domingo, 29 de setembro de 2013

THE PRICE IS WRONG! REPORTAGEM DA REVISTA 'THE ECONOMIST' MOSTRA QUE OS PREÇOS NO BRASIL SÃO ABSURDOS! É O EFEITO DO GOVERNO DO PT!

 
 
Depois de uma capa perguntando se o Brasil havia "estragado tudo", a revista britânica “The Economist” voltou à carga com uma reportagem sobre os preços elevados no país. O texto, intitulado "O preço está errado", foi publicado neste sábado no site da revista, e começa com a mesma referência usada pelo “New York Times” em reportagem de julho, no auge dos protestos nas ruas, à "pizza de queijo de US$ 30" encontrada em São Paulo. O objetivo, aparentemente, é explicar por que os produtos e serviços são tão caros, depois de listar as já conhecidas distorções da economia brasileira, principalmente em relação aos países mais avançados.
 
A revista destaca que um quarto de hotel sem janelas na orla do Rio pode ter diária de US$ 250, os carros e eletrodomésticos de maior porte (como geladeiras e fogões) custam cerca de 50% a mais que nos demais países e o Big Mac sai 72% mais caro que a média. O poder aquisitivo dos brasileiros é também colocado em xeque. Segundo "The Economist", os mexicanos conseguem comprar 45% mais do que no exterior. No Brasil, o poder aquisitivo quase se equipara.
 
A complexidade e o peso da carga tributária, que representa cerca de 36% do PIB e faz o tempo necessário para uma empresa calcular seus impostos devidos ser de 2,6 mil horas, dez vezes mais do que a média global estão entre os principais motivos apontados pela revista britânica.
 
"Ao permanecer nas sombras (informalidade), um varejista pode mais do que triplicar sua margem, mas ao custo de abrir mão de investimento e economia de escala", afirma a revista, citando um relatório da McKinsey de sete anos atrás. "Um regime simplificado para pequenas firmas introduzido desde então persuadiu muitos a se registrarem, mas os ganhos resultantes de eficiência são limitados por um novo problema: muitas firmas 'Peter Pan' que não estão dispostas a crescer e perder seus privilégios".
 
Também há críticas para a "rigidez" da legislação trabalhistas, que encarece contratações e demissões e favorece processos trabalhistas - foram 3,2 milhões no ano passado. O mesmo ocorre com os problemas de infraestrutura, como as más condições das estradas e a limitada malha ferroviária, que encarecem o frete.
 
"The Economist" aponta que, com os preços estratosféricos, uma solução dos brasileiros é parcelar intensamente as compras, e não se preocupar com o custo total da compra - basta ter o dinheiro para pagar as parcelas. A outra saída é o aeroporto.
 
"Os brasileiros respondem às acachapantes diferenças de preços com surtos de compras no exterior. Turistas brasileiros gastaram US$ 22,2 bilhões em países estrangeiros no ano passado, um recorde, e parece que (os gastos) vão subir ainda mais este ano", afirma o texto.
 
Citando artigo de Regis Bonelli e Julia Fontes, Fundação Getúlio Vargas, a revista argumenta que o país tem dificuldades com a produtividade, que é equivalente a 18% da produtividade nos EUA - uma piora de 1 ponto percentual, enquanto a China ganhou 11 pontos percentuais na comparação. E encerra em tom de conselho:
 
"O relatório anual do Banco Mundial sobre fazer negócios em vários países parece uma lista de tarefas de produtividade para o Brasil: simplifique a abertura de empresas; corte e organize as taxas; aumente a poupança e o investimento domésticos. Para mais dicas, o país pode se voltar para um dos poucos setores onde a produtividade cresceu consistentemente em anos recentes: a agricultura".
 

sábado, 28 de setembro de 2013

Abrir e fechar empresas deve ficar mais fácil no ano que vem



Publicado por Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina (extraído pelo JusBrasil) - 1 dia atrás
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O governo federal promete facilitar, até o fim de 2014, a abertura e fechamento de um negócio. A promessa é que a espera deixe de ser de meses e passe para algo perto de cinco dias, com a adoção de um registro único baseado no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

Com isso, a expectativa é concentrar nas juntas comerciais todas as atividades necessárias à abertura de empresas.

"Já existe base legal para isso, só depende de consenso entre municípios, Estados e União", afirma José Levi, assessor jurídico da Secretaria da Micro e Pequena Empresa (SMPE). Ele cita o exemplo dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraíba, que já contam com algum nível de integração entre os órgãos.

A ideia é que esse cadastro único esteja em pleno funcionamento até o fim do ano que vem, quando o governo quer também colocar no ar um portal de empreendedores. "No site, o interessado responderá a uma série de perguntas e o programa vai avaliar se ele é de baixo ou alto risco. Se ele for de baixo risco, terá o alvará de imediato", diz Levi.

Segundo ele, a ideia é que o portal seja uma alternativa às juntas. "O empreendedor poderá ir até a junta comercial da sua localidade ou usar o portal, que vai congregar todas as juntas." O assessor jurídico afirma que já há recursos aprovados para a construção do site.

Propostas. Ainda neste ano, o governo conta com a aprovação do Projeto de Lei Complementar 237/2012. A proposta atualiza o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. "Ele dá força às mudanças que propomos", resume Levi.

Criada em abril, a Secretaria da Micro e Pequena Empresa é responsável por conduzir essas iniciativas e dar apoio às empresas de pequeno porte. Para especialistas, esse conjunto de projetos, ao mesmo tempo em que mostra um esforço de desburocratização, expõe as dificuldades em se fazer negócios no País.

"É um esforço do governo (de desburocratização) que está funcionando, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido enquanto não houver uma reforma tributária", diz Carla Munhoz, sócia do escritório Dias Munhoz. A advogada vê as mudanças como positivas, mas destaca algumas ressalvas. "Tenho a impressão que o governo está atacando do lado mais fácil."

Para Walfrido Warde, presidente da Comissão de Estudos de Registro Empresarial do Instituto dos Advogados de São Paulo, a burocracia para o registro e a complexidade e custo das formas societárias são hoje os maiores entraves ao empreendedorismo no País.

"É importante discutir como deve ser o trabalho de uma junta comercial e facilitar o registro, além de digitalizar tudo que for possível", diz Warde. Mas, na avaliação dele, é importante também facilitar o dia a dia do empresário. "As formas societárias têm de ser mais fáceis de manejar. Não podemos pressupor que o empresário seja um expert em direito", afirma.

Warde cita o Projeto de Lei 4.303/2012, que propõe a criação das sociedades anônimas simplificadas. Segundo ele, a proposta deve facilitar e baratear a administração das sociedades anônimas de pequeno porte e, poderá, no limite, incluí-las no âmbito do Simples Nacional (regime tributário que unifica o recolhimento de impostos das três esferas do governo).

Fonte: O Estado de S.Paulo

Temendo protestos na Copa, patrocinadores já apelam a Dilma


O risco de protestos durante a Copa do Mundo de 2014 assusta os patrocinadores do evento...
Temendo protestos na Copa, patrocinadores já apelam a Dilma

A presidenta Dilma Rousseff recebeu Itaú e Ambev para falar sobre plano 'anti-protestos'

O risco de protestos durante a Copa do Mundo de 2014 assusta os patrocinadores do evento. Assusta tanto que dois deles foram até a presidenta Dilma, na semana passada, para uma reunião de emergência: em pauta, um pedido para que o governo intervenha para evitar que as manifestações atrapalhem o Mundial.

Segundo apurou o ESPN.com.br, o encontro entre a presidenta e os patrocinadores aconteceu em Brasília, na quinta-feira da semana passada. À mesa, estavam representantes do banco Itaú e da Ambev, gigante do ramo de bebidas e alimentos. As duas empresas patrocinam tanto a Copa do Mundo quanto a Confederação Brasileira de Futebol.

Os patrocinadores queriam garantias de que o governo tentará coibir os protestos e manifestações durante a Copa e pediram um plano de ação neste sentido. O plano será desenvolvido em reuniões mensais até o início do Mundial, envolvendo outros patrocinadores.

Uma pessoa ligada às partes envolvidas no encontro disse ao ESPN.com.br que as empresas deixaram o encontro com a promessa de que o governo dará início a campanhas tentando promover uma "Copa da Paz". A presidenta afirmou que trabalhará para que o clima de protestos da Copa das Confederações não atrapalhe o Mundial.

Dos representantes das empresas, a presidenta Dilma ouviu um discurso preocupado. A Ambev e o Itaú afirmaram que fazem uma aposta de altos valores na Copa do Mundo e pediram garantias de que não teriam prejuízos por causa de eventuais manifestações. A presidenta prometeu fazer "tudo o que for preciso" para que não haja protestos.

Itaú e Ambev justificaram suas preocupações baseados nos protestos de junho, durante a Copa das Confederações. Os bancos foram alvo de depredação em várias capitais brasileiras; a Ambev foi atingida indiretamente - uma das campanhas da Brahma, marca da empresa, utiliza a frase "Imagina a festa" e chama os detratores do Mundial de pessimistas.

Outro motivo que causa preocupação na Ambev é a possibilidade que as manifestações atinjam um dos principais projetos da empresa durante o Mundial - as áreas de convivência para torcedores, no modelo das Fan Fests da Fifa, que a Ambev pretende criar para a Copa.

Veja fotos dos protestos com cartazes nas arquibancadas durante a Copa das Confederações
Cartazes de protesto chegam às arquibancadas (© Reuters)
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EUA questionam ações de programas sociais brasileiros

Comércio exterior


A Casa Branca foi à OMC pedindo transparência do Brasil sobre quanto o governo tem de fato usado em esquemas de distribuição de alimentos que foram expandidos nos últimos anos

A presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de posse do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado

Os EUA pediram que o governo de Dilma forneça dados completos sobre quanto foi usado para comprar a produção local e o detalhamento dos setores beneficiados (Ueslei Marcelino/Reuters)
 
O governo dos Estados Unidos questiona os programas sociais e de ajuda alimentar a famílias pobres no Brasil, sob a suspeita de que sejam estratégias e mecanismos de subsidiar de forma indireta a agricultura e produtores rurais, violando regras internacionais.

Na quinta-feira, a Casa Branca foi à Organização Mundial do Comércio (OMC) cobrar transparência do Brasil sobre quanto o governo tem de fato usado em esquemas de distribuição de alimentos que foram expandidos nos últimos anos. O governo americano questiona até mesmo o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que estabelece fundos para a merenda.

Não se trata, por enquanto, de uma disputa comercial nos tribunais da OMC. Tanto o governo dos EUA quanto o do Canadá levantaram o debate durante reuniões regulares do Comitê de Agricultura da OMC. Ottawa e Washington já haviam questionado outros aspectos dos incentivos fiscais que o Brasil dá a seus produtores.

A cobrança de Washington é direcionada ao programa expandido no Brasil em 2009, quando a merenda escolar passa a utilizar um volume maior da agricultura familiar. Por lei, governos municipais e estaduais são obrigados a usar no mínimo 30% dos recursos repassados pelo governo federal para alimentação escolar para comprar produtos da agricultura familiar.

Na época, o Ministério do Desenvolvimento Agrário disse que a lei da merenda escolar abriu mercado a produtos com dificuldades de comercialização. Cerca de 3 bilhões de reais já foram usados para atender a 44 milhões de crianças na rede pública. A suspeita, porém, é de que essa seria uma forma indireta de apoio ao produtor agrícola.

Dados — O governo americano pediu que o Brasil forneça dados completos sobre quanto foi usado para comprar a produção local e o detalhamento dos setores beneficiados. Os EUA pediram explicações do Brasil sobre o fato de que o volume de dinheiro público no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) tenha crescido de forma substancial em 2010 e solicitou que o país reapresente seus cálculos de quanto gasta à OMC.

O Itamaraty justificou que não havia por que reapresentar os dados e disse que o aumento era apenas resultado de uma contabilidade que passou a incluir os gastos do Ministério do Desenvolvimento Social. 

Comunicados do governo indicam que, em dez anos, o PAA recebeu 5 bilhões de reais em investimentos. A presidente Dilma já indicou que seu governo comprou 830 mil toneladas de alimentos, com investimentos de 1,75 bilhão de reais. Para 2013, a previsão de investimento é de 1,4 bilhão de reais.

O governo do Canadá também insistiu em obter detalhes de como funciona o Plano Brasil Maior e o fato de que produtores estariam sendo beneficiados por isenções fiscais. Ottawa pediu uma explicação do Brasil sobre o impacto financeiro dessa ajuda governamental. 
(com Estadão Conteúdo)

Cresce diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil

Mercado de trabalho


Relação entre os salários de trabalhadores de ambos os gêneros caminhava para o equilíbrio desde 2008, mas indicador recuou em 2012

Talita Fernandes
MERCADO DE TRABALHO - Em São Paulo, o objetivo da Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho - SERT- localizada no Poupatempo Sé, é aproximar o trabalhador das novas oportunidades do mercado, fomentando a geração de trabalho e renda
Pnad: rendimento médio mensal passou de 1 425,00 reais em 2011, para 1 507,00 reais, no ano passado (Reinaldo Canato)


Pela primeira vez desde 2007, a diferença entre a renda mensal média de homens e mulheres no Brasil ampliou-se em 2012. É o que indica a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta sexta-feira. O salário das mulheres correspondeu a 72,9% do redimento masculino no ano passado. Em 2011, essa proporção era de 73,7%. Ou seja, a diferença era levemente menor. A útima vez que a diferença entre os gêneros se ampliou foi há seis anos, quando a proporção ficou em 71,4%, ante 71,6% de 2006. A renda média mensal masculina no ano passado foi de 1 698,00 reais, e das mulheres, de 1 238,00 reais.

O rendimento médio mensal do brasileiro acima de 15 anos - descontados os efeitos da inflação - teve alta de 5,8% em 2012, na comparação com o ano anterior. De acordo com a pesquisa, a renda passou de 1 425,00 reais em 2011, para 1 507,00 reais, no ano passado.  

A pesquisa mostrou ainda que houve aumento do rendimento médio mensal real em todas as esferas da pirâmide de renda. Contudo, a diferença dos ganhos dos 10% com menor renda para aqueles que correspondem a 1% da maior faixa de renda ficou ainda maior: em 2011, a população do topo da pirâmide ganhava 84 vezes mais que os 10% com menor renda. Em 2012, essa comparação passou para 87 vezes. Os ganhos das pessoas entre os 10% com menor renda aumentou de 202,00 reais, em 2011, para 215,00 reais, em 2012, enquanto o rendimento médio da população de maior renda (que corresponde a 1% do total) passou de 17 048 reais em 2011, para 18 889 reais no ano passado. 

O aumento de renda foi visto em todas as regiões do país, segundo a Pnad. Na região Nordeste a alta ficou mais evidente: 8,1% - trata-se, porém, da região com o menor rendimento médio do país, de 1 044 reais, seguida pela região Norte, cuja renda média é de 1 192 (alta de 2,1% na comparação com 2011). A renda média da população do Sul do país aumentou 5,8%, para 1 639,00 reais, e a do Sudeste, 6%, para 1 707,00 reais. O Centro-Oeste, apesar de ter tido o segundo menor aumento de renda, de 2,1%, tem a população com maior ganho médio, de 1 803 reais.

Taxa de ocupação — O aumento da renda é resultado, entre outros fatores, do aumento da taxa de ocupação da população ativa (os brasileiros acima de 15 anos aptos para trabalhar). Segundo a Pnad, em 2012, a população ocupada totalizou 93,9 milhões de trabalhadores, aumento de 1,6%, na comparação com os resultados de 2011. O Norte foi a região com maior aumento desse contingente, de 2,7%; enquanto a região Sul apresentou o menor crescimento de pessoas empregadas, de 0,7%. As regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste tiveram alta de 1,9%, 1,4% e 1,8%, respectivamente, na taxa de ocupação.

Jovens 'desocupados' - A taxa de pessoas ativas com emprego cresceu na maior parte das faixas etárias, com exceção do intervalo entre 20 a 24 anos - cujo número absoluto de pessoas ocupadas passou de 10,734 milhões em 2011, para 10,591 milhões no ano passado - e 25 a 29 anos, que passou de 12,270 milhões para 12,079 milhões.  

Já a taxa de desocupação ficou em 6,1% em 2012, segundo a Pnad, mostrando queda em relação ao dado de 2011, de 6,7%. Na região Sul foi observada a menor taxa de desocupação, 4,1% e, na Nordeste, a maior, 7,6%.

Em termos absolutos, o contingente de pessoas que não estavam ocupadas e buscaram se inserir no mercado de trabalho foi de 6,2 milhões, queda de 7,2% em relação de 2011. 

Carteira de trabalho — O número absoluto de trabalhadores formais no setor privado foi de 35,0 milhões, aumento de 1,1 milhão de trabalhos (3,2%) com carteira assinada ante 2011. Em termos proporcionais, não houve variação dos empregados formais entre todos do setor privado: eles correspondiam a 74,6% do total, mesmo patamar de 2011.

Justiça suspende licitação bilionária conduzida pelo governo do DF


Juiz concluiu que há uma série de indícios de fraudes na Secretaria de Transportes; negócio deve render quase 10 bilhões de reais aos empresários do setor

Hugo Marques, de Brasília
O governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, concede entrevista coletiva à imprensa em 2010

A Justiça de Brasília suspendeu licitação bilionária conduzida pelo governo petista Agnelo Queiroz (Elisa Fiuza/AGENCIA BRASIL/Divulgacao )


A Justiça de Brasília suspendeu uma licitação bilionária para substituir as empresas de ônibus que controlam todo o transporte do Distrito Federal (DF), conduzida pelo governo petista Agnelo Queiroz. O juiz de direito da Primeira Vara da Fazenda Pública do DF, Mário Henrique Silveira de Almeida, mandou suspender, em decisão liminar, o contrato administrativo da Bacia 1, cuja vencedora foi a Viação Piracicabana, e o contrato administrativo da Bacia 4, que beneficiou a Viação Marechal. As ações serviam para favorecer o fundador da companhia aérea Gol e dono de grupo de transportes coletivos, Nenê Constantino. A sentença foi proferida nessa quinta-feira, 26.

O juiz concluiu que há uma série de indícios de fraudes na licitação conduzida pela Secretaria de Transportes do DF. Ao todo, foram licitadas cinco bacias, com a previsão de troca de toda a frota de ônibus. O negócio deve render aos empresários do setor quase 10 bilhões de reais em dez anos.

O juiz proferiu sua decisão em grande parte com base na participação do escritório dos advogados Guilherme Gonçalves e Sacha Reck na licitação. A atividade de consultoria do escritório na licitação, diz o juiz, “ultrapassou a função de mera consultoria, atuando como efetivos julgadores dos atos relacionados ao processo licitatório”. O juiz concluiu que o advogado Sacha Reck participou na elaboração da ata de apresentação dos envelopes, “o que é bastante estranho”, diz o magistrado, “tendo em vista que a realização dos atos de registro e averbação são competência exclusiva da Comissão de Licitação”.

Na decisão, o magistrado registrou que membros da Comissão de Licitação sentiam-se constrangidos com a atuação de Sacha Reck, já que tal escritório definia previamente o conteúdo das decisões administrativas da Comissão. O magistrado aponta a semelhança das fraudes cometidas na licitação do DF com a licitação do transporte no Paraná, que descrevem roteiros parecidos de irregularidades. Sacha Reck atuou em ambas as licitações.

Em Brasília, o advogado ajudou a redigir mais de cem editais, atas e pareceres da licitação. Muitos desses documentos não foram lidos pelos próprios membros da Comissão de Licitação, a quem caberia redigir, ler e analisar os atos administrativos.

A fraude era tão evidente que alguns membros da Comissão de Licitação escreviam nos documentos enviados por Sacha Heck, e incorporados no processo da licitação: “Parecer não lido, apenas vistado por exigência do Secretário de Transportes”. O juiz aponta ainda que Sacha já trabalhou para duas empresas ligadas à licitação, o que seria "suficiente a impossibilitar a realização do parecer do mencionado escritório". 

O secretário de Transportes do DF, José Walter Vazquez Filho, é citado em outro trecho da sentença. O juiz lembra que em seu depoimento na Câmara Distrital, Vazquez Filho afirmou que a contratação do advogado Sacha Reck foi feita por intermédio do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID. Mas o próprio BID informou à deputada distrital Celina Leão que não possui relação nem indicou o escritório Sacha Reck para participação no contrato de licitação dos transportes no DF. “Essa licitação foi toda fraudulenta. A cidade inteira espera ônibus novos, mas a licitação não pode lesar o erário”, diz a deputada Celina.

A decisão da Justiça deverá complicar a situação do presidente da Comissão de Licitação, Galeno Furtado Monte. Ex-sócio do delator Durval Barbosa, Galeno nunca conseguiu a cópia do contrato do escritório Sacha Reck com o governo de Agnelo Queiroz, mas mesmo assim conduziu os trabalhos até o fim.

Galeno já comentou com várias pessoas em Brasília que, ao final da licitação é que teve consciência de que todo o processo era fraudulento, para beneficiar as empresas do Grupo Constantino, e que todos os documentos enviados por Sacha Reck eram no sentido de direcionar a licitação a manter preços mais altos de tarifas, para beneficiar os grupos econômicos pré-selecionados. Galeno certa vez tentou suspender a licitação, mas recebeu ordem direta do Palácio do Buriti para encerrar o processo, mesmo com todas as fraudes envolvidas no que deveria ser uma concorrência pública.

País tem de pensar mais em matemática e menos em Copa, diz professor

Sophia Camargo
Do UOL, em São Paulo


No 1º Congresso Nacional de Educação Financeira nas Escolas (Conefe), encontro realizado para discutir a introdução da educação financeira nas escolas, realizado na quinta-feira (26), em São Paulo, o professor de finanças do Insper, Ricardo Humberto Rocha, foi direto ao ponto. "O Brasil precisa pensar mais em Matemática e menos em Copa", disse.

A afirmação foi uma resposta à pergunta como fazer o brasileiro entender mais de educação financeira. O comentário mereceu aplausos da plateia que reuniu educadores, economistas, especialistas em finanças e gente interessada em aprender mais sobre o assunto.

Para ele, o principal problema do Brasil está na educação deficiente. "O Brasil tem 5 copas do Mundo e nenhum prêmio Nobel. Quando vamos nos preocupar em aumentar o quadro de medalhas das olimpíadas de Matemática?"

O professor, que fez uma palestra sobre o uso inteligente do crédito, acha que a população não está preparada para o crédito porque nem sequer consegue entender os produtos financeiros como cheque especial, cartão de crédito ou crédito imobiliário.

Filhos poderão ensinar os pais

 

O professor de Matemática Financeira, José Dutra Vieira Sobrinho, também acha que o problema está na educação, e que as escolas podem ajudar a reverter esse quadro. Para ele, muitas famílias nunca tiveram acesso a qualquer tipo de crédito e, por isso, não sabem poupar.

"Se o filho aprende o básico da educação financeira na escola, pode ajudar os pais a aprender, num caminho reverso." Para Dutra, somente quando a população entender um pouco de finanças, é que vai cobrar a simplificação dos produtos. "Hoje temos produtos excessivamente e desnecessariamente complexos. Isso precisa mudar."

Sem educação, as pessoas aceitam taxas maiores e produtos inadequados

 

O professor de Finanças Fábio Gallo Garcia, da FGV/SP, fez coro aos colegas. "Sem educação, as pessoas pagam maiores taxas e aceitam produtos inadequados." O desafio, segundo ele, é melhorar o nível da capacidade das pessoas de tomarem decisões financeiras.

Para o especialista, a culpa também é dos professores, que precisam aprender a conversar com os jovens para falar a língua deles.

O professor Almir Ferreira de Souza, da USP, lembra que na década de 60 as aulas tinham 45 minutos por ser o tempo máximo que o professor conseguia prender a atenção de um aluno.

Atualmente, ele diz, pesquisas mostram que um jovem tem sua atenção fixada por no máximo 6 minutos. Como ensinar num mundo tão dinâmico é também um desafio para os professores.

Novas mídias são caminho para prender atenção do jovem

 

A resposta pode estar na utilização das diversas mídias. Conrado Navarro, do canal Consumidor Consciente, mostrou o resultado de uma pesquisa realizada jovens entre 18 e 30 anos realizada em 11 países da América Latina e Caribe.

A pesquisa concluiu, entre outras questões, que 57% dos entrevistados gostariam de procurar informação financeira em sites especializados  e 53% gostariam de aprender como aproveitar melhor as ferramentas financeiras por meio de e-learning, por exemplo.

Unir as novas mídias como jogos, aplicativos, mídias sociais, blogs, ao conhecimento tradicional para facilitar o aprendizado é um dos caminhos a seguir, concluíram os especialistas.