segunda-feira, 22 de julho de 2013

Governo, através da internet, incentivará exportação de pequenas empresas



 
 
A Secretaria da Micro e Pequena Empresa da presidência da República aprovou a criação de um portal para articular mais de 7 milhões de CNPJs. Será o 1º passo para uma organização para a comercialização com empresas externas, afirmou o ministro Guilherme Afif Domingos (foto), titular da pasta.O ministro, que também é vice-governador de São Paulo, explicou que as empresas serão organizadas no portal Empresa Simples por faturamento em linguagem taxinômica (padronizada) e assim poderão se conhecer. O site, que tem previsão para ser lançado em breve, deve ajudar as empresas que querem exportar, pois funcionará como um catálogo das companhias nacionais.

Além do portal, o ministro lançou diretrizes básicas do seu ministério que tem a ver principalmente com a grande burocracia do país, que segundo ele é " a praga que mais perturba os pequenos". A primeira delas é a "janela única" para a abertura e fechamento das empresas, e que irá fazer as juntas comerciais como única porta de diálogo dos empresários e poder público. Dentro desta ideia de diminuição da burocracia, Afif anunciou que irá criar um CNPJ único nacional.

Segundo o ministro, apesar do sistema tributário Simples ter facilitado a tributação para as empresas de menor porte, o sistema precisa de ajustes. "A questão mais reclamada é a adesão de outros setores, principalmente de serviços. O tratamento do Simples tem que ser pelo porte da empresa e não pelo ramo em que ela está, portanto, este é um ponto fundamental que atinge não só a parte fiscal e tributária, mas também a parte burocrática das empresas", disse Afif.

Outra questão colocada por ele que deve ser revista é o limite de faturamento que uma empresa deve ter para fazer parte do sistema, que atualmente está em uma receita bruta de até R$ 3,6 milhões por ano. 

"A questão das empresas que ultrapassam o faturamento do Simples é um dos pontos em que estamos debruçados, os dados estatísticos ainda apontam que são poucas que estão neste caso, a gente sabe que o empresário não deixa chegar lá e já cria outra empresa para evitar o crescimento, estamos estudando se podermos ter uma tolerância maior para o tempo em que ela pode entrar ou sair sem ser punida", explicou. Ele disse que a regra do sistema permite que as empresas que exportam podem dobrar o valor máximo e portanto é uma forma de expandir sem sair do Simples.

Fonte: DCI – SP
 

Congresso internacional no Brasil foca software livre contra espionagem eletrônica

 
 
 
A utilização de softwares livres, ou seja, programas de internet com códigos abertos, que podem ser copiados e modificados por qualquer pessoa, pode ser uma opção para evitar problemas de espionagem como os que foram denunciados recentemente. A avaliação é do diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Marcos Mazoni (foto).

“O mundo do software livre é uma belíssima resposta a tudo isso que está acontecendo no mundo hoje. Se nós trabalhamos com códigos fechados, que não nos permitem saber o que estão fazendo, é muito mais propício a uma decisão desse fornecedor se vai nos espionar ou não. No mundo do software livre, a decisão passa para nós, muda de lado, passa para o mundo do usuário”, explica. Mazoni lembra que a implementação do software livre em plataformas de governos sempre teve como foco aumentar a segurança dos dados dos países.

Para debater essas e outras questões, o Serpro promove, de 13 a 15 de agosto, a sexta edição do Congresso Internacional Software Livre e Governo Eletrônico (Consegi), em Brasília. O tema deste ano é Portabilidade, Colaboração e Integração. “São temas muito atuais: estamos trabalhando com a lógica de que o mundo da tecnologia vai ter que suportar mobilidade, rede social, grandes quantidades de informações”, disse Mazoni.

O evento terá 50 oficinas e 150 palestras, com a participação de representantes de diversos países, entre agentes públicos, movimentos sociais, hackativistas, pesquisadores e estudantes para debater tecnologias que podem ampliar o acesso à informação e agilizar a prestação de serviços públicos.

O Consegi também irá prestar uma homenagem ao ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela. “Especialmente pela questão do respeito à individualidade e às diferenças. Associando a tecnologia à razão mais importante do ser humano que é o respeito. E colaboração só acontece com respeito”, diz Mazoni.

No ano passado, o evento reuniu cerca de 5 mil participantes, e a expectativa é que esse número se amplie para até 6 mil participantes neste ano. O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo site da organização . Entre as oficinas oferecidas estão edição de músicas e vídeos ou criação de aplicativos móveis e robôs com softwares livres. Fonte: Serpro

Alemanha quer investir mais no mercado brasileiro de óleo e gás



 
 
Quinto maior país a investir no Brasil, a Alemanha quer aumentar a sua participação no mercado nacional. A declaração foi de Sérgio Boanada (foto), presidente da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha (AHK-RJ) em evento realizado pela entidade, no Rio de Janeiro. 

O cônsul-geral da Alemanha no Brasil, Harald Klein e o vice-ministro Hans-Joachim Otto, falaram sobre a importância da parceria entre os dois países, principalmente com relação à troca de experiências e para o entendimento pelos alemães do funcionamento da indústria brasileira. 

"O mercado brasileiro é um verdadeiro desafio para nós, mas queremos estar mais presentes", afirmou Otto. 

Segundo ele, é preciso que o país acelere a execução dos projetos, além de um mercado cada vez mais aberto para a chegada de empresas estrangeiras, como as da Alemanha. Diretamente no setor de óleo e gás, o representante alemão falou das exigências de conteúdo local nos projetos. 

Para Heinz Sattler, da Onip, o conteúdo-local é o termo chave na indústria nacional, que tem até 2020 uma demanda de produtos e serviços para o setor de óleo e gás de US$ 400 bilhões. 
 
Fonte: AHK-RJ

Dificuldade de volta do Paraguai ao Mercosul é de política interna do país



 
 
A novela sobre o retorno do Paraguai ao Mercosul tinha data para acabar. 
 
Na Cúpula de Montevidéu, realizada na semana passada, Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela decidiram colocar ponto final na suspensão do país no bloco a partir do momento em que o presidente eleito, Horacio Cartes (foto), tomasse posse, em 15 de agosto.

Diferentemente do que havia dito na campanha eleitoral, porém, Cartes recuou e passou a exigir, para o retorno paraguaio, que a presidência do Mercosul não fosse exercida pela Venezuela. Caracas foi incorporada ao grupo após o início da sanção ao Paraguai, em junho de 2012.

O que está por trás do recuo de Cartes? Todos os presidentes do Mercosul elogiaram a transparência do pleito paraguaio, em abril deste ano, e parabenizaram o novo líder pela vitória (mesmo com o parecer contrário de alguns observadores internacionais). Até mesmo o venezuelano Nicolás Maduro, que é considerado persona non grata no Paraguai, declarou que pretende fazer o possível pela reintegração. Nenhuma nova rusga foi criada.

A nova posição de Cartes está relacionada com a política interna paraguaia. O Partido Colorado, que volta ao poder após cinco anos, não quer iniciar seu governo sob as fortes críticas do Partido Liberal. 
 
Apesar de as duas forças serem as maiores do país, elas costumam se aliar, como aconteceu no caso do golpe contra o presidente Fernando Lugo, em junho de 2012. Ao recusar um retorno imediato ao Mercosul, Cartes respalda o posicionamento do atual presidente, Federico Franco, e adota uma posição conciliadora com o adversário-aliado. 

Além disso, o Partido Colorado tem como base eleitoral a parcela mais rica da população do país, contrária ao Mercosul. Defensora do golpe, a elite paraguaia ficou ofendida pela suspensão no bloco, apesar de não ter sentido na pele os efeitos da sanção. Isso porque o Paraguai não teve qualquer prejuízo financeiro no período em que está fora do Mercosul. Pelo contrário: o país aumentou o comércio com países vizinhos nos últimos 12 meses.

Essa é uma das críticas que diplomatas brasileiros têm feito sobre a atuação do Mercosul. Sem sanções financeiras, o Paraguai não tem pressa para voltar às reuniões do bloco. A partir de agosto, pode-se apresentar um cenário esdrúxulo: a suspensão ao Paraguai é encerrada, mas o governo do país segue sem participar das reuniões.

Assim, o comércio paraguaio com Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela deve continuar crescendo, aproveitando-se das tarifas preferenciais, e Cartes aguardaria o fim da presidência venezuelana para retornar ao Mercosul no começo de 2014. A decisão ficaria de bom tamanho para colorados e liberais no Paraguai.

Resta saber se a decisão agradará os outros sócios do bloco, que, publicamente, defendem a reintegração imediata a qualquer custo. A conta poderá ser paga por Equador e Bolívia, interessados em ingressar no Mercosul e que deverão ter seus processos de adesão arrastados pelo Paraguai.  
 
Fonte: Opera Mundi  

Sul fluminense recebe mais de US$ 9 bilhões de investimentos estrangeiros


 
 
 
Sul Fluminense — região integrada por municípios como Resende, Itatiaia, Porto Real e Volta Redonda — prossegue recebendo investimentos externos já totalizam  mais de R$ 9 bilhões para o período de 2010 a 2016.

A informação é da Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico do Rio, acrescentado que neste momento mais de 16 mil empregos diretos estão sendo gerados na região.

Nissan: a empresa japonesa constrói uma fábrica de R$ 2,6 bilhões em Resende para produção de carros. Obras devem terminar em 2014. Hyundai Heavy Industries: o grupo coreano implanta a sua primeira fábrica de máquinas pesadas  fora da Ásia foi inaugurada em abril, após investimentos na primeira etapa, já em operação de mais de R$ 600 milhões.

PSA Peugeot Citroën: as montadoras francesas têm planos de investimento de R$ 3,8 bilhões, para o período de 2010 a 2015, incluindo aumento de produção da unidade de Porto Real (foto).

Man Latin America: a alemã fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen está investindo R$ 1 bilhão em Resende para ampliar produção, até 2016 ou 2017. Fornecedores do grupo já estão migrando produção para Resende e municípios vizinhos.

CSN: a siderúrgica brasileiro, com fornecedores chineses de tecnologia, está investindo R$ 1,2 bilhão num projeto de aços longos em Volta Redonda.

Ibis: Rede hoteleira internacional assinou contrato para construção de um hotel com 140 quartos em Resende, que deve entrar em operação até 2016, com investimento em torno de R$ 50 milhões.

Azul/TRIP: a companhia aérea, diante do ambiente tão promissor, já retomou voos diários, na semana passada, ligando o Aeroporto de Resende ao de Viracopos, em Campinas  

Fonte: ImprensaRJ

Um governo atolado vai desemperrar a economia?


21 de julho de 2013
Autor: Rolf Kuntz

Rolf Kuntz 
 
 
Tiririca estava errado. No Brasil, sempre dá para piorar, como têm provado com notável diligência a impropriamente chamada classe política e o governo da presidente Dilma Rousseff. Qual a distância, hoje, entre otimismo e pessimismo nas previsões econômicas? A economia brasileira crescerá em média 3,2% ao ano entre 2014 e 2018, segundo a nova bola de cristal operada em parceria pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e pela instituição de pesquisas The Gonference Board, o indicador antecedente composto. No discurso oficial, um crescimento inferior a 4% ou 5% ao ano jamais foi admitido, até há pouco tempo, como padrão normal para o Brasil. Poderia ocorrer como consequência de choques externos ou em fases de ajuste muito forte, mas sempre como situação excepcional. Hoje, até uma expansão pouco superior a 3% por vários anos pode parecer improvável, quando se considera a crise de produtividade da economia nacional.

Não há cálculo seguro do potencial de crescimento do país, mas os números estimados vêm caindo nos últimos anos – da faixa de 3,5% a 4% até há pouco tempo para algo entre 2,5% e 3% nas últimas avaliações. O número de 2,5% foi indicado esta semana pela economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, segundo o jornal “Valor”.

Calcular o produto potencial pode ser muito complicado, mas, apesar disso, economistas e formuladores de políticas têm excelentes motivos para levar em conta esse conceito. A existência de limites tem sido mostrada amplamente pela experiência. Pode-se ultrapassá-los de vez em quando, mas insistir na aventura acaba normalmente em desastre. Inflação e desequilíbrio externo são consequências bem conhecidas e muito frequentes na História do Brasil.

Inflação e desajuste crescente no balanço de pagamentos já estão presentes no cenário brasileiro, apesar do crescimento pífio dos últimos dois anos e meio. Ninguém deveria iludir-se com o recuo de alguns índices desde o mês passado. A redução dos preços dos alimentos tem efeito passageiro na formação dos indicadores, assim como a redução das tarifas de transporte coletivo. Grandes fatores inflacionários, como o desarranjo fiscal, a expansão do crédito e os aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade, foram apontados, mais uma vez, na ata da última reunião do Comitê de política monetária (Copom), divulgada na quinta-feira. A ata destoou claramente do discurso presidencial do dia anterior.

Os autores do texto, no entanto, apontaram a possibilidade de um arrefecimento da demanda se nada for feito para reverter a tempo a crise de confiança do setor empresarial e das famílias. Por enquanto, “a demanda doméstica tende a se apresentar relativamente robusta, especialmente o consumo das famílias”, segundo a ata. Mas os sinais de alerta já estão acesos. O texto contém o suficiente para indicar o risco de uma estagnação mais ampla, mas seus autores poderiam ter ido mais longe. Se o consumo cair, o investimento continuar insuficiente e a indústria continuar em marcha lenta, como ficarão as já estropiadas finanças públicas?

A peculiaridade brasileira é outra: programas são secundários e o fundamento das alianças é a partilha dos benefícios do poder.
 

Não há resposta para o problema do crescimento, no Brasil, sem a ação do governo, mas o governo está atolado na própria incompetência gerencial, na indigência de ideias de seus formuladores de políticas e num esquema pegajoso e sufocante de alianças políticas.

No Brasil, dizem especialistas, nenhum presidente pode governar sem acordos, às vezes com parceiros da pior espécie. Pode ser. Em muitos países coalizões são indispensáveis à operação do governo. Alianças, no entanto, são em geral precedidas de algum entendimento a respeito de objetivos e métodos. É o caso, em países da Europa, da formação de gabinetes para enfrentar a crise fiscal e financeira.

A peculiaridade brasileira é outra: programas são secundários e o fundamento das alianças é a partilha dos benefícios do poder. Não se divide o governo como responsabilidade, mas como butim. Esse padrão se fortaleceu com a disposição petista de aparelhar e lotear a máquina federal. Nada mais natural, quando um partido chega ao Palácio do Planalto com um projeto de poder e nenhum projeto real de governo.

Sem alianças em torno de um programa, o governo é forçado a negociar com a base a votação de cada projeto, como se nenhuma ideia geral desse um sentido comum às várias propostas. Não se pode sequer confiar na aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, condicionada pelos companheiros à adoção de um impropriamente chamado orçamento impositivo – na prática, uma simples manobra para tornar obrigatória a liberação de verbas para emendas.

A um governo com essas condições de funcionamento – e comandado por uma presidente cada vez mais isolada – cabe a missão de promover a mudanças necessárias para destravar a economia, aumentar seu potencial de crescimento e impor ao País um ritmo de expansão mais parecido com o dos emergentes mais dinâmicos.

Nenhuma tarefa importante será cumprida se a presidente Dilma Rousseff e sua equipe forem incapazes de começar a arrumação das próprias contas. Para isso será necessário desfazer a confusão de incentivos temporários e permanentes, trocar as ações pontuais pelas chamadas políticas horizontais e cortar o vínculo incestuoso entre o Tesouro e os bancos controlados pela União.

Tudo isso deverá ser apenas o começo de uma lista enorme de mudanças. Elevar a eficiência na elaboração e na condução de projetos de infraestrutura será outro desafio tão duro quanto urgente. Sem isso, até como exportador de matérias-primas o País será cada vez menos competitivo.

Que dirão dessa agenda os marqueteiros eleitorais da presidente?

Sem o governo nenhum problema se resolverá, mas o próprio governo é o primeiro problema.

Fonte: O Estado de S. Paulo, 20/07/2013

Apesar de a dívida pública líquida estar em queda, a bruta voltou a subir, indicando que o País não pode se abster da austeridade fiscal

21 de julho de 2013 | 2h 16


ALEXA SALOMÃO - O Estado de S.Paulo
Há dois anos, a dívida pública era tratada como um problema do passado. Agora, bancos e consultorias têm se dedicado à produção de textos para a sua análise. Não há a menor chance de o Brasil dar o calote neste momento, mas, para muitos economistas, a dívida entrou numa trajetória desconfortável e a sua gestão precisa ser aperfeiçoada o mais rápido possível. 

No Brasil, tornou-se praxe acompanhar o desempenho da dívida líquida (não financeira), que mostra os débitos e os créditos do setor público. A dívida líquida do País caiu cerca de 0,7 ponto porcentual, para 34,8% do PIB, em maio. Em dezembro de 2012, estava em 35,2%. Quando se olha para ela, o Brasil está no melhor dos momentos. 

O mesmo não pode ser dito sobre a dívida bruta do governo geral, que soma o endividamento (em títulos e bancário), interno e externo, dos governos federal, estaduais e municipais. Depois de cair ao longo da década passada, embicou e aumentou 6,2 pontos porcentuais de 2010 para cá. Em maio, subiu 0,2 ponto porcentual e atingiu o patamar de 59,6% do PIB.

As trajetórias opostas das dívidas criam o efeito conhecido como "boca de jacaré" e contrariam a lógica. O esperado é que as dívidas líquida e bruta sigam a mesma trajetória. Para quem acompanha as finanças públicas, a distorção ocorre porque a dívida bruta registra efeitos colaterais de medidas do governo consideradas polêmicas.

Pouco mais de 16 pontos porcentuais da dívida bruta correspondem à aquisição de reservas internacionais. A primeira vista, esse parece um custo razoável, já que mais reservas fortalecem o caixa do governo para enfrentar momentos de crise e de alta do dólar, como o que ocorre agora. "O problema é que boa parte dos dólares não foi adquirida porque o governo queria elevar as reservas, mas para controlar a taxa de câmbio", diz o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. "O Brasil tinha reservas suficientes e, se não houvesse a obsessão por depreciar o câmbio, a dívida não estaria em alta." 

O questionamento tem uma razão financeira. A compra de dólares para formar reservas resulta numa operação onerosa e só vale a pena se for mesmo por uma causa importante. O processo funciona assim: o Banco Central compra os dólares usando reais. Mais reais no mercado, porém, alimentam a inflação. Para tirar esses reais de circulação, o BC troca a moeda por títulos públicos, com o compromisso de desfazer a troca no futuro. No jargão do mercado, esse processo se chama operação compromissada. Os dólares retirados do mercado são usados para comprar títulos públicos do governo americano, por exemplo, que pagam juros baixos e formam as reservas. Os títulos brasileiros vão pagar juros bem maiores. O diferencial das taxas de juros pesa nas contas públicas. "Temos a acumulação de ativos que rendem pouco (as reservas) e passivos que custam muito caro (operações compromissadas)", diz Salto. 

A dívida bruta também foi impulsionada por outra prática do governo muito criticada: as operações de financiamento do Tesouro a bancos públicos, em especial para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES). Hoje, quase 9 pontos porcentuais da dívida bruta são fruto desses repasses. Em 2007, esse item tinha impacto zero sobre a dívida.

Desconfiança.

O atípico comportamento da dívida pública acabou por atrair a desconfiança dos investidores e analistas em relação à gestão das contas públicas e à solvência do Brasil no médio prazo. O comportamento da dívida contribuiu para que a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P)colocasse em observação, com tendência de baixa, a nota do País, que hoje é grau de investimento (nota que indica que o risco de investir no Brasil é relativamente pequeno). 

"Não esperamos que o Brasil tenha problemas com a dívida no curto espaço de tempo, caso contrário, o País não teria a nota que tem", diz Sebastián Briozzo, diretor e analista da S&P responsável pelos relatórios sobre o Brasil. "Mas a perspectiva negativa da nota do Brasil pode ser interpretada como um sinal amarelo para a dívida pública do País." 

Segundo Briozzo, o primeiro problema é que a dívida ainda é alta, principalmente quando comparada a outros países emergentes. Para se comparar a dívida bruta entre países, o melhor critério é o do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Pelos parâmetros do fundo, em dezembro a dívida bruta do Brasil estava em 68,5% do PIB. Era a terceira maior entre os países emergentes analisados (atrás apenas de Egito, Jordânia e Hungria). Entre os países do Bric, superou a da Índia, de 66,8%, e se tornou a maior do bloco. Para o FMI, a dívida bruta de um país emergente deve ficar na casa dos 40% do PIB.

Custo alto.

A outra questão que chama a atenção é o fato de a dívida ser cara, porque o Brasil tem uma taxa de juro ainda alta. O pagamento de juros da dívida consome cerca de 12% do orçamento anual do governo, quando em outros países essa participação oscila em 7% e nunca passa de 10% do orçamento. "A prudência fiscal ao longo de 15 anos é uma credencial importante para o Brasil e precisa ser preservada", diz Briozzo. 

Ter o grau de investimento rebaixado ou perder o grau de investimento no atual momento da economia internacional só agravaria o cenário no Brasil, ao menos no curto prazo. Grandes fundos de pensão, que só podem colocar dinheiro em países com grau de investimento, teriam de deixar o País. Os investidores, que já estão migrando para os Estados Unidos de olho na sua recuperação, teriam um motivo a mais para buscar outros mercados. E a falta de investimento estrangeiro é maléfica para o Brasil. "O Brasil tem uma poupança interna muito baixa e o seu crescimento depende de capital externo", diz Salto. "Se tiver dificuldade para atrair recursos internacionais, vai crescer menos, o que vai piorar o perfil da dívida."