Nos primeiros nove meses do ano, a meta ficou bem longe do previsto.
Governo não precisa mais ajudar na dívida pública de estados e cidades.
Economistas criticaram a mudança, mais uma vez, das metas de superávit
das contas públicas, mas o ministro da Fazenda fala em resultado
espetacular. O Governo Federal começou o ano responsável por todo o
superávit primário, a economia que o país tem de fazer para pagar os
juros da dívida pública. A conta era de R$ 156 bilhões e, desse total,
os estados e municípios teriam que economizar R$ 48 bilhões. Mas, se
eles não conseguissem, a União cobriria o que faltasse.
Agora é cada um por si. O Governo Federal só vai responder pela própria
parte. A medida busca resgatar a credibilidade no mercado externo.
Pesquisas indicam que a maioria dos investidores já espera um
rebaixamento da nota brasileiros pelas agências de crédito no ano que
vem. E um dos motivos para essa queda de confiança foi a piora das
contas públicas.
Nos nove primeiros meses do ano, o governo ficou longe da meta, que já
foi revisada para baixo com o desconto de investimentos e desonerações. O
governo só cumpriu 37% até setembro. Estados e municípios chegaram a
39%. “É exatamente como o orçamento de uma família. Quando começa a
gastar um pouquinho mais aqui, um pouquinho mais ali, faz uma dívida
maior do que pode. No começo, dificilmente se percebe a situação, mas
chega uma certa hora que não se consegue pagar a conta”, aponta o
economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados. Para o
economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, “a dívida líquida
sobre o PIB já não cai mais há mais de um ano". "E isso é um dado
preocupante. Não se trata ainda de um risco serio de insolvência, mas já
é um primeiro passo", diz Satto.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que o resultado dos próximos
meses mostrará que as contas estão controladas. “Em novembro, teremos um
[superávit] primário muito bom. O primário será espetacular ”. Ainda de
acordo com o ministro, a mudança na relação com estados e municípios
vai ajudar o país. “Não temos feito um [superávit] primário mais forte
nos últimos anos é que os estados e municípios não estão cumprindo
totalmente aquilo que deveriam fazer. Estamos sempre preocupados com o
gasto, estamos cortando e, ao mesmo tempo, responsabilizando os outros
atores junto conosco”, pontua Mantega.