segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A democracia de Dilma, por Mary Zaidan




Os aeroportos do Galeão, no Rio, e de Confins, região metropolitana de Belo Horizonte, leiloados na sexta-feira, alcançaram valores recordes superiores a R$ 20 bilhões. Mais: ambos foram arrematados por gente para lá de experiente.

Os alemães vão tocar o de Minas, e o da Ilha do Governador, hoje em frangalhos, será operado pelo mesmo grupo que gerencia o aeroporto de Cingapura, tido como o melhor do mundo.
Melhor, quase impossível.

Um contexto que não comporta o azedume da presidente Dilma Rousseff. Em vez de conectar o sucesso do leilão com serviços de primeiro mundo que os usuários poderão ter no futuro, a presidente preferiu a revanche: “todos aqueles pessimistas, aqueles incrédulos, hoje vão ter um dia de amargura, porque não deu errado".

Não que o dito de Dilma tenha surpreendido. Torcer contra está no DNA do petismo. Retorceram o nariz para a Constituição de 1988, espinafraram o Plano Real, demonizaram as privatizações, esconjuraram o ajuste fiscal.


E medem todos pela mesma bitola. Creem, fielmente, que os críticos ao governo que ocupam há 11 anos querem que o Brasil naufrague. Assim como apostaram na derrocada do País antes de chegarem ao poder.

Têm dificuldade de imaginar que a maior parte das pessoas, mesmo aquelas que discordam dos métodos petistas para se perpetuar no poder, quer apenas ter serviços melhores, que compensem a fortuna paga em impostos e taxas – as da Infraero, caríssimas.

No caso dos aeroportos, torcem mesmo é para se livrar da ineficiência do governo. Dos apagões, de saguão sem ar condicionado, banheiros quebrados, sem papel ou descarga, cena cotidiana do Galeão; dos puxadinhos intermináveis de Confins.

E é didático lembrar. Depois de deixar de ser do contra – e hoje, sabe-se, de passar a fazer o diabo – o PT chegou lá. E foi incapaz de mudar o que diziam discordar na Constituição. Rezam pelo evangelho que acusavam ser neoliberal, e, para o bem do País, privatizam e concessionam bens e serviços públicos. Dizem-se pais da estabilidade econômica, a mesma que estão colocando em risco.

Aqui mora o perigo. O êxito do leilão dos aeroportos é muito bem-vindo, mas não conseguirá esconder a inflação que insiste em bater no teto na meta, muito menos o descalabro das contas públicas. Alertar para isso, ao contrário do que quer fazer crer a presidente, é torcer a favor e não contra.

Talvez por ser avessa a privatizações e ter sido obrigada a se render a elas, ou por não entender o mundo fora da dicotomia do “nós”, os bons, e “eles”, o resto que não nos apoia, Dilma perdeu a chance de pelo menos parecer que governa para todos e não apenas para aqueles que com ela concordam.

Na democracia de Dilma, quem não se alia a ela está contra o País.

Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas. Atualmente trabalha na agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. Twitter: @maryzaidan, e-mail: maryzaidan@me.com

Ministro defende julgamento de ações sobre planos ecomômicos


Supremo marcou o julgamento da ação na qual a Confederação Nacional do Sistema Financeiro pretende confirmar a constitucionalidade dos planos econômicos

Wikimedia Commons
Ministro do STF Marco Aurélio Mello
Marco Aurélio Mello: “Sob a minha ótica, esse processo deveria ser o primeiro do ano Judiciário de 2014”, disse ministro do STF

Brasília - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) defendeu hoje (25) que o julgamento das ações sobre os planos econômicos seja adiada para o ano que vem.

O Supremo marcou para a próxima quarta-feira (27) o julgamento da ação na qual a Confederação Nacional do Sistema Financeiro pretende confirmar a constitucionalidade dos planos econômicos.

“Sob a minha ótica, esse processo deveria ser o primeiro do ano Judiciário de 2014. Não está cedo demais, mas não é questão para ser julgada ao término do ano ”, disse Marco Aurélio. 

O ministro pontuou que a Corte pode ter a ausência de três ministros esta semana e que seria prejudicial ao julgamento a provável interrupção da análise.

“Já soube que teremos mais uma ausência, já que dois colegas vão se afastar, no dia 28. Incidir um julgamento é muito ruim. Nós devemos ouvir aqueles que sustentarão da tribuna, os relatores e julgar de forma continuada”, acrescentou Marco Aurélio.

Na ação o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor pede que os bancos paguem aos poupadores os prejuízos financeiros causados pelos índices de correção dos planos inflacionários. 

Ao todo, 390 mil processos estão parados em várias instâncias do Judiciário aguardando a decisão do Supremo.

Projeções do Banco Central apontam que o sistema bancário deve ter prejuízo de aproximadamente R$ 149 bilhões se STF decidir que os bancos devem pagar diferença nas perdas no rendimento de cadernetas de poupança causadas pelos planos econômicos Cruzado (1986), Bresser (1998), Verão (1989), (1990) e Collor 2 (1991).

Para o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, há “risco evidente” para o sistema financeiro. “Acho que é um tema que merece cuidado. O sistema [financeiro] está muito forte. Mas o fato é que o Brasil tem que estar sempre atento, até para que não tenhamos uma redução do crescimento e redução de crédito para a população”, explicou.

Termina sem acordo negociação da OMC por tratado global

Destino do acordo que simplifica procedimentos alfandegários e acelera o comércio global parece agora depender de um acordo direto entre ministros

Tom Miles, da
Fabrice Coffrini/AFP
Logo da OMC na sede da organização em Genebra

Logo da OMC na sede da organização: Câmara Internacional de Comércio diz que o acordo agregaria 960 bilhões de dólares à economia mundial e criaria 21 milhões de empregos

Genebra - As exaustivas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) a respeito do primeiro acordo global de livre comércio foram abandonadas na madrugada desta segunda-feira, sem um acordo sobre o texto a ser apresentado no mês que vem numa reunião ministerial em Bali.

O destino do acordo que simplifica procedimentos alfandegários e acelera o comércio global parece agora depender de um acordo direto entre os ministros que irão se reunir na conferência bienal da OMC, a ser realizada na ilha indonésia.

A Câmara Internacional de Comércio diz que o acordo agregaria 960 bilhões de dólares à economia mundial e criaria 21 milhões de empregos, sendo 18 milhões em nações em desenvolvimento. O pacto também reavivaria a confiança na OMC como um fórum para negociações comerciais.

O acordo proposto inclui elementos da Rodada Doha de negociações comerciais, que foi iniciada em 2001, mas fracassou repetidamente na busca por um acordo na década subsequente.

O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, forçou os diplomatas dos 159 países membros a passarem por árduas dez semanas de negociações, na esperança de definirem o texto a ser aprovado pelos ministros.

Na sexta-feira, Azevêdo disse ter esperança de concluir um acordo no fim de semana. Mas a sessão final de negociação em Genebra terminou às 7h (4h em Brasília) sem acordo.
Taco Stoppels, conselheiro da missão holandesa junto à OMC, disse pelo Twitter que Azevêdo "encerrou a reunião simplesmente agradecendo a todos. O texto não está pronto".

Pessoas envolvidas nas negociações disseram que os participantes chegaram perto de um acordo, mas que o progresso em alguns momentos foi glacial. "Passamos nove horas em um parágrafo hoje de manhã. Mais uma vez, uma experiência de quase morte", disse um participante na noite de domingo.

Questões não resolvidas incluem um plano indiano para estoque de safras que estaria isento das regras da OMC sobre subsídios, e uma contestação ao embargo econômico dos EUA a Cuba. A Turquia também tem preocupações sobre as novas regras a respeito de trânsito de mercadorias, e a América Central resiste à eliminação dos despachantes aduaneiros.

Azevêdo falará aos embaixadores da OMC durante uma reunião do Conselho Geral do organismo na terça-feira, quando o trabalho será formalmente apresentado à conferência ministerial.


Até agora o tigre mexicano só miou


O México iniciou 2013 como o “queridinho do mercado”, mas uma economia fraca e dúvidas sobre o futuro das reformas tiraram o brilho do “Tigre Asteca”. A lua de mel vai voltar?

AFP
Enrique Peña Nieto, presidente do México
Peña Nieto: o maior teste do presidente do México será  aprovar a reforma do setor de petróleo

São Paulo - O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, do PRI, assumiu em grande estilo em dezembro do ano passado. Um dia depois de sua posse, reuniu algumas das principais figuras da oposição no Castelo de Chapultepec, uma construção histórica na capital mexicana, e formalizou o que ficou conhecido como Pacto pelo México — o acordo para aprovar as reformas estruturais prometidas durante sua campanha eleitoral.

Ato contínuo, o México caiu nas graças dos investidores e passou a ser chamado de “Tigre Asteca”, uma versão latina das economias asiáticas de rápido crescimento. Passado quase um ano da cerimônia, porém, Peña Nieto e seu país perderam boa parte de seu charme.

Em seu último comunicado, o Banco Central do México diminuiu a previsão de crescimento para este ano de algo entre 2% e 3% para entre 0,9% e 1,4%. De acordo com o FMI, as economias emergentes vão mesmo crescer menos em 2013 do que se esperava no início deste ano, mas a correção feita recentemente no caso mexicano foi uma das mais drásticas.

Em vez de 2,9%, a nova estimativa é 1,2%. Caso se confirme, será o pior desempenho desde 2008. “Logo após as eleições, os investidores ficaram muito otimistas com as perspectivas de reformas. Agora, com a economia em marcha lenta, estão mais cautelosos”, diz Lisa Schineller, analista responsável pelos ratings do México na agência de classificação de risco Standard & Poors.

A queda das expectativas para este ano tem razões pontuais. No segundo trimestre, a economia retraiu 0,7% em relação ao primeiro por causa, principalmente, do recuo das exportações para os Estados Unidos e da queda da entrada de recursos enviados por mexicanos — dois pontos pelos quais o atual governo pode argumentar não ser responsável.

São crescentes, porém, as dúvidas sobre a capacidade de Peña Nieto de promover a prometida reforma energética, que pretende quebrar o monopólio da estatal Pemex na exploração e no refino do petróleo. O México possui uma das dez maiores reservas de petróleo do mundo, mas a Pemex é hoje uma empresa ineficiente e sem capacidade de investimento.

É por isso que a produção caiu 25% desde 2004 e o país virou importador de derivados de petróleo e gás. “Como o petróleo de fácil extração está se esgotando, o desafio da Pemex será muito maior”, diz John Padilla, sócio da IPD, consultoria americana da área de energia e infraestrutura.

Pelos cálculos do governo, a reforma do setor permitiria aumentar a produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia no prazo de cinco anos, o que poderia elevar o crescimento do PIB em 1 ponto percentual. “Aprovar a reforma energética é um passo tão importante quanto foi o ingresso do México no Nafta”, diz Duncan Wood, diretor do centro de estudos sobre o México do Wilson Center.


O histórico de Peña Nieto


Desde setembro, a proposta de mudança do setor de petróleo está sendo debatida no Senado, mas lideranças dos partidos de oposição que fazem parte do Pacto pelo México já disseram que são contra. Andrés Manuel López Obrador, principal nome do esquerdista PRD, enviou, no começo de novembro, carta para as grandes petroleiras estrangeiras pedindo para não investirem no país.

Com o objetivo de manter o monopólio, em vigor desde 1938, a oposição lançou uma campanha pela televisão e pretende tomar as ruas. Até o início dos debates sobre o futuro da Pemex, o histórico das reformas de Peña Nieto tinha resultados parcialmente positivos.

Em abril, o Congresso aprovou um teto de 50% para a participação de mercado das empresas de telecomunicações — uma ameaça ao poder do bilionário Carlos Slim, dono de uma fatia de mais de 70%. Mas a imposição da medida segue dependendo de uma lei complementar ainda não aprovada.

Em outubro, o governo passou uma reforma fiscal cujo objetivo era ampliar a arrecadação em até 4 pontos percentuais do PIB. O que foi votado, no entanto, deverá chegar, no máximo, a 2,5%. O México tem uma carga tributária de 14% do PIB, a brasileira é de 36%, o que acaba limitando o poder de investimento do Estado.

Com o apoio dos partidos de direita, o governo mexicano ainda tem chance de ver a proposta de reforma energética aprovada. Se isso ocorrer, a questão será o grau de abertura que as petroleiras estrangeiras terão. Peña Nieto ainda pode se provar o grande reformador que encantou o mundo. Mas o teste de verdade começa agora

Descarrilamento complica ALL na Bovespa


Ações da companhia lideravam perdas do Ibovespa com a notícia de que um trem descarrilou no domingo, deixando ao menos oito mortos


Joel Rocha/EXAME.com
Trem da All
All: a empresa informou em nota que a composição respeitava os limites de velocidade

São Paulo – A América Latina Logística, a ALL (ALLL3), liderava as perdas do Ibovespa nesta manhã. A ação caía 2%, chegando ao valor mínimo de 7,58 reais. Um trem da empresa carregado com milho descarrilou no domingo e atingiu quatro casas na cidade de São José do Rio Preto, deixando ao menos oito mortos.

De acordo com a Defesa Civil, peritos do Instituto de Criminalística acreditam que o descarrilamento foi provocado por uma junção de fatores, a falta de manutenção da via férrea e um defeito nos freios em uma das composições.

A empresa informou em nota que a composição respeitava os limites de velocidade do trecho e prometeu investigar as causas do acidente por meio de sindicância. Por causa do acidente, a linha férrea (exclusiva de carga) foi interditada, assim como o fornecimento de energia elétrica.

Às 10:27 horas, a ação caía 1,67%, valendo 7,64 reais, enquanto o Ibovespa subia 0,20%, a 52.907 pontos. No ano, a ação tem queda de 7,21%.
 

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Getty Images
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Economistas veem aperto maior em 2014 com Selic a 10,50%


Economistas de instituições financeiras mantiveram a perspectiva de que a Selic será elevada em 0,5% nesta semana, encerrando o ano a 10%

Dado Galdieri/Bloomberg
Notas de real
Notas de real: em relação à inflação, os economistas fizeram um pequeno ajuste para baixo da projeção para 2013 a 5,82%, ante 5,84 % na pesquisa anterior

São Paulo -  Economistas de instituições financeiras mantiveram a perspectiva de que a Selic será elevada em 0,5 ponto percentual nesta semana, encerrando o ano a 10 por cento, mas passaram a ver um aperto monetário maior em 2014.

Pesquisa Focus do Banco Central mostrou nesta segunda-feira que a expectativa para o ano que vem agora é de que a taxa básica de juros encerre a 10,50 por cento, ante 10,25 por cento na semana anterior.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem sua última reunião prevista para este ano na terça e quarta-feiras para decidir o próximo nível da taxa básica de juros.

As projeções para a Selic no Top 5 de médio prazo, com as instituições que mais acertam as projeções nesse período, também não sofreram alterações, mas mostram um aperto ainda maior em 2014. Pela mediana, foi mantida a perspectiva de que o juro básico encerrará 2013 a 10 por cento e 2014 a 11 por cento.

O cenário de inflação alta, perto do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA com tolerância de 2 pontos percentuais-- vêm sustentando as expectativas de aperto monetário. Em novembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) acelerou a alta a 0,57 por cento, acumulando em 12 meses 5,78 por cento.

O Focus mostrou que a expectativa dos economistas para a inflação neste ano foi reduzida levemente a 5,82 por cento, ante 5,84 por cento na semana anterior. Para 2014, a projeção é de IPCA a 5,92 por cento, ante 5,91 por cento.

Entretanto a projeção para o dólar neste ano, cuja alta vem alimentando os temores inflacionários, subiu a 2,30 reais, ante 2,27 reais anteriormente.

Por sua vez, a expectativa para o crescimento da economia foi mantida tanto para 2013 quanto para 2014, a 2,50 por cento e 2,10 por cento respectivamente.

Atualizado às 9h38