5.

Em 10 de setembro de 2007, os Qodiseh deixaram a Jordânia. A família fez parte dos últimos 108 palestinos que foram trazidos de lá ao Brasil pelo programa Reassentamento Solidário, do Comitê Nacional para Refugiados, o Conare, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, em parceria com o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, o Acnur. O programa é dedicado ao atendimento especial de refugiados que já estiveram em outros países, ou seja, que receberam um primeiro refúgio antes de chegar ao Brasil. Aqui, foram levados a Mogi das Cruzes, em São Paulo, onde, por meio de uma organização não governamental, receberam documentos, aulas de português e apoio financeiro. A primeira oportunidade de trabalho surgiu para Ammar Qodiseh e seu primo Mohammed. Os dois jovens foram pioneiros em Dois Vizinhos. Os pais de ambos, os irmãos Samir e Khaled, se juntaram a eles depois de uma tentativa frustrada de se estabelecer em Chuí, no Rio Grande do Sul.

Pergunto aos Qodiseh o que acharam da cidade quando chegaram. A resposta é direta: muito tranquila, mas difícil para os estrangeiros. Ali, que já carrega o sotaque cantado dos paranaenses, conta sua história emblemática do dia em que um garçom de uma lanchonete lhe pediu para que parasse de conversar com os amigos em árabe, pois isso incomodava os outros clientes. Após um silêncio enfático, Ali sublinha com o olhar quão ofensivo isso lhe pareceu.

Ayeda, a mãe, fala que sente falta do convívio com outros moradores. “No Iraque, as pessoas se visitam muito. Moramos nesta casa há três anos, mas só começamos a conversar com uma das vizinhas após a morte de seu marido”, diz ela.

Dois Vizinhos é uma cidade jovem. Fundada em 1961, o conjunto arquitetônico é composto por belas casas de madeira, com pequenos jardins bem cuidados, onde as famílias se reúnem para o chimarrão nos fins de tarde, e residências de alvenaria e prédios de dois ou três andares nada charmosos – sintoma do progresso econômico. O comércio do centro é agitado. Os carros fazem filas na avenida principal e, às vezes, competem por espaço com uma ou outra charrete. Aos domingos, jovens montados em caminhonetes brilhantes circulam com música sertaneja em volume alto pelas ladeiras.

Em um conjunto de sobrelojas de um bairro afastado, o Igrejinha, vive a maioria dos estrangeiros não árabes que trabalham no abatedouro. Nos horários de troca de turno, é comum ver homens negros de quase 2 metros de altura caminhando pela longa rua em declive que se origina no alto do morro, onde está o frigorífico.

Encontro o senegalês Cheikh Beye à porta de um dos apartamentos, ao lado de uma loja que expõe fogões a lenha na calçada. Vestido com o uniforme da seleção de futebol do Senegal, Beye me cumprimenta sem levantar os olhos. Assim como outros encontros com africanos em Dois Vizinhos, ele a princípio se recusa a compartilhar sua história. Mas a presença de Ali Qodiseh, meu guia na cidade, aos poucos alivia a desconfiança.

Em 2009, com 30 anos, conta ele, em um português arrastado, Beye deixou a esposa em Dacar, capital de seu país, para buscar trabalho em São Paulo. Na metrópole, foi absorvido pelo comércio informal da rua 25 de Março. Dois anos depois, cansado de perder mercadoria para os fiscais, ele decidiu aproveitar a indicação de um amigo senegalês para trabalhar em um abatedouro no Paraná. Os planos de Beye incluem ficar no Brasil, mas não em Dois Vizinhos. “Em São Paulo, você se sente parte da multidão. Aqui, não. O ônibus pode estar lotado que ninguém se senta a nosso lado, mesmo se só tiver aquele lugar vago.”

Um pequeno livro, Português para Falantes de Árabe, repousa em uma mesa na casa de Ikhlas Qodsieh. Ela esforça-se para contar sua história em português, mas logo pede socorro à filha Farah Qodiseh, de 12 anos, que domina com fluência os dois idiomas.

Khaled, marido de Ikhlas, tinha problemas cardíacos. Quando chegaram a Dois Vizinhos, buscaram acompanhamento médico, mas não conseguiram realizar o exame pelo sistema público de saúde brasileiro. Khaled contatou o escritório da Acnur em Brasília para pedir ajuda financeira e recorrer a clínicas particulares. A garota, então com 7 anos, era a única que falava e compreendia nosso idioma. Farah conta, com veemência, que, meses depois, seu pai “não foi ao médico, teve um infarto e morreu”. A informação é confirmada em um aceno de cabeça de Ikhlas.

Segundo o Acnur, Khaled recebeu todo o apoio possível dentro das condições do programa Reassentamento Solidário – que atua por mais tempo com os refugiados realocados mais de uma vez (portanto mais vulneráveis) do que com aqueles que estão em seu primeiro asilo. Como Dois Vizinhos está fora da área de atuação de uma associação parceira – a mais próxima é a Associação Antônio Vieira, de Porto Alegre –, o acompanhamento de situações particulares é mais difícil. “Em um país do tamanho do Brasil, fica impossível ter logística e recursos para atender a todas as demandas. Por isso, recomendamos que permaneçam próximos às regiões em que haja uma instituição parceira”, diz Andrés Ramirez, representante do Acnur no Brasil.

Após o término dos benefícios do programa em 2011, Ikhlas conta com a ajuda dos filhos, e vive com as filhas Farah e Hanan, de 21 anos, que trabalha, estuda e faz cursos profissionalizantes – sua jornada de três períodos impede que eu a encontre em sua casa. Farah, porém, está sempre com a mãe. Sorridente, traz, orgulhosa, o boletim do colégio enquanto conta que quer ser médica. Ao lado das notas do terceiro bimestre, sua caligrafia, ainda infantil, declara: “Passei!” O único espaço em branco é ao lado da matéria de ensino religioso. “Mas essa não vale nota”, diz.

Quando transcrevo o nome da garota em meu bloco de anotações e mostro para Ikhlas conferir a grafia. Ela confirma: “Farah. ‘Alegria’”.

O jantar está quase servido. Na casa da família Qodiseh, o clima é de festa. Ammar provoca Ali com sua camisa vermelha do Internacional. O time vence o Palmeiras por 2 a 1. Doha vem do quarto observar os últimos minutos da partida. Os jovens Sarmad e Yamen, no Brasil há pouco, interagem menos. Ainda não tiveram tempo de ser arrebatados pelo culto ao futebol brasileiro. Samir, o pai, observa a movimentação sentado no sofá. E fuma, quieto.

Ayeda Qodiseh põe os pratos na mesa: biryani, um arroz cozido com especiarias, macarrão, frango, batata, amendoim e ervilha. O iogurte é caseiro, e serve tanto para cobrir o biryani quanto como bebida, em versão mais líquida, batida no liquidificador com um pouco de sal.

Repetimos os pratos. Dona Ayeda está satisfeita com a casa cheia. Só depois de todos comerem, ela se senta à mesa. Sorri e murmura algo para o filho traduzir. Ali, com seu inconfundível sotaque paranaense, diz: “Piazada, esta casa é de vocês! As portas estão sempre abertas”.

Confirmo, então, a frase que li em um panfleto que me foi entregue na mussala de Dois Vizinhos. “O profeta disse: ‘Não é um crente aquele que enche seu estômago enquanto seu vizinho está com fome’.” E, em meio aos perfumes e às vozes que tanto viajaram, degusto meu café e a hospitalidade árabe nos rincões do Paraná.
Fernando Honesko
(NatGeo Brasil – 04/07/2013)

ESTRANGEIROS REDESCOBREM O NORDESTE


O Nordeste vem se consolidando, cada vez mais, como o principal destino de quem chega ao Brasil em busca de oportunidades de emprego; de acordo com o Ministério do Trabalho, o volume de vistos concedidos a profissionais tendo a região como destino cresceu 310% entre 2010 e 2012, enquanto a média nacional subiu 21%; em números absolutos, os estados nordestinos atraíram 4.635 trabalhadores, acima da Região Sul (3.553); o Sudeste ainda segue bem à frente, com 57.573 vistos concedidos.

O Nordeste vem se consolidando, cada vez mais, como o principal destino de quem chega ao Brasil em busca de oportunidades de emprego. De acordo com o Ministério do Trabalho, o volume de vistos concedidos a profissionais tendo a região como destino cresceu 310% entre 2010 e 2012, enquanto a média nacional subiu 21%. Em números absolutos, os estados nordestinos atraíram 4.635 trabalhadores, acima da Região Sul (3.553). O Sudeste ainda segue bem à frente, com 57.573 vistos concedidos neste período.

Em relação aos imigrantes europeus, por exemplo, os dados apontam que esses imigrantes (pessoas físicas) investiram quase R$ 150 milhões na Região Nordeste, em 2012, acima das aplicações no Sudeste (R$ 115 milhões). O mercado imobiliário é o setor predileto desses investidores. “São muitos investidores de países como Espanha e Portugal. Pessoas com alguma reserva financeira e que, com medo da crise, enxergam boas possibilidades por aqui”, observa o sócio da consultoria Emdoc, especializada em expatriados, Fabiano Kawai.

Mas não é só o crescimento econômico e nem a chegada de multinacionais que colocam a Região Nordeste como a que mais cresceu em relação ao número de vistos concedidos. A outra sócia da Emdoc, Ana Catarina Mousinho, afirma que a expectativa de melhor qualidade de vida também é outra questão levada em conta pelos estrangeiros.

Um outro sócio da empresa, Fabiano Kawai, explica, em entrevista ao jornal Valor Econômico, que a possibilidade de investimentos em energia eólica é o que mais tem atraído os espanhóis, por exemplo, em consequência do potencial de ventos do Nordeste, que passou a receber mais aportes na fabricação de equipamentos geradores deste tipo de energia, como torres e pás.

No caso dos italianos e americanos, Kawai afirma que a instalação da fábrica da Fiat, em Goiana, Zona da Mata Norte pernambucana, é o que mais tem levado esses estrangeiros a desembarcarem em Pernambuco. Além disso, japoneses também têm se transferido para o Estado por conta do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), que tem como sócia a empresa Ishika-wajima-Harima Heavy Industries (IHI).

No Ceará, a siderúrgica de Pecém, sociedade entre a Vale e as empresas coreanas Dongkuk Steel e Posco, resultou em uma mini comunidade asiática naquele estado. Já em Sergipe, os principais estrangeiros são os egípcios, por conta de exploração de petróleo no litoral sergipano. E, devido à atração de estrangeiros por esses estados e por toda a Região Nordeste, a Emdoc abriu, em janeiro, uma filial em Recife (PE). “Não dava mais pra atender essa demanda a distância”, declara Kawai.

(Brasil 247 – 08/07/2013)

Após saída de ministros, pai de Eike Batista deixa conselho de empresa


Do UOL, em São Paulo

  • Daniel Marenco/Folhapress
    6.abr.2012 - O empresario Eike Batista e a presidente Dilma Roussef, junto com o pai do empresario, Eliezer Batista, em evento de celebracao do inicio da producao de petroleo da OGX 6.abr.2012 - O empresario Eike Batista e a presidente Dilma Roussef, junto com o pai do empresario, Eliezer Batista, em evento de celebracao do inicio da producao de petroleo da OGX
Quatro executivos deixaram nesta quarta-feira (11) o conselho do estaleiro OSX, de Eike Batista. Dentre eles, está o pai do empresário, Eliezer Batista, que ocupava a vice-presidência do órgão.

No final de junho, os ex-ministros Pedro Malan (Fazenda), Rodolpho Tourinho Neto (Minas e Energia) e Ellen Gracie (Supremo Tribunal Federal) já haviam deixado o conselho de administração da OGX.
Eliezer Batista já foi ministro de Minas e Energia, durante o governo João Goulart, e presidente da mineradora Vale.
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Veja fatos e curiosidades da trajetória de Eike Batista78 fotos

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FILHO DE ELIEZER BATISTA - Seu pai, Eliezer Batista (foto), foi ministro de Minas e Energia do governo do presidente João Goulart (1961-1964) e presidente da Vale por dez anos, durante a ditadura militar. Mais tarde, assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992). Foi também membro do Conselho Coordenador das Ações Federais no Rio de Janeiro, órgão ligado à Presidência da República, durante o segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (1998-2002) Reprodução
 
Ontem, os conselheiros independentes - isto é, não vinculados ao controlador - Samir Zraick, Luiz Pereira e Rodolpho Tourinho também renunciaram. Os três também abandonaram os cargos que ocupavam no conselho da petroleira OGX, empresa "irmã" do estaleiro.

Com isso, o conselho da OSX ficou apenas com dois membros: o próprio Eike Batista e Aziz Ben Ammar. De acordo com o estatuto da companhia, o órgão deve ser formado por pelo menos cinco membros, dos quais 20% independentes. A OSX informou que convocará assembleia extraordinária para deliberar sobre novos conselheiros.

Com a falta de resultados e o pessimismo em relação ao futuro do grupo EBX, o mercado vem castigando as ações das empresas de Eike Batista na Bolsa de Valores.
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Crise de Eike Batista vira piada nas redes sociais41 fotos

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Em 2011, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, Eike Batista disse que se tornaria o mais rico do mundo até 2015. De lá para cá, suas empresas deixaram de cumprir cronogramas e de atingir metas, as ações das empresas do grupo EBX vêm perdendo valor na Bolsa e, consequentemente, a fortuna do brasileiro vem encolhendo. O império do bilionário enfrenta uma crise de confiança no mercado, o que virou motivo de piadas em redes sociais Reprodução/Twitter

Eike reduziu fatia na OGX em junho

Eike Batista reduziu sua participação na OGX em junho, e sua fatia da empresa passou para 57,18%, segundo informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A participação anterior de Eike era de 58,92%.

Foram realizadas operações de venda, entre os dias 7 e 13 de junho, de 56,16 milhões de papéis em um total de R$ 75,37 milhões.

Em 13 de junho, Eike havia dito que não tinha intenção de vender em Bolsa mais ações da sua petroleira, após se desfazer de papéis da companhia no fim de maio, o que na ocasião aumentou a desconfiança de investidores sobre a empresa.

Desde o ano passado, as campanhas exploratórias da OGX têm obtido resultados muito inferiores ao estimados pela companhia. 

No começo do mês, a empresa suspendeu três campos de petróleo, parou a construção de cinco plataformas e avisou que não investiria mais no aumento da produção dos poços do campo de Tubarão Azul, que pode parar de extrair petróleo em 2014.
(Com agências)

Em dia de "greve geral", SP registra congestionamento abaixo do normal

 
 
 
 
 
 
Por Raphael Di Cunto | Valor


SÃO PAULO  -  A “greve geral” convocada pelas centrais sindicais para esta quinta-feira não parou trens, ônibus nem metrô. No entanto, fez com que o trânsito da cidade de São Paulo registrasse média muito abaixo do normal para uma manhã de quinta-feira.

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), às 10h, havia 8 km de congestionamento na cidade. O normal para esse horário é de 60 km a 94 km.

O pico da manhã, às 9h30, foi de 12 km de congestionamento. O normal é que o trânsito neste horário fique entre 68 km e 102 km.

A pior via da cidade, às 10h, era a avenida Robert Kennedy, na zona sul da cidade, onde ocorria um protesto da Força Sindical. A via registrava 1,6 km de congestionamento, também muito menos do que tradicionalmente ocorre.

De acordo com a CET, o baixo índice de congestionamento ocorre pela redução no número de veículos – a companhia ainda não tinha uma estimativa. Parte das empresas liberou seus funcionários de irem ao trabalho diante da ameaça de greve geral dos transportes, que acabou não ocorrendo.

O principal ato em São Paulo será, às 12h, na Avenida Paulista, importante via da cidade, com reunião das oito centrais sindicais e dos movimentos sociais que organizam o protesto para pressionar a presidente Dilma Rousseff a dar andamento à pauta de reivindicação dos trabalhadores.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

EUA exigem que equipamentos de rede possam ser monitorados


 
Os americanos não precisam de acordo com as teles brasileiras para acessar os dados que trafegam nas redes do Brasil. Isso porque, para ser vendido no mercado americano, todo e qualquer equipamento capaz de trafegar dados deve seguir as regras da Communications Assistance for Law Enforcement Act (CALEA), segundo a qual os equipamentos devem ter uma funcionalidade que permite ao governo norte-americano interceptar os dados que trafegam por ele. 

A informação é do site Teletime, que ouviu engenheiros das empresas de telecomunicações. Segundo o site, nenhuma operadora brasileira coloca limitações à contratação de equipamentos que atendam às regras do CALEA, e nem têm nenhuma forma de controlar se os equipamentos estão sendo monitorados remotamente.

A CALEA foi aprovada em 1994 no governo do presidente Bill Clinton, e visava aumentar a capacidade das agências de inteligência de conduzir vigilância eletrônica exigindo dos fabricantes de equipamentos facilidades de vigilância que permitam ao governo monitorar todo o tráfego telefônico.  A lei americana exige que possam ser coletados os metadados das comunicações, ou seja o dia, a hora, remetente e destinatário das comunicações e endereço IP, quando não for uma chamada telefônica. Um diretor de tecnologia de uma operadora, acrescenta, entretanto, que é possível descobrir o conteúdo do que se trafega nas redes, se o monitoramento estiver sendo feito naquele momento.

Outro ponto que pode ser uma porta aberta para a espionagem dos EUA, segundo apurou o Teletime, é o fato de que boa parte da comunicação da internet brasileira desaguar em servidores instalados nos EUA. 

Se o ministro Paulo Bernardo erra o alvo ao mandar a Anatel investigar as teles, talvez ele acerte quando suspeita das conexões com os servidores estadunidenses. Em declaração à imprensa nesta segunda, 8, Bernardo levantou a hipótese de que o monitoramento possa ter ocorrido por meio dos cabos submarinos e reconheceu que o acordo com as teles daqui seria "mais complicado", já que a Constituição garante sigilo da comunicação.

Outra informação relevante apurada pelo Teletime junto a fontes de operadoras é que hoje um volume muito pequeno do tráfego de dados é criptografado. "Em geral, as operadoras só criptografam alguns canais corporativos quando isso é solicitado pelo cliente", diz um diretor de engenharia. Isso porque a criptografia consumiria recursos e tornaria o processamento dos dados mais lento, e não existe razão para fazer isso. Segundo esse engenheiro, isso seria mais um fator "facilitador" para que o governo norte-americano, por meio do acesso privilegiado que tem aos equipamentos "CALEA compliance".

Segundo a análise dos especialistas ouvidos pelo Teletime, é improvável que todas as comunicações sejam monitoradas em relação ao conteúdo. "Isso exigiria derivar o tráfego todo para algum servidor para serem posteriormente analisados, o que comprometeria o desempenho do sistema e certamente nós ficaríamos sabendo", diz um técnico. 

O que é mais provável que aconteça, diz essa fonte, é a análise dos metadados, ou seja, os logs de acesso. "Isso pode ser obtido com mais facilidade", diz. Mas esse analista reconhece que todas as operadoras têm equipamentos que permitem o chamado "deep package inspection", justamente para acompanhamento do desempenho da rede e análise do perfil de tráfego. Esse tipo de equipamento permite, com mais facilidade, uma visão melhor sobre o conteúdo do que é trafegado.   Fonte: http://www.teletime.com.br
 

Mercosul: Maduro diz que trabalhará para a reintegração do Paraguai


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que está disposto a facilitar todos os processos institucionais para a reincorporação do Paraguai ao Mercosul. 

A partir do dia 12, a Venezuela assume a presidência pro tempore (temporária) do bloco regional e o fim da suspensão do Paraguai do grupo está previsto para agosto. Porém, Venezuela e Paraguai mantêm relações delicadas, pois os paraguaios criticam o ingresso da Venezuela ao Mercosul no período em que estavam suspensos.

“Colocamos a serviço do Paraguai a presidência venezuelana do Mercosul para todos os processos institucionais para sua reincorporação”, disse Maduro, no lançamento da Missão do Mercosul cujo objetivo é desenvolver a capacidade produtiva e exportadora da Venezuela. “Temos a mais boa vontade – e assim digo como presidente do Mercosul – de dar todos os passos em direção à reincorporação do Paraguai ao bloco”, completou. 
 
Em Brasília, o ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro, disse que apenas em agosto o Paraguai retornará ao bloco regional. Atualmente, a presidência do Mercosul está com o Uruguai. Na sexta-feira (12), os presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela) participarão da Cúpula do Mercosul em Montevidéu (Uruguai) para discutir os temas.  
 
O chanceler uruguaio reiterou que o fim da suspensão do Paraguai do Mercosul está condicionada à cerimônia de posse do presidente eleito, Horacio Cartes, em 15 de agosto. “O fim da suspensão tem de esperar até 15 de agosto”, ressaltou ele. O Paraguai foi suspenso do bloco, porque os líderes regionais concluíram que houve o rompimento da ordem democrática durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Lugo.  
 
Maduro disse ainda que o objetivo, na presidência temporária do Mercosul, é trabalhar para “facilitar o caminho em função da multiplicação e expansão das habilidades do Mercosul na América Latina e no Caribe”. Segundo ele, seu empenho será para a integração da Bolívia, do Equador, da Guiana e do Suriname ao bloco.
 
Fonte: Agência Brasil

Paralisação de estivadores impede que 13 navios descarreguem no Porto de Santos

 
 
 
Treze navios deixaram de ser descarregados nesta quarta-feira (10/7) no Porto de Santos em razão da paralisação dos estivadores do primeiro turno de trabalho (das 7h às 13h), segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
O trabalho foi retomado no turno que começou às 13h.

A Codesp informou que 22 navios que têm operações mecanizadas foram descarregados normalmente. É o caso, por exemplo, do carregamento de álcool e derivados de petróleo, que utilizam tubulações, e de grãos, como milho, trigo e soja, que são operados por esteiras.O movimento, organizado pelo Sindicato dos Estivadores de Santos, São Vicente, Guarujá e Cubatão, reivindica que a Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) volte a contratar os trabalhadores por produção, por meio do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), e não com vínculo empregatício.De acordo com César Rodrigues Alves, primeiro-secretário do sindicato, cerca de 500 trabalhadores aderiram ao movimento.

O sindicalista explica que eles preferem atuar de maneira avulsa porque ganham por produção e podem atuar em diferentes empresas."A Embraport começou a operar agora e havia um acordo de que eles seguiriam o regime de contratação que já é comum aqui, por meio do Ogmo, mas eles não estão cumprindo", explicou. Alves informou que haverá uma reunião na próxima sexta-feira (12) com a empresa, mas eles decidiram manter a paralisação para pressionar a negociação. 
 
A Embraport informou, por meio de nota, que a contratação de mão de obra pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) cumpre o que determina a nova Lei dos Portos. "É o regime que dá mais segurança e garantias ao trabalhador", apontou. Destacou ainda que, ao anunciar as vagas disponíveis para estivadores, está dando preferência aos que são cadastrados no Ogmo.
 
Segundo a empresa, até o momento, 13 trabalhadores foram contratados pelo regime celetista e 20 estão em processo seletivo.Para o diretor do sindicato, a mudança gera um "caos social na região", porque não existe, entre os profissionais do porto, uma cultura de vínculo empregatício. "Trocar um rendimento de até R$ 4 mil por cerca de R$ 1 mil não é vantagem.
 
Até poderíamos mudar para um regime de CLT, mas isso teria que ser dialogado durante um período com os sindicatos, para acertar salário, participação nos lucros, todas as garantias. Da forma que estão fazendo, não dá", criticou.Um novo protesto está marcado para amanhã (11) no Porto de Santos, inclusive com a adesão de outras categorias.
 
Eles participam do Dia Nacional de Luta, que contará com o envolvimento de diversas categorias em todo o país. Alves informou que a paralisação, inicialmente, ocorre somente no turno das 7h às 13h.  Fonte: Agência Brasil